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Joana de Trastâmara: mudanças entre as edições

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Edição das 04h46min de 24 de fevereiro de 2007

A infanta Joana de Castela, depreciativamente cognominada como a Beltraneja, nasceu em 1462 e morreu em Lisboa em 1530.

Joana de Castela, uma rainha sem reino. Depreciativamente chamada pelos seus detractores de «A Beltraneja», mereceu o reconhecimento em Portugal, onde ficou conhecida para a posteridade como «A Excelente Senhora».

A sua mãe era a princesa Joana de Portugal, filha do rei D. Duarte, casada com o rei Henrique IV de Castela. Contudo, Henrique, sem filhos dos casamentos anteriores, tinha a fama de ser impotente (condição, de resto, expressa pelo seu cognome - Henrique, o Impotente), e por isso logo se urdiu na Corte que sua mulher estava envolvida num caso amoroso com o nobre D. Beltrán de La Cueva (o qual, ao que parece, segundo a exegese histórica pôde apurar, estaria em missão fora da Corte no momento aproximado da concepção da jovem infanta).

Joana foi considerada ilegítima pelos Grandes de Castela, que se recusaram a reconhecê-la, e desde o berço conhecida pelo aviltante título de a Beltraneja, como referência a seu putativo pai. Seu nascimento provocou portanto um escândalo na corte de Castela e o pedido de divórcio de Henrique de Castela, tendo a rainha D. Joana de Avis sido repudiada em 1468, e regressado a Portugal, embora a filha permanecesse em Castela.

À parte a questão da legitimidade, Joana continuava a ser a única criança que podia ser (ainda que remotamente) atribuída a Henrique IV de Castela, o qual gostava bastante dela. Por isso obrigou os nobres castelhanos a jurarem fidelidade à princesa e a reconhecerem-na como herdeira, tendo sido designada Princesa das Astúrias em 1462; dois anos volvidos, porém, face à pressão da nobreza, delegou a sucessão no seu irmão Afonso, o qual viria, no entanto, a falecer em 1468, pelo que se viu forçado a escolher como sucessora, muito a contragosto, a sua meia-irmã Isabel, com a condição de que esta aceitasse o casamento que o rei lhe propusesse.

Como em 1469 esta se casasse em segredo com Fernando, herdeiro da Coroa de Aragão, contra a vontade de Henrique, o rei castelhano considera violado o acordo que estabelecera com Isabel, e declara Joana a sua única legítima herdeira, procurando nos últimos anos de vida arranjar-lhe marido.

Depois de alguns contratos falhados, Joana acabou prometida em casamento ao tio (devendo para tal pedir dispensa papal, dada a grande consanguinidade entre os dois), o rei Afonso V de Portugal, o qual jurou defender os direitos dela (e por conseguinte de si próprio) ao trono de Castela. A partir deste momento estão delineadas duas facções - uma que apoia Isabel e, por conseguinte, a união dinástica de Castela com Aragão; outra, com pouquíssimos apoios, que suporta Joana e, subsequentemente, a união de Castela com Portugal.

Quando Henrique IV morreu em 1474, praticamente ninguém em Castela leva a causa de Joana a sério; somente a Galiza tomou voz por Joana e Afonso de Portugal. A maior parte dos nobres castelhanos prefere aclamar a tia de Joana, Isabel. Em 1475, dando sequência ao projecto de Henrique IV, Afonso V de Portugal casou com sua sobrinha Joana e, no ano seguinte, invade Castela para defender os seus interesses.

O recontro de ambas as forças foi travado em Toro, nas proximidades de Zamora, não longe da fronteira. A batalha teve um desfecho militar inconclusivo - embora Afonso V tenha saído vencido, a ala do exército comandada pelo herdeiro português D. João ficou invicta. Não obstante, o desfecho político não foi favorável ao monarca português e à sua sobrinha-esposa.

Vencidos por Isabel e Fernando de Aragão na guerra graças ao Cardeal Mendoza na batalha de Toro, desde 1476 Joana foi levada pelo rei português para Abrantes. O rei embarcou no Porto para se entrevistar com seu aliado Luís XI de França (a aranha universal, como foi chamado, conhecido pela forma como habilmente criava intrigas políticas), prometendo Afonso mediar a luta entre o monarca francês e Carlos, o Temerário, duque da Borgonha - primo do rei de Portugal -, a troco do auxílio militar daquele contra o bloco Castela-Aragão. O rei francês foi protelando até mais não poder o auxílio ao seu congénere português (o que se tornou evidente após a morte do Temerário em Nancy e a incorporação da Borgonha no reino de França, demonstrando assim o fracasso da tentativa de mediação de Afonso V), pelo que este, sentindo-se traído, acaba por abdicar das suas ambições, em seu nome e no da sua esposa (com a qual não chegara sequer a consumar o matrimónio), num tratado assinado em 1479 com os Reis Católicos - o Tratado das Alcáçovas-Toledo, pondo assim fim à guerra de sucessão em Castela (isto para além de se terem definindo ainda os limites para a expansão de ambas as Nações no Atlântico e no Magrebe).

A guerra entre Espanha e Portugal durou cinco anos, terminando na paz de 1479, quando se conseguiu uma aliança dupla. Em setembro, Joana renunciou à coroa castelhana pelo Tratado de Alcáçoba, prometeu que só poderia casar-se com o filho dos reis católicos e, no caso de não aceitar, entraria monja professa. Ficou refém de dona Beatriz, viúva do infante D. Fernando, irmão de Afonso V. Receberia ainda 100 mil dobras de Castela. O Papa Sisto IV dissolveu o casamento devido à consaguinidade, e os reis católicos procuraram consorciar Joana com o seu filho e herdeiro, João de Aragão. Joana recusou-se casar com o primo - por considerar vexatório para a sua posição de herdeira natural ter que casar com o herdeiro de quem lhe roubara o trono para o poder vir a recuperar no futuro - e retirou-se para o convento. Abandonou suas reclamações, tomouo o véu no mosteiro de Santa Clara em Santarém e o direito de Isabel ao trono se tornou inquestionável. Do convento da Ordem de S. Clara em Santarém, Joana passou ao de Coimbra em 16de outubro de 1480.

Em 1482 vivia em Lisboa e seguia intitulando-se Rainha. Quando da Paz de Trujillo, por pressões dos Reis Católicos, voltou ao convento, onde em março de 1483 recebeu um breve do papa Sixto IV para permanecer constantemente no convento, de acordo com a Ordem. Os reis de Portugal e França queriam-na casar com o herdeiro da Navarra Francisco Febo cuja morte em 1483 os frustrou.

Em 1493, firmes os Reis Católicos no trono, Joana pode viver livre em Lisboa, sem juras e excomunhões do Papa. Por morte de Isabel (novembro de 1504) o viúvo D. Fernando até pensou em casar com ela, mas Joana recusou.

Em 1523 o rei da França conspirou para retirá-la de Portugal, mas fracassou. Em 20 de julho de 1530, por escritura pública, Joana renunciou a seus direitos a Castela, cedidos a João III de Portugal.

Viveu em Portugal até à sua morte em 1530; mas enquanto foi viva constituiu um empecilho permanente para a coroa de Castela, e um argumento de peso, habilmente esgrimido por D. João II em sua política com Espanha. Aí radica o título que o Príncipe Perfeito lhe concedeu: A Excelente Senhora. De facto, foi a primeira vez que se usou o título de Sua Excelência em Portugal - já que o uso de infanta seria indecoroso para com a sua pessoa, e o título de rainha não podia ser usado por passível de ser considerado insultuoso no quadro das relações bilaterais com Castela.

Tal epíteto, de resto, viria a justificar-se plenamente, dado a Beltraneja se ter recusado ver-se envolvida em mais manobras políticas, tendo dedicado o resto da vida à devoção a Deus, à prática de obras de caridade e de apoio aos desfavorecidos. De resto, estiveram presentes embaixadores castelhanos na cerimónia dos seus votos solenes - não só porque tal acto constituía uma desistência de quaisquer eventuais pretensões que Joana ainda mantivesse ao trono que, de jure, lhe pertencia (impossibilitando também o aparecimento de qualquer presumível herdeiro que fosse seu lídimo descendente), mas igualmente para testemunhar as formas de tratamento usadas para com a sua pessoa, assegurando-se assim que se cumpria o estabelecido nos acordos das Alcáçovas-Toledo.

Contudo, a rainha, ingressada num convento, assinou sempre, até à sua morte, em 1530, Yo la reina. Os seus restos mortais andam desaparecidos, pelo que se torna impossível determinar, através do ADN, se realmente era filha de Henrique IV ou de Beltrán de la Cueva...

Ainda em 1504, Fernando, o Católico, agora viúvo de Isabel, propôs casamento a Joana; estava destinado a impedir que a Casa de Áustria passasse a governar Castela (por a sua filha e herdeira, também chamada Joana, estar casada com o Arquiduque de Áustria e Duque da Borgonha, herdeiro do Imperador Maximiliano I, Filipe, o Belo), e propunha-se restaurar os títulos e as honras inerentes à Beltraneja, por forma a afastar Filipe da condução do governo de Castela, onde actuava como regente em nome da mulher, que começava a demostrar sinais de loucura. A Excelente Senhora, porém, recusou-se a aceitar como esposo àquele que, em outros tempos, a declarara filha adulterina de Joana de Portugal e D. Beltrán de la Cueva...

Curiosamente ou não, a primeira filha havida do casamento de Isabel e Fernando após o início do conflito sucessório seria baptizada, precisamente, de Joana. Por acaso do destino, foi esta Joana que sucedeu aos Reis Católicos, sob o nome de Joana I de Castela, a Louca - não deixando o seu numeral espaço para dúvidas: em Castela, o reinado da Beltraneja jamais fora reconhecido.

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Precedido por
Isabel de Coimbra
Rainha consorte de Portugal e dos
Algarves daquém e dalém-mar em África

14751481
Sucedido por
Leonor de Viseu
Precedido por
Henrique IV de Castela
Soberana de Castela, Leão, Toledo, Galiza, Sevilha,
Córdova, Múrcia, Jaén, Algarve, Algeciras e Gibraltar,
Senhora da Biscaia e de Molina

de jure 14741479
Sucedido por
Isabel, a Católica
Precedido por
Joana de Portugal
Rainha de Castela, Leão, Toledo, Galiza, Sevilha,
Córdova, Múrcia, Jaén, Algarve, Algeciras e Gibraltar,
Senhora da Biscaia e de Molina

de jure 14741479
Sucedido por
Isabel, a Católica

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