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Há ainda o problema epistemológico do [[conhecimento]] da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é [[subjetividade|subjetiva]], talvez determinada pela [[introspecção]]. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.
Há ainda o problema epistemológico do [[conhecimento]] da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é [[subjetividade|subjetiva]], talvez determinada pela [[introspecção]]. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.
E por falar em verdade, Foucault vai dizer que a mesma dependerá de quem estiver determinando os rumos ideológicos de seu tempo. É como se um grupo se apropriasse disso e desse ao mesmo conceituações outrora distintas e que, de forma constante, não faziam parte deste aparato cognoscente.
Na obra "Falando de Velhos Cadáveres", de Edilson A. Alves (publicada pela Editora Armazem Digital) essa discussão fica bem patente, especialmente, quando de sua citação à filosofia de Foucault, e que podemos encontrar no fragmento a seguir: "Fazendo uma correlação com a contemporaneidade, também nós agimos assim; partimos do que está pronto (a matéria) esquecendo-nos do que forjou esta estrutura. Não discutimos sequer o jogo das palavras (lembrado por Foucault) e o jogo do poder (apresentado por Nietzsche), nem tampouco a essência levantada por Aristóteles. Costumamos acatar algo pela sua autoridade e tradição!" (2005: 47)
Assim, a partir do momento em que buscamos a epistemologia temos certeza de que a noção de verdade pode ser fluida e, ao mesmo tempo, perspectivista. E por perspectivista, ainda na obra de Alves (2005): "Este eixo epistemológico constitui-se sobre uma espécie de verdade problemática, se deslocando entre o falso e o verdadeiro. Apesar de ser pensado como verdadeiro, sua característica maior decorre da ausência de uma garantia infalível de verdade. Depreende-se disso o seguinte: todo evento que envolve o Homem não pode ser pensado de uma base infalível da verdade; como se encontrará outras evidências no início do Livro III, em especial ao se referir ao perspectivismo nietzscheano." (2005: 151)
Nesta problemática da verdade é que construimos seu real teor. Caso não exista nenhum tipo de problemática, nem tampouco de questionamento, verdade vira tábua morta, e que tem como única intenção direcionar certos preceitos e valores. Valores que passam a ser compartilhados por todos sem que, contudo, todos disso concordem. Desta problemática cria-se um círculo virtuoso, donde a dialética destes preceitos determinam o que virá a posteriori.
Retomando a questão de Foucault: todo grupo que toma o poder ideológico acaba disseminando uma verdade que compete aos seus preceitos e valores. Unicamente com a intenção de eternizar esta construção, dando-lhe teores de verdade.
O que se coloca disso é - e Edilson Alves discute bem essa idéia - que: será que existe um portador da verdade, onde se dá uma reestruturação valorativa de um tempo consolidado? Pelas leituras prévias parece-me que não. Há sim, portadores de verdade, cada qual com seu feitio, apesar de, durante toda a História da Filosofia, isso ter sido uma máxima dentro das discussões dos mais variados filósofos que, como se verá, até construíram um esquema para definir esta verdade.


== O portador da verdade ==
== O portador da verdade ==

Edição das 18h02min de 18 de dezembro de 2005

Predefinição:Portal-filosofia

Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia busca a solução para vários problemas associados à verdade.

O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagem formais.

Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.

E por falar em verdade, Foucault vai dizer que a mesma dependerá de quem estiver determinando os rumos ideológicos de seu tempo. É como se um grupo se apropriasse disso e desse ao mesmo conceituações outrora distintas e que, de forma constante, não faziam parte deste aparato cognoscente.

Na obra "Falando de Velhos Cadáveres", de Edilson A. Alves (publicada pela Editora Armazem Digital) essa discussão fica bem patente, especialmente, quando de sua citação à filosofia de Foucault, e que podemos encontrar no fragmento a seguir: "Fazendo uma correlação com a contemporaneidade, também nós agimos assim; partimos do que está pronto (a matéria) esquecendo-nos do que forjou esta estrutura. Não discutimos sequer o jogo das palavras (lembrado por Foucault) e o jogo do poder (apresentado por Nietzsche), nem tampouco a essência levantada por Aristóteles. Costumamos acatar algo pela sua autoridade e tradição!" (2005: 47)

Assim, a partir do momento em que buscamos a epistemologia temos certeza de que a noção de verdade pode ser fluida e, ao mesmo tempo, perspectivista. E por perspectivista, ainda na obra de Alves (2005): "Este eixo epistemológico constitui-se sobre uma espécie de verdade problemática, se deslocando entre o falso e o verdadeiro. Apesar de ser pensado como verdadeiro, sua característica maior decorre da ausência de uma garantia infalível de verdade. Depreende-se disso o seguinte: todo evento que envolve o Homem não pode ser pensado de uma base infalível da verdade; como se encontrará outras evidências no início do Livro III, em especial ao se referir ao perspectivismo nietzscheano." (2005: 151)

Nesta problemática da verdade é que construimos seu real teor. Caso não exista nenhum tipo de problemática, nem tampouco de questionamento, verdade vira tábua morta, e que tem como única intenção direcionar certos preceitos e valores. Valores que passam a ser compartilhados por todos sem que, contudo, todos disso concordem. Desta problemática cria-se um círculo virtuoso, donde a dialética destes preceitos determinam o que virá a posteriori.

Retomando a questão de Foucault: todo grupo que toma o poder ideológico acaba disseminando uma verdade que compete aos seus preceitos e valores. Unicamente com a intenção de eternizar esta construção, dando-lhe teores de verdade.

O que se coloca disso é - e Edilson Alves discute bem essa idéia - que: será que existe um portador da verdade, onde se dá uma reestruturação valorativa de um tempo consolidado? Pelas leituras prévias parece-me que não. Há sim, portadores de verdade, cada qual com seu feitio, apesar de, durante toda a História da Filosofia, isso ter sido uma máxima dentro das discussões dos mais variados filósofos que, como se verá, até construíram um esquema para definir esta verdade.

O portador da verdade

Os filósofos chamam qualquer entidade que pode ser verdadeira ou falsa de portador da verdade. Proposições, frases, afirmações, idéias, crenças e opiniões podem ser considerados portadores da verdade. Assim, um portador da verdade, no sentido filosófico, não é uma pessoa, ou Deus.

Para alguns filósofos, alguns portadores da verdade são primitivos, e outros derivados. Filósofos dizem, por exemplo, que as proposições são as únicas coisas literalmente verdadeiras. Uma proposição é uma entidade abstrata a qual é expressa por uma frase, defendida em uma crença ou afirmada em um juízo. (Nossa capacidade de apreender proposições é a razão ou entendimento.) Todas essas manifestações da linguagem são ditas verdadeiras apenas se expressão, defendem ou afirmam proposições verdadeiras. Assim, frases em diferentes línguas, como por exemplo o português e o inglês, podem expressar a mesma proposição. A frase "O céu é azul" expressa a mesma proposição que a frase "The sky is blue".

Já para outros filósofos proposições e entidades abstratas em geral são misteriosas, e por isso pouco auxiliam na explicação. Por isso tomam as frases e outras manifestações da linguagem como os portadores da verdade fundamentais.

Tipos de verdade

  • Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.
  • Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.
  • É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".
  • É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.

Teorias da verdade

Verdade como correspondência ou adequação

A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.

A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado Da interpretação, no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é.

O problema dessa concepção é entender o que significa correspondência. É um tipo de semelhança entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?

Desmenção

De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.

Deflacionismo

De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que ..." não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".

Desvelamento

Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser.

Posição típica de Martin Heidegger (em Ser e tempo, parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").

Pragmatismo

Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa. É típico de pragmatistas como Richard Rorty a oposição à posição correspondentista.

Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso.

Indicações de leitura

Santo Anselmo. De veritate.

Aristóteles. Da interpretação.

John Austin. 1961. "Truth". In Philosophical papers. Oxford University Press.

Pascal Engel. 1998. La vérité: réfléxions sur quelques truismes. Paris: Hatier.

Espinoza. 1663. Pensamentos metafísicos. Primeira parte, capítulo VI.

Martin Heidegger. 1927. Ser e tempo. Parágrafo 44.

Martin Heidegger. 1930. "Sobre a essência da verdade". In: Victor Civita, editor. Os pensadores: Heidegger. São Paulo: Abril Cultural, 1983, 2a. edição. Tradução de Ernildo Stein.

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