Eugène Delacroix: mudanças entre as edições

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Predefinição:Info/Artista plástico Ferdinand Victor Eugène Delacroix^{[nota 1]} (Saint-Maurice, 26 de abril de 1798 — Paris, 13 de agosto de 1863) foi um importante pintor (artista) francês do Romantismo.^[1]

Delacroix é considerado o mais importante representante do romantismo francês. Na sua obra convergem a voluptuosidade de Rubens, o refinamento de Veronese, a expressividade cromática de William Turner e o sentimento patético de seu grande amigo Géricault. O pintor, que como poucos soube sublimar os sentimentos por meio da cor, escreveu: "…nem sempre a pintura precisa de um tema". E isso seria de vital importância para a pintura das primeiras vanguardas.

Vida e obra

Delacroix nasceu em Saint-Maurice, numa família de grande prestigio social, e seu pai chegou a ministro da república. Acreditava-se que seu pai natural teria sido na realidade o príncipe Talleyrand, seu mecenas.^[1] O fato é que Delacroix teve uma educação esmerada, que o transformou num erudito precoce: frequentou grandes colégios de Paris, teve aulas de música no Conservatório e de pintura na Escola de Belas-Artes. Também aprendeu aquarela com o professor Soulier e trabalhou no ateliê do pintor Pierre-Narcisse Guérin, onde conheceu Géricault. Visitava quase todos os dias o Louvre, para estudar as obras de Rafael Sanzio e Rubens.

Seu primeiro quadro foi A Barca de Dante — a obra deste escritor italiano foi um dos temas preferidos do romantismo. A tela lembra A Barca da Medusa, de Géricault, para quem o pintor havia posado.

Delacroix retratado por Félix Nadar.

Algumas pessoas viram no artista um grande talento como o de Rubens e o as semelhanças de Michelangelo. Não tão apreciados da mesma maneira: O Massacre de Quio (1822), Jovem Órfã no cemitério (1824), A Morte de Sardanápalo (1827) e A Tomada de Constantinopla pelos Cruzados (1840), baseadas em temas exóticos e históricos, de composições bem mais caóticas e de uma dramaticidade e simbolismo cromático incompreensíveis para a Academia.^[1]

Delacroix se interessou também pelos temas políticos do momento. Sentindo-se um pouco culpado pela sua pouca participação nos acontecimentos do país, pintou A Liberdade Guiando o Povo (1830), um quadro que o estado adquiriu e que foi exibido poucas vezes, por ter sido considerado excessivamente panfletário. O certo é que a bandeira francesa tremulando nas mãos de uma liberdade resoluta e destemida, prestes a saltar da tela, impressionou um número grande de espectadores.

Em 1833, Delacroix foi contratado para decorar prédios públicos em Paris, tais como o palácio do rei, o palácio Bourbon em Paris, o Palácio de Luxemburgo e a biblioteca de Saint-Sulpice, também situada no Palais du Luxembourg.^[2] Nos seus últimos anos preferiu a solidão de seu ateliê.^[1]

Encontra-se sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, Paris na França.^[3]

Viagem ao Norte da África

Convulsionistas de Tânger (1838), Minneapolis Institute of Art

Auto-retrato, 1837. "Eugène Delacroix era uma curiosa mistura de ceticismo, polidez, dandismo, força de vontade, inteligência, despotismo e, finalmente, uma espécie de bondade e ternura especiais que sempre acompanha o gênio".^[4]

Em 1832, Delacroix viajou à Espanha e ao Norte da África na companhia do diplomata Charles-Edgar de Mornay, como parte de uma missão diplomática ao Marrocos logo após a conquista da Argélia pelos franceses. Ele não foi principalmente para estudar arte, mas para escapar da civilização de Paris, na esperança de ver uma cultura mais "primitiva".^[5] Ele eventualmente produziu mais de 100 pinturas e desenhos de cenas baseadas na vida das pessoas do Norte da África, e acrescentou um capítulo novo e pessoal ao interesse pelo Orientalismo.^[6] Delacroix ficou fascinado com as pessoas e suas roupas, e a viagem informaria o assunto de muitas de suas futuras pinturas. Ele acreditava que os norte-africanos, em seus trajes e atitudes, forneciam um equivalente visual ao povo da Roma clássica e da Grécia:

Os gregos e os romanos estão aqui à minha porta, os árabes que se enrolam numa manta branca e parecem Catão ou Brutus...

Ele conseguiu esboçar algumas mulheres secretamente em Argel, como no quadro Mulheres de Argel em seu apartamento (1834), mas geralmente encontrava dificuldade em encontrar mulheres muçulmanas para posar para ele. Menos problemática foi a pintura de mulheres judias no norte da África, como temas para o casamento judaico no Marrocos (1837-1841).

Em Tânger, Delacroix fez muitos esboços do povo e da cidade, temas aos quais voltaria até o fim da vida.^[7] Animais - a personificação da paixão romântica - foram incorporados a pinturas como Cavalos Árabes Lutando em um Estábulo (1860), A Caça ao Leão (da qual existem muitas versões, pintadas entre 1856 e 1861) e Árabe Selando seu Cavalo (1855).

Medéia prestes a matar seus filhos, 1838

Inspirações musicais

A barca de de Dante (1822), Louvre

Delacroix se inspirou em muitas fontes ao longo de sua carreira, como as obras literárias de William Shakespeare e Lord Byron e a arte de Michelangelo. Mas, ao longo de sua vida, sentiu uma necessidade constante de música, dizendo em 1855 que "nada se compara à emoção causada pela música; que ela expressa nuances incomparáveis de sentimento". Ele também disse, enquanto trabalhava na Saint-Sulpice, que a música o colocava em um estado de "exaltação" que inspirou sua pintura. Frequentemente, era da música, fossem as interpretações mais melancólicas de Chopin ou as obras "pastorais" de Beethoven, que Delacroix conseguia extrair mais emoção e inspiração. Em um ponto de sua vida, Delacroix fez amizade e fez retratos do compositor Chopin; em seu diário, Delacroix o elogiava com frequência.^[8]

Obras

O Massacre de Quio, (1824)
A Liberdade Guiando o Povo (1830), Museu do Louvre - Paris
Mulheres de Argel, (1834), Museu do Louvre - Paris
A tomada de Constantinopla pelos cruzados, (1840), Museu do Louvre - Paris
Batalha de Poitiers, (1830), Museu do Louvre - Paris
Triunfo de Baco, (1861)
Mulher com papagaio, (1827), Museu de Belas Artes de Lyon
Mademoiselle Rose, 1817–1824, Louvre
Garota órfã no cemitério, 1823, Louvre
Louis of Orléans Unveiling his Mistress, c.1825-26, Coleção Thyssen-Bornemisza
Charles Étienne Raymond Victor de Verninac, sobrinho do pintor, c.1825-26. coleção privada
O Combate de Giaour e Hassan, 1826, Art Institute of Chicago
Mulher com um papagaio, 1827, Museu de Belas Artes de Lyon
Mulher com meias brancas, 1825–1830, Louvre
Um jovem tigre brincando com sua mãe, 1830, Louvre
The Duke of Morny's Apartment, 1831–1833, Louvre
Retrato do Dr. François-Marie Desmaisons, 1832–33, Detroit Institute of Arts
Fantasia Arabe, 1833. Frankfurt Städel Museum
As Mulheres de Argel, 1834, Louvre
A Batalha de Taillebourg (rascunho), 1834–35, Louvre
The Natchez, 1835, Metropolitan Museum of Art
Frédéric Chopin, 1838, Louvre
George Sand, 1838, Ordrupgaard-Museum
Colombo e seu filho em La Rábida, 1838, National Gallery of Art
Casamento Judaico em Marrocos, c.1839, Louvre
Hamlet com Horatio, (cena do coveiro), 1839, Louvre
Cristo no Mar da Galiléia, 1841, Museu de Arte Nelson-Atkins
Collision of Moorish Horsemen, 1844, Walters Art Museum
Últimas palavras do imperador Marcus Aurelius, 1844, Musée des Beaux-Arts de Lyon
Saint George Fighting the Dragon, 1847, Louvre
Desdêmona amaldiçoada por seu pai (Desdêmona maudite par son père), c.1850–1854, Brooklyn Museum
Andrômeda, 1852, Museum of Fine Arts, Houston
Perseus e Andrômeda, Staatsgalerie Stuttgart
1855, Moroccan Saddles His Horse, Hermitage Museum
Cavaleiro atacado por um jaguar, 1855. National Gallery em Praga
A morte de Desdêmona, 1858
Horses Leaving the Sea, 1860, The Phillips Collection
Cavalos árabes lutando em um estábulo, 1860
Naufrágio na costa, 1862, Museum of Fine Arts, Houston
Ovídio entre os citas, 1862, versão no Metropolitan Museum of Art
Inverno: Juno e Éolo, 1856, coleção particular (esboço para pintura) no Museu de Arte de São Paulo
Cocheiros, caneta e tinta sobre papel, National Gallery of Art

Monumento a Delacroix, no Jardin du Luxembourg

Legado

Tumba de Delacroix no cemitério Père Lachaise

Na venda de sua obra em 1864, 9 140 obras foram atribuídas a Delacroix, incluindo 853 pinturas, 1 525 pastels e aquarelas, 6 629 desenhos, 109 litografias e mais de 60 cadernos de esboços.^[9] A quantidade e a qualidade dos desenhos, sejam feitos para fins construtivos ou para capturar um movimento espontâneo, ressaltaram sua explicação: "A cor sempre me ocupa, mas o desenho me preocupa". Delacroix produziu vários autorretratos finos e vários retratos memoráveis que parecem ter sido feitos puramente por prazer, entre os quais o retrato do colega artista Barão Schwiter, um pequeno óleo inspirado do violinista Niccolò Paganini e o Retrato de Frédéric Chopin e George Sand, um retrato duplo de seus amigos, o compositor Frédéric Chopin e o escritor George Sand; a pintura foi cortada após sua morte, mas os retratos individuais sobreviveram.

Na ocasião, Delacroix pintou paisagens puras (The Sea at Dieppe, 1852) e naturezas mortas (Still Life with Lobsters, 1826-27), ambas apresentando a execução virtuosa de suas obras baseadas em figuras.^[10] Ele também é conhecido por seu Journal, no qual deu uma expressão eloquente aos seus pensamentos sobre arte e vida contemporânea.^[11]

Uma geração de impressionistas foi inspirada pelo trabalho de Delacroix. Renoir e Manet fizeram cópias de suas pinturas, e Degas comprou o retrato do Barão Schwiter para sua coleção particular. A sua pintura na igreja de Saint-Sulpice foi considerada a "melhor pintura mural da sua época".^[12]

O artista contemporâneo chinês Yue Minjun criou sua própria interpretação da pintura Massacre de Chios, de Delacroix, que mantém o mesmo nome. A pintura de Yue Minjun foi vendida na Sotheby's por quase US$ 5,9 milhões em 2007.^[13]

Seu desenho a lápis Moorish Conversation on a Terrace foi descoberto como parte do Munich Art Hoard.^[14]

Nota de banco de 100 francos franceses, 1993

Ver também

Predefinição:Notas

Referências

↑ ^1,0 ^1,1 ^1,2 ^1,3 «Eugène Delacroix - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 13 de agosto de 2012
↑ Wellington, pages xxvii-xxviii.
↑ Predefinição:Findagrave
↑ Baudelaire, quoted in Jobert, page 27.
↑ Wellington, page xv.
↑ Jobert, page 140.
↑ Wellington, page xvi.
↑ Jean-Aubry, G. (1920). «A Music-Lover of the Past: Eugène Delacroix». The Musical Quarterly. 6 (4): 478–499. JSTOR 737975. doi:10.1093/mq/vi.4.478
↑ Wellington, page xxviii.
↑ Jobert, page 99.
↑ Eugène Delacroix, Journal, nouvelle édition intégrale établie par Michèle Hannoosh, 2 vols., Paris, José Corti, 2009. ISBN 978-2714309990.
↑ Wellington, page xxiii.
↑ «New record sale of a Chinese contemporary painting: US$5.9 million». Shanghaiist
↑ «Photo Gallery: Munich Nazi Art Stash Revealed». Spiegel. 17 de novembro de 2013. Consultado em 17 de novembro de 2013

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Eugène Delacroix

O Wikiquote possui citações de ou sobre: Eugène Delacroix

Predefinição:Eugène Delacroix Predefinição:Romantismo

Portal da pintura

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[UOL_-_Educação-2] 1,0 ^1,1 ^1,2 ^1,3 «Eugène Delacroix - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 13 de agosto de 2012

[3] Wellington, pages xxvii-xxviii.

[4] Predefinição:Findagrave

[5] Baudelaire, quoted in Jobert, page 27.

[6] Wellington, page xv.

[7] Jobert, page 140.

[8] Wellington, page xvi.

[9] Jean-Aubry, G. (1920). «A Music-Lover of the Past: Eugène Delacroix». The Musical Quarterly. 6 (4): 478–499. JSTOR 737975. doi:10.1093/mq/vi.4.478

[10] Wellington, page xxviii.

[11] Jobert, page 99.

[12] Eugène Delacroix, Journal, nouvelle édition intégrale établie par Michèle Hannoosh, 2 vols., Paris, José Corti, 2009. ISBN 978-2714309990.

[13] Wellington, page xxiii.

[14] «New record sale of a Chinese contemporary painting: US$5.9 million». Shanghaiist

[spiegel-15] «Photo Gallery: Munich Nazi Art Stash Revealed». Spiegel. 17 de novembro de 2013. Consultado em 17 de novembro de 2013

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 Delacroix é considerado o mais importante representante do romantismo francês. Na sua obra convergem a voluptuosidade de [[Rubens]], o refinamento de [[Veronese]], a expressividade cromática de [[William Turner]] e o sentimento patético de seu grande amigo [[Théodore Géricault|Géricault]]. O pintor, que como poucos soube sublimar os sentimentos por meio da cor, escreveu: "…''nem sempre a pintura precisa de um tema''". E isso seria de vital importância para a pintura das primeiras [[vanguarda]]s.
 == Vida e obra ==
-Delacroix nasceu em [[Saint-Maurice (Val-de-Marne)|Saint-Maurice]], numa família de grande prestigio social, e seu pai virou ministro da república. Acreditava-se que seu pai natural teria sido na realidade o príncipe [[Talleyrand]], seu mecenas<ref name="UOL - Educação" />. O fato é que Delacroix teve uma educação esmerada, que o transformou num erudito precoce: frequentou grandes colégios de Paris, teve aulas de música no Conservatório e de pintura na Escola de [[Belas-Artes]]. Também aprendeu aquarela com o professor [[Soulier]] e trabalhou no ateliê do pintor [[Pierre-Narcisse Guérin]], onde conheceu Géricault. Visitava quase todos os dias o [[Louvre]], para estudar as obras de [[Rafael Sanzio]] e Rubens.
+Delacroix nasceu em [[Saint-Maurice (Val-de-Marne)|Saint-Maurice]], numa família de grande prestigio social, e seu pai chegou a ministro da república. Acreditava-se que seu pai natural teria sido na realidade o príncipe [[Talleyrand]], seu [[Mecenato|mecenas]].<ref name="UOL - Educação" /> O fato é que Delacroix teve uma educação esmerada, que o transformou num erudito precoce: frequentou grandes colégios de Paris, teve aulas de música no Conservatório e de pintura na Escola de [[Belas-Artes]]. Também aprendeu [[aquarela]] com o professor Soulier e trabalhou no ateliê do pintor [[Pierre-Narcisse Guérin]], onde conheceu [[Géricault]]. Visitava quase todos os dias o [[Louvre]], para estudar as obras de [[Rafael Sanzio]] e Rubens.
 Seu primeiro quadro foi ''A Barca de Dante'' — a obra deste [[Dante Alighieri|escritor italiano]] foi um dos temas preferidos do romantismo. A tela lembra ''A Barca da Medusa'', de Géricault, para quem o pintor havia posado.
 [[Ficheiro:Félix_Nadar_1820-1910_portraits_Eugène_Delacroix.jpg|thumb|150px|esquerda|Delacroix retratado por [[Félix Nadar]].]]
-Algumas pessoas viram no artista um grande talento como o de Rubens e o as semelhanças de [[Michelangelo]]. Não tão apreciados da mesma maneira: ''[[O Massacre de Quios]]'' (1822),''[[Menina Órfã no Cemitério|Jovem Órfã no cemitério]]'' (1824), ''A Morte de Sardanápalo'' (1827) e ''A Tomada de Constantinopla pelos Cruzados'' (1840), baseadas em temas exóticos e históricos, de composições bem mais caóticas e de uma dramaticidade e simbolismo cromático incompreensíveis para a Academia.<ref name="UOL - Educação" />
+Algumas pessoas viram no artista um grande talento como o de Rubens e o as semelhanças de [[Michelangelo]]. Não tão apreciados da mesma maneira: ''[[O Massacre de Quio]]'' (1822), ''[[Menina Órfã no Cemitério|Jovem Órfã no cemitério]]'' (1824), ''A Morte de Sardanápalo'' (1827) e ''A Tomada de Constantinopla pelos Cruzados'' (1840), baseadas em temas exóticos e históricos, de composições bem mais caóticas e de uma dramaticidade e simbolismo cromático incompreensíveis para a Academia.<ref name="UOL - Educação" />
 Delacroix se interessou também pelos temas políticos do momento. Sentindo-se um pouco culpado pela sua pouca participação nos acontecimentos do país, pintou ''[[A Liberdade Guiando o Povo]]'' (1830), um quadro que o estado adquiriu e que foi exibido poucas vezes, por ter sido considerado excessivamente panfletário. O certo é que a bandeira francesa tremulando nas mãos de uma liberdade resoluta e destemida, prestes a saltar da tela, impressionou um número grande de espectadores.
-Em [[1833]], Delacroix foi contratado para decorar prédios públicos em Paris, tais como o palácio do rei, o [[Palais Bourbon|palácio Bourbon]] em [[Paris]], o [[Palácio de Luxemburgo]] e a biblioteca de [[Saint-Sulpice]], também situada em [[Palais du Luxembourg]]<ref>Wellington, pages xxvii-xxviii.</ref>. Nos seus últimos anos preferiu a solidão de seu ateliê.<ref name="UOL - Educação" />
+Em 1833, Delacroix foi contratado para decorar prédios públicos em Paris, tais como o palácio do rei, o [[Palais Bourbon|palácio Bourbon]] em [[Paris]], o [[Palácio de Luxemburgo]] e a biblioteca de Saint-Sulpice, também situada no Palais du Luxembourg.<ref>Wellington, pages xxvii-xxviii.</ref> Nos seus últimos anos preferiu a solidão de seu ateliê.<ref name="UOL - Educação" />
-Encontra-se sepultado no [[Cemitério do Père-Lachaise]], [[Paris]] na [[França]].<ref>{{findagrave|272}}</ref>
+Encontra-se sepultado no [[Cemitério do Père-Lachaise]], Paris na [[França]].<ref>{{findagrave|272}}</ref>
+== Viagem ao Norte da África ==
+[[Ficheiro:Eugène_Delacroix_-_The_Fanatics_of_Tangier_-_WGA06195.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|''Convulsionistas de Tânger'' (1838), Minneapolis Institute of Art]]
+[[Ficheiro:Eugene_delacroix.jpg|miniaturadaimagem|182x182px|''[[Autorretrato|Auto-retrato]]'', 1837. "Eugène Delacroix era uma curiosa mistura de ceticismo, polidez, dandismo, força de vontade, inteligência, despotismo e, finalmente, uma espécie de bondade e ternura especiais que sempre acompanha o gênio".<ref>Baudelaire, quoted in Jobert, page 27.</ref>]]
+Em 1832, Delacroix viajou à [[Espanha]] e ao [[Norte de África|Norte da África]] na companhia do diplomata Charles-Edgar de Mornay, como parte de uma missão diplomática ao [[Marrocos]] logo após a conquista da [[Argélia]] pelos franceses. Ele não foi principalmente para estudar arte, mas para escapar da civilização de Paris, na esperança de ver uma cultura mais "primitiva".<ref>Wellington, page xv.</ref> Ele eventualmente produziu mais de 100 pinturas e desenhos de cenas baseadas na vida das pessoas do Norte da África, e acrescentou um capítulo novo e pessoal ao interesse pelo [[Orientalismo]].<ref>Jobert, page 140.</ref> Delacroix ficou fascinado com as pessoas e suas roupas, e a viagem informaria o assunto de muitas de suas futuras pinturas. Ele acreditava que os norte-africanos, em seus trajes e atitudes, forneciam um equivalente visual ao povo da [[Roma Antiga|Roma clássica]] e da [[Grécia Antiga|Grécia]]:<blockquote>Os gregos e os romanos estão aqui à minha porta, os árabes que se enrolam numa manta branca e parecem Catão ou Brutus...</blockquote>Ele conseguiu esboçar algumas mulheres secretamente em [[Argel]], como no quadro ''Mulheres de Argel em seu apartamento'' (1834), mas geralmente encontrava dificuldade em encontrar mulheres muçulmanas para posar para ele. Menos problemática foi a pintura de mulheres judias no norte da África, como temas para o ''casamento judaico no Marrocos'' (1837-1841).
+Em [[Tânger]], Delacroix fez muitos esboços do povo e da cidade, temas aos quais voltaria até o fim da vida.<ref>Wellington, page xvi.</ref> Animais - a personificação da paixão romântica - foram incorporados a pinturas como ''Cavalos Árabes Lutando em um Estábulo'' (1860), ''A Caça ao Leão'' (da qual existem muitas versões, pintadas entre 1856 e 1861) e ''Árabe Selando seu Cavalo'' (1855).
+[[Ficheiro:Lille_PdBA_delacroix_medee.JPG|direita|miniaturadaimagem|222x222px|''Medéia prestes a matar seus filhos'', 1838]]
+== Inspirações musicais ==
+[[Ficheiro:Delacroix_barque_of_dante_1822_louvre_189cmx246cm_950px.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|''A barca de de Dante'' (1822), [[Louvre]]]]
+Delacroix se inspirou em muitas fontes ao longo de sua carreira, como as obras literárias de [[William Shakespeare]] e [[Lord Byron]] e a arte de [[Michelangelo]]. Mas, ao longo de sua vida, sentiu uma necessidade constante de música, dizendo em 1855 que "nada se compara à emoção causada pela música; que ela expressa nuances incomparáveis de sentimento". Ele também disse, enquanto trabalhava na Saint-Sulpice, que a música o colocava em um estado de "exaltação" que inspirou sua pintura. Frequentemente, era da música, fossem as interpretações mais melancólicas de [[Frédéric Chopin|Chopin]] ou as obras "pastorais" de [[Ludwig van Beethoven|Beethoven]], que Delacroix conseguia extrair mais emoção e inspiração. Em um ponto de sua vida, Delacroix fez amizade e fez retratos do compositor Chopin; em seu diário, Delacroix o elogiava com frequência.<ref>{{citar periódico|título=A Music-Lover of the Past: Eugène Delacroix |data=1920 |último =Jean-Aubry |primeiro =G. |páginas=478–499 |doi=10.1093/mq/vi.4.478 |jstor=737975 |volume=6 |periódico=The Musical Quarterly |número=4}}</ref>
 == Obras ==
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-Ficheiro:Eugène Delacroix - Le Massacre de Scio.jpg|''O Massacre de [[Quios]]'', ([[1824]]).
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Le Massacre de Scio.jpg|''O Massacre de [[Quio]]'', ([[1824]])
+Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg|''[[A Liberdade Guiando o Povo]]'' ([[1830]]), [[Museu do Louvre]] - Paris
-Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg|''[[A Liberdade Guiando o Povo]]'' ([[1830]]), [[Museu do Louvre]] - Paris.
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 014.jpg|''Mulheres de Argel'', ([[1834]]), Museu do Louvre - Paris
-Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 006.jpg|''A barca de [[Dante Alighieri|Dante]]'', ([[1822]]), Museu do Louvre - Paris.
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 012.jpg|''A tomada de Constantinopla pelos cruzados'', ([[1840]]), Museu do Louvre - Paris
-Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 014.jpg|''Mulheres de Argel'', ([[1834]]), Museu do Louvre - Paris.
+Ficheiro:Battle of poitiers eugene delacroix.jpg|''[[Batalha de Poitiers (1356)|Batalha de Poitiers]]'', (1830), Museu do Louvre - Paris
-Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 012.jpg|''A tomada de Constantinopla pelos cruzados'', ([[1840]]), Museu do Louvre - Paris.
-Ficheiro:Battle of poitiers eugene delacroix.jpg|''[[Batalha de Poitiers (1356)|Batalha de Poitiers]]'', (1830), Museu do Louvre - Paris.
 Ficheiro:Delacroix - Triumph of Bacchus.jpg|''Triunfo de Baco'', ([[1861]])
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+Ficheiro:Delacroix, Eugène Ferdinand Victor - Woman with a Parrot - 1827.jpg|''Mulher com papagaio'', ([[1827]]), Museu de Belas Artes de Lyon
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 024.jpg|''[[Mademoiselle Rose]]'', 1817–1824, [[Louvre]]
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+Ficheiro:Delacroix Louis dOrleans devoilant une maitresse.jpg|''Louis of Orléans Unveiling his Mistress'', c.1825-26, Coleção Thyssen-Bornemisza
+Ficheiro:Charles-Etienne-Raymond-Victor de Verninac by Delacroix.jpg|''Charles Étienne Raymond Victor de Verninac'', sobrinho do pintor, c.1825-26. coleção privada
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 021.jpg|''O Combate de Giaour e Hassan'', 1826, [[Art Institute of Chicago]]
+Ficheiro:Delacroix, Eugène Ferdinand Victor - Woman with a Parrot - 1827.jpg|''Mulher com um papagaio'', 1827, Museu de Belas Artes de Lyon
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+Ficheiro:Young tiger playing with its mother.jpg|''Um jovem tigre brincando com sua mãe'', 1830, [[Louvre]]
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 049.jpg|''The [[Charles de Morny, Duke of Morny|Duke of Morny]]'s Apartment'', 1831–1833, [[Louvre]]
+Ficheiro:Delacroix portrait Desmaisons.JPG|''Retrato do Dr. François-Marie Desmaisons'', 1832–33, [[Detroit Institute of Arts]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Fantasia Arabe - Google Art Project.jpg|''Fantasia Arabe'', 1833. Frankfurt [[Städel Museum]]
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 014.jpg|''[[As Mulheres de Argel]]'', 1834, [[Louvre]]
+Ficheiro:Battle of Taillebourg by Delacroix.jpg|''A Batalha de Taillebourg (rascunho)'', 1834&ndash;35, [[Louvre]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Les Natchez, 1835 (Metropolitan Museum of Art).jpg|''The Natchez'', 1835, [[Metropolitan Museum of Art]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Frédéric Chopin - WGA06194.jpg|''[[Frédéric Chopin]]'', 1838, [[Louvre]]
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 041.jpg|''[[George Sand]]'', 1838, Ordrupgaard-Museum
+Ficheiro:Columbus and His Son at La Rábida.JPG|''Colombo e seu filho em La Rábida'', 1838, [[National Gallery of Art]]
+Ficheiro:Jüdische Hochzeit in Marokko-1024.jpg|''Casamento Judaico em Marrocos'', c.1839, [[Louvre]]
+Ficheiro:Hamlet und Horatio auf dem Friedhof (Eugène Ferdinand Victor Delacroix).jpg|''[[Hamlet]] com Horatio'', (cena do coveiro), 1839, [[Louvre]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Christ on the Sea of Galilee - Google Art Project.jpg|''Cristo no Mar da Galiléia'', 1841, Museu de Arte Nelson-Atkins
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Collision of Moorish Horsemen - Walters 376.jpg|''Collision of Moorish Horsemen'', 1844, [[Walters Art Museum]]
+Ficheiro:Delacroix-Marc Aurèle-MBA-Lyon.jpg|''[[Últimas palavras do imperador Marcus Aurelius]]'', 1844, Musée des Beaux-Arts de Lyon
+Ficheiro:São Jorge e o Dragão DELACROIX 1847.jpg|''Saint George Fighting the Dragon'', 1847, [[Museu do Louvre|Louvre]]
+Ficheiro:Brooklyn Museum - Desdemona Cursed by her Father (Desdemona maudite par son père) - Eugène Delacroix.jpg|''Desdêmona amaldiçoada por seu pai (Desdêmona maudite par son père)'', c.1850–1854, [[Brooklyn Museum]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Andromeda - Google Art Project.jpg|''Andrômeda'', 1852, Museum of Fine Arts, Houston
+Ficheiro:Delacroix Andromeda.jpg|''Perseus e Andrômeda'', [[Staatsgalerie Stuttgart]]
+Ficheiro:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 025.jpg|1855, ''Moroccan Saddles His Horse'', [[Hermitage Museum]]
+Ficheiro:Eugéne Delacroix - Rider Attacked by a Jaguar - Google Art Project.jpg|''Cavaleiro atacado por um jaguar'', 1855. National Gallery em Praga
+Ficheiro:Death of Desdemona.jpg|''A morte de Desdêmona'', 1858
+Ficheiro:Ferdinand-Victor-Eugène Delacroix - Horses Coming Out of the Sea - Google Art Project.jpg|''[[Horses Leaving the Sea]]'', 1860, The Phillips Collection
+Ficheiro:Arab horses fighting in a stable Eugene Delacroix 1860.jpg|''[[Cavalos árabes lutando em um estábulo]]'', 1860
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Shipwreck on the Coast - Google Art Project.jpg|''Naufrágio na costa'', 1862, Museum of Fine Arts, Houston
+Ficheiro:Eugène Delacroix - Ovide chez les Scythes (1862).jpg|''Ovídio entre os citas'', 1862, versão no [[Metropolitan Museum of Art]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix, Winter- Juno and Aeolus, oil sketch, 1856. Oil on canvas, Private Collection..jpg|''Inverno: Juno e Éolo'', 1856, coleção particular (esboço para pintura) no [[Museu de Arte de São Paulo]]
+Ficheiro:Eugène Delacroix, Charioteers, NGA 151237.jpg|''Cocheiros'', caneta e tinta sobre papel, [[National Gallery of Art]]
 </gallery>
 </center>
+[[Ficheiro:Delacroix_monument_Jardin_du_Luxembourg.jpg|miniaturadaimagem|181x181px|Monumento a Delacroix, no [[Jardin du Luxembourg]]]]
+== Legado ==
+[[Ficheiro:Perelachaise-Delacroix-p1000397.jpg|miniaturadaimagem|136x136px|Tumba de Delacroix no cemitério Père Lachaise]]
+Na venda de sua obra em 1864, 9 140 obras foram atribuídas a Delacroix, incluindo 853 pinturas, 1 525 ''pastels'' e [[Aquarela do Brasil|aquarelas]], 6 629 desenhos, 109 [[litografia]]s e mais de 60 cadernos de esboços.<ref>Wellington, page xxviii.</ref> A quantidade e a qualidade dos desenhos, sejam feitos para fins construtivos ou para capturar um movimento espontâneo, ressaltaram sua explicação: "A cor sempre me ocupa, mas o desenho me preocupa". Delacroix produziu vários autorretratos finos e vários retratos memoráveis que parecem ter sido feitos puramente por prazer, entre os quais o retrato do colega artista Barão Schwiter, um pequeno óleo inspirado do violinista [[Niccolò Paganini]] e o Retrato de [[Frédéric Chopin]] e [[George Sand]], um retrato duplo de seus amigos, o compositor [[Frédéric Chopin]] e o escritor George Sand; a pintura foi cortada após sua morte, mas os retratos individuais sobreviveram.
+Na ocasião, Delacroix pintou paisagens puras (''The Sea at Dieppe'', 1852) e naturezas mortas (''Still Life with Lobsters'', 1826-27), ambas apresentando a execução virtuosa de suas obras baseadas em figuras.<ref>Jobert, page 99.</ref> Ele também é conhecido por seu ''Journal'', no qual deu uma expressão eloquente aos seus pensamentos sobre arte e vida contemporânea.<ref>Eugène Delacroix, ''Journal'', nouvelle édition intégrale établie par Michèle Hannoosh, 2 vols., Paris, José Corti, 2009. {{ISBN|978-2714309990}}.</ref>
+Uma geração de impressionistas foi inspirada pelo trabalho de Delacroix. [[Renoir]] e [[Manet]] fizeram cópias de suas pinturas, e [[Edgar Degas|Degas]] comprou o retrato do Barão Schwiter para sua coleção particular. A sua pintura na igreja de Saint-Sulpice foi considerada a "melhor pintura mural da sua época".<ref>Wellington, page xxiii.</ref>
+O artista contemporâneo chinês Yue Minjun criou sua própria interpretação da pintura ''Massacre de Chios'', de Delacroix, que mantém o mesmo nome. A pintura de Yue Minjun foi vendida na Sotheby's por quase US$ 5,9 milhões em 2007.<ref>{{citar web |url=http://shanghaiist.com/2007/10/15/new_record_sale.php |título=New record sale of a Chinese contemporary painting: US$5.9 million |obra=Shanghaiist}}</ref>
+Seu desenho a lápis ''Moorish Conversation on a Terrace'' foi descoberto como parte do Munich Art Hoard.<ref name="spiegel">{{citar jornal|url=http://www.spiegel.de/fotostrecke/photo-gallery-munich-nazi-art-stash-revealed-fotostrecke-103675-7.html |título=Photo Gallery: Munich Nazi Art Stash Revealed |data=17-11-2013 |obra=Spiegel |acessodata=17-11-2013}}</ref>
+[[Ficheiro:Hundred_franc_note_delacroix_1993.jpg|miniaturadaimagem|252x252px|Nota de banco de 100 francos franceses, 1993]]
 == Ver também ==
@@ Linha 56: / Linha 116: @@
 * [[Pintura]]
 * [[Pintura do romantismo]]
-* [[Lista de pintores]]
 * [[Conservação e Restauro de Pintura]]
@@ Linha 69: / Linha 128: @@
 * {{Link||2=http://www.musee-delacroix.fr/ |3=Musée National Eugène Delacroix}}
 * {{Link||2=http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/delacroix/ |3=WebMuseum: Delacroix, Eugène}}
-{{Authority control}}
 {{Eugène Delacroix}}
 {{Romantismo}}
-{{Esboço-biografia}}
 {{Portal3|Pintura}}

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