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Ramessés II: mudanças entre as edições

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{{Info/Faraó
{{Info/Faraó
|Nome      = Ramsés II
|Nome      = Ramessés II
|Alt        = Ramsés, o Grande
|Alt        = Ramessés, o Grande
|Image      = RamsesIIEgypt.jpg
|Imagem    = RamsesIIEgypt.jpg
|Legenda    = Estátua de Ramsés em [[Abu Simbel]]
|Legenda    = Estátua de Ramessés em [[Abul-Simbel]]
|ImageSize  = 255px
|ImageSize  = 255px
|Reinado    = 1279 a 1213 a.C.
|Reinado    = 1279 - {{AC|1213|x}}
|Predecessor= [[Seti I]]
|Predecessor= [[Seti I]]
|Sucessor  = [[Merneptá]]
|Sucessor  = [[Merneptá]]
|Sobrenome  = ''Usermaatre-setepenre''<br/>Poderosa é a justiça de [[Rá]]. O escolhido de Rá.<br/><hiero>M23:X1-L2:X1</hiero><hiero><-N5-F12-C10-N5*U21:N35-></hiero>
|Sobrenome  = ''Usermaatre-setepenre''<br/>Poderosa é a justiça de [[Rá]]. O escolhido de Rá.<br/><hiero>M23:X1-L2:X1</hiero><hiero><-N5-F12-C10-N5*U21:N35-></hiero>
|NomeEgipcio= ''Ramesses meryamun''<br/>Nascido de Rá. Amado de [[Amon]].<br/><hiero>G39-N5:Z1</hiero><hiero><-M17-Y5:N35:N36-N5:Z1-F31-S29-M23-></hiero>
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|Esposa =[[Marvangye]] [[Nefertari]], [[Isetnefert]], [[Maathorneferuré]], [[Meritamon]], Bentanath, Nebettawy,
|Esposa     = [[Nefertari]], [[Iseteneferte]], [[Maathorneferuré]], [[Meritamon|Meritamom]], Bentanate, Nebetaui, [[Henutemiré]]
|Filhos    = [[Amen-herkhepeshef (filho de Ramsés II)|Amen-herkhepeshef]]<br/>Ramsés<br/>Pareherwenemef<br/>[[Khaemuaset]]<br/>[[Merneptá]]<br/>Meryatum<br/>Bentanath<br/>[[Meritamon]]<br/>Nebettawy
|Filhos    = [[Amenerquepexefe (filho de Ramessés II) |Amenerquepexefe]]<br/>[[Ramessés (príncipe)|Ramessés]]<br/>Pareeruenemefe<br/>[[Caemuasete]]<br/>[[Merneptá]]<br/>Meriatum<br/>Bentanate<br/>[[Meritamon|Meritamom]]<br/>Nebeteaui
|Pai        = [[Seti I]]
|Pai        = [[Seti I]]
|Mãe        = Tuya
|Mãe        = [[Tuia]]
|Nascimento = [[Circa|c.]] Década de 1270 a.C.
|Nascimento = {{Circa|{{AC|1303|X}}}}
|Falecimento= 1213 a.C.
|Falecimento= {{AC|1213|X}} (90 anos)
|Tumba      = [[KV7]], [[Vale dos Reis]]
|Tumba      = [[KV7]], [[Vale dos Reis]]
}}
|Dinastia=[[XIX dinastia egípcia]]}}
'''Ramsés II''' foi o terceiro [[faraó]] da [[XIX dinastia egípcia]], uma das dinastias que compõem o [[Império Novo]]. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história egípcia tanto no aspecto económico, administrativo, cultural e militar.{{carece de fontes|data=junho de 2017}} Foi também um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramsés no reino do Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramsés, o Grande.
'''Ramessés II, o Grande''' ou '''Ramsés II''', também conhecido pela [[titulatura real egípcia|titulatura]] [[grego koiné|helenizada]] '''Osimandias''' ({{lang-el|Ὀσυμανδύας}}), popularizada em inglês por [[Percy Shelley]] como '''''Ozymandias''''', foi o terceiro [[faraó]] da [[XIX dinastia egípcia]],<ref>{{Citar web |ultimo=M. F.A |primeiro=Dramatic Writing |ultimo2=B. A. |primeiro2=English Literature |url=https://www.thoughtco.com/ramses-ii-biography-4692857 |titulo=Biography of Ramses II, Pharaoh of Egypt's Golden Age |data= |acessodata=2020-10-01 |website=ThoughtCo |publicado= |lingua=en |ultimo3=B. A. |primeiro3=Political Science}}</ref> uma das dinastias que compõem o [[Império Novo]]. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C., tendo tido um dos mais prestigiosos reinados da história egípcia, nos aspetos econômico, administrativo, cultural e militar.<ref name="Date">Selon le [[British Museum]], A. Dodson, W. Helck, N. Grimal, K. Kitchen, J. Kinnaer, E. Krauss, J. Málek, I. Shaw, J. von Beckerath. <br />Outras notas de especialistas: -1304 a -1237 (D.B. Redford), -1294 a -1227 (A. Gardiner), -1290 a-1224 (D. Arnold, E. Hornung), -1290 a -1223 (Parker).</ref> Teve também um dos mais longos reinados da história egípcia, governando a nação por 66 anos. Houve 11 soberanos com o nome Ramessés no reino do Egito, mas somente a ele foi atribuído o [[epíteto]] de "o Grande".
 
Durante sua juventude, o [[príncipe]] Ramessés foi treinado no exército, o que mais tarde faria com que o mesmo se tornasse um reconhecido líder militar. Com a idade de 24 anos, Ramessés II ascendeu ao trono. Na primeira instância de seu reinado, esteve focado em manobras militares, proporcionou aos exércitos maior importância, sendo bem treinados e melhor tratados, como também foram feitas construções de fortificações nas fronteiras egípcias que ajudavam na movimentação das tropas e garantia segurança e proteção ao Egito. Além das conquistas militares, o que também fez com que Ramessés II fosse conhecido como “o Grande” foi a prosperidade de seu reinado onde, por exemplo, houve a construção de enormes templos.{{Sfn|Menu|2002}}
 
Sua múmia, preservada no [[Museu Egípcio (Cairo)|Museu Egípcio no Cairo]], é a de um homem já idoso com um rosto longo e estreito, nariz proeminente e maxilar maciço. O reinado de conquistas e prosperidades de Ramessés II, o Grande, foi o último pico de poder do reino egípcio. Após sua morte o Egito conseguiu manter sua soberania. Ele foi um líder notável, exímio militar e administrador competente e fez com que o país fosse próspero em seu reinado. Alguns de seus feitos, no entanto, certamente devem ser levados para o seu estilo de publicidade, seu nome e seus registros de batalhas que foram encontrados em todo o Egito e na [[Núbia]].<ref>{{Citar web|titulo=Ramsés II, o Grande – Museus Egipcio e Tutankhamon|url=http://museuegipcioerosacruz.org.br/ramses-ii-o-grande/|obra=museuegipcioerosacruz.org.br|acessodata=2020-07-14|lingua=pt-BR}}</ref>


==Vida familiar==
==Vida familiar==
[[Imagem:Egypte louvre 124 enfant.jpg|miniatura|esquerda|Representação de Ramsés enquanto [[criança]]]]
[[Imagem:Egypte louvre 124 enfant.jpg|miniatura|esquerda|Representação de Ramessés enquanto [[criança]]]]
Filho do faraó [[Seti I]] e da rainha [[Tuya]]. A família de Ramsés não era de origem nobre: o seu avô, [[Ramsés I]], era um general de [[Horemheb]], o último rei da [[XVIII dinastia egípcia|XVIII dinastia]], que o nomeou seu sucessor.
Filho do faraó [[Seti I]] e da rainha [[Tuia (rainha)|Tuia]]. O seu avô, [[Ramessés I]], era um general de [[Horemebe]], o último rei da [[XVIII dinastia egípcia|XVIII dinastia]], que o nomeou seu sucessor.{{Sfn|Menu|2002}}


Aos dez anos Ramsés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e Ramsés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em [[Canaã]] e [[Sinai]].
Aos dez anos, Ramessés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e Ramessés acompanhou-o contra os líbios e em campanhas em [[Canaã]] e [[Sinai]].{{Sfn|Menu|2002}}


===Esposas e filhos===
===Esposas e filhos===
Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramsés já era casado com [[Nefertari]] e [[Isitnefert]]. A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramsés teve na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do reinado de Ramsés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do [[Vale das Rainhas]], deu à luz o primeiro filho de Ramsés, Amenófis, conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.
Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramessés já era casado com [[Nefertari]] e [[Iseteneferte]]. A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramessés teve na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do reinado de Ramessés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do [[Vale das Rainhas]], deu à luz o primeiro filho de Ramessés, [[Amenófis]], conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.{{Sfn|Menu|2002}}


Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor atestada no [[Baixo Egipto]]. Com ela Ramsés teve um filho que partilhava o seu nome, para além dos príncipes [[Khaemuaset]] e [[Merneptá]] (este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais velhos de Ramsés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de [[Ptah]] na cidade de Mênfis e foi responsável pela organização das festas Sed, celebradas em honra do pai. A festa Sed celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramsés celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar construir galerias subterrâneas em [[Sakara]], onde eram sepultados os [[boi]]s de [[Ápis]].
Iseteneferte é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor atestada no [[Baixo Egito]]. Com ela Ramessés teve um filho que partilhava o seu nome, para além dos príncipes [[Caemuassete]] e [[Merneptá]] (este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais velhos de Ramessés na praga dos primogênitos). Caemuasete foi sumo-sacerdote de [[Ptá]] na cidade de [[Mênfis]] e foi responsável pela organização das festas de Sede, celebradas em honra do pai. A festa de Sede celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramessés celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar construir galerias subterrâneas em [[Sacará]], onde eram sepultados os [[boi]]s de [[Ápis]].{{Sfn|Menu|2002}}


Ramsés foi também casado com sua irmã mais nova Henutmiré (segundo alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, [[Meritamon]], [[Bentanat]] e [[Nebet-taui]]. Após a paz com os [[hititas]], Ramsés recebeu uma filha do rei [[Hatusilli III]] como presente.  Com ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se que adoptou o nome egípcio de [[Maathorneferuré]]. Sete anos depois desse casamento, esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.
Ramessés foi também casado com sua irmã mais nova [[Henutemiré]] (segundo alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, [[Meritamon|Meritamom]], [[Bentanate]] e [[Nebetetaui]]. Após a paz com os [[hititas]], Ramessés recebeu uma filha do rei [[Hatusil III]] como presente.  Com ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se que adoptou o nome egípcio de [[Maatorneferuré]]. Sete anos depois desse casamento, esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.{{Sfn|Menu|2002}}


== Campanhas militares ==
== Campanhas militares ==
=== Batalha de Kadesh ===
=== Batalha de Cades ===
Ramsés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional os [[hititas]], que viviam no que é hoje a [[Turquia]], surgem como rivais do império egípcio no corredor sírio-cananeu.
{{Artigo principal|Batalha de Cades}}
 
[[Ficheiro:Egypt - The Battle of Kadesh.png|miniaturadaimagem|233x233px|''A Batalha de Cades'', que mostra um faraó (provavelmente Ramessés) lutando com soldados adversários. Obra de Patrick Gray, criada em 1900.]]
No ano 4 do seu reinado, Ramsés conduz uma expedição militar exploratória que alcança a [[Fenícia]]. No [[rio Cão]], perto da moderna [[Beirute]], manda erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.
Ramessés sucedeu ao pai em 1279 ou {{AC|1278|x}}. No plano internacional os [[hititas]], que viviam no que é hoje a [[Turquia]], surgem como rivais do império egípcio no corredor sírio-cananeu.{{Sfn|Jacq|1999}}


No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramsés atravessa a fronteira egípcia em [[Sila (cidade)|Sila]] e um mês depois chega aos arredores da cidade de [[Kadesh]], perto do [[rio Oronte]], com o objectivo de expulsar os hititas do norte da [[Síria]].
No ano 4 do seu reinado, Ramessés conduz uma expedição militar exploratória que alcança a [[Fenícia]]. No [[rio Cão]], perto da moderna [[Beirute]], manda erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.{{Sfn|Jacq|1999}}


O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o nome de um deus da [[mitologia egípcia]]: [[Amon]], [[]], [[Ptah]] e [[Seth|Set]]. O exército aguardou nos arredores de Kadesh, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Kadesh. Ramsés decide então avançar com a unidade Amon que lidera, desconhecendo que os hititas estavam escondidos a leste de Kadesh. Subitamente, a unidade Amon é cercada pelos hititas.
No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramessés atravessa a fronteira egípcia em [[Sila (cidade)|Sila]] e um mês depois chega aos arredores da cidade de [[Cades (Síria)|Cades]], perto do [[rio Oronte]], com o objectivo de expulsar os hititas do norte da [[Síria (região)|Síria]].{{Sfn|Jacq|1999}}


Segundo o relato egípcio, o "Poema de Kadesh" gravado nas paredes dos templos de [[Karnak]], [[Luxor]], [[Abidos (Egito)|Abidos]], [[Abu Simbel]] e no [[Ramesseum]], Ramsés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a Amon, lamentando-se por seu destino. Amon escuta sua prece e Ramsés transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os hititas.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o nome de um deus da [[mitologia egípcia]]: [[Amom (deus)|Amom]], [[]], [[Ptá]] e [[Set (divindade)|Seti]]. O exército aguardou nos arredores de Cades, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Cades. Ramessés decide então avançar com a unidade Amom que lidera, desconhecendo que os hititas estavam escondidos a leste de Cadexe. Subitamente, a unidade Amom é cercada pelos hititas.{{Sfn|Jacq|1999}}


A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço da [[propaganda]] faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Kadesh, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Cades" gravado nas paredes dos templos de [[Carnaque]], [[Luxor]], [[Abidos (Egito)|Abidos]], [[Abul-Simbel]] e no [[Ramesseum]], Ramessés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a Amom, lamentando-se por seu destino. Amom escuta sua prece e Ramessés transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os hititas.{{Sfn|Jacq|1999}}


Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na [[Síria Palestina]]. No ano 16 do reinado de Ramsés, [[Mursili III]], filho mais novo de [[Muwatalli II]], foi deposto pelo seu tio [[Hatusilli III]]. Após várias tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egipto. Hatusilli III exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramsés, os hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.
A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço da [[propaganda]] faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Cadexe, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.{{Sfn|Jacq|1999}}
[[Ficheiro:Batalla de Kadesh, museu dels soldadets de plom l'Iber.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|240x240px|Montagem da Batalha de Cades no Museu Ibérico.]]
Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na [[Síria]] e [[Palestina (região)|Palestina]]. No ano 16 do reinado de Ramessés, [[Mursil III]], filho mais novo de [[Muatal II]], foi deposto pelo seu tio Hatusil III. Após várias tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egito. Hatusil III exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramessés, os hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.{{Sfn|Jacq|1999}}


No ano 21 do reinado de Ramsés, um tratado de paz procurou terminar o conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em tabuinhas de [[argila]] em [[cuneiforme]] babilónio e encontrada em Boghaz-Koi e a egípcia, gravada em duas estelas em Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da [[Assíria]]. Nos termos do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria, para os hititas.
No ano 21 do reinado de Ramessés, um tratado de paz procurou terminar o conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em tabuinhas de [[argila]] em [[Escrita cuneiforme|cuneiforme]] babilónio e encontrada em Bogazcói e a egípcia, gravada em duas estelas em Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da [[Assíria]]. Nos termos do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria, para os hititas.{{Sfn|Jacq|1999}}


== Monumentos ==
== Monumentos ==
Ramsés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do [[Império Antigo]], mas sobretudo do faraó [[Amenófis III]]), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramsés II encontram-se a sala hipóstila do templo de Karnak em Tebas e o templo funerário do seu pai em [[Abidos (Egito)|Abidos]].
[[Ficheiro:Ramses II in Luxor Temple.jpg|miniaturadaimagem|271x271px|Estátua de Ramessés II no [[Templo de Luxor]].]]
 
Ramessés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do [[Império Antigo]], mas sobretudo do faraó [[Amenófis III]]), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramessés II encontram-se a sala hipostila do templo de [[Carnaque]] em Tebas e o templo funerário do seu pai em [[Abidos (Egito)|Abidos]].{{Sfn|Jacq|1999}}
[[Imagem:Yul Brynner in The Ten Commandments film trailer.jpg|direita|miniatura|150px|[[Yul Brynner]] como ''Ramsés II'', em uma cena do filme ''[[The Ten Commandments (1956)|Os Dez Mandamentos]]'' ([[1956]]).]]


Foi também Ramsés um dos responsáveis pela destruição dos templos da cidade de [[Amarna]], que eram os últimos vestígios da era de [[Aquenáton]], faraó que pretendia fazer de [[Aton]] a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas foram reutilizados na cidade de [[Hermópolis Magna]], situada na margem oposta de Amarna.
Foi também Ramessés um dos responsáveis pela destruição dos templos da cidade de [[Amarna]], que eram os últimos vestígios da era de [[Aquenáton]], faraó que pretendia fazer de [[Aton]] a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas foram reutilizados na cidade de [[Hermópolis Magna]], situada na margem oposta de Amarna.{{Sfn|Jacq|1999}}


=== Pi-Ramsés ===
=== Pi-Ramessés ===
[[Pi-Ramsés]] ou Per-Ramsés ("A Casa de Ramsés") foi a capital do Egito durante o reinado de Ramsés e até o fim da [[XX dinastia egípcia|XX dinastia]]. Não foi descoberta até ao momento a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do [[Delta do Nilo|Delta]].
{{Artigo principal|Pi-Ramessés}}
[[Pi-Ramessés]] ou Per-Ramessés foi a capital do Egito durante o reinado de Ramessés e até o fim da [[XX dinastia egípcia|XX dinastia]]. Não foi descoberta, até o momento, a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do [[Delta do Nilo|Delta]].{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}


A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I no começo do reinado de Ramsés. Para lá são transferidos [[obelisco]]s e nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amon, e Ptah. Dois séculos depois as suas estátuas e obeliscos da cidade foram transferidas para [[Tânis]], a nova capital da [[XXI dinastia egípcia|XXI dinastia]].
A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I, no começo do reinado de Ramessés. Para lá, são transferidos [[obelisco]]s e nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amom, e Ptá. Dois séculos depois. as suas estátuas e obeliscos da cidade foram transferidas para [[Tânis]], a nova capital da [[XXI dinastia egípcia|XXI dinastia]].{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}


As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do principal centro de intervenção militar desta época, a Síria-Palestina, que separava o Egito dos [[hititas]].
As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do principal centro de intervenção militar desta época, a [[Síria Palestina]], que separava o Egito dos [[hititas]].{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}


=== Templos na Núbia ===
=== Templos na Núbia ===
[[Imagem:Abu Simbel, Ramesses Temple, front, Egypt, Oct 2004.jpg|miniatura|esquerda|210px|Grande templo de [[Abu Simbel]]]]
[[Imagem:Abu Simbel, Ramesses Temple, front, Egypt, Oct 2004.jpg|miniatura|esquerda|210px|Grande templo de [[Abul-Simbel]]]]
Na [[Núbia]] Ramsés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos, escavados na rocha, encontram-se em [[Abu Simbel]], perto da segunda catarata do Nilo.
Na [[Núbia]], Ramessés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos, escavados na rocha, encontram-se em [[Abul-Simbel]], perto da [[Cataratas do Nilo|segunda catarata do Nilo]].{{Sfn|Jacq|1999}}
 
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramsés) penetra sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramsés, associado a Amon-Ré, Ptah e Ré-Horakhti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramsés com mais de 20 metros de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do templo encontra-se um sala hipóstila onde se acham oito estátuas de [[Osíris]]. A versão egípcia da Batalha de Kadesh está representada no templo. O segundo templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari (associada a [[Hathor]]). Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramsés e duas de Nefertari.


Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramsés II, no templo da deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramsés II. O templo de Bastet está localizado na colina de Bubastis, um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2500 a.C.). Além da estátua de Ramsés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de arenito.
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramessés) penetra sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramessés, associado a Amom-Rá, Ptá e Rá-Haraqueti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramessés com mais de 20 metros de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do templo encontra-se um sala hipostila onde se acham oito estátuas de [[Osíris]]. A versão egípcia da Batalha de Cadexe está representada no templo. O segundo templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari (associada a [[Hator]]). Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramessés e duas de Nefertari.{{Sfn|Jacq|1999}}
[[Ficheiro:Ramses II besieging the Cheta people in Dapur.jpg|miniaturadaimagem|243x243px|Ramsés II sitiando o povo hitita em [[Cerco de Dapur|Dapur]].]]
Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramessés II, no templo da deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramessés II. O templo de Bastet está localizado na colina de [[Bubástis]], um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, a cerca de 85&nbsp;km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a {{AC|2500|x}}). Além da estátua de Ramessés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35&nbsp;cm de altura, feita de arenito.{{Sfn|Jacq|1999}}


Abu Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até [[1812]], ano em que foi descoberta por [[Jean-Louis Burckhardt]]. A construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo, razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e montados num local mais alto entre os anos de [[1964]] e [[1968]], numa campanha internacional promovida pela [[UNESCO]].
Abul-Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi descoberta por [[Jean-Louis Burckhardt]]. A construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo, razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha internacional promovida pela [[UNESCO]].{{Sfn|Jacq|1999}}


Em [[Uadi es-Sebua]] Ramsés mandou construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a construção. No mesmo local Ramsés ordenou a reconstrução de um templo erguido por [[Amenófis III]] que fora danificado durante a era de Amarna.
Em [[Uádi Sebua]], Ramessés mandou construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a construção. No mesmo local Ramessés ordenou a reconstrução de um templo erguido por [[Amenófis III]] que fora danificado durante a era de Amarna.{{Sfn|Jacq|1999}}
[[Ficheiro:West Asiatic prisoners of Ramses II at Abu Simbel.jpg|centro|miniaturadaimagem|628x628px|Prisioneiros da [[Sudoeste Asiático|Ásia Ocidental]] de Ramessés II em [[Abul-Simbel]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=RSSfdYbZihsC&pg=PT254&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=The Egyptian World|ultimo=Wilkinson|primeiro=Toby|data=2007-09-18|editora=Routledge|páginas=254-257|lingua=en}}</ref>]]


=== Ramesseum ===
=== Ramesseum ===
[[Imagem:Egypt.Ramesseum.02.jpg|miniatura|250px|Sala hipóstila do Ramesseum]]
{{Artigo principal|Ramesseum}}[[Imagem:Egypt.Ramesseum.02.jpg|miniatura|250px|Sala hipostila do Ramesseum]]
O templo funerário de Ramsés é conhecido como o [[Ramesseum]]. Situado na margem ocidental de [[Tebas (Egipto)|Tebas]] estava dedicado ao deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramsés em posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do deus Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês Eloquente" e textos de carácter [[medicina|médico]].
O templo funerário de Ramessés é conhecido como o [[Ramesseum]]. Situado na margem ocidental de [[Tebas (Egito)|Tebas]] estava dedicado ao deus Amom e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramessés em posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram representados eventos como a [[Batalha de Cades]] e a celebração da festa do deus Mim, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês Eloquente" e textos de carácter [[medicina|médico]].{{Sfn|Jacq|1999}}


== Morte ==
== Morte ==
Ramsés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa anos. O Egipto conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a parte final da XIX dinastia.
[[Ficheiro:Unwrapped Mummy of Ramses II Wellcome M0009392.jpg|miniaturadaimagem|Corpo mumificado de Ramessés II encontrado no [[Vale dos Reis]].]]
Ramessés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa anos. O Egito conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a parte final da XIX dinastia.{{Sfn|Menu|2002}}


O túmulo de Ramsés foi construído no [[Vale dos Reis]] ([[KV7]]), [[necrópole]] de eleição dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar. Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.
O túmulo de Ramessés foi construído no [[Vale dos Reis]] ([[KV7]]), [[necrópole]] de eleição dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar. Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.{{Sfn|Menu|2002}}{{Sfn|Jacq|1999}}


A [[múmia]] do faraó foi encontrada num túmulo coletivo de [[Deir el-Bahari]] no ano de [[1881]]. Em [[1885]] a múmia foi colocada no [[Museu Egípcio (Cairo)|Museu Egípcio]] do [[Cairo]] onde permanece até hoje. Em [[1976]] a múmia de Ramsés realizou uma viagem até [[Paris]] onde fez parte de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com [[raios X]]. Na capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o ''Daedela Biennis'', que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.{{carece de fontes|data=junho de 2017}}
A [[múmia]] do faraó foi encontrada num túmulo coletivo de [[Deir Elbari]] no ano de 1881. Em 1885 a mesma foi colocada no [[Museu Egípcio (Cairo)|Museu Egípcio]] do [[Cairo]] onde permanece até hoje.{{Sfn|Menu|2002}}{{Sfn|Jacq|1999}}


==Curiosidades==
==Curiosidades==
Em 1976, a múmia do Faraó Ramsés precisou ser levada a Paris, onde foi tratada contra uma infestação de fungos. Nessa ocasião, foi providenciado um passaporte para a múmia em que constava sua ocupação: "Rei falecido".
===Viagem a Paris===
Chegando à França, ao desembarcar no aeroporto de Le Bourget, em Paris, a múmia de Ramsés foi pomposamente saudada com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.
Em 1974, [[egiptologia|egiptólogos]] visitando sua tumba perceberam que as condições de sua múmia estavam rapidamente se deteriorando, pelo que foi levada de avião a [[Paris]] para estudos.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.co.uk/history/ancient/egyptians/ramesses_01.shtml|site=BBC|título=Ramesses the Great|último=Ray|primeiro=John}}</ref>
Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido, Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da Bíblia.{{carece de fontes|data=junho de 2017}}
 
Em 1976, a múmia foi finalmente recebida no [[Aeroporto de Paris-Le Bourget]] com todas as honrarias militares cabidas a um rei.<ref>{{citar web|url=http://newscientist.com/article/mg18424736.400-ramesses-rides-again.html|título=Ramesses rides again|primeiro=Stephanie|último=Pain|site=New Scientist|idioma=inglês}}</ref> Fez parte de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com [[raios X]]. Na capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o ''Daedela Biennis'', que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que Ramessés sofria de doença dentária e óssea.{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}
 
===O Faraó do Êxodo no Cinema===
[[Imagem:Yul Brynner in The Ten Commandments film trailer.jpg|direita|miniatura|150px|[[Yul Brynner]] como ''Ramessés II'', em uma cena do filme ''[[The Ten Commandments (1956)|Os Dez Mandamentos]]'' (1956)]]Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido, Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da Bíblia.{{carece de fontes|data=junho de 2017}} Um dos complicadores do problema é que há basicamente duas datas propostas para o Êxodo, uma anterior, por volta do ano 1445 a.C., e uma posterior, por volta de 1290 a.C.<ref>{{Citar web |ultimo=M. F.A |primeiro=Dramatic Writing |ultimo2=B. A. |primeiro2=English Literature |url=https://www.thoughtco.com/ramses-ii-biography-4692857 |titulo=Biography of Ramses II, Pharaoh of Egypt's Golden Age |data= |acessodata=2020-10-06 |website=ThoughtCo |publicado= |lingua=en |ultimo3=B. A. |primeiro3=Political Science}}</ref><ref name="allanturner" />
 
A primeira data considera literalmente a declaração em {{Citar bíblia|livro=I Reis|capítulo=6|verso=1}} de que o Êxodo do Egito ocorreu 480 anos antes de [[Salomão]] começar a construir o Templo em Jerusalém. Isso ocorreu no quarto ano de seu reinado, por volta de {{AC|960|x}}; portanto, o Êxodo dataria de cerca de 1440 a.C. Assim de acordo com essa hipótese o faraó mais considerado como o do Êxodo é [[Tutemés III]], o que coloca a chegada dos hebreus no Egito no período dos governantes [[hicsos]], que também eram [[semita]]s.{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}
 
Esta conclusão, entretanto, está em desacordo com a maioria das evidências arqueológicas e mesmo bíblicas. As cidades-celeiros de Pitom e [[Pi-Ramessés]], construídas, de acordo com o Livro do Êxodo, pelos hebreus para o faraó, localizavam-se na parte nordeste do [[delta do Nilo]], não muito longe de Gósen, distrito onde, de acordo com o livro do Êxodo, supostamente viviam os escravos hebreus (que não seriam exatamente todo um povo, mas sim um grupo pequeno).  No contexto do [[Colapso da Idade do Bronze]], um pequeno grupo de escravos (hebreus), ou vários grupos indivíduos, podem ter fugido e encontrado abrigo entre os israelitas, na época um povo tribal de pastores. Por serem grupos pequenos , não deixariam rastro arqueológicos. Além de que está implícito em toda a história que o palácio e a capital do faraó estavam na área, mas Tutemés III (o faraó em 1440) tinha sua capital em [[Tebas]], bem ao sul, e nunca conduziu grandes operações de construção na região do delta. Além disso, [[Edom]] e [[Moabe]], reinos localizados na atual [[Jordânia]] que forçaram Moisés a circular a leste deles, ainda não estavam estabelecidos e organizados. Finalmente, como as escavações mostraram, a destruição das cidades que os hebreus afirmavam ter capturado ocorreu por volta de 1250 a.C, não {{AC|1400|x}}.{{Carece de fontes|data=abril de 2021}}
 
Visto que a tradição acredita que o espaço de tempo entre Moisés e Salomão seja de cerca de 12 gerações, a referência a 480 anos é provavelmente um comentário editorial ou cálculo feito pelo autor do Livro de Reis permitindo 40 anos para cada geração. Visto que uma geração real é de cerca de 25 anos, a data mais provável para o Êxodo, segundo essa hipótese, é de cerca de 1260 a.C. Se isso for verdade, então o faraó opressor mencionado em Êxodo (1: 2–2: 23) foi [[Seti I]] {{-nwrap|r.|1290|1279}}, e o faraó durante o Êxodo foi Ramessés II {{-nwrap|r.|1279|1213}}. Resumindo, [[Moisés]] provavelmente nasceu no final do século XIV a.C e o Êxodo ocorreu no contexto histórico do [[Colapso da Idade do Bronze]].<ref>https://www.britannica.com/biography/Moses-Hebrew-prophet</ref><ref>https://super.abril.com.br/especiais/a-historia-real-por-tras-do-exodo/</ref>


== [[Titulatura real egípcia|Titulatura]] ==
== Titulatura ==
Como se fazia no [[Antigo Egito]], Ramsés tinha um série de nomes que compunham a sua [[titulatura real egípcia|titulatura]]. ''Ramsés'' é o seu nome de nascimento e significa "nascido de [[Rá]]" ou "filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando se tornou faraó foi ''Usermaet-rá [[Setepenrá]]'', o que é traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".
Como se fazia no [[Antigo Egito]], Ramessés tinha um série de nomes que compunham a sua [[titulatura real egípcia|titulatura]]. ''Ramessés'' é o seu nome de nascimento e significa "nascido de [[Rá]]" ou "filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando se tornou faraó foi ''Usermaet-rá [[Setepenré|Setepenrá]]'', o que é traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".


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==Citações na literatura==
==Citações na literatura==


* ''[[Série Ramsés]]'', de [[Christian Jacq]], Bertand Brasil
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* ''[[Ozymandias (Shelley)|Ozymandias]]'', poema de [[Percy Bysshe Shelley]]
* ''[[Ozymandias (Shelley)|Ozymandias]]'', poema de [[Percy Bysshe Shelley]]


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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
* JACQ, Christian - ''O Egipto dos Grandes Faraós''. Porto: ASA, 1999. ISBN 972-41-2046-5
 
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* {{Citar livro|título=O Egito dos Grandes Faraós|ultimo=Jacq|primeiro=Christian|editora=ASA|ano=1999|local=Porto|isbn=972-41-2046-5|ref=harv}}
 
* {{citar livro|ultimo1=Menu|primeiro1=Bernadette|ano=2002|título=Ramessés II: Soberano dos soberanos|url=https://books.google.com.br/books?id=EkPt2yxx0ksC&dq|local=Rio de Janeiro|editora=Editora Objetiva|colecao=“[[Découvertes Gallimard|Descobertas]]”|isbn=9788573023558|ref=harv}}
 
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==  Ligações externas ==
==  Ligações externas ==
* [http://www.thebanmappingproject.com/sites/browse_tomb_821.html Tumba de Ramsés II]
* [https://web.archive.org/web/20160128182953/http://www.thebanmappingproject.com/sites/browse_tomb_821.html Tumba de Ramessés II]


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Edição atual tal como às 17h24min de 12 de junho de 2022

Predefinição:Info/Faraó Ramessés II, o Grande ou Ramsés II, também conhecido pela titulatura helenizada Osimandias (em Predefinição:Língua com nome), popularizada em inglês por Percy Shelley como Ozymandias, foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia,[1] uma das dinastias que compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C., tendo tido um dos mais prestigiosos reinados da história egípcia, nos aspetos econômico, administrativo, cultural e militar.[2] Teve também um dos mais longos reinados da história egípcia, governando a nação por 66 anos. Houve 11 soberanos com o nome Ramessés no reino do Egito, mas somente a ele foi atribuído o epíteto de "o Grande".

Durante sua juventude, o príncipe Ramessés foi treinado no exército, o que mais tarde faria com que o mesmo se tornasse um reconhecido líder militar. Com a idade de 24 anos, Ramessés II ascendeu ao trono. Na primeira instância de seu reinado, esteve focado em manobras militares, proporcionou aos exércitos maior importância, sendo bem treinados e melhor tratados, como também foram feitas construções de fortificações nas fronteiras egípcias que ajudavam na movimentação das tropas e garantia segurança e proteção ao Egito. Além das conquistas militares, o que também fez com que Ramessés II fosse conhecido como “o Grande” foi a prosperidade de seu reinado onde, por exemplo, houve a construção de enormes templos.[3]

Sua múmia, preservada no Museu Egípcio no Cairo, é a de um homem já idoso com um rosto longo e estreito, nariz proeminente e maxilar maciço. O reinado de conquistas e prosperidades de Ramessés II, o Grande, foi o último pico de poder do reino egípcio. Após sua morte o Egito conseguiu manter sua soberania. Ele foi um líder notável, exímio militar e administrador competente e fez com que o país fosse próspero em seu reinado. Alguns de seus feitos, no entanto, certamente devem ser levados para o seu estilo de publicidade, seu nome e seus registros de batalhas que foram encontrados em todo o Egito e na Núbia.[4]

Vida familiar

Representação de Ramessés enquanto criança

Filho do faraó Seti I e da rainha Tuia. O seu avô, Ramessés I, era um general de Horemebe, o último rei da XVIII dinastia, que o nomeou seu sucessor.[3]

Aos dez anos, Ramessés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e Ramessés acompanhou-o contra os líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.[3]

Esposas e filhos

Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramessés já era casado com Nefertari e Iseteneferte. A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramessés teve na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do reinado de Ramessés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramessés, Amenófis, conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.[3]

Iseteneferte é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor atestada no Baixo Egito. Com ela Ramessés teve um filho que partilhava o seu nome, para além dos príncipes Caemuassete e Merneptá (este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais velhos de Ramessés na praga dos primogênitos). Caemuasete foi sumo-sacerdote de Ptá na cidade de Mênfis e foi responsável pela organização das festas de Sede, celebradas em honra do pai. A festa de Sede celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramessés celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar construir galerias subterrâneas em Sacará, onde eram sepultados os bois de Ápis.[3]

Ramessés foi também casado com sua irmã mais nova Henutemiré (segundo alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, Meritamom, Bentanate e Nebetetaui. Após a paz com os hititas, Ramessés recebeu uma filha do rei Hatusil III como presente. Com ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se que adoptou o nome egípcio de Maatorneferuré. Sete anos depois desse casamento, esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.[3]

Campanhas militares

Batalha de Cades

Ver artigo principal: Batalha de Cades
A Batalha de Cades, que mostra um faraó (provavelmente Ramessés) lutando com soldados adversários. Obra de Patrick Gray, criada em 1900.

Ramessés sucedeu ao pai em 1279 ou 1 278 a.C.. No plano internacional os hititas, que viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor sírio-cananeu.[5]

No ano 4 do seu reinado, Ramessés conduz uma expedição militar exploratória que alcança a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, manda erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.[5]

No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramessés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos arredores da cidade de Cades, perto do rio Oronte, com o objectivo de expulsar os hititas do norte da Síria.[5]

O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o nome de um deus da mitologia egípcia: Amom, , Ptá e Seti. O exército aguardou nos arredores de Cades, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Cades. Ramessés decide então avançar com a unidade Amom que lidera, desconhecendo que os hititas estavam escondidos a leste de Cadexe. Subitamente, a unidade Amom é cercada pelos hititas.[5]

Segundo o relato egípcio, o "Poema de Cades" gravado nas paredes dos templos de Carnaque, Luxor, Abidos, Abul-Simbel e no Ramesseum, Ramessés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a Amom, lamentando-se por seu destino. Amom escuta sua prece e Ramessés transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os hititas.[5]

A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço da propaganda faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Cadexe, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.[5]

Montagem da Batalha de Cades no Museu Ibérico.

Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na Síria e Palestina. No ano 16 do reinado de Ramessés, Mursil III, filho mais novo de Muatal II, foi deposto pelo seu tio Hatusil III. Após várias tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egito. Hatusil III exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramessés, os hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.[5]

No ano 21 do reinado de Ramessés, um tratado de paz procurou terminar o conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em tabuinhas de argila em cuneiforme babilónio e encontrada em Bogazcói e a egípcia, gravada em duas estelas em Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da Assíria. Nos termos do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria, para os hititas.[5]

Monumentos

Estátua de Ramessés II no Templo de Luxor.

Ramessés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramessés II encontram-se a sala hipostila do templo de Carnaque em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.[5]

Foi também Ramessés um dos responsáveis pela destruição dos templos da cidade de Amarna, que eram os últimos vestígios da era de Aquenáton, faraó que pretendia fazer de Aton a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas foram reutilizados na cidade de Hermópolis Magna, situada na margem oposta de Amarna.[5]

Pi-Ramessés

Ver artigo principal: Pi-Ramessés

Pi-Ramessés ou Per-Ramessés foi a capital do Egito durante o reinado de Ramessés e até o fim da XX dinastia. Não foi descoberta, até o momento, a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do Delta.[carece de fontes?]

A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I, no começo do reinado de Ramessés. Para lá, são transferidos obeliscos e nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amom, Rá e Ptá. Dois séculos depois. as suas estátuas e obeliscos da cidade foram transferidas para Tânis, a nova capital da XXI dinastia.[carece de fontes?]

As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do principal centro de intervenção militar desta época, a Síria Palestina, que separava o Egito dos hititas.[carece de fontes?]

Templos na Núbia

Grande templo de Abul-Simbel

Na Núbia, Ramessés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos, escavados na rocha, encontram-se em Abul-Simbel, perto da segunda catarata do Nilo.[5]

O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramessés) penetra sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramessés, associado a Amom-Rá, Ptá e Rá-Haraqueti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramessés com mais de 20 metros de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do templo encontra-se um sala hipostila onde se acham oito estátuas de Osíris. A versão egípcia da Batalha de Cadexe está representada no templo. O segundo templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari (associada a Hator). Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramessés e duas de Nefertari.[5]

Ramsés II sitiando o povo hitita em Dapur.

Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramessés II, no templo da deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramessés II. O templo de Bastet está localizado na colina de Bubástis, um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2 500 a.C.). Além da estátua de Ramessés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de arenito.[5]

Abul-Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo, razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha internacional promovida pela UNESCO.[5]

Em Uádi Sebua, Ramessés mandou construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a construção. No mesmo local Ramessés ordenou a reconstrução de um templo erguido por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.[5]

Prisioneiros da Ásia Ocidental de Ramessés II em Abul-Simbel.[6]

Ramesseum

Ver artigo principal: Ramesseum
Sala hipostila do Ramesseum

O templo funerário de Ramessés é conhecido como o Ramesseum. Situado na margem ocidental de Tebas estava dedicado ao deus Amom e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramessés em posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram representados eventos como a Batalha de Cades e a celebração da festa do deus Mim, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês Eloquente" e textos de carácter médico.[5]

Morte

Corpo mumificado de Ramessés II encontrado no Vale dos Reis.

Ramessés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa anos. O Egito conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a parte final da XIX dinastia.[3]

O túmulo de Ramessés foi construído no Vale dos Reis (KV7), necrópole de eleição dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar. Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.[3][5]

A múmia do faraó foi encontrada num túmulo coletivo de Deir Elbari no ano de 1881. Em 1885 a mesma foi colocada no Museu Egípcio do Cairo onde permanece até hoje.[3][5]

Curiosidades

Viagem a Paris

Em 1974, egiptólogos visitando sua tumba perceberam que as condições de sua múmia estavam rapidamente se deteriorando, pelo que foi levada de avião a Paris para estudos.[7]

Em 1976, a múmia foi finalmente recebida no Aeroporto de Paris-Le Bourget com todas as honrarias militares cabidas a um rei.[8] Fez parte de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X. Na capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que Ramessés sofria de doença dentária e óssea.[carece de fontes?]

O Faraó do Êxodo no Cinema

Yul Brynner como Ramessés II, em uma cena do filme Os Dez Mandamentos (1956)

Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido, Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da Bíblia.[carece de fontes?] Um dos complicadores do problema é que há basicamente duas datas propostas para o Êxodo, uma anterior, por volta do ano 1445 a.C., e uma posterior, por volta de 1290 a.C.[9][10]

A primeira data considera literalmente a declaração em [[:s:Tradução Brasileira da Bíblia/I Reis/

  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Números romanos#6:1|I Reis 6:1]] de que o Êxodo do Egito ocorreu 480 anos antes de Salomão começar a construir o Templo em Jerusalém. Isso ocorreu no quarto ano de seu reinado, por volta de 960 a.C.; portanto, o Êxodo dataria de cerca de 1440 a.C. Assim de acordo com essa hipótese o faraó mais considerado como o do Êxodo é Tutemés III, o que coloca a chegada dos hebreus no Egito no período dos governantes hicsos, que também eram semitas.[carece de fontes?]

Esta conclusão, entretanto, está em desacordo com a maioria das evidências arqueológicas e mesmo bíblicas. As cidades-celeiros de Pitom e Pi-Ramessés, construídas, de acordo com o Livro do Êxodo, pelos hebreus para o faraó, localizavam-se na parte nordeste do delta do Nilo, não muito longe de Gósen, distrito onde, de acordo com o livro do Êxodo, supostamente viviam os escravos hebreus (que não seriam exatamente todo um povo, mas sim um grupo pequeno). No contexto do Colapso da Idade do Bronze, um pequeno grupo de escravos (hebreus), ou vários grupos indivíduos, podem ter fugido e encontrado abrigo entre os israelitas, na época um povo tribal de pastores. Por serem grupos pequenos , não deixariam rastro arqueológicos. Além de que está implícito em toda a história que o palácio e a capital do faraó estavam na área, mas Tutemés III (o faraó em 1440) tinha sua capital em Tebas, bem ao sul, e nunca conduziu grandes operações de construção na região do delta. Além disso, Edom e Moabe, reinos localizados na atual Jordânia que forçaram Moisés a circular a leste deles, ainda não estavam estabelecidos e organizados. Finalmente, como as escavações mostraram, a destruição das cidades que os hebreus afirmavam ter capturado ocorreu por volta de 1250 a.C, não 1 400 a.C..[carece de fontes?]

Visto que a tradição acredita que o espaço de tempo entre Moisés e Salomão seja de cerca de 12 gerações, a referência a 480 anos é provavelmente um comentário editorial ou cálculo feito pelo autor do Livro de Reis permitindo 40 anos para cada geração. Visto que uma geração real é de cerca de 25 anos, a data mais provável para o Êxodo, segundo essa hipótese, é de cerca de 1260 a.C. Se isso for verdade, então o faraó opressor mencionado em Êxodo (1: 2–2: 23) foi Seti I Predefinição:-nwrap, e o faraó durante o Êxodo foi Ramessés II Predefinição:-nwrap. Resumindo, Moisés provavelmente nasceu no final do século XIV a.C e o Êxodo ocorreu no contexto histórico do Colapso da Idade do Bronze.[11][12]

Titulatura

Como se fazia no Antigo Egito, Ramessés tinha um série de nomes que compunham a sua titulatura. Ramessés é o seu nome de nascimento e significa "nascido de " ou "filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando se tornou faraó foi Usermaet-rá Setepenrá, o que é traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".

Predefinição:Info/Titulatura real egípcia Predefinição:Info/Titulatura real egípcia Predefinição:Info/Titulatura real egípcia/Serekh

Citações na literatura

Referências

  1. M. F.A, Dramatic Writing; B. A., English Literature; B. A., Political Science. «Biography of Ramses II, Pharaoh of Egypt's Golden Age». ThoughtCo (em English). Consultado em 1 de outubro de 2020 
  2. Selon le British Museum, A. Dodson, W. Helck, N. Grimal, K. Kitchen, J. Kinnaer, E. Krauss, J. Málek, I. Shaw, J. von Beckerath.
    Outras notas de especialistas: -1304 a -1237 (D.B. Redford), -1294 a -1227 (A. Gardiner), -1290 a-1224 (D. Arnold, E. Hornung), -1290 a -1223 (Parker).
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 Menu 2002.
  4. «Ramsés II, o Grande – Museus Egipcio e Tutankhamon». museuegipcioerosacruz.org.br (em português). Consultado em 14 de julho de 2020 
  5. 5,00 5,01 5,02 5,03 5,04 5,05 5,06 5,07 5,08 5,09 5,10 5,11 5,12 5,13 5,14 5,15 5,16 5,17 Jacq 1999.
  6. Wilkinson, Toby (18 de setembro de 2007). The Egyptian World (em English). [S.l.]: Routledge. pp. 254–257 
  7. Ray, John. «Ramesses the Great». BBC 
  8. Pain, Stephanie. «Ramesses rides again». New Scientist (em inglês) 
  9. M. F.A, Dramatic Writing; B. A., English Literature; B. A., Political Science. «Biography of Ramses II, Pharaoh of Egypt's Golden Age». ThoughtCo (em English). Consultado em 6 de outubro de 2020 
  10. Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas allanturner
  11. https://www.britannica.com/biography/Moses-Hebrew-prophet
  12. https://super.abril.com.br/especiais/a-historia-real-por-tras-do-exodo/

Bibliografia

Predefinição:InícioRef

  • Jacq, Christian (1999). O Egito dos Grandes Faraós. Porto: ASA. ISBN 972-41-2046-5 

Ligações externas

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Precedido por
Seti I
Faraó
XIX Dinastia
Sucedido por
Merneptá

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