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Mira (Portugal): mudanças entre as edições

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== História ==
== História ==
A região onde se situa Mira já é habitada há longos tempos, apesar de sua história precoce ser bastante obscura. Sabe-se que esta povoação foi ocupada no tempo dos [[Romanos]] e é-lhes atribuído a sua expansão.  Da época romana foram encontrados alguns materiais de construção, nomeadamente "tegulae" (telhas) e cerâmica doméstica. Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos [[Visigodos]], mas durante o período de domínio árabe, Mira era já uma povoação com praça. No período Muçulmano esta região terá sido palco de guerras entre cristãos e árabes quando estes dominaram esta zona do litoral. Como era prática então, os invasores substituiam parte da população como gentes de outras áreas da península, e foi durante este tempo que a vila adquiriu o nome de Mira. Leva-se a crer que já os cristãos ali existentes tinham devoção predilecta ao Apóstolo [[São Tomé]], e os devotos chamavam a este local Terras do Senhor São Tomé, que segundo lenda levara os mouros a aceitarem o termo que em árabe é Emir. Mira é corrupção da palavra árabe mir ou Emir, que quer dizer senhor, chefe ou príncipe. Porém, há alguns históriadores que aceitam a ideia de que os árabes, dando-lhe este nome, quiseram distingui-la pela sua beleza, situação e amenidade do clima, chamando-lhe Terra do Senhor. A influência árabe foi muito nítida na região, sendo o local foco de moçarabismo.
A região onde se situa Mira já é habitada há longos tempos, apesar de sua história precoce ser bastante obscura. Sabe-se que esta povoação foi ocupada no tempo dos [[Romanos]] e é-lhes atribuído a sua expansão.  Da época romana foram encontrados alguns materiais de construção, nomeadamente "tegulae" (telhas) e cerâmica doméstica. Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos [[Visigodos]], mas durante o período de domínio árabe, Mira era já uma povoação com praça. No período Muçulmano esta região terá sido palco de guerras entre cristãos e árabes quando estes dominaram esta zona do litoral. Como era prática então, os invasores substituíam parte da população como gentes de outras áreas da península, e foi durante este tempo que a vila adquiriu o nome de Mira. Leva-se a crer que já os cristãos ali existentes tinham devoção predilecta ao Apóstolo [[São Tomé]], e os devotos chamavam a este local Terras do Senhor São Tomé, que segundo lenda levara os mouros a aceitarem o termo que em árabe é Emir. Mira é corrupção da palavra árabe mir ou Emir, que quer dizer senhor, chefe ou príncipe. Porém, há alguns historiadores que aceitam a ideia de que os árabes, dando-lhe este nome, quiseram distingui-la pela sua beleza, situação e amenidade do clima, chamando-lhe Terra do Senhor. A influência árabe foi muito nítida na região, sendo o local foco de moçarabismo.


Com a [[Reconquista Cristã]], sobretudo na última conquista de Coimbra aos árabes em [[1064]], a história das terras de Mira passa a ficar mais claramente documentada. O povoado mouro foi capturado ainda antes da independência do [[condado Portucalense]], talvez por D. [[Henrique]], pai de D. [[Afonso Henriques]].  A povoação já aparece mencionada na doação que o primeiro governador de Coimbra, o moçarabe [[Sisnando]], fizera no ano de [[1094]] aos novos povoadores de [[Montemor-o-Velho]].  A estes concedeu a posse desta terras gandaresas e todos os seus termos com a condição de lavrar e cultivar todos os terrenos incultos, não podendo doá-los, vendê-los ou trocá-los sem o consentimento do governador.  A posse fora confirmada em Fevereiro de 1095, por D. [[Raimundo]] e D. [[Urraca]], então Senhores de Portucale, a Soleima Godinho, doando todas as terras de São Tomé de Mira e nomeando-o seu proprietário e senhorio, sub condição de as arroteadas, valorizar e levar à criação de novos povoados.
Com a [[Reconquista Cristã]], sobretudo na última conquista de Coimbra aos árabes em [[1064]], a história das terras de Mira passa a ficar mais claramente documentada. O povoado mouro foi capturado ainda antes da independência do [[condado Portucalense]], talvez por [[Conde Dom Henrique|Dom Henrique]], pai de [[Dom Afonso Henriques]].  A povoação já aparece mencionada na doação que o primeiro governador de Coimbra, o moçárabe [[Sisnando]], fizera no ano de [[1094]] aos novos povoadores de [[Montemor-o-Velho]].  A estes concedeu a posse desta terras gandaresas e todos os seus termos com a condição de lavrar e cultivar todos os terrenos incultos, não podendo doá-los, vendê-los ou trocá-los sem o consentimento do governador.  A posse fora confirmada em Fevereiro de 1095, por [[Dom Raimundo]] e [[Urraca I de Leão e Castela|Dona Urraca]], então Senhores de Portucale, a Soleima Godinho, doando todas as terras de São Tomé de Mira e nomeando-o seu proprietário e senhorio, sub condição de as arroteadas, valorizar e levar à criação de novos povoados.


Em 1442, [[Dom Pedro]], regente de [[Portugal]] e Duque de Coimbra, concedeu autonomia municipal a Mira e diversos privilégios para fixar população e desenvolver o local. Recebeu foral de D. Manuel I em Lisboa que a eleva a vila a 27 de Agosto de 1514 e nomeia como administrador e senhor da vila Dom [[Gonçalo de Tavares]]. Mais tarde, D. [[Manuel de Sousa Tavares]] foi senhor e alcaide-mor da vila. O [[Senhorio de Mira]] manteve-se nas mãos da família dos Tavares até ao século XVIII, quando passou a integrar a Casa das Rainhas. Aí se manteve até à extinção do regime senhorial em 1833.
Em 1442, [[Dom Pedro]], regente de [[Portugal]] e Duque de Coimbra, concedeu autonomia municipal a Mira e diversos privilégios para fixar população e desenvolver o local. Recebeu foral de [[Dom Manuel I]] em Lisboa que a eleva a vila a 27 de Agosto de 1514 e nomeia como administrador e senhor da vila [[Dom Gonçalo de Tavares]]. Mais tarde, [[Dom Manuel de Sousa Tavares]] foi senhor e alcaide-mor da vila. O [[Senhorio de Mira]] manteve-se nas mãos da família dos Tavares até ao século XVIII, quando passou a integrar a Casa das Rainhas. Aí se manteve até à extinção do regime senhorial em 1833.


Contudo, a freguesia antecede o concelho. A igreja de S. Tomé de Mira, sendo a primitiva originalmente construida noutro local, foi mandada edificar pelo filho do proprietário Saleima, Zalema Godinho, que foi também o seu primeiro pároco. Gazela Golfinho após poucos anos de cura de almas, trocou a sua paróquia pelo o hábito de monge augustiniano, doando ao [[Mosteiro de Santa Cruz]] de [[Coimbra]] a igreja de Mira. Passando a freguesia a ser apresentação de Santa Cruz de Coimbra, o geral dos cónegos fazia-se representar pelo vigário dando-lhe uma pensão de 401$250 réis.
Contudo, a freguesia antecede o concelho. A igreja de S. Tomé de Mira, sendo a primitiva originalmente construída noutro local, foi mandada edificar pelo filho do proprietário Saleima, Zalema Godinho, que foi também o seu primeiro pároco. Gazela Golfinho após poucos anos de cura de almas, trocou a sua paróquia pelo o hábito de monge augustiniano, doando ao [[Mosteiro de Santa Cruz]] de [[Coimbra]] a igreja de Mira. Passando a freguesia a ser apresentação de Santa Cruz de Coimbra, o geral dos cónegos fazia-se representar pelo vigário dando-lhe uma pensão de 401$250 réis.


Aqui viveu grande parte da sua vida [[Francélio Vouguense]], pseudónimo de [[Francisco Joaquim Bingre]], poeta arcádico e pré-romântico português. Embora sendo natural de [[Canelas]], [[Estarreja]], aqui exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865.
Aqui viveu grande parte da sua vida [[Francélio Vouguense]], pseudónimo de [[Francisco Joaquim Bingre]], poeta arcádico e pré-romântico português. Embora sendo natural de [[Canelas]], [[Estarreja]], aqui exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865.


O concelho foi extinto a 7 de Setembro de 1895 após as reformas administrativas do início do liberalismo e incorporado no concelho de [[Cantanhede]] mas acabou por ser restaurado a 13 de Janeiro de 1898.
O concelho foi extinto a 7 de Setembro de 1895 após as reformas administrativas do início do liberalismo e incorporado no concelho de [[Cantanhede]] mas acabou por ser restaurado a 13 de Janeiro de 1898.


== Demografia ==
== Demografia ==

Edição das 14h18min de 26 de janeiro de 2016

Mira
Brasão de Mira Bandeira de Mira

Localização de Mira

Área 124,03 km²
População 12 465 hab. (2011)
Densidade populacional 100,5  hab./km²
N.º de freguesias 4
Presidente da
câmara municipal
Raul Almeida (PSD)
Fundação do município
(ou foral)
1442
Região (NUTS II) Centro
Sub-região (NUTS III) Baixo Mondego
Distrito Coimbra
Província Beira Litoral
Orago São Tomé
Feriado municipal 25 de Julho (São Tomé)
Código postal 3070
Sítio oficial www.cm-mira.pt
Município de Portugal Flag of Portugal.svg

Mira é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região do Baixo Mondego, com cerca de 7 300 habitantes.

É sede de um município com 124,03 km² de área[1] e 12 465 habitantes (2011),[2][3] subdividido em 4 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Vagos, a leste e a sul por Cantanhede e a oeste tem litoral no Oceano Atlântico.

História

A região onde se situa Mira já é habitada há longos tempos, apesar de sua história precoce ser bastante obscura. Sabe-se que esta povoação foi ocupada no tempo dos Romanos e é-lhes atribuído a sua expansão. Da época romana foram encontrados alguns materiais de construção, nomeadamente "tegulae" (telhas) e cerâmica doméstica. Pouco é conhecido sobre a área nos tempos dos Visigodos, mas durante o período de domínio árabe, Mira era já uma povoação com praça. No período Muçulmano esta região terá sido palco de guerras entre cristãos e árabes quando estes dominaram esta zona do litoral. Como era prática então, os invasores substituíam parte da população como gentes de outras áreas da península, e foi durante este tempo que a vila adquiriu o nome de Mira. Leva-se a crer que já os cristãos ali existentes tinham devoção predilecta ao Apóstolo São Tomé, e os devotos chamavam a este local Terras do Senhor São Tomé, que segundo lenda levara os mouros a aceitarem o termo que em árabe é Emir. Mira é corrupção da palavra árabe mir ou Emir, que quer dizer senhor, chefe ou príncipe. Porém, há alguns historiadores que aceitam a ideia de que os árabes, dando-lhe este nome, quiseram distingui-la pela sua beleza, situação e amenidade do clima, chamando-lhe Terra do Senhor. A influência árabe foi muito nítida na região, sendo o local foco de moçarabismo.

Com a Reconquista Cristã, sobretudo na última conquista de Coimbra aos árabes em 1064, a história das terras de Mira passa a ficar mais claramente documentada. O povoado mouro foi capturado ainda antes da independência do condado Portucalense, talvez por Dom Henrique, pai de Dom Afonso Henriques. A povoação já aparece mencionada na doação que o primeiro governador de Coimbra, o moçárabe Sisnando, fizera no ano de 1094 aos novos povoadores de Montemor-o-Velho. A estes concedeu a posse desta terras gandaresas e todos os seus termos com a condição de lavrar e cultivar todos os terrenos incultos, não podendo doá-los, vendê-los ou trocá-los sem o consentimento do governador. A posse fora confirmada em Fevereiro de 1095, por Dom Raimundo e Dona Urraca, então Senhores de Portucale, a Soleima Godinho, doando todas as terras de São Tomé de Mira e nomeando-o seu proprietário e senhorio, sub condição de as arroteadas, valorizar e levar à criação de novos povoados.

Em 1442, Dom Pedro, regente de Portugal e Duque de Coimbra, concedeu autonomia municipal a Mira e diversos privilégios para fixar população e desenvolver o local. Recebeu foral de Dom Manuel I em Lisboa que a eleva a vila a 27 de Agosto de 1514 e nomeia como administrador e senhor da vila Dom Gonçalo de Tavares. Mais tarde, Dom Manuel de Sousa Tavares foi senhor e alcaide-mor da vila. O Senhorio de Mira manteve-se nas mãos da família dos Tavares até ao século XVIII, quando passou a integrar a Casa das Rainhas. Aí se manteve até à extinção do regime senhorial em 1833.

Contudo, a freguesia antecede o concelho. A igreja de S. Tomé de Mira, sendo a primitiva originalmente construída noutro local, foi mandada edificar pelo filho do proprietário Saleima, Zalema Godinho, que foi também o seu primeiro pároco. Gazela Golfinho após poucos anos de cura de almas, trocou a sua paróquia pelo o hábito de monge augustiniano, doando ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra a igreja de Mira. Passando a freguesia a ser apresentação de Santa Cruz de Coimbra, o geral dos cónegos fazia-se representar pelo vigário dando-lhe uma pensão de 401$250 réis.

Aqui viveu grande parte da sua vida Francélio Vouguense, pseudónimo de Francisco Joaquim Bingre, poeta arcádico e pré-romântico português. Embora sendo natural de Canelas, Estarreja, aqui exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865.

O concelho foi extinto a 7 de Setembro de 1895 após as reformas administrativas do início do liberalismo e incorporado no concelho de Cantanhede mas acabou por ser restaurado a 13 de Janeiro de 1898.

Demografia

População do concelho de Mira (1801 – 2011)
1801 1849 1900 1930 1960 1981 1991 2001 2011
4 572 8 964 8 075 9 671 13 384 13 299 13 257 12 872 12 465

Evolução da População

Número de Habitantes de 1864 a 2011        Os Grupos Etários em 2001              Os Grupos Etários em 2011

Evolução da População (1864 / 2011) Grupos Etários (2001 e 2011) Grupos Etários (2001 e 2011)

Freguesias

Freguesias do concelho de Mira.

O concelho de Mira está dividido em 4 freguesias:

Referências

  1. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013» (XLS-ZIP). Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013 
  2. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 98. ISBN 978-989-25-0184-0. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013 
  3. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  4. Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
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