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Operação Gladio

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Operação Gladio (em português, "Gládio") foi o codinome dado à operações clandestinas de resistência armada que foram organizadas pela Western Union (participantes da Organização do Tratado de Bruxelas) e, posteriormente, pela OTAN e pela CIA, em colaboração com várias agências de inteligência europeias.[1] Embora Gladio se refira especificamente ao ramo italiano das organizações permanentes da OTAN, "Operação Gladio" é usado como um nome informal para todas elas.[2] Essas operações de salvaguarda foram preparadas em muitos países membros da OTAN, e também em alguns países neutros. Inicialmente, foi projetada como uma contramedida para a eventualidade de uma possível invasão e conquista da Europa Ocidental por parte dos países que aderiram ao Pacto de Varsóvia, porém com o tempo elas degringolaram em terrorismo, executado em prol da manutenção de uma estratégia de tensão.[3][4]

Aspectos Gerais

Membros da operação formavam uma organização clandestina do tipo stay-behind ("ficar atrás"), constituída por oficiais do serviços de informação italianos, delineada pela CIA e pelo MI6 à época da Guerra Fria, nominalmente com objetivo de contrapor-se a uma eventual invasão da Itália pela União Soviética através do uso secreto de forças paramilitares de elite, situadas em vários países capitalistas.

Com o tempo, entretanto, essas operações degeneraram em manipulação das democracias do continente Europeu, com o emprego de várias estratégias de guerra suja (em especial a chamada estratégia da tensão), através da infiltração de agentes provocadores e da utilização de operações de bandeira falsa (como no caso do atentado da Piazza Fontana de Milão, em 1969) que tinham o objetivo de destruir a imagem pública de partidos e organizações políticas (nacionalistas e comunistas), que não apoiassem os Estados Unidos durante a Guerra Fria, apontando-os falsamente como autores dos ataques terroristas, sabotando assim sua ascensão nos processos eleitorais das nações Europeias.[5]

Durante a Guerra Fria, quase todos os países da Europa Ocidental organizaram redes stay-behind sob o controle da OTAN (Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Noruega, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido) contando com apoio do Vaticano.[6]

No entanto, a existência da Gladio - da qual apenas se suspeitava até as revelações feitas pelo membro da Avanguardia Nazionale, Vincenzo Vinciguerra, durante seu processo, em 1984 - só foi reconhecida oficialmente pelo Presidente do Conselho italiano, Giulio Andreotti, em 24 de outubro de 1990, quando se referiu a uma "estrutura de informações, resposta e salvaguarda". A Gladio tentou influir na política interna italiana, usando a estratégia da tensão.[7]

Bibliografia

  • (em italiano)
Daniele Ganser, Gli eserciti segreti della NATO. Operazione Gladio e terrorismo in Europa occidentale (NATO's Secret Armies: Operation GLADIO and Terrorism in Western Europe), Fazi Editore, 2005, ISBN 88-8112-638-9
  • (em francês)
La Guerre secrète an Allemagne (Capítulo 15 do livro de Ganser, sobre as ligações entre ex-nazistas e a operação Gladio).
Giovanni Fasanella e Claudio Sestieri com Giovanni Pellegrino, "Segreto di Stato. La verità da Gladio al caso Moro", Einaudi, 2000 (v. [1])
  • (em inglês) Jan Willems, Gladio, 1991, EPO-Dossier, Bruxelles, ISBN 2-87262-051-6
  • (em alemão)
Jens Mecklenburg, Gladio. Die geheime terrororganisation der Nato, 1997, Elefanten Press Verlag GmbH, Berlim, ISBN 3-88520-612-9
  • (em francês)
Thierry Meyssan, Stay-behind: les réseaux d’ingérence américains, Voltaire, 20 agosto 2001
  • (em alemão)
Leo A. Müller, Gladio. Das Erbe des kalten Krieges, 1991, RoRoRo-Taschenbuch Aktuell no 12993, ISBN 3-499-12993-0
  • (em francês)
Jean-François Brozzu-Gentile, L’Affaire Gladio. Les réseaux secrets américains au cœur du terrorisme en Europe, 1994, Albin Michel, Paris, ISBN 2-226-06919-4
  • (em italiano)

Anna Laura Braghetti com Paola Tavella, Il prigioniero, 1998, Edizioni Mondadori (Le Frecce) ISBN 88-04-45154-8

  • (em alemão)
Regine Igel, Andreotti. Politik zwischen Geheimdienst und Mafia, 1997, Herbig Verlagsbuchhandlung GmbH, Monaco, ISBN 3-7766-1951-1
  • (em inglês) Arthur E. Rowse, "Gladio: The Secret U.S. War to Subvert Italian Democracy" in Covert Action #49, 1994 [2]
  • (em inglês) Anti-Fascist Action (AFA), "StayingBehind: NATO's Terror Network" in Fighting Talk #11, maio 1995
  • (em francês)
François Vitrani, "L’Italie, un État de 'souveraineté limitée' ?", in Le Monde Diplomatique, dez. 1990
  • (em francês)
Patrick Boucheron, "L'affaire Sofri : un procès en sorcellerie ?", na revista L'Histoire,  n°217 (jan. 1998) ([3])
  • (em francês)
"Les procès Andreotti en Italie" "I processi di Andreotti in Italia" de Philippe Foro, pubblicado pela Universidade de Tolouse II, Groupe de recherche sur l'histoire immédiate

Referências

  1. «CIA organized secret army in Western Europe». Washington Post. 14 de Novembro de 1990 
  2. Agee, Louis (1978). Dirty Work: The CIA in Western Europe. [S.l.]: Zed Press. ISBN 0862320453 
  3. Ganser, Daniele (2004). NATO's Secret Armies: Operation GLADIO and Terrorism in Western Europe. [S.l.]: Routledge. ISBN 0714685003 
  4. Haberman, Clyde (16 de Novembro de 1990). «Evolution in Europe; Italy Discloses Its Web Of Cold War Guerrillas». The New York Times. Consultado em 16 de Dezembro de 2021 
  5. Terrorists 'helped by CIA' to stop rise of left in Italy
  6. Covert Action Information Bulletin - Winter 1986 - No. 25 - Nazis, the Vatican, and CIA.pdf (PDFy mirror) (January 1, 2014)
  7. «Chapter One: A terrorist attack in Italy». Consultado em 30 de novembro de 2005. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2005 

Ligações externas

  • (em francês)
Relatório de Giulio Andreotti sobre a Gladio
  • (em francês)
Relações entre a Gladio e os serviços secretos dos Estados Unidos e israelenses, segundo declarações do ex-presidente da Itália, Francesco Cossiga
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