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Edição das 01h23min de 8 de janeiro de 2005
Jânio da Silva Quadros, político brasileiro (Campo Grande, 25 de Janeiro de 1917 — São Paulo, 16 de Fevereiro de 1992). Décimo sétimo presidente brasileiro, governando entre 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961 — data em que pediu a renúncia, alegando que "forças terríveis" o obrigavam a esse ato.
Formado em direito pela Universidade de São Paulo, antes de se tornar político Jânio Quadros deu aulas de Português no Colégio Dante Alighieri; era tido como excelente professor. Ademais, Jânio Quadros lecionou Direito Processual Penal na Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie.
Entre 1948 e 1950 foi vereador em São Paulo, pelo Partido Democrata Cristão. Na sequência exerceu mandatos de deputado estadual (1951-3), prefeito de São Paulo (1953-4), e governador de São Paulo (1955-9). No final de 1958 havia sido eleito deputado federal pelo estado do Paraná, mas não assumiu o mandato. Ao invés, preparou sua candidatura à presidência pela União Democrática Nacional (UDN). Utilizou como mote da campanha o "varre, varre vassourinha, varre a corrupção", e também se dizia "homem do tostão contra o milhão". Acabou sendo eleito presidente em outubro de 1960, para o mandato de 1961 a 1966, vencendo ao marechal Henrique Lott. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época era permitido votar em chapas diferentes para presidente e vice); quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro.
Assumiu a presidência (pela primeira vez a posse se realizava em Brasília) no dia 31 de Janeiro de 1961, e logo começou a ter atitudes estranhas. Comunicava-se com ministros e acessores por meio de bilhetes. Entre suas medidas mais estranhas podem ser citadas a proibição do biquíni nos concursos de miss, a proibição das brigas de galo e a tentativa de regulamentar o carteado. Tentando aproximar-se do bloco comunista, Jânio condecorou com a Ordem do Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o guerrilheiro argentino que tomara parte na revolução cubana e era então ministro daquele país. Claro que essa independência política era mal vista por Washington e pela direita, que tanto apoiara Jânio Quadros na eleição.
Por outro lado as medidas internas de caráter conservador desagradavam à esquerda, bem como a repressão aos movimentos populares no campo e na cidade. Sua política de austeridade, baseada principalmente no congelamento de salários, restrição ao crédito e combate à especulação, desagradava a todos. Jânio ficou assim sem qualquer sustenção.
Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara, mais uma vez se colocava como porta-voz da campanha contra o presidente (como havia feito com relação a Getúlio Vargas). Em um discurso no dia 24 de Agosto de 1961 Lacerda denunciou um suposto plano de Jânio para dar um golpe. No dia 25 de Agosto, curiosamente 7 anos após o suicídio de Vargas, Jânio Quadros anunciou sua renúncia, prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Há especulações de que ele esperava que o Congresso não aceitasse sua renúncia (ainda pelo fato de ser o vice-presidente João Goulart de esquerda e estar, naquele momento, em viagem à China) e lhe desse poderes especiais para governar o país, o que constituiria um "auto-golpe".
Jânio Quadros alegou em sua renúncia a pressão de "forças terríveis" que o obrigavam a renunciar, forças que nunca chegou a identificar. Com sua renúncia abriu-se uma crise, pois os ministros militares vetavam o nome de Goulart. Assumiu provisoriamente Ranieri Mazzili, enquanto acontecia a campanha pela legalidade; nesta campanha destacou-se Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e genro de Goulart. Com a adoção do regime parlamentarista, e consequente redução dos poderes presidenciais, finalmente os militares aceitaram que Goulart assumisse.
No ano seguinte à renúncia Jânio tentou se eleger governador de São Paulo, mas acabou perdendo para Adhemar de Barros. Foi um dos três ex-presidentes a ter direitos políticos cassados com o golpe militar de 1964 — os outros dois eram João Goulart e Juscelino Kubitschek.
Recuperou os direitos políticos com a anistia em 1980, candidatando-se já em 1982 ao governo de São Paulo. Perdeu, mas em 1985 elegeu-se prefeito de São Paulo, derrotando o então novato em política e favorito, Fernando Henrique Cardoso. Seu mandato foi até 1988.
Afastou-se da política a seguir, e faleceu em São Paulo no dia 16 de Fevereiro de 1992.
Publicou as obras Curso prático da língua portuguesa e sua literatura (1966), História do povo brasileiro (1967) Quinze contos (1983, em co-autoria com Afonso Arinos).
Trechos da renúncia de Jânio Quadros à presidência
"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo... Baldaram-se os meus esforços por conduzir esta Nação pelo caminho da verdadeira libertação política e econômica... Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando nesse sonho a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos e indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou inflamam, até com a desculpa da colabaração."
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Referências
- SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1992.