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{{ | {{Mais notas|data=junho de 2019}} | ||
{{Ver desambig}} | |||
{{Info/Nobre | {{Info/Nobre | ||
|nome | | nome = Inês de Castro | ||
|título | | título = Rainha de Portugal (póstumo) | ||
|imagem | | imagem = D. Inês de Castro (Quinta da Regaleira).png| | ||
|legenda | | legenda = <small>Representação do [[século XIX]] de Inês de Castro, no teto da Sala dos Reis, [[Quinta da Regaleira]], [[Sintra]], [[Portugal]]</small>. | ||
|cônjuge | | cônjuge = [[Pedro I de Portugal]] | ||
|descendencia | | descendencia = Afonso <br /> [[Beatriz de Portugal, Condessa de Alburquerque|Beatriz, condessa de Alburquerque]] <br /> [[João de Portugal, Duque de Valência de Campos|João, duque de Valência de Campos]] <br /> [[Dinis de Portugal, Senhor de Cifuentes|Dinis, senhor de Cifuentes]] | ||
|nome completo | | nome completo = Inês Pires de Castro | ||
|casa | | casa = {{small| [[Casa de Castro|Castro]] (por nascimento)}} <br> {{small|[[Dinastia de Borgonha|Borgonha]] (por casamento)}} | ||
|pai | | pai = [[Pedro Fernandes de Castro]] | ||
|mãe | | mãe = Aldonça Lourenço de Valadares | ||
|data de nascimento | | data de nascimento = {{dni|lang=pt|||1320|si}} ou [[1325]] | ||
|local de nascimento | | local de nascimento = [[Galiza]] | ||
|data da morte | | data da morte = {{morte|lang=pt|7|1|1355|||}} | ||
|local da morte | | local da morte = [[Santa Clara]], [[Coimbra]] | ||
|local de enterro | | local de enterro = [[Mosteiro de Alcobaça]] | ||
}} | }} | ||
[[Ficheiro:Jacente do túmulo de D. Inês de Castro.png|miniaturadaimagem|[[Efígie]] do túmulo de Inês de Castro, Rainha Póstuma de Portugal.]] | |||
'''Inês de Castro'''<ref group=nota>Na grafia da época, ainda que não fosse normalizada, o seu nome surge como "''Enes de Crasto''", por exemplo, no {{ws|[[s:Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro|Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro (1360)]]}}.</ref> ([[Reino da Galiza]], ca. [[1320]]/[[1325]] — [[Coimbra]], {{dtlink|lang=pt|7|1|1355}}) foi uma nobre [[Galiza|galega]], rainha póstuma de [[Portugal]], amada pelo futuro rei [[Pedro I de Portugal|D. Pedro I de Portugal]], de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. [[Afonso IV de Portugal|Afonso IV]]. | '''Inês de Castro'''<ref group=nota>Na grafia da época, ainda que não fosse normalizada, o seu nome surge como "''Enes de Crasto''", por exemplo, no {{ws|[[s:Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro|Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro (1360)]]}}.</ref> ([[Reino da Galiza]], ca. [[1320]]/[[1325]] — [[Coimbra]], {{dtlink|lang=pt|7|1|1355}}) foi uma nobre [[Galiza|galega]], rainha póstuma de [[Portugal]], amada pelo futuro rei [[Pedro I de Portugal|D. Pedro I de Portugal]], de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. [[Afonso IV de Portugal|Afonso IV]]. | ||
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D. Inês de Castro era filha de D. [[Pedro Fernandes de Castro]], mordomo-mor do rei D. [[Afonso XI de Castela]], e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de D. [[Sancho IV de Leão e Castela]], era um dos [[fidalgo]]s mais poderosos do [[Reino de Castela]]. | D. Inês de Castro era filha de D. [[Pedro Fernandes de Castro]], mordomo-mor do rei D. [[Afonso XI de Castela]], e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de D. [[Sancho IV de Leão e Castela]], era um dos [[fidalgo]]s mais poderosos do [[Reino de Castela]]. | ||
Em 24 de Agosto de 1339 teve lugar, na Sé de Lisboa, o casamento do Infante [[Pedro I de Portugal]], herdeiro do [[Lista de reis de Portugal|trono português]], com D. [[Constança Manuel]], filha de D. [[João Manuel de Castela]], [[príncipe]] de Vilhena e Escalona, [[duque]] de [[Penafiel]], tutor de [[Afonso XI de Castela]], «''poderoso e esforçado magnate de Castela''»,<ref name="NobPt1">''Nobreza de Portugal'', Tomo I, página 207</ref> e neto do rei [[Fernando III de Castela]]. Todavia seria por uma das [[ | Em 24 de Agosto de 1339 teve lugar, na Sé de Lisboa, o casamento do Infante [[Pedro I de Portugal]], herdeiro do [[Lista de reis de Portugal|trono português]], com D. [[Constança Manuel]], filha de D. [[João Manuel de Castela]], [[príncipe]] de Vilhena e Escalona, [[duque]] de [[Penafiel]], tutor de [[Afonso XI de Castela]], «''poderoso e esforçado magnate de Castela''»,<ref name="NobPt1">''Nobreza de Portugal'', Tomo I, página 207</ref> e neto do rei [[Fernando III de Castela]]. Todavia seria por uma das [[Dama de companhia|aias]] de D. Constança, D. Inês de Castro, que D. Pedro viria a apaixonar-se. Este romance notório começou a ser comentado e a ser mal aceite, mais pela [[Corte (realeza)|corte]], que temia a influência castelhana sobre o infante Pedro, que pelo [[povo]]. Visto que o seu relacionamento era mal aceite, passaram a encontrar-se às escondidas na antiga Vila do Jarmelo na Guarda. | ||
Sob o pretexto da [[moral]]idade, [[Afonso IV de Portugal|D. Afonso IV]] não aprovava esta relação, não só por motivos de [[diplomacia]] com João Manuel de Castela, mas também devido à amizade estreita de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - D. Fernando de Castro e D. Álvaro Perez de Castro. Assim, em [[1344]], o rei mandou exilar D. Inês no [[castelo]] de [[Alburquerque|Albuquerque]], na fronteira castelhana, onde tinha sido criada por sua tia, D. Teresa, mulher de um meio irmão de D. Afonso IV. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência. | Sob o pretexto da [[moral]]idade, [[Afonso IV de Portugal|D. Afonso IV]] não aprovava esta relação, não só por motivos de [[diplomacia]] com João Manuel de Castela, mas também devido à amizade estreita de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - D. Fernando de Castro e D. Álvaro Perez de Castro. Assim, em [[1344]], o rei mandou exilar D. Inês no [[castelo]] de [[Alburquerque|Albuquerque]], na fronteira castelhana, onde tinha sido criada por sua tia, D. Teresa, mulher de um meio irmão de D. Afonso IV. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência. | ||
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Em Outubro do ano seguinte D. [[Constança Manuel|Constança]] morreu ao dar à luz o futuro rei, D. [[Fernando I de Portugal]]. Viúvo, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou D. Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, provocando algum escândalo na corte e desgosto para El-Rei, seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o [[infante]]. | Em Outubro do ano seguinte D. [[Constança Manuel|Constança]] morreu ao dar à luz o futuro rei, D. [[Fernando I de Portugal]]. Viúvo, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou D. Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, provocando algum escândalo na corte e desgosto para El-Rei, seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o [[infante]]. | ||
D. [[Afonso IV de Portugal|Afonso IV]] tentou remediar a situação casando o seu filho com uma dama de sangue real. Mas D. Pedro rejeitou este projeto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher, D. Constança, e que não conseguia ainda pensar num novo [[casamento]]. No entanto, D. Inês foi tendo filhos de D. Pedro: [[Afonso de Portugal (1346)|Afonso]] em [[1346]] (que morreu pouco depois de nascer), [[João de Portugal, Duque de Valência de Campos|João]] em [[1349]], [[Dinis de Portugal, Senhor de Cifuentes|Dinis]] em [[1354]] e [[Beatriz de Portugal, Condessa de Alburquerque|Beatriz]] em [[1347]]. O nascimento destes veio agudizar a situação porque, durante o reinado de [[Dinis I de Portugal|D. Dinis]], o seu filho e herdeiro D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono por um dos filhos [[bastardo]]s do seu pai. Agora circulavam [[boato]]s de que os Castros conspiravam para assassinar o [[Fernando I de Portugal|infante D. Fernando]], legítimo herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para o filho mais velho de D. Inês de Castro. Não passavam de boatos plantados pelos fidalgos da corte portuguesa, vez que D. Fernando I assumiu o trono, como previamente esperado. | D. [[Afonso IV de Portugal|Afonso IV]] tentou remediar a situação casando o seu filho com uma dama de sangue real. Mas D. Pedro rejeitou este projeto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher, D. Constança, e que não conseguia ainda pensar num novo [[casamento]]. No entanto, D. Inês foi tendo filhos de D. Pedro: [[Afonso de Portugal (1346)|Afonso]] em [[1346]] (que morreu pouco depois de nascer), [[João de Portugal, Duque de Valência de Campos|João]] em [[1349]], [[Dinis de Portugal, Senhor de Cifuentes|Dinis]] em [[1354]] e [[Beatriz de Portugal, Condessa de Alburquerque|Beatriz]] em [[1347]]. O nascimento destes veio agudizar a situação porque, durante o reinado de [[Dinis I de Portugal|D. Dinis]], o seu filho e herdeiro, D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono por um dos filhos [[bastardo]]s do seu pai. Agora circulavam [[boato]]s de que os Castros conspiravam para assassinar o [[Fernando I de Portugal|infante D. Fernando]], legítimo herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para o filho mais velho de D. Inês de Castro. Não passavam de boatos plantados pelos fidalgos da corte portuguesa, uma vez que D. Fernando I assumiu o trono, como previamente esperado. | ||
== Execução de D. Inês == | == Execução de D. Inês == | ||
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Depois de alguns anos no [[Região do Norte (Portugal)|Norte de Portugal]], Pedro e Inês tinham regressado a [[Coimbra]] e instalaram-se no [[Mosteiro de Santa Clara-a-Velha|Paço de Santa Clara]]. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a [[Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal|Rainha Santa Isabel]], foi neste paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de reis e príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas. | Depois de alguns anos no [[Região do Norte (Portugal)|Norte de Portugal]], Pedro e Inês tinham regressado a [[Coimbra]] e instalaram-se no [[Mosteiro de Santa Clara-a-Velha|Paço de Santa Clara]]. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a [[Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal|Rainha Santa Isabel]], foi neste paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de reis e príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas. | ||
Havia boatos de que o Príncipe se tinha casado secretamente com D. Inês, facto confirmado por D. Pedro I na famosa Declaração de Cantanhede. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade, o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele | Havia boatos de que o Príncipe se tinha casado secretamente com D. Inês, facto posteriormente confirmado por D. Pedro I na famosa [[Declaração de Cantanhede (1360)|Declaração de Cantanhede]] (mas só após a morte de D. Inês). Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade, o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia casar-se livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D. Inês. | ||
A 7 de Janeiro de 1355, houve uma | A 7 de Janeiro de 1355, houve uma denúncia por parte de um dos carrascos, que era habitante da Vila do Jarmelo, alegando que se encontravam às escondidas. O rei, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com [[Pero Coelho]], [[Álvaro Gonçalves]], [[Diogo Lopes Pacheco]] e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a [[lenda]], as lágrimas derramadas no [[rio Mondego]] pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da [[Quinta das Lágrimas]], e algumas [[algas]] avermelhadas que ali crescem seriam o seu [[sangue]] derramado. | ||
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha [[Beatriz de Castela (1293–1359)|D. Beatriz ]] conseguiu intervir e fez selar a paz, em Agosto de 1355. | A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha [[Beatriz de Castela (1293–1359)|D. Beatriz]] conseguiu intervir e fez selar a paz, em Agosto de 1355. | ||
D. Pedro tornou-se no [[Lista de reis de Portugal|oitavo rei de Portugal]] como D. [[Pedro I de Portugal|Pedro I]] em 1357. Em Junho de 1360 fez a [[ | D. Pedro tornou-se no [[Lista de reis de Portugal|oitavo rei de Portugal]] como D. [[Pedro I de Portugal|Pedro I]] em 1357. Em Junho de 1360 fez a [[Declaração de Cantanhede (1360)|Declaração de Cantanhede]], legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com D. Inês, em [[1354]], em Bragança. A palavra do rei, do seu [[capelão]] e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento. | ||
[[ | [[Imagem:Rótulo de cigarro. D. Inez de Castro.JPG|thumb|300px|A popular [[lenda]] da [[Beija-mão|cerimonia do beija-mão]] na coroação de Inês de Castro em rótulo de [[cigarro]].]] | ||
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o [[Reino de Castela]] e mandou destruir a Vila do Jarmelo. [[Pêro Coelho]] e [[Álvaro Gonçalves]] foram apanhados e [[pena de morte|executados]] em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o [[coração]] de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava, o que é confirmado por [[Fernão Lopes]], com a ressalva de que o carrasco o teria dissuadido da ideia pela dificuldade encontrada nesta forma de execução). [[Diogo Lopes Pacheco]] conseguiu escapar para a [[França]] e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte. | De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o [[Reino de Castela]] e mandou destruir a Vila do Jarmelo. [[Pêro Coelho]] e [[Álvaro Gonçalves]] foram apanhados e [[pena de morte|executados]] em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o [[coração]] de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava, o que é confirmado por [[Fernão Lopes]], com a ressalva de que o carrasco o teria dissuadido da ideia pela dificuldade encontrada nesta forma de execução). [[Diogo Lopes Pacheco]] conseguiu escapar para a [[França]] e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte. | ||
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D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no [[mosteiro de Alcobaça]], para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em [[1367]]. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na [[década de 1780]] os túmulos foram mudados para o recém-construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em [[1956]] foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no [[século XVIII]], foram colocados frente a frente apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «''possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final''». | D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no [[mosteiro de Alcobaça]], para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em [[1367]]. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na [[década de 1780]] os túmulos foram mudados para o recém-construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em [[1956]] foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no [[século XVIII]], foram colocados frente a frente apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «''possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final''». | ||
A tétrica cerimónia da coroação e do [[beija mão]] à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que se tornaria numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, | A tétrica cerimónia da coroação e do [[beija-mão]] à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que se tornaria numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, teria sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do [[século XVI]]. | ||
== Descendência == | == Descendência == | ||
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* D. Afonso (faleceu em criança) | * D. Afonso (faleceu em criança) | ||
* D. [[Beatriz de Portugal, Condessa de Alburquerque|Beatriz, infanta de Portugal e condessa de Alburquerque]] ( | * D. [[Beatriz de Portugal, Condessa de Alburquerque|Beatriz, infanta de Portugal e condessa de Alburquerque]] (1347–1381) | ||
* [[João de Portugal, Duque de Valência de Campos|D. João, infante de Portugal e duque de Valência de Campos]] ( | * [[João de Portugal, Duque de Valência de Campos|D. João, infante de Portugal e duque de Valência de Campos]] (1349–1387) | ||
* D. [[Dinis, infante de Portugal|Dinis, infante de Portugal e senhor de Cifuentes]] ( | * D. [[Dinis, infante de Portugal|Dinis, infante de Portugal e senhor de Cifuentes]] (1354–1397) | ||
== D. Inês na Literatura == | == D. Inês na Literatura == | ||
{{quadrocitação|<center>118 (...)</center><br> Que depois de ser morta foi Rainha. <br><br><center> 130 (...)</center><br /> Contra uma dama, ó peitos carniceiros,<br /> Feros vos amostrais, e cavaleiros?<br><br><center> 134 </center><br /> Assim como a bonina, que cortada<br /> Antes do tempo foi, cândida e bela,<br /> Sendo das mãos lascivas maltratada<br /> Da menina que a trouxe na capela,<br /> O cheiro traz perdido e a cor murchada:<br /> Tal está morta a pálida donzela,<br /> Secas do rosto as rosas, e perdida<br /> A branca e viva cor, co'a doce vida.<br> | {{quadrocitação|<center>118 (...)</center><br> Que depois de ser morta foi Rainha. <br><br><center> 130 (...)</center><br /> Contra uma dama, ó peitos carniceiros,<br /> Feros vos amostrais, e cavaleiros?<br><br><center> 134 </center><br /> Assim como a bonina, que cortada<br /> Antes do tempo foi, cândida e bela,<br /> Sendo das mãos lascivas maltratada<br /> Da menina que a trouxe na capela,<br /> O cheiro traz perdido e a cor murchada:<br /> Tal está morta a pálida donzela,<br /> Secas do rosto as rosas, e perdida<br /> A branca e viva cor, co'a doce vida.<br>|[[Luís de Camões]], ''[[Os Lusíadas]]'' (1572), [[wikisource:pt:Os Lusíadas/III|Canto III]]}} | ||
A combinação de história e lenda deste trágico amor nunca deixou de apaixonar o imaginário popular dos portugueses e dos europeus ao longo dos tempos: | A combinação de história e lenda deste trágico amor nunca deixou de apaixonar o imaginário popular dos portugueses e dos europeus ao longo dos tempos: | ||
* A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura dá-se com as ''Trovas à Morte de Inês de Castro'', de [[Garcia de Resende]], no ''[[Cancioneiro Geral]]'' de [[1516]]; | * A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura dá-se com as ''Trovas à Morte de Inês de Castro'', de [[Garcia de Resende]], no ''[[Cancioneiro Geral]]'' de [[1516]]; | ||
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* A tragédia ''[[A Castro]]'' ([[1587]]), a primeira tragédia clássica portuguesa, de [[António Ferreira]], foi baseada na sua vida; | * A tragédia ''[[A Castro]]'' ([[1587]]), a primeira tragédia clássica portuguesa, de [[António Ferreira]], foi baseada na sua vida; | ||
[[Imagem:Tableau Inés de Castro.jpg|thumb|left|250px|''[[A Coroação de Inês de Castro em 1361]]'' (c. 1849), por [[Pierre-Charles Comte]].]] | [[Imagem:Tableau Inés de Castro.jpg|thumb|left|250px|''[[A Coroação de Inês de Castro em 1361]]'' (c. 1849), por [[Pierre-Charles Comte]].]] | ||
* [[Bocage]] dedicou-lhe uma [[cantata]]; | * [[Manuel Maria Barbosa du Bocage|Bocage]] dedicou-lhe uma [[cantata]]; | ||
* O neoclássico João Batista Gomes Júnior (1775?-1803) é o autor da tragédia em cinco atos ''A Nova Castro'' | * O neoclássico João Batista Gomes Júnior (1775?-1803) é o autor da tragédia em cinco atos ''A Nova Castro''; | ||
* Foi com o [[Romantismo|Romantismo em Portugal]] que aumentou o interesse pelos factos históricos associados ao episódio; [[Alexandre Herculano]] e [[Oliveira Martins]], entre outros, procuraram investigar, com algum rigor, as pessoas e factos históricos; | * Foi com o [[Romantismo|Romantismo em Portugal]] que aumentou o interesse pelos factos históricos associados ao episódio; [[Alexandre Herculano]] e [[Joaquim Pedro de Oliveira Martins|Oliveira Martins]], entre outros, procuraram investigar, com algum rigor, as pessoas e factos históricos; | ||
* Os amores de D. Inês popularizaram-se na literatura erudita, entre outros com os [[Arcádia (poesia)|árcades]] [[Manuel de Figueiredo]] e [[Reis Quita]]; | * Os amores de D. Inês popularizaram-se na literatura erudita, entre outros com os [[Arcádia (poesia)|árcades]] [[Manuel de Figueiredo]] e [[Reis Quita]]; | ||
* Em [[1986]] [[Agustina Bessa-Luís]] ( | * Em [[1986]] [[Agustina Bessa-Luís]] (1922-2019) publicou as ''Adivinhas de Pedro e Inês''; | ||
* Outros autores, tais como Luís Rosa e [[João Aguiar]], publicaram livros sobre a trágica vida de Inês de Castro (''O Amor infinito de Pedro e Inês'' e ''Inês de Portugal'', respectivamente) | * Outros autores, tais como Luís Rosa e [[João Aguiar]], publicaram livros sobre a trágica vida de Inês de Castro (''O Amor infinito de Pedro e Inês'' e ''Inês de Portugal'', respectivamente); | ||
* Em 2009 é publicado o livro ''A história de Inês de Castro'' pela Letras e Coisas, no Porto | * Em 2009 é publicado o livro ''A história de Inês de Castro'' pela Letras e Coisas, no Porto — de autoria de Ângelo da Silva, parte de um projecto multidisciplinar que envolve texto, música e pintura; | ||
* Em 2009 [[João Rasteiro]] publica o poemário "[[Pedro e Inês ou As Madrugadas Esculpidas | * Em 2009 [[João Rasteiro]] publica o poemário "[[Pedro e Inês ou As Madrugadas Esculpidas]]" onde canta esse infinito e imortal amor que floresceu eternamente junto às claras águas do [[Rio Mondego|Mondego]]. | ||
== Inês de Castro na pintura == | == Inês de Castro na pintura == | ||
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* {{Link|pt|2=http://purl.pt/15027/2/ |3=''Ignez de Castro — Tricentenario de Camões'', Aníbal Fernandes Tomas (1849-1911), Castro & Irmão, 1880, na Biblioteca Nacional Digital}} | * {{Link|pt|2=http://purl.pt/15027/2/ |3=''Ignez de Castro — Tricentenario de Camões'', Aníbal Fernandes Tomas (1849-1911), Castro & Irmão, 1880, na Biblioteca Nacional Digital}} | ||
* {{Link|pt|2=http://www.vidaslusofonas.pt/inesdecastro.htm |3=''INÊS DE CASTRO A paixão fatal d’el-Rei D. Pedro''}} | * {{Link|pt|2=http://www.vidaslusofonas.pt/inesdecastro.htm |3=''INÊS DE CASTRO A paixão fatal d’el-Rei D. Pedro''}} | ||
* [https://ensina.rtp.pt/artigo/ines-de-castro-coroada/ Inês de Castro, coroada depois da morte, As Rainhas - Isabel e Inês (Extrato de Documentário), por Maria Júlia Fernandes, Rtp, 2003] | |||
* [https://repensandoaidademediapaginaoficial.wordpress.com/2020/01/07/ines-de-castro-o-estranho-caso-da-rainha-coroada-depois-de-morta/ Inês de Castro: o estranho caso da rainha coroada depois de morta, por PSELLOS, Repensando a Idade Média – Página Oficial, 7 de Janeiro de 2020] | |||
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{{Caixa de sucessão feminina | {{Caixa de sucessão feminina | ||
|antes = [[Beatriz de Castela (1293–1359)|Beatriz de Castela]] | |antes = [[Beatriz de Castela (1293–1359)|Beatriz de Castela]] | ||
|título = [[Imagem:PortugueseFlag1248.svg|60px]]<br />[[Lista de rainhas de Portugal|Rainha de Portugal]] | |título=[[Imagem:PortugueseFlag1248.svg|60px]]<br />[[Lista de rainhas de Portugal|Rainha de Portugal]] | ||
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|depois = [[Leonor Teles de Meneses]] | |depois = [[Leonor Teles de Meneses]] | ||
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Edição atual tal como às 17h10min de 14 de julho de 2022
Inês de Castro[nota 1] (Reino da Galiza, ca. 1320/1325 — Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, rainha póstuma de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV.
Biografia
D. Inês de Castro era filha de D. Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei D. Afonso XI de Castela, e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de D. Sancho IV de Leão e Castela, era um dos fidalgos mais poderosos do Reino de Castela.
Em 24 de Agosto de 1339 teve lugar, na Sé de Lisboa, o casamento do Infante Pedro I de Portugal, herdeiro do trono português, com D. Constança Manuel, filha de D. João Manuel de Castela, príncipe de Vilhena e Escalona, duque de Penafiel, tutor de Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela»,[1] e neto do rei Fernando III de Castela. Todavia seria por uma das aias de D. Constança, D. Inês de Castro, que D. Pedro viria a apaixonar-se. Este romance notório começou a ser comentado e a ser mal aceite, mais pela corte, que temia a influência castelhana sobre o infante Pedro, que pelo povo. Visto que o seu relacionamento era mal aceite, passaram a encontrar-se às escondidas na antiga Vila do Jarmelo na Guarda.
Sob o pretexto da moralidade, D. Afonso IV não aprovava esta relação, não só por motivos de diplomacia com João Manuel de Castela, mas também devido à amizade estreita de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - D. Fernando de Castro e D. Álvaro Perez de Castro. Assim, em 1344, o rei mandou exilar D. Inês no castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana, onde tinha sido criada por sua tia, D. Teresa, mulher de um meio irmão de D. Afonso IV. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência.
Em Outubro do ano seguinte D. Constança morreu ao dar à luz o futuro rei, D. Fernando I de Portugal. Viúvo, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou D. Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, provocando algum escândalo na corte e desgosto para El-Rei, seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o infante.
D. Afonso IV tentou remediar a situação casando o seu filho com uma dama de sangue real. Mas D. Pedro rejeitou este projeto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher, D. Constança, e que não conseguia ainda pensar num novo casamento. No entanto, D. Inês foi tendo filhos de D. Pedro: Afonso em 1346 (que morreu pouco depois de nascer), João em 1349, Dinis em 1354 e Beatriz em 1347. O nascimento destes veio agudizar a situação porque, durante o reinado de D. Dinis, o seu filho e herdeiro, D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono por um dos filhos bastardos do seu pai. Agora circulavam boatos de que os Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, legítimo herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para o filho mais velho de D. Inês de Castro. Não passavam de boatos plantados pelos fidalgos da corte portuguesa, uma vez que D. Fernando I assumiu o trono, como previamente esperado.
Execução de D. Inês
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de reis e príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.
Havia boatos de que o Príncipe se tinha casado secretamente com D. Inês, facto posteriormente confirmado por D. Pedro I na famosa Declaração de Cantanhede (mas só após a morte de D. Inês). Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade, o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia casar-se livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D. Inês.
A 7 de Janeiro de 1355, houve uma denúncia por parte de um dos carrascos, que era habitante da Vila do Jarmelo, alegando que se encontravam às escondidas. O rei, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em Agosto de 1355.
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em Junho de 1360 fez a Declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com D. Inês, em 1354, em Bragança. A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela e mandou destruir a Vila do Jarmelo. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava, o que é confirmado por Fernão Lopes, com a ressalva de que o carrasco o teria dissuadido da ideia pela dificuldade encontrada nesta forma de execução). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 1780 os túmulos foram mudados para o recém-construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final».
A tétrica cerimónia da coroação e do beija-mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que se tornaria numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, teria sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
Descendência
Da relação de D. Inês com o infante D. Pedro de Portugal nasceram:.
- D. Afonso (faleceu em criança)
- D. Beatriz, infanta de Portugal e condessa de Alburquerque (1347–1381)
- D. João, infante de Portugal e duque de Valência de Campos (1349–1387)
- D. Dinis, infante de Portugal e senhor de Cifuentes (1354–1397)
D. Inês na Literatura
Que depois de ser morta foi Rainha.
Contra uma dama, ó peitos carniceiros,
Feros vos amostrais, e cavaleiros?
Assim como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lascivas maltratada
Da menina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está morta a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas, e perdida
A branca e viva cor, co'a doce vida.
”
A combinação de história e lenda deste trágico amor nunca deixou de apaixonar o imaginário popular dos portugueses e dos europeus ao longo dos tempos:
- A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura dá-se com as Trovas à Morte de Inês de Castro, de Garcia de Resende, no Cancioneiro Geral de 1516;
- A tragédia foi também representada entre o povo, com o teatro de cordel;
- Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, constituíram o maior influência na lenda, com o episódio da "linda Inês" nas estrofes 120 a 135 do Canto III;
- A tragédia A Castro (1587), a primeira tragédia clássica portuguesa, de António Ferreira, foi baseada na sua vida;
- Bocage dedicou-lhe uma cantata;
- O neoclássico João Batista Gomes Júnior (1775?-1803) é o autor da tragédia em cinco atos A Nova Castro;
- Foi com o Romantismo em Portugal que aumentou o interesse pelos factos históricos associados ao episódio; Alexandre Herculano e Oliveira Martins, entre outros, procuraram investigar, com algum rigor, as pessoas e factos históricos;
- Os amores de D. Inês popularizaram-se na literatura erudita, entre outros com os árcades Manuel de Figueiredo e Reis Quita;
- Em 1986 Agustina Bessa-Luís (1922-2019) publicou as Adivinhas de Pedro e Inês;
- Outros autores, tais como Luís Rosa e João Aguiar, publicaram livros sobre a trágica vida de Inês de Castro (O Amor infinito de Pedro e Inês e Inês de Portugal, respectivamente);
- Em 2009 é publicado o livro A história de Inês de Castro pela Letras e Coisas, no Porto — de autoria de Ângelo da Silva, parte de um projecto multidisciplinar que envolve texto, música e pintura;
- Em 2009 João Rasteiro publica o poemário "Pedro e Inês ou As Madrugadas Esculpidas" onde canta esse infinito e imortal amor que floresceu eternamente junto às claras águas do Mondego.
Inês de Castro na pintura
- Súplica de Inês de Castro (Servières) (1822), de Eugénie Servières, no Palácio de Versalhes
Referências
- ↑ Nobreza de Portugal, Tomo I, página 207
Notas
- ↑ Na grafia da época, ainda que não fosse normalizada, o seu nome surge como "Enes de Crasto", por exemplo, no Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro (1360)..
Ligações externas
- «Chronica del Rey D. Pedro I deste nome, e dos reys de Portugal o oitavo cognominado o Justiceiro na forma em que a escereveo Fernão Lopes, Fernão Lopes (1380-1460), Lisboa Occidental, 1735, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
- «Chronica de el-rei D. Pedro I, Fernão Lopes (1380-1459), no Projeto Gutenberg» (em português)
- «A Nova Castro, tragédia de João Batista Gomes Júnior (1775?-1803), no Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa» (em português)
- «A Nova Castro, tragédia de João Batista Gomes Júnior (1775?-1803), no Projeto Gutenberg» (em português)
- «Ignez de Castro — Tricentenario de Camões, Aníbal Fernandes Tomas (1849-1911), Castro & Irmão, 1880, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
- «INÊS DE CASTRO A paixão fatal d'el-Rei D. Pedro» (em português)
- Inês de Castro, coroada depois da morte, As Rainhas - Isabel e Inês (Extrato de Documentário), por Maria Júlia Fernandes, Rtp, 2003
- Inês de Castro: o estranho caso da rainha coroada depois de morta, por PSELLOS, Repensando a Idade Média – Página Oficial, 7 de Janeiro de 2020
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