Pero de Magalhães Gândavo | |
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Pêro de Magalhães Gândavo (Braga, c. 1540 — c. 1580)[1] foi um historiador e cronista português
Vida
Filho de pais flamengos oriundos da cidade de Gand, daí o seu apelido Gândavo, nasceu em Braga em data incerta, provavelmente por volta de 1540. Foi professor de latim e português no norte de Portugal e secretário na Torre do Tombo.
Gândavo esteve no Brasil, talvez entre 1558 e 1572, para trabalhar na Fazenda do governo da Bahia.
Obras
Escreveu Tratado da Província do Brasil e Tratado da Terra do Brasil,[2] com a finalidade de estimular a emigração portuguesa. Os dois textos foram reunidos[3] mais tarde no famoso livro História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil,[4] editado em Lisboa, por Antônio Gonçalves, em 1576.
O livro aborda uma série de aspectos locais. A fauna (o papa-formigas, o tatu, uma série de aves, insetos e peixes exóticos), que era, em boa parte, desconhecida dos europeus, é descrita com espanto, estranheza e maravilha. Chega mesmo a descrever suposto monstro marinho que teria aparecido na capitania de São Vicente e sido morto pelos portugueses da localidade.
As plantas da colónia merecem também a sua atenção. A que descreve com maior cuidado é a mandioca, incluindo as características de cada parte da planta e suas utilidades.
Além da fauna e da flora, relata a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, os primórdios da colonização, as diversas tribos indigenas e as capitanias em que se dividia o território brasileiro. Traça, por fim, um retrato das potencialidades que a terra reservava aos portugueses, a vastidão do território e seus recursos económicos.
Diz Capistrano de Abreu na Introdução ao Tratado da Terra do Brasil e à História da Província de Santa Cruz (1932) que o projeto de Gândavo era: "mostrar as riquezas da terra, os recursos naturais e sociais nela existentes, para excitar as pessoas pobres a virem povoá-la: seus livros são uma propaganda de imigração."[5]
O Brasil descrito por Gândavo correspondia à região costeira desde Itamaracá até São Vicente e se estendia pouco para o interior. Gândavo cita Olinda como o local mais rico da colônia, e Salvador, como o mais populoso, o que evidencia que, naquela altura, o Brasil se concentrava na costa nordestina. Na época de Gândavo a produção de açúcar se dava mais no engenho hidráulico que no engenho a tração animal. A mão de obra era principalmente indígena. Pernambuco tinha tamanho excedente de escravos indígenas que os exportava para as capitanias mais meridionais.
Gândavo fora também gramático e, junto a Belchior Rodrigues e João Ocanha, escreveu as Regras que ensinam a maneira de escrever a orthographia da língua portuguesa (1574).
Obras
- Tractado da terra do Brasil (eBook)
Referências
- ↑ «Pero de Magalhães Gândavo». Federal de Campina Grande. Consultado em 18 de Dezembro de 2007. Arquivado do original em 11 de junho de 2008
- ↑ Gandavo, Pedro de Magalhães de, Tratado da terra do Brasil: história da Província Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Biblioteca Digital do Senado Federal, descarga da obra em PDF
- ↑ Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Pero Magalhães de Gândavo
- ↑ Gandavo, Pedro de Magalhães de, Historia da provincia Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Biblioteca Digital do Senado Federal, descarga da obra em PDF
- ↑ A história (1576) de Pero de Magalhães Gândavo: notas para uma releitura desde a retórica e a gramática. Por Sarissa Carneiro Araújo. Locus: revista de história, Juiz de Fora, v. 15, n. 2 p. 71-83, 2009, p.73
- "Brasiliana da Biblioteca Nacional", Rio de Janeiro, 2001.
- «Biblioteca Nacional:Tesouros.»