Predefinição:Info/Produto botânico
Tabaco é um produto agrícola processado a partir das folhas de plantas do género Nicotiana.[1] É consumido como uma droga recreativa sob a forma de cigarro, charuto, cachimbo, rapé, narguilé, charro ou fumo mascado. É usado em pesticidas sob a forma de tartarato de nicotina. Também é usado em alguns remédios.[2]
Etimologia
Existem duas hipóteses para a origem da palavra "tabaco":
- teria se originado do árabe tabbaq (تبغ) através do castelhano tabaco e do italiano tabacco, que já eram usados no século IX como nome de várias plantas;[3]
- teria se originado do taino tabaco, que designava o tubo em forma de "y" com que estes índios fumavam a erva,[4] o rolo de folhas de tabaco ou o cachimbo usado para fumá-las.[3]
O seu nome científico, Nicotiana, foi dado em homenagem ao embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, o introdutor da planta na França.[5]
A palavra "fumo" originou-se do termo latino fumu.[6]
"Petum", "petume", "petema" e "petima" originaram-se do tupi antigo petyma.[7] "Pitura" originou-se de "pito".[8]
História
Originária dos Andes, a planta do tabaco se espalhou por toda a América com as migrações dos povos ameríndios.[9] As folhas da planta eram usadas pelos nativos americanos com finalidades terapêutica, religiosa e de lazer, sob variadas formas: em pó, mascada, bebida, fumada, comida e chupada.[10][11] No início do século XVI, o tabaco foi levado pelos espanhóis para a Europa, onde veio a se tornar muito popular sob a forma mascada e sob a forma de rapé. O primeiro livro em que é relatada a forma nativa de se aspirar a fumaça proveniente de rolos de folhas de tabaco acesas é "Apologética historia das Índias", de Bartolomeu de las Casas, em 1527. Posteriormente, Gonzalo de Oviedo y Velázquez, na Historia General de las Indias, descreveu a planta e seus usos, em 1535.
Em 1561, Jean Nicot (de onde deriva o nome da nicotina),[5] embaixador francês em Portugal, aspirava-o moído (rapé) e percebeu que ele aliviava suas enxaquecas. Desta forma, nesse ano, enviou sementes e pó de tabaco para França, para que a rainha Catarina de Médicis o experimentasse no combate às suas enxaquecas. Com o sucesso deste tratamento, o uso do rapé começou a se popularizar. O corsário inglês sir Francis Drake foi o responsável pela introdução do tabaco em Inglaterra em 1585, mas o uso de cachimbo só se generalizou no mundo graças a outro navegador inglês, sir Walter Raleigh.
Com a vinda de escravos africanos para a América e a subsequente criação das religiões afro-americanas, estas incorporaram o uso do tabaco em seus rituais religiosos.[11] Ao mesmo tempo, o tabaco era uma importante moeda de troca utilizada na compra de escravos no continente africano. O hábito de fumar o tabaco como mera demonstração de ostentação se originou na Espanha através do charuto. Tal prática foi levada a diversos continentes e, somente por volta de 1840, começaram os relatos do uso de cigarro. Neste ponto, a finalidade terapêutica que foi inicialmente atribuída ao tabaco quando da sua introdução na Europa já havia perdido seu lugar para o hábito de fumar por prazer.
Embora o uso do cigarro tenha tomado enormes proporções no mundo a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi apenas em 1960 que foram publicados os primeiros relatos científicos que relacionavam o cigarro ao aumento da incidência de cancro, infarto e outras doenças no fumante habitual.[12]
No Brasil
Já utilizada pelos povos indígenas do Brasil desde antes da chegada dos europeus, com o início da colonização portuguesa a planta começou a ser cultivada pelos colonos portugueses e seus descendentes, tanto para consumo próprio quanto para comercialização. Inicialmente, a região produtora mais importante foi a localizada entre Salvador e Recife. Em 1674, o governo colonial português instituiu o monopólio estatal sobre a comercialização do tabaco. A partir de meados do século XIX, as mais importantes regiões produtoras passaram a ser Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.[9]
Em Santa Cruz do Sul, o tabaco é plantado por imigrantes alemães desde o século XIX.[13] Com a implantação da British American Tobacco (BAT) na região em 1918, a produção se expandiu e se profissionalizou.[13] Nessa época, a BAT introduziu o fumo da classe Virgínia, que permitiu um aumento de produtividade.[13]
A região passou por um processo de internacionalização da indústria fumageira a partir de 1966, quando as empresas nacionais foram, gradualmente, sendo substituídas por empresas multinacionais. Os fatores que levaram a isso foram:[14]
- o conflito na Rodésia, ex-colônia britânica, grande produtor de tabaco, governado por uma minoria branca e segregacionista. As sanções internacionais do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas levaram as empresas de tabaco a migrarem para a América do Sul;
- a nova política macroeconômica do governo federal, posta em prática depois do Golpe de 1964 e que se fundamentava em três pilares: grande empresa estatal, grande empresa nacional e capital estrangeiro. Sendo assim, o governo cortou boa parte dos créditos para as empresas de porte médio, como as que operavam com tabaco. O governo também favorecia o acesso a investimentos para a instalação dessas empresas no Brasil, sendo, inclusive, avalista delas em empréstimos internacionais;
- a inserção competitiva do fumo no mercado internacional. À medida que os custos de processamento do fumo aumentavam, levando as empresas nacionais à bancarrota, as empresas internacionais viam, nisso, uma chance de aumentarem sua participação por meio da compra de empresas nacionais.
Nesse contexto de unificação de empresas, as empresas "Helmuth Schütz & Cia.", "Theodoro F. Schilling & Cia" e "Adolfo Iserhard & Cia." se uniram para formar a "Cia. de Fumos", que, na década de 1940, viria a ser comprada pela "Tabacos Tatsch".[14] As empresas locais foram compradas por multinacionais do setor, como a Universal Leaf Tobacco, que comprou diversas empresas na década de 1970, como, por exemplo:[14]
- Exportadora Hennig S/A, fundada em 1888, comprada anteriormente pelo grupo Armada S/A;
- Boettcher Wartchow & Cia. Ltda, fundada em 1932;
- Tabacos Tatsch & Cia, fundada em 1905;
- Kliemann & Cia. foi fundada em 1915;
- Kannemberg & Cia. Ltda., fundada em 1950.
Produção mundial
País | Produção em 2018 (toneladas anuais) |
---|---|
Predefinição:Country data China | 2.241.000 |
Brasil | 762.266 |
Índia | 749.907 |
Estados Unidos | 241.870 |
Indonésia | 181.095 |
Zimbabwe | 132.200 |
Zâmbia | 115.950 |
Tanzânia | 107.009 |
Paquistão | 106.727 |
Argentina | 104.093 |
Total mundial | 6.501.000 |
Fonte: Food and Agriculture Organization[15] |
Biologia
Existem muitas espécies de tabaco do género Nicotiana. Esta faz parte da família Solanaceae, originária da América, Austrália, sudoeste africano e Oceania. Existem muitas plantas que contêm nicotina, uma poderosa neurotoxina para os insetos, contudo as plantas do género Nicotiana contêm uma maior concentração de nicotina que as outras plantas.
Ver também
- Cachimbo
- Cigarro
- Charuto
- Tabagismo
- Efeitos à saúde causados pelo fumo do tabaco
- Cigarro de ervas
- Componentes do tabaco
- Estomatite nicotínica
Referências
- ↑ Britannica Online Encyclopedia. «Tobacco (plant)» (em English)
- ↑ Encyclopædia Britannica Kids. «Tobacco (major uses)» (em English)
- ↑ 3,0 3,1 Online Etymology Dictionary. «Tobacco» (em English)
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 637
- ↑ 5,0 5,1 Online Etymology Dictionay. «Nicotine» (em English)
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.819
- ↑ NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 380.
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 342.
- ↑ 9,0 9,1 Souza Cruz. Disponível em http://www.souzacruz.com.br/group/sites/SOU_7UVF24.nsf/vwPagesWebLive/DO7V9KPU?opendocument. Acesso em 14 de agosto de 2015.
- ↑ Sinditabaco. Disponível em http://sinditabaco.com.br/sobre-o-setor/origem-do-tabaco/. Acesso em 30 de junho de 2015.
- ↑ 11,0 11,1 Xamanismo. Disponível em http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1189634475It015. Acesso em 30 de junho de 2015.
- ↑ Vya Estelar. «Estudo da USP: Mulher fumante tem mais chance de adquirir transtorno mental» (em português)
- ↑ 13,0 13,1 13,2 VOGT, Olgário (1997). A produção de fumo em Santa Cruz do Sul – RS (1849-1993). Santa Cruz do Sul: EDUNISC
- ↑ 14,0 14,1 14,2 NORONHA, Andrius Estevam (2012). «Beneméritos empresários: história social de uma elite de origem imigrante do sul do Brasil,Santa Cruz do Sul, 1905-1966)». Porto Alegre. 370 páginas. Consultado em 1 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 2 de junho de 2013
- ↑ fao.org (FAOSTAT). «Tobacco production in 2017, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020
Ligações externas
- (em português) O tabaco
- (em alemão)
PPP-Index
- (em inglês) USDA Plants Database
- (em inglês) Germplasm Resources Information Network (GRIN)
- (em português) Economia do tabaco