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'''Bartolomeu Dias''' ([[Circa|ca.]] {{dtlink|lang=pt|||1450}} — {{dtlink|lang=pt|29|5|1500}}) foi um navegador [[Portugal|português]] que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul da [[África]], contornando o [[Cabo da Boa Esperança]] e chegando ao [[Oceano Índico]] a partir do [[Atlântico]], abrindo o caminho marítimo para a Índia.<ref name="BBC News"/> | '''Bartolomeu Dias''', OM, OMP ([[Circa|ca.]] {{dtlink|lang=pt|||1450}} — {{dtlink|lang=pt|29|5|1500}}) foi um navegador [[Portugal|português]] que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul da [[África]], contornando o [[Cabo da Boa Esperança]] e chegando ao [[Oceano Índico]] a partir do [[Atlântico]], abrindo o caminho marítimo para a Índia.<ref name="BBC News"/> | ||
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Edição atual tal como às 21h12min de 27 de julho de 2022
Bartolomeu Dias | |
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Estátua de Bartolomeu Dias em Londres | |
Nascimento | ca. 1450[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]Predefinição:Sem local |
Morte | 29 de maio de 1500 (50 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]Predefinição:Sem local |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Navegador |
Bartolomeu Dias, OM, OMP (ca. 1450 — 29 de maio de 1500) foi um navegador português que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança e chegando ao Oceano Índico a partir do Atlântico, abrindo o caminho marítimo para a Índia.[1]
Dele não se conhecem os antepassados, mas mercês e armas a ele outorgadas passaram a seus descendentes. Seu irmão foi Diogo Dias, também experiente navegador.[2]
Foi o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500. As terras do Brasil, até então desconhecidas pelos portugueses, confundiram os navegadores, que pensaram tratar-se de uma ilha, a que deram o nome de "Vera Cruz".[2]
Biografia
Na sua juventude teria frequentado as aulas de Matemática e Astronomia na Universidade de Lisboa[carece de fontes] e serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Estava habilitado quer a determinar as coordenadas de um local, quer a enfrentar tempestades e calmarias como as do Golfo da Guiné.[3]
Em 1487, D. João II confiou-lhe o comando de duas caravelas e de uma naveta de mantimentos com o intuito público de saber notícias do Preste João. Ao comando da caravela S. Pantaleão estava João Infante. O propósito não declarado da expedição seria investigar a verdadeira extensão para Sul das costas do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de um caminho marítimo para a Índia.[1] Porém antes disso, capitaneara um navio na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné.
Obras
Navegador experiente, foi o primeiro a chegar ao cabo das Tormentas,[4] como o batizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da história da navegação marítima. A expedição partiu de Lisboa em Agosto de 1487 e a bordo levavam dois negros e quatro negras, capturados por Diogo Cão na costa ocidental africana[3]. Bem alimentados e vestidos, serão largados na costa oriental para que testemunhem junto daquelas populações daquelas regiões a bondade e grandeza dos portugueses, e ao mesmo tempo recolher informações sobre o reino do Preste João.
Em 8 de dezembro chegou no golfo de Santa Maria da Conceição (Walvis Bay, na atual Namíbia), o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os ventos vindos da Antártida que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte (já para leste do Cabo da Boa Esperança, assim renomeado o Cabo das Tormentas pelo rei português D. João II, assegurando a esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias especiarias e outros artigos de luxo.
Antes, para se chegar à Índia era preciso apenas cruzar o Mar Mediterrâneo passando por Génova e Veneza,[2] que eram grandes centros comerciais graças ao Renascimento, só que eram agora dominados pelos turcos. Precisando então cruzar o Atlântico, chamado naquele tempo de O Mar Tenebroso, acreditando-se que nele havia monstros devoradores de embarcações, e dar a volta à África, para se chegar à Índia), continuou para leste, cartografando diversas baías da costa da atual África do Sul (úteis no futuro como portos naturais), e chegando até à Baía de Algoa (800 km a leste do Cabo da Boa Esperança).[3]
No entanto, a tripulação revoltada obrigou o capitão a regressar a Portugal pela linha da costa para oeste.[1] No regresso, com a costa sempre visível, descobriu o Cabo das Agulhas, o ponto mais a sul do continente, e o Cabo da Boa Esperança, cuja longitude tinha contornado por alto mar na viagem de ida. Na viagem de volta colocou padrões de pedra nos principais pontos descobertos: a atual False Island, a ponta do Cabo da Boa Esperança, e o Cabo da Volta, hoje Diaz Point. Regressou a Lisboa em Dezembro de 1488. O sucesso da sua descoberta do caminho para a Índia não foi recompensado.[1]
Acompanhou a construção dos navios e acompanhou a esquadra de Vasco da Gama em 1497 como capitão de um dos navios que tinha como destino São Jorge da Mina.
Seria em 1500 o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral. A carta de Pero Vaz de Caminha faz diversas referências a ele, apontando para a confiança que nele tinha o capitão-mor. As terras do Brasil, até então desconhecidas pelos portugueses, confundiram os navegadores, que pensaram tratar-se de uma ilha, a que deram o nome de "Vera Cruz". Quando a armada de Cabral, após sua estada no litoral brasileiro, navegava em direção ao Cabo, um forte temporal causou o naufrágio de quatro navios, entre eles a nau de Bartolomeu Dias.[5][2]
Em 1486, o rei D. João II passou o comando de uma expedição marítima a Bartolomeu Dias. A missão era procurar e estabelecer relações pacíficas com um legendário rei cristão africano, conhecido como Preste João. Ele tinha ordens também de explorar o litoral africano e encontrar uma rota para as Índias.
As duas caravelas de 50 toneladas e uma naveta auxiliar passaram primeiro pela angra dos Ilhéus (atual baía de Spencer) e o cabo das Tormentas. Entraram em seguida num violento temporal. Ficaram treze dias sem controle, enfrentando o vento e as ondas. Quando o mar acalmou, navegaram para leste em busca da costa, mas só encontraram mar.
Decidiram, então, ir para o norte, onde acharam diversos portos. Ao encontrar a foz de um rio, que batizaram de rio do Infante, a tripulação obrigou o capitão a voltar. Era o final de Janeiro e início de Fevereiro de 1488.[2]
Bartolomeu Dias deu-se conta então que passara pelo extremo sul da África, o cabo que, por conta da tempestade, ele havia chamado de cabo das Tormentas. O rei D. João II viu a novidade com outros olhos e mandou mudar o nome para Boa Esperança. Afinal, uma expedição portuguesa provara que havia um caminho alternativo para o comércio com o Oriente.
A primeira representação cartográfica das zonas exploradas por Bartolomeu Dias é o planisfério de Henrique Martelo Germano. Em 1652, o mercador holandês Jan van Riebeeck fundaria um posto comercial na região que, mais tarde, se tornaria a Cidade do Cabo.
Bartolomeu Dias voltou ao mar em 1500, no comando de um dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral. Após passar pelas costas brasileiras, a caminho da Índia, Bartolomeu Dias morreu quando sua caravela naufragou, ironicamente, no cabo da Boa Esperança. Frágil, a caravela era um barco rápido, pequeno e de fácil manobra. Em caso de necessidade, podia ser movida a remo.
Os dados biográficos do navegador anteriores a essas viagens são escassos e contraditórios. A data de nascimento é ignorada. Foi Escudeiro Fidalgo da Casa Real e Administrador do Armazém da Guiné, e sabe-se que descendia de Dinis Dias. Há informações sobre um certo Bartolomeu Dias, mercador entre Lisboa e a Itália nos anos de 1475 e 1478; porém, pode ser outra pessoa com o mesmo nome.
Homenagens
O seu feito nas costas africanas fê-lo ser imortalizado pelos dois mais famosos poetas portugueses. Além de ser personagem de Camões, em Os Lusíadas, Fernando Pessoa fez um epitáfio para ele:
- "Jaz aqui, na pequena praia extrema,/ O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,/ O mar é o mesmo: já ninguém o tema!/ Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro."
A Marinha Portuguesa atribuiu o seu nome a uma corveta a Bartolomeu Dias.
Foram impressas duas notas de 2000 escudos (Chapa 1 e Chapa 2) de Portugal do Banco de Portugal,[6] e uma série de notas de 5$, 10$, 20$, 50$, 100$ e 500$ de Cabo Verde,[7] bem como selos, com a sua imagem.[8]
Casamento e descendência
Nome | Nascimento | Morte | Notas |
---|---|---|---|
Desconhecida (c.–????; ????); mas supõe-se que fosse da família de Novais, pois os seus filhos levam este apelido, e teve dois filhos:[9] | |||
Simão Dias de Novais | c. | ; Casado com Joana Dias; | |
António Dias de Novais | c. 1480 | Cavaleiro da Ordem de Cristo, casado com Joana Fernandes, filha de Fernão Pires e de sua mulher Guiomar Montês, de quem teve um filho e uma filha; Paulo Dias de Novais e Guiomar de Novais, casada primeira vez com D. Rodrigo de Castro, viúvo de Leonor de Cabedo, com geração, e segunda vez com Pedro Correia da Silva, sem geração: |
Bibliografia
- LOUREIRO, Henrique. A naturalidade e a família de Bartolomeu Dias: quais foram?. Lisboa: Tipografia do Comércio, 1926
- COUTINHO, António Xavier da Gama Pereira. Os representantes de Bartolomeu Dias e de seu neto Paulo Dias de Novais: breves notas sobre sua família e representação. Matosinhos: Papelaria e Tipografia Leixões, 1933
- AZEVEDO, Alves de. Um padrão ignorado de Bartolomeu Dias. S.l. : s.n., 1938
- COUTINHO, Carlos Viegas Gago. Bartolomeu Dias sua viagem. Lisboa : Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, 1946
- COUTINHO, Carlos Viegas Gago. Bartolomeu Dias : em memória dos mestres T. Andrêa e H. Macieira. Lisboa: s.n., 1953
- MOTA, Avelino Teixeira da. Bartolomeu Dias, descobridor do Cabo de Boa Esperança. Lisboa: N.R.P. Bartolomeu Dias, 1955
- MACHADO, Júlio César. Bartolomeu Dias : Cabo da Boa Esperança. Lisboa: s.n., 1955
- MOTA, Avelino Teixeira da. A viagem de Bartolomeu Dias e as conceções geopolíticas de Dom João II. Lisboa: s.n., 1958
- PERES, Damião. Uma prioridade portuguesa contestada mas incontestável : a circum-navegação da África Austral por Bartolomeu Dias. Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1960
- MOTA, Avelino Teixeira da. Bartolomeu Dias e o valor do grau terrestre. Lisboa: s.n., 1961
- CAMPOS, Viriato. Viagens de Diogo Cão e de Bartolomeu Dias. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1966
- FONSECA, Luís Adão da. O essencial sobre Bartolomeu Dias. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987
- CAMPOS, Viriato. Aclaração do feito de Bartolomeu Dias. Póvoa de Santo Adriäo: Europress, 1987
- ALBUQUERQUE, Luís de; RODRIGUES, Vítor Luís Gaspar (transcrição); BARBOSA, José (bibliografia). Bartolomeu Dias : corpo documental, bibliografia. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1988
- RANDELS, W. G. L. Bartolomeu Dias and the discovery of the South-east Passage linking the Atlantic to the Indian Ocean (1488). Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988
- WATERS, David. Reflections upon some navigational and hydrographic problems of the XVth century related to the voyage of Bartolomeu Dias, 1487-88. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988
- BARRETO, Luís Filipe. Viagens de Bartolomeu Dias e Pero da Covilhã por mar e terra. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1988
- Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua Época
- 1.º v.: D. João II e a política quatrocentista
- 2.º v.: Navegações na segunda metade do século XV
- 3.º v.: Economia e comércio marítimo
- 4.º v.: Sociedade, cultura e mentalidades na época do Cancioneiro Geral
- 5.º v.: Espiritualidade e evangelização
- Porto: Universidade: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1989
- MARQUES, A. H. de Oliveira. Portugal e os portugueses na época de Bartolomeu Dias: resumo e conclusões. Porto : s.n., 1989
- CARDOSO, António. Viagem de Bartolomeu Dias em 1487-88. Lisboa: Academia de Marinha, 1990
- FONSECA, Luís Adão da. Bartolomeu Dias e a génese da modernidade. Porto: Fundação Engo António de Almeida, 1990
- PORTUGAL: Instituto Português do Património Cultural. África e Índico com Bartolomeu Dias: o encontro. Lisboa: Instituto Português do Património Cultural, 1991
- CASTRO, Nuno de. De Bartolomeu Dias a Vasco da Gama: As famosas Armadas da Índia: 1496-1650 de Simão Ferreira Paes. Porto: Civilização, 1997
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 «Namibia finds treasure shipwreck» (em English). BBC News. 1 de maio de 2008. Consultado em 13 de julho de 2012
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 «Bartolomeu Dias» (em English). Catholic Encyclopedia. Consultado em 13 de julho de 2012
- ↑ 3,0 3,1 3,2 [1]«Destroços descobertos no Atlântico sul devem ser de barco português». Publico. 4 de maio de 2008. Consultado em 13 de julho de 2012
- ↑ [2]«Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança». História de Portugal. 1998. Consultado em 28 de setembro de 2018
- ↑ SERRÃO, Joel (dir.). Dicionário de História de Portugal, sv. «Bartolomeu Dias».
- ↑ Cf. [http://clientebancario.bportugal.pt/pt-PT/NotaseMoedas/NotaseMoedasNacionais/Paginas/Escudo.aspx Banco de Portugal}.
- ↑ Cf. Documento sobre a impressão de notas pelo Banco Nacional Ultramarino.
- ↑ Cf. Filatelia Portuguesa.
- ↑ "Os Representantes de Bartolomeu Dias e Paulo Dias de Novais", D. António Xavier da Gama Pereira Coutinho, Edição do Autor, 1.ª Edição, Matosinhos, 1938, pp. 5, 11, 12 e 15
Ver também
- Pero Vaz de Caminha
- Descobrimentos
- Descobrimentos portugueses
- Cronologia dos descobrimentos portugueses