Dona Ivone Lara | |
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Dona Ivone se apresenta em São Paulo, 2008, na Virada Cultural | |
Informação geral | |
Nome completo | Yvonne Lara da Costa |
Também conhecido(a) como | Dona Ivone Lara A Primeira Dama do Samba A Rainha do Samba |
Nascimento | 13 de abril de 1922[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] |
Local de nascimento | Rio de Janeiro, DF |
Morte | 16 de abril de 2018 (96 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] |
Local de morte | Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileira |
Gênero(s) | samba |
Ocupação(ões) | cantora compositora |
Cônjuge | Oscar Costa (1947-1975) |
Instrumento(s) | vocal cavaquinho passista |
Período em atividade | 1946-2018 |
Outras ocupações | enfermeira assistente social terapeuta ocupacional |
Gravadora(s) | Predefinição:Collapsible list |
Afiliação(ões) | Predefinição:Collapsible list |
Prêmios | Ordem do Mérito Cultural (2016) |
Yvonne Lara da Costa OMC, mais conhecida como Dona Ivone Lara (Rio de Janeiro, 13 de abril de 1922Predefinição:Nota de rodapé – Rio de Janeiro, 16 de abril de 2018), foi uma cantora e compositora brasileira. Conhecida como Rainha do Samba e Grande Dama do Samba ela foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo e a fazer parte da ala de compositores de uma escola, a Império Serrano.[1][2][3]
Formada em Enfermagem e Serviço Social se consagrar como cantora e compositora, desempenhou importante papel como enfermeira na reforma psiquiátrica no Brasil, ao lado da médica Nise da Silveira, dedicando-se a essa atividade durante mais de trinta anos, antes de se aposentar e dedicar-se exclusivamente à carreira artística.[4][5]
Biografia
Dona Ivone Lara nasceu em 13 de abril de 1922,[nota 1] na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Foi a primeira filha da união entre a costureira Emerentina Bento da Silva e João da Silva Lara.[6] Paralelamente ao trabalho, ambos tinham intensa vida musical: ele era violonista de sete cordas e desfilava no Bloco dos Africanos; ela era ótima cantora e emprestava sua voz de soprano a ranchos carnavalescos tradicionais do Rio de Janeiro, como o Flor do Abacate e o Ameno Resedá – nos quais seu João também se apresentava. Formada em enfermagem e serviço social, foi uma profissional na área de saúde durante mais de trinta anos até se aposentar em 1977.
Com a morte do pai, com menos de três anos de idade, e da mãe aos dezesseis,[6] foi criada pelos tios e com eles aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir samba, ao lado do primo Mestre Fuleiro; teve aulas de canto com Lucília Guimarães e recebeu elogios do marido desta, o maestro Villa-Lobos.
Casou-se em 4 de dezembro de 1947 com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha, com quem teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foram casados durante 28 anos, até a morte de Oscar.[6] Foi no Prazer da Serrinha onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros em algumas composições, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira. Em 2008 ela perde seu filho Odir, vítima de complicações decorrentes da diabetes.
Carreira como profissional de Saúde
Aos dezessete anos, Ivone entrou para a faculdade de enfermagem da atual Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde se graduou enfermeira. Aos 21 anos, prestou concurso público para o Ministério da Saúde e aos 25 foi contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Lá, especializou-se em terapia ocupacional com a médica psiquiatra Nise da Silveira, área em que desempenhou um papel fundamental na reforma psiquiátrica no Brasil a partir da década de 1970. Durante mais de três décadas ela atuou na Colônia Juliano Moreira, com pacientes de doenças mentais.[5][3]
Ivone Lara se formou em Serviço Social, sendo uma das primeiras assistentes sociais do Brasil e uma das primeiras mulheres negras a se formarem em um curso superior no país. Seu trabalho nessa área foi tão importante que em 2016, a professora da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Graziela Scheffer, publicou o artigo acadêmico "Serviço Social e Dona Ivone Lara: o lado negro e laico da nossa história profissional".[7]
Em uma época em que pacientes de doenças mentais eram institucionalizados e abandonados pela família, Ivone se deslocava para os municípios do Rio e de estados vizinhos, localizando parentes dos internos para apresentar uma visão diferente da maioria dos diagnósticos médicos, que desacreditavam a condição mental dessas pessoas. Tudo isso fazia parte de uma rotina terapêutica e de uma visão completamente nova que humanizava o tratamento da saúde mental. Além disso, Ivone trouxe a terapia musical para seus pacientes no Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Usando seus contatos, conseguia patrocínio para os instrumentos e a criação de uma oficina de música, que passou a apoiar festas e eventos de socialização entre os pacientes, seus familiares e os funcionários do hospital. Essa oficina mais tarde deu origem ao bloco de carnaval "Loucura Suburbana", que existe até hoje.[8][4] Em 1977, Ivone se aposentou da carreira em enfermagem e assistência social para se dedicar integralmente à sua carreira musical.[9]
Carreira como cantora e compositora
Compôs o samba Nasci para Sofrer, que se tornou o hino da escola de samba Prazer da Serrinha, fundada na década de 40 e extinta em 1952. Com a fundação da escola de samba Império Serrano em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Também compôs o samba Não Me Perguntes, e a consagração veio em 1965, com Os Cinco Bailes da História do Rio, quando tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola de samba.
Em 1975, seu filho Odir sofreu um acidente de carro, e por causa disso seu marido Oscar Costa teve um infarto fulminante e morreu. Apesar de seu marido nunca ter nada contra sua carreira, ele não gostava das rodas de samba.[carece de fontes]
Arquivo:Vídeo Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa 31.webm
Dois anos depois, Ivone se aposentou da carreira como profissional da Saúde e passou a dedicar-se exclusivamente à carreira artística. Entre os intérpretes que gravaram suas composições destacam-se Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro, Roberta Sá, Marisa Monte e Dorina. Uma de suas composições mais conhecidas, em parceria com Délcio Carvalho, foi Sonho Meu, sucesso na voz de Maria Bethânia e Gal Costa em 1978, cujo álbum ultrapassou um milhão de cópias vendidas.[6]
Dona Ivone também teve trabalhos como atriz, com participação em filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo. Em 2008, interpretou a canção Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço no projeto Samba Social Clube. A faixa foi incluída, no ano seguinte, em uma coletânea com as melhores performances do projeto.
Em 2012, foi homenageada pelo Império Serrano, no grupo de acesso, com o enredo Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba. Em 2010 foi a homenageada na 21.ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Em dezembro de 2014 foi a homenageada na 19.ª edição do Trem do Samba.[10] Um mês antes, Dona Ivone havia participado do primeiro dia de gravações do Sambabook, em homenagem à sua carreira da gravadora Musickeria. Cantores como Maria Bethânia, Elba Ramalho, Criolo, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Adriana Calcanhoto, Zélia Duncan e Reinaldo, O Príncipe do Pagode fizeram versões de canções de Dona Ivone, enquanto ela própria gravou com Diogo Nogueira uma canção inédita, composta com seu neto, André.[11] Em 2015, entrou para a lista das "Dez Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio".[12]
- Morte
Dona Ivone morreu no dia 16 de abril de 2018 aos 96 anos,[nota 1] em consequência de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória após permanecer internada por três dias no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Rio de Janeiro.[1][2] O velório aconteceu na Quadra do Império Serrano, sua escola do coração, em Madureira, na Zona Norte da cidade. O enterro de Dona Ivone aconteceu no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro.
Discografia
- 1970 - Sambão 70
- 1972 - Quem samba fica?
- 1974 - Samba minha verdade, minha raiz
- 1979 - Sorriso de criança
- 1980 - Serra dos meus sonhos dourados
- 1981 - Sorriso negro
- 1982 - Alegria minha gente
- 1985 - Ivone Lara
- 1986 - Arte do encontro (com Jovelina Pérola Negra)
- 1998 - Bodas de ouro
- 1999 - Um natal de samba (com Délcio Carvalho)
- 2001 - Nasci para sonhar e cantar
- 2004 - Sempre a cantar (com Toque de Prima)
- 2009 - Canto de Rainha (DVD)
- 2010 - Bodas de Coral (com Délcio de Carvalho)
- 2010 - Nas escritas da vida (com Bruno Castro)
- 2012 - Baú da Dona Ivone
- 2015 - Sambabook Dona Ivone Lara (DVD)
- 2015 - Sambabook Dona Ivone Lara (2 CDs)
Filmografia
- 1977 - Filme A Força de Xangô, interpretando Zulmira de Iansã[13]
- 1982 - Especial Sítio do Pica-Pau Amarelo, interpretando Tia Nastácia
Referências
- ↑ 1,0 1,1 «Sambista Ivone Lara morre aos 97 anos no Rio de Janeiro». Portal UOL. 16 de Abril de 2018. Consultado em 17 de Abril de 2018
- ↑ 2,0 2,1 «Morre no Rio cantora Dona Ivone Lara». Portal G1. 16 de Abril de 2018. Consultado em 17 de Abril de 2018
- ↑ 3,0 3,1 Ferreira dos Santos, Joaquim (19 de abril de 2018). «Dona Ivone Lara Cantora do Sonho e da Liberdade». Revista Época. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ 4,0 4,1 «Morre D. Ivone Lara, enfermeira e ícone do samba brasileiro». Conselho Federal de Enfermagem COFEN. 17 de abril de 2018. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ 5,0 5,1 «Dona Ivone Lara: enfermeira, a Rainha do Samba participou da luta antimanicomial». História Ciências Saúde Manguinhos. Abril de 2018. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 Lucas Nobile (1 de fev de 2018). Dona Ivone Lara: a Primeira Dama do Samba. [S.l.]: Sonora. ISBN 9788566567168
- ↑ Scheffer, Graziela (1 de dezembro de 2016). «Serviço Social e Dona Ivone Lara: o lado negro e laico da nossa história profissional». CREES. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ Teixeira, Pollyana (17 de abril de 2018). «Dona Ivone Lara dedicou maior parte de sua vida à saúde pública». Saúde MG. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ Paiva, Vítor. «A nobreza e a elegância de uma rainha na vida e na obra de Dona Ivone Lara». Hypeness. Consultado em 15 de julho de 2020
- ↑ «Trem do Samba homenageia Dona Ivone Lara com shows e rodas». Portal G1. 6 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 18 de abril de 2018
- ↑ «Clima de festa marca gravação do "Sambabook" de Dona Ivone Lara». UOL Música. 2 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 18 de abril de 2018
- ↑ «Confira lista de grandes mulheres que marcaram a história do Rio; veja 10». Rio 450 anos (em português). 8 de março de 2015
- ↑ A Força de Xangô Itaú Cultural
Bibliografia
- Mila Burns: Nasci para sonhar e cantar. Dona Ivone Lara, a mulher no samba; Editora Record; Rio de Janeiro; 2009; 173 páginas; ISBN 9788501083784
- 2010 -- "Ivone Lara, a Dona da Melodia" -- Katia Santos -- Ed. Garamond, Rio de Janeiro, 223 páginas; ISBN 978-85-7617-204-8;
- 2015 - "Dona Ivone Lara, a Primeira-Dama do Samba" - Lucas Nobile ~ Sambabook
Ligações externas
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