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Theatro da Paz

Predefinição:Info/Teatro/Wikidata O Theatro da Paz[1] (inicialmente chamado Nossa Senhora da Paz)[2][3] é um teatro brasileiro localizado na Praça da República na cidade paraense de Belém, projetado pelo engenheiro pernambucano José Tibúrcio Pereira Magalhães no estilo neoclássico e inaugurado em 1878,[2] no período áureo da exploração da borracha na Amazônia. Considerado um teatro-monumento e patrimônio histórico segundo o IPHAN,[4] e também é o primeiro teatro de ópera da Amazônia,[5] e um dos primeiros teatros líricos do Brasil.[6]

O nome inicial sugerido por Dom Antônio de Macedo Costa, que lançara a pedra fundamental do edifício em 3 de março de 1869. Posteriormente, mudou a denominação pois o local abrigaria "apresentações mundanas". O nome definitivo é uma alusão ao fim da Guerra do Paraguai.[4]

Para o lançamento oficial do teatro, foi encenada a produção do dramaturgo francês Adolphe d'Ennery, As duas órfãs, pela companhia do pernambucano Vicente Pontes de Oliveira.[7]

O teatro foi premiado pelo site Trip Savvy na categoria "Melhor local para amantes da cultura" do concurso "Escolha do Editor 2021" (do inglês "Editor’s Choice Award 2021"), destacado como um dos melhores lugares para se visitar a nível global.[8]

Antecedentes

Em 1756, houve um surto endêmico de varíola na região, vitimando vários belenenses, sendo necessário construir um cemitério no bairro da Campina (no Largo da Campina).

Anos após o fim do surto, o cemitério foi desativado. Neste local o governo da província infelizmente ergueu um armazém de pólvora, logo substituído pela praça da República e o Theatro da Paz, devido a Belle Epóque e os pedidos da então elite da borracha (que viviam a moda européia).[6][9]

Histórico

A fachada em selo postal de 1978.

Com a pressão da nova elite, o governo da província contratou o engenheiro militar pernambucano José Tibúrcio Pereira Magalhães para projetá-lo, inspirado do Teatro alla Scala (Itália).[10] Construído por Calandrine de Chermont com pequenas alterações introduzidas pela repartição de Obras Públicas. Ficou pronto em 1874 mas, devido a denúncias contra os construtores, um inquérito foi iniciado e o teatro apenas foi inaugurado em 15 de fevereiro de 1878.[10]

Sendo inicialmente chamado Nossa Senhora da Paz, nomeado pelo então bispo Dom Macedo Costa em homenagem ao encerramento da guerra do Paraguai.[11] Porém este modificou o nome, ao observar que “Nossa Senhora” seria indigno à um espaço onde ocorriam apresentações não eclesiásticas.[11]

Inaugurado ao som do drama do francês Adolphe d'Ennery, As duas órfãs, e da orquestra sinfônica do maestro Francisco Libânio Collas, espetáculo da companhia de Vicente Pontes de Oliveira. Que teve um contrato que durou cinco anos, tornando-o encarregado pela iluminação, decoração, coreografia no teatro, além de organizador da agenda de eventos.

O teatro sofreu alterações na sua fachada, após a grande reforma de 1904. Foi retirada uma coluna do pátio frontal superior do Theatro, que era em número de 7, o que feria os preceitos arquitetônicos do período neoclássico, que pede número par de colunas em frontarias. Cobrado pela Sociedade Artística Internacional, que mantinha o Theatro, o então Governador Augusto Montenegro mandou demolir a fachada, que era um pátio coberto, e reconstruí-la recuando a fachada e retirando uma coluna, e no vácuo que ficou a mostra, antes preenchido por pequenas janelas, mandou botar bustos simbolizando as artes: Dança, Poesia, Música e Tragédia, e ao centro o brasão de armas do estado do Pará, para fortalecer a simbologia republicana que estava enfim instaurada. Entretanto, suas linhas arquitetônicas gerais foram mantidas.

O Theatro da Paz, no dizer de Leandro Tocantins, "é um monumento neoclássico por excelência". Nas laterais, pátios cercados de colunas, escadas que dão acesso à Praça da República. Poltronas de palhinhas, (não de almofada), seguindo o formato de ferradura. No saguão, há dois bustos talhados em mármore de carrara: José de Alencar e Gonçalves Dias, introdutores do indianismo no Brasil. No salão nobre, ao lado de espelhos de cristal, estão os bustos dos maestros Carlos Gomes e Henrique Gurjão.

Hall de entrada.

Ali Carlos Gomes encenou sua ópera, O Guarani, e a bailarina russa, Anna Pavlova, passou com suas sapatilhas. O decorador desse cenário privilegiado foi o italiano Domenico de Angelis que, posteriormente, decorou o Teatro Amazonas de Manaus. Ele foi também o autor do belo painel representando os deuses gregos Apolo e Diana, no cenário amazônico que fica no teto da sala de espetáculos. Dele também era o teto de jover, perdido por causa de uma infiltração. Esse teto foi repintado em 1960 por outro artista italiano, Armando Balloni.

Interior.

Durante o ciclo da borracha, as mais famosas companhias líricas se apresentaram ali. Com o declínio da borracha, o Theatro da Paz passou por grandes dificuldades. Sem apresentações, estava quase sempre fechado, e as restaurações não eram suficientes para lhe garantir um bom funcionamento.

Em 2002, o Theatro após dois anos de restauração reabriu com o "Festival de Ópera do Theatro da Paz" (FOTP), o segundo do tipo mais antigo do país, destaca Daniel Araújo, atual diretor do Theatro - “Ao longo de 20 anos de história fomos construindo um casting de cantores, produtores, cenógrafos e cenotécnicos, de toda uma equipe que é multidisciplinar que trabalha nos bastidores e nos palcos que hoje nos permite fazer ópera como nós fizemos no passado, trazendo convidados mas essencialmente com coro, orquestra, com toda essa equipe técnica formada aqui”.[12] O primeiro Festival de Ópera contou com atrações nacionais e internacionais, como a ópera Macbeth do compositor italiano Giuseppe Verdi, regida pelo maestro inglês Patrick Shelley.[12]

Estrutura

O Theatro mistura o estilo neoclássico com elementos amazônicos, onde hall de entrada: possui piso formado por pedras portuguesas com desenhos marajoaras e piso em acapu e pau-amarelo, lustres de cristal francês, estátuas de ferro inglesas, escadas de mármore italiano.[6]

Na sala de espetáculo, há um lustre americano de bronze, no teto uma pintura do italiano Domenico de Angelis, sobre uma viagem do deus Apolo à Amazônia, as musas e a deusa Diana, como índia caçadora enfrente uma onça. A pintura de boca do palco de 1890, é uma alegoria à República, feita pelo francês Carpezat.[6]

Prêmios

  • "Melhor local para amantes da cultura", concurso "Escolha do Editor 2021" do site "Trip Savvy".[8]

Referências

  1. Como sinal de tradição, a prefeitura prefere manter a grafia arcaica theatro com "th" como figura em sua fachada.
  2. 2,0 2,1 «Descrição do Teatro da Paz (Belém, PA)». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  3. «Sobre o Theatro da Paz». Guia das Artes. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  4. 4,0 4,1 Rose Silveira. «O Theatro da Paz e sua história» (em português). Internet Movie Database. Consultado em 14 de maio de 2012 
  5. «Inovações do Palco Virtual marcam o aniversário do Theatro da Paz». Agência Pará de Notícias (em português). Consultado em 8 de fevereiro de 2022 
  6. 6,0 6,1 6,2 6,3 «Restaurado, Theatro da Paz tem uma programação intensa». Folha de São Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  7. Vicente Sales. «Theatro da Paz - Tempo e Gente» (em português). Theatro da Paz. Consultado em 14 de maio de 2012 
  8. 8,0 8,1 «Site destaca Theatro da Paz como um dos melhores lugares para visitar no mundo». Agência Pará de Notícias (em português). Consultado em 3 de novembro de 2021 
  9. «Conheça quatro pontos turísticos do Pará que possuem histórias 'macabras' e são assombrados». O Liberal. Consultado em 9 de fevereiro de 2022 
  10. 10,0 10,1 «Theatro da Paz celebra 142 anos com concerto da Amazônia Jazz Band». Agência Pará de Notícias (em português). Consultado em 8 de fevereiro de 2022 
  11. 11,0 11,1 «Sobre o Theatro da Paz». Guia das Artes. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  12. 12,0 12,1 «Festival de Ópera do Theatro da Paz chega ao 20º ano mais acessível e inclusivo». Agência Pará de Notícias (em português). Consultado em 27 de outubro de 2021 

Ver também

Ligações externas

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