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O [[samba de roda]] é uma forma ancestral de [[dança]] do [[samba]] originária no [[Recôncavo baiano]] e é tido como a matriz fundamental do samba rural, especialmente do baiano.<ref name=SIMAS-LOPES-2015-P.264>{{Citar livro |título=Dicionário da história social do samba |ultimo=Lopes |primeiro=Nei |ultimo2=Simas |primeiro2=Luiz Antonio |autorlink1=Nei Lopes |autorlink2=Luiz Antônio Simas |data=2015 |editora=Civilização Brasileira |lingua=pt-BR |isbn=978-8520012581 |ref=harv |página=264}}</ref> Seus passos principais foram preservados na [[Samba carioca|forma posterior urbanizada do samba]].<ref name=SIMAS-LOPES-2015-P.264/> Caracteriza-se por ser dançado geralmente ao ar livre, tendo como marca o dançante requebrando e saracoteiando sozinho, enquanto outros participantes da roda se encarregam do canto — alternando frases de solo e coro — e da execução dos instrumentos — [[prato]] e [[faca]], [[pandeiro]], [[ganzá]], entre outros.<ref name=SIMAS-LOPES-2015-P.264/> | |||
Com o nome de samba de roda e já dotado de muitas das características que o identificam ainda até hoje, seus primeiros registros datam da [[década de 1860]].<ref name=IPHAN-SAMBA-RODA>{{citar web|último= |primeiro= |título=Samba de Roda do Recôncavo Baiano |url=http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/56 |publicado=Iphan |data-publicacao= |acessodata=2022-03-15 |língua=pt-br |ref=harv}}</ref><ref>{{citar livro|autor=|título=Folguedos tradicionais |editora=Edições FUNARTE/INF|ano=1982|páginas=59|id=}}</ref> Posteriormente, passou a reunir tradições culturais transmitidas por [[Escravidão no Brasil|africanos escravizados]] e seus [[Afro-brasileiros|descendentes]], como o culto aos orixás e caboclos, o jogo da [[capoeira]] e a chamada comida de azeite.<ref name=IPHAN-SAMBA-RODA/> | |||
Devido a sua importância cultural e artística, recebeu reconhecimento como [[patrimônio cultural imaterial]] brasileiro pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] em 2004<ref name=IPHAN-SAMBA-RODA/> e [[Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade|patrimônio cultural imaterial da humanidade]] pela [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]] em 2005.<ref name=FSP-2005-11-26>{{citar jornal|último= |primeiro= |título=Unesco reconhece samba-de-roda |url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2611200530.htm |publicado=Folha de S.Paulo |data-publicacao=2005-11-26 |acessodata=2022-03-15 |língua=pt-br |ref=harv}}</ref> | |||
== História == | == História == | ||
O samba de roda teve início por volta de 1860, como notável influência [[Africanos|africana]]. Tido como uma das bases de formação do [[samba|samba carioca]], o samba de roda guarda semelhanças com o [[Coco (dança)|coco]], dança de roda mais antiga surgida na então [[Capitania de Pernambuco]] com influências dos [[Batuque (música)|batuque]]s africanos e dos bailados [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]].<ref | O samba de roda teve início por volta de 1860, como notável influência [[Africanos|africana]]. Tido como uma das bases de formação do [[samba|samba carioca]], o samba de roda guarda semelhanças com o [[Coco (dança)|coco]], dança de roda mais antiga surgida na então [[Capitania de Pernambuco]] com influências dos [[Batuque (música)|batuque]]s africanos e dos bailados [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]].<ref>{{citar web|url=http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00001684.htm|título=Samba de roda (dança)|publicado=Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular|acessodata=17-4-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=556|título=Coco (dança)|publicado=Fundação Joaquim Nabuco|acessodata=17-4-2019}}</ref> | ||
A manifestação está dividida em dois grupos característicos: o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba de roda no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no canto. | A manifestação está dividida em dois grupos característicos: o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba de roda no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no canto. | ||
O samba de roda está ligado ao culto aos [[orixá]]s e [[Caboclos na umbanda|caboclos]], à [[capoeira]] e à comida de azeite. A cultura portuguesa está também presente na manifestação cultural por meio do violão, do [[pandeiro]] e da língua utilizada nas canções.<ref>{{Citar web|url=http://www.unesco.org/culture/intangible-heritage/07lac_uk.htm|titulo=La Samba de Roda du Recôncavo de Bahia|acessodata=2016-10-31|obra=www.unesco.org}}</ref> Foi considerado pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (IPHAN) como [[Patrimônio cultural imaterial|patrimônio imaterial]]. O ritmo e dança teve sua candidatura ao Livro de Registro (que registra os patrimônios imateriais protegidos pelo IPHAN) lançada em 4 de outubro de 2004, e, depois de ampla pesquisa a respeito de sua história, o samba de roda foi finalmente registrado como patrimônio imaterial em 25 de novembro de 2005, ''status'' que traz muitos benefícios para a [[cultura popular]] e, sobretudo, para a cultura do [[Recôncavo Baiano]], berço do samba de roda. | O samba de roda está ligado ao culto aos [[orixá]]s e [[Caboclos na umbanda|caboclos]], à [[capoeira]] e à comida de azeite. A cultura portuguesa está também presente na manifestação cultural por meio do violão, do [[pandeiro]] e da língua utilizada nas canções.<ref name="Fundaj">{{Citar web|url=http://www.unesco.org/culture/intangible-heritage/07lac_uk.htm|titulo=La Samba de Roda du Recôncavo de Bahia|acessodata=2016-10-31|obra=www.unesco.org}}</ref> Foi considerado pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (IPHAN) como [[Patrimônio cultural imaterial|patrimônio imaterial]]. O ritmo e dança teve sua candidatura ao Livro de Registro (que registra os patrimônios imateriais protegidos pelo IPHAN) lançada em 4 de outubro de 2004, e, depois de ampla pesquisa a respeito de sua história, o samba de roda foi finalmente registrado como patrimônio imaterial em 25 de novembro de 2005, ''status'' que traz muitos benefícios para a [[cultura popular]] e, sobretudo, para a cultura do [[Recôncavo Baiano]], berço do samba de roda. | ||
Gravações de samba de roda estão à disponibilidade nas vozes de [[Dona Edith do Prato]], natural de [[Santo Amaro da Purificação|Santo Amaro]], ama de leite dos irmãos Velloso, e amiga de [[Dona Canô]]. Dona Edith tocava música batendo [[faca]] num [[prato]], do que provém o apelido e sua música ainda é respeitada. O álbum Vozes da Purificação contém sambas de roda, na maioria de [[domínio público]], cantados por Dona Edith e o coral Vozes da Purificação. | Gravações de samba de roda estão à disponibilidade nas vozes de [[Dona Edith do Prato]], natural de [[Santo Amaro da Purificação|Santo Amaro]], ama de leite dos irmãos Velloso, e amiga de [[Dona Canô]]. Dona Edith tocava música batendo [[faca]] num [[prato]], do que provém o apelido e sua música ainda é respeitada. O álbum Vozes da Purificação contém sambas de roda, na maioria de [[domínio público]], cantados por Dona Edith e o coral Vozes da Purificação. | ||
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Predefinição:Info/Patrimônio cultural imaterial O samba de roda é uma forma ancestral de dança do samba originária no Recôncavo baiano e é tido como a matriz fundamental do samba rural, especialmente do baiano.[1] Seus passos principais foram preservados na forma posterior urbanizada do samba.[1] Caracteriza-se por ser dançado geralmente ao ar livre, tendo como marca o dançante requebrando e saracoteiando sozinho, enquanto outros participantes da roda se encarregam do canto — alternando frases de solo e coro — e da execução dos instrumentos — prato e faca, pandeiro, ganzá, entre outros.[1]
Com o nome de samba de roda e já dotado de muitas das características que o identificam ainda até hoje, seus primeiros registros datam da década de 1860.[2][3] Posteriormente, passou a reunir tradições culturais transmitidas por africanos escravizados e seus descendentes, como o culto aos orixás e caboclos, o jogo da capoeira e a chamada comida de azeite.[2]
Devido a sua importância cultural e artística, recebeu reconhecimento como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2004[2] e patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2005.[4]
História
O samba de roda teve início por volta de 1860, como notável influência africana. Tido como uma das bases de formação do samba carioca, o samba de roda guarda semelhanças com o coco, dança de roda mais antiga surgida na então Capitania de Pernambuco com influências dos batuques africanos e dos bailados indígenas.[5][6]
A manifestação está dividida em dois grupos característicos: o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba de roda no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no canto.
O samba de roda está ligado ao culto aos orixás e caboclos, à capoeira e à comida de azeite. A cultura portuguesa está também presente na manifestação cultural por meio do violão, do pandeiro e da língua utilizada nas canções.[7] Foi considerado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio imaterial. O ritmo e dança teve sua candidatura ao Livro de Registro (que registra os patrimônios imateriais protegidos pelo IPHAN) lançada em 4 de outubro de 2004, e, depois de ampla pesquisa a respeito de sua história, o samba de roda foi finalmente registrado como patrimônio imaterial em 25 de novembro de 2005, status que traz muitos benefícios para a cultura popular e, sobretudo, para a cultura do Recôncavo Baiano, berço do samba de roda.
Gravações de samba de roda estão à disponibilidade nas vozes de Dona Edith do Prato, natural de Santo Amaro, ama de leite dos irmãos Velloso, e amiga de Dona Canô. Dona Edith tocava música batendo faca num prato, do que provém o apelido e sua música ainda é respeitada. O álbum Vozes da Purificação contém sambas de roda, na maioria de domínio público, cantados por Dona Edith e o coral Vozes da Purificação.
Estilos derivados
Com a modernização e urbanização do samba de roda, vieram então vários nomes. Em 1916, veio o primeiro samba gravado em disco, Pelo Telefone, pelo cantor e compositor Donga, e, ao longo do tempo, vieram outros cantores e autores de sambas: Ataulfo Alves, Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola, Nelson Cavaquinho, entre tantos outros.
Dos ritmos derivativos do samba, o mais controverso foi o da Bossa Nova, na década de 1950. Lançada por artistas como Antônio Carlos Jobim e João Gilberto (este, baiano de Juazeiro, o inventor do ritmo tocado no violão), a Bossa Nova é acusada pelo historiador da música brasileira, José Ramos Tinhorão, de ter se distanciado da evolução natural do samba de roda e se limitar apenas a aproveitar parte de seu ritmo para juntá-lo à influência do jazz e dos standards (a música popular cinematográfica de Hollywood, cujo maior ídolo foi Frank Sinatra). Os defensores da Bossa Nova, no entanto, embora reconheçam que o ritmo pouco tenha a ver com a realidade das favelas cariocas (por sinal, removidas dos principais bairros da Zona Sul pelos governos estaduais nos anos 50 e 60), no entanto afirmam que ela contribuiu inegavelmente para o enriquecimento da música brasileira e para o reconhecimento do samba no exterior.
Contemporaneidade
A manifestação cultural, na sua forma contemporânea, está presente em obras de compositores baianos como Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso. Nos anos 1980, o Samba de roda foi representado por nomes como Zeca Pagodinho e Dudu Nobre. A partir do final dos anos 1990 o pagode também começou a sofrer a decadência e como a história do samba de roda tem demonstrado que, sempre que um gênero começa a perder popularidade, novas formas de se produzi-lo aparecem e mantêm o samba de roda a principal forma de harmonia musical brasileira, mesmo que sempre se modificando por novas influências.
Patrimônio imaterial
O samba de roda designa uma mistura de música, dança, poesia e festa. Presente em todo o estado da Bahia, é praticado principalmente, na região do Recôncavo. Mas o ritmo se espalhou por várias partes do país, sobretudo Pernambuco e Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro, já na sua condição de Distrito Federal, se tornou conhecido como a capital mundial do samba de roda brasileiro, porque foi nesta cidade onde o samba evoluiu, adquiriu sua diversidade artística e estabeleceu, na zona urbana, como um movimento de inegável valor social, como um meio dos negros enfrentarem a perseguição policial e a rejeição social, que via nas manifestações culturais negras uma suposta violação dos valores morais, atribuindo a elas desde a simples algazarra até a supostos rituais demoníacos, imagem distorcida que os racistas atribuíram ao candomblé, que na verdade era a expressão religiosa dos povos negros, de inegável importância para seu povo.
Ver também
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 Lopes, Nei; Simas, Luiz Antonio (2015). Dicionário da história social do samba (em português). [S.l.]: Civilização Brasileira. p. 264. ISBN 978-8520012581
- ↑ 2,0 2,1 2,2 «Samba de Roda do Recôncavo Baiano» (em português). Iphan. Consultado em 15 de março de 2022
- ↑ Folguedos tradicionais. [S.l.]: Edições FUNARTE/INF. 1982. 59 páginas
- ↑ «Unesco reconhece samba-de-roda» (em português). Folha de S.Paulo. 26 de novembro de 2005. Consultado em 15 de março de 2022
- ↑ «Samba de roda (dança)». Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Consultado em 17 de abril de 2019
- ↑ «Coco (dança)». Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 17 de abril de 2019
- ↑ «La Samba de Roda du Recôncavo de Bahia». www.unesco.org. Consultado em 31 de outubro de 2016
Ligações externas
- «Samba de Roda» (em português)
- «Samba de Roda do Recôncavo Baiano» (em português)
Predefinição:Samba Predefinição:Patrimônio Cultural Inatingível do Brasil