Vagina | |
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Esquema frontal do aparelho reprodutor feminino | |
Latim | "Vagina'' |
Gray | pág.1264 |
Vascularização | Artéria iliolombar, Artéria vaginal e Artéria retal média |
Drenagem linfática | parte da frente linfonodos ilíacos internos, parte de trás linfonodos inguinais superficiais |
Precursor | seio urogenital e ducto paramesonéfrico |
MeSH | Vagina |
A vagina (do latim vagina, lit. "bainha") é um canal do órgão sexual feminino dos mamíferos, parte do aparelho reprodutor, que se estende do colo do útero à vulva.[1] A cada lado da abertura externa da vagina humana há duas glândulas de meio milímetro, chamadas Glândulas de Bartholin, secretoras de um muco lubrificante na copulação.[2]
Características da vagina humana
A parte externa da vulva é denominada vestíbulo da vagina. Lá se encontram dois orifícios: orifício urinário (da uretra) e o orifício genital (da vagina).[3]
A parte interna da vagina estende-se até à porção inicial do útero (colo), região denominada de fórnix da vagina.[4] Todo esse conjunto é denominado canal vaginal. O canal vaginal apresenta duas partes de origens embriológicas diferentes, pois a origem do canal vaginal é promovida quando o útero se encontra próximo ao epitélio que formara o vestíbulo e começa a migrar para a sua posição final, o tecido epitelial é puxado, assim como o tecido do útero, formando assim o canal vaginal com sua porção superior formada por tecido proveniente do útero e a porção inferior do tecido epitelial; o hímen é formado com o estiramento do tecido epitelial de onde o útero estava próximo, promovendo assim um afinamento desta superfície.[5]
O limite entre a vagina e a vulva constitui uma dobra, o hímen. Este encontra-se na porção anterior do canal vaginal, em mulheres que nunca tiveram relações sexuais, ou vestígios da estrutura, em mulheres que já tiveram relações.[6][5]
As dimensões da vagina humana adulta são altamente variáveis de indivíduo para indivíduo, e nenhuma forma caracteriza todas as vaginas. As dimensões da vagina humana não tem sido objeto de intensa investigação com a mesma proporção da investigação sobre o tamanho do pénis humano. Além das variações de tamanho, a vagina de uma mulher pode variar substancialmente em tamanho durante a excitação sexual, a relação sexual e o parto. A vagina também possui elasticidade e se expande tanto em comprimento e largura durante a excitação sexual, a relação sexual e durante o parto.
Dimensões
Um estudo de 1996 por Pendergrass et.al. usando vinil polissiloxano retirados das vaginas de 39 mulheres caucasianas, encontrou os seguintes limites de dimensões:[7]
- Comprimento - 6,86 a 14,79 cm;
- Largura - 4,7 a 6,3 cm;
- Diâmetros do introito - 2,39 a 6,45 cm.
Um estudo achou resultados variáveis em diferentes raças, em 40% das mulheres negras foram encontradas vaginas no formato semente de abóbora, resultado não encontrado em mulheres caucasianas e latinas, o introito das caucasianas é maior que o das negras.[8]
Histologia
O epitélio vaginal é descamativo, epitélio pavimentoso estratificado não–queratinizado, com uma característica: é rico em glicogênio. Tem uma espessura de 150 a 200 µm.[9] O glicogênio é jogado para dentro da vagina, onde se transforma em glicose, e a glicose, por causa da flora própria vaginal, é transformado em ácido láctico, tornando o pH da vagina ácido, que é importante. Sem essa acidez vaginal, a entrada de bactérias (coccus) vindas do reto e do ânus seria facilitada, propiciando as infecções na região.[10]
O epitélio vaginal tem um vetor do conjuntivo para dentro da luz. O vírus da AIDS quando chega no epitélio vaginal encontra um ambiente desfavorável, ele não conseguiria entrar no epitélio vaginal porque o fluxo deste, é excretor; a não ser que haja lesões no epitélio, chegando ao conjuntivo. O colo uterino seria uma alternativa como porta de entrada de micro-organismos porque entre o epitélio da vagina e do útero muitas vezes a mulher tem lesões.[10]
Glândulas não existem na parede da vagina e esta é formada por três camadas: mucosa, muscular e adventícia. O muco formado no lúmen origina-se das glândulas da cérvix uterina.[9]
- Mucosa
Formada por tecido conjuntivo frouxo rico em fibras elásticas.[9] É plano estratificado não queratinizado.[11] Nessa camada há grande quantidade de neutrófilos e linfócitos. Também é possível observar células de Langerhans.[11] Em alguns períodos do ciclo entram no epitélio e passam para o lúmen vaginal.[9] Poucas terminações nervosas sensoriais presentes.[9]A mucosa vaginal tem aspecto rugoso. A lâmina própria tem abundantes vasos sanguíneos.[11]
- Muscular
Formada por pacotes longitudinais de fibras musculares lisas.[9] Na parte mais interna, próxima a mucosa, esses pacotes são circulares.[9]
- Adventícia
Na parte de fora da camada muscular existe uma camada de tecido adventício, composta por tecido conjuntivo denso, composta por fibras grossas e elásticas.[9] Nessa área a um grupo de células nervosas, um plexo venoso e feixes nervosos.[9]
Sexualidade
A função da vagina é receber o pênis no coito e dar saída ao feto no momento do parto, assim como expulsar o conteúdo menstrual. A vagina possui um grande número de terminações nervosas e paredes elásticas, que no estado natural tem menos cerca de 7 a 8 cm, mas quando estimulada pode ser grandemente aumentada. Essa elasticidade é fundamental na ocasião do parto, para a saída do bebê.[12]
Nos bebês, a vagina é protegida somente pelo hímen, uma membrana fina com algumas perfurações que permitem a saída da menstruação. O hímen normalmente é rompido na primeira relação sexual, embora algumas atividades não relacionadas ao sexo possam eventualmente ocasionar esse rompimento. A perfuração do hímen causa um pequeno sangramento.[13]
Aos órgãos genitais femininos cabe a tarefa de produzir a célula reprodutora feminina, e de reter o produto da eventual fecundação, permitindo o seu desenvolvimento. São eles compostos dos ovários, onde a célula reprodutora feminina se forma, das tubas uterinas, do útero e da vagina, e ainda da vulva, ou seja, o complexo dos órgãos genitais externos.[14]
Odor
Bactérias naturalmente presentes na flora microbiana da vagina faz com que ela tenha um cheiro característico,[15] embora nem sempre um cheiro forte seja sinônimo de algum mal, muitas doenças sexualmente transmissíveis apresentam o mau cheiro como um dos sintomas. A preocupação feminina com o odor emanado por esse órgão faz com que algumas mulheres façam uso de sabões especialmente preparados para esse fim e apliquem soluções desodorantes próprias para o local.[16]
Doenças vaginais
- Colpitis - inflamação, incluindo as devidas a infecções, DSTs, infecções por fungos (candidíase vaginal) , a falta de hormônios sexuais após a cessação da menstruação .
- Vaginose bacteriana (Gardnerella vaginite) - disbiose da vagina
- Prolapso das paredes vaginais e, com eles, e junto às paredes do pélvica órgãos
- Kondilomatoz (causada pelo HPV)
- Malformações congênitas: estreitamento da vagina, a duplicação da vagina, as opções de paredes vaginal;
- Displasia e câncer vaginal (doenças muito raras)
- Cistos e miomas
Mito da vagina dentata
A expressão vagina dentata, em Latim, significa vagina com dentes.[17] Diversas culturas apresentam lendas populares sobre mulheres que possuem a vagina dotada de dentes capazes de morder o pênis dos homens que tentam manter relações sexuais com elas.[18] Usualmente estas histórias são contadas como alerta aos perigos de se manter relações sexuais com mulheres desconhecidas.[18]
Erich Neumann relata um desses mitos no qual “Um peixe habita a vagina da Mãe Terrível; o herói é o homem que vencer a Mãe Terrível, quebrar os dentes da sua vagina, e então a tornar numa mulher.”[19]
O mito expressa a ameaça que as relações sexuais com coito representam para os homens que, apesar de entrarem triunfantemente, saem sempre diminuídos.[20]
Ver também
- Câncer vaginal
- Doença sexualmente transmissível
- Exercícios Kegel
- Flatos vaginais - gases que podem sair da vagina durante o ato sexual.
- Orgasmo feminino - artigo sobre a fisiologia, aspectos sociais, etc, do prazer feminino.
- Pompoarismo
- Sexualidade humana
- Tamanho do pênis humano
- Vaginoplastia
- Via vaginal - a vagina como local de aplicação de medicamentos.
Referências
- ↑ «Vagina». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 17 de maio de 2020
- ↑ Toda Biologia. «Sistema Reprodutor Feminino». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ Portal São Francisco. «Sistema Reprodutor Feminino». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ Med. «Aparelho genital feminino». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ 5,0 5,1 IUPE. «Hímem: Masturbação e virgindade». Consultado em 10 de janeiro de 2012[ligação inativa]
- ↑ Banco de Saúde. «Sobre o Hímem». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ http://dx.doi.org/10.1159%2F000291946
- ↑ http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10895030
- ↑ 9,0 9,1 9,2 9,3 9,4 9,5 9,6 9,7 9,8 JUNQUEIRA, Luiz C. CARNEIRO, José. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004
- ↑ 10,0 10,1 InfoEscola. «Vagina - Anatomia do sistema reprodutor feminino». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ 11,0 11,1 11,2 HIB, José. Histologia de Di Fiori. Buenos Aires: El Ateneo, 2001
- ↑ WALFRIDO, Valéria. Ediouro, ed. Toque sedutor. 2003. Rio de Janeiro: [s.n.] Consultado em 1 de junho de 2009
- ↑ Afh. «Sistema Reprodutor». Consultado em 10 de janeiro de 2012
- ↑ Atonus. «O Processo da Reprodução». Consultado em 11 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 26 de dezembro de 2011
- ↑ Odor vaginal - Nem sempre cheiro forte é sinal de problema Arquivado em 21 de março de 2009, no Wayback Machine., Dra. Denise Coimbra, iGirl, 18 de março de 2009.
- ↑ UOL. «Sabonete íntimo ou normal?». Consultado em 11 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2012
- ↑ «Vagina dentata word origin». Etymologeek (em English). Consultado em 21 de janeiro de 2022
- ↑ 18,0 18,1 «Pussy Bites Back: Vagina Dentata Myths From Around the World - Feminismo». aort.org (em português). Consultado em 21 de janeiro de 2022
- ↑ Neumann, Erich; Translated by Ralph Manheim (1955). The Great Mother. Princeton: Princeton University Press. 168 páginas
- ↑ Ducat, Stephen J. (2004). The Wimp Factor. Boston: Beacon Press. pp. 115–149