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O Auto da Compadecida (filme)

O Auto da Compadecida
O auto da compadecida.jpg
Cartaz de lançamento original do filme.
 Brasil
2000 •  cor •  157 min 
Direção Guel Arraes
Produção Guel Arraes
Produção executiva Eduardo Figueira
Daniel Filho
Roteiro Guel Arraes
Adriana Falcão
João Falcão
Baseado em Auto da Compadecida
O Santo e a Porca e
Torturas de um Coração, de Ariano Suassuna
Elenco
Género comédia, drama
Música Sá Grama
Direção de fotografia Félix Monti
Direção de arte Lia Renha
Figurino Cao Albuquerque
Edição Ubiraci de Motta
Paulo Henrique Farias
Companhia(s) produtora(s) Lereby Produções
Globo Filmes
Distribuição Columbia Tristar
Lançamento Predefinição:Data do filme
Idioma português
Receita R$ 11.496.994

O Auto da Compadecida é um filme brasileiro de comédia dramática, lançado em 2000. Dirigido por Guel Arraes e com roteiro de Adriana Falcão, João Falcão e do próprio Arraes, o filme é baseado na peça teatral Auto da Compadecida de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, ambas do mesmo autor, além de influências de Decamerão, clássico de Giovanni Boccaccio.[1] O filme é uma adaptação de formato da minissérie homônima, lançada em 1999.


Durante o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, evento criado pelo Ministério da Cultura, o filme recebeu as premiações de melhor diretor, melhor roteiro, melhor lançamento e melhor ator.[2] É o filme brasileiro de maior bilheteria de 2000, sendo visto por mais de dois milhões de espectadores.[3]

As filmagens da obra foram feitas em 1999, na cidade de Cabaceiras, interior do estado da Paraíba, palco de vários outros filmes brasileiros,[4] com parceria de produção entre a Globo Filmes e a Lereby Produções. Estreou em 15 de setembro de 2000, no Brasil, e foi exibido em outros países em eventos de cinema e em mídia para distribuição. Nos Estados Unidos, o filme foi renomeado como A Dog's Will ("Testamento de um cachorro"). Foi recebido com críticas positivas na maioria dos países da América do Sul.

Enredo

No início dos anos 30,[5] Chicó e João Grilo, dois pobres homens que vivem próximos da cidade de Taperoá na Paraíba, conseguem um emprego na padaria da cidade, onde moram o padeiro Eurico e sua esposa Dora, que vive sempre o traindo. Os patrões cuidam melhor de sua cadela de estimação do que dos seus empregados, oferecendo comida estragada para Chicó e João Grilo e bife passado na manteiga para sua cadela, causando constantes reclamações por parte de João.

Quando a cadela morre, Dora exige que João Grilo e Chicó peçam ao padre da cidade que benza sua cachorra antes do enterro. O padre não concorda e João Grilo, esperto e embromador, alega que a cachorra é do temido Major Antônio Morais e, então, o padre aceita; para conseguir que o padre realizasse o enterro em latim, João Grilo também diz que a cachorrinha era uma cristã devota e que deixara em testamento de dez contos de réis para a igreja. O padre enfim realiza o enterro para cachorra e quando todos voltam à igreja encontram o bispo contrariado que logo se arrefece ao saber que a cachorrinha deixara sete contos de réis para a paróquia, ou seja, sob sua responsabilidade e três contos de réis para a igreja.

Chicó apaixona-se pela filha de Major Antônio Morais, Rosinha, e junto com João Grilo engendram um plano para conseguir a autorização do major para a mão de sua filha a Chicó. Em uma de suas armações, onde Chicó deveria parecer valente diante de todos, eles se encontram com o cangaceiro Severino que faz com que seu subordinado "Cabra" mate o padre, o bispo, Eurico e Dora. Na vez de João Grilo e Chicó, João Grilo engana Severino com uma suposta gaita mágica que ressuscita mortos e Severino, crente que visitaria Padre Cícero, a qual é devoto, e depois voltaria, pede ao seu guarda que o mate. Cabra, vendo que seu chefe não voltava mesmo após tocar a gaita, mata João Grilo e foge.

João Grilo, Eurico, Dora, Severino, o padre e o bispo se encontram no céu para o julgamento final e, após uma discussão acirrada com o Diabo, João Grilo realiza uma suplica e consegue a presença de Nossa Senhora que sugere ao seu filho, Jesus Cristo, que envie Severino diretamente para o céu, pois ele não era responsável pelos seus atos, e que envie Eurico, Dora, o padre e o bispo para o purgatório, pois na hora da morte todos eles se redimiram de seus pecados (Dora havia pedido perdão à Eurico pelas suas traições e ele à perdoou enquanto o padre e o bispo perdoaram seu assassino), e que João Grilo volte para Terra.

Quando João Grilo volta à vida, encontra Chicó enterrando seu corpo em um local do árido sertão. Eles prosseguem com o plano de fazer Chicó se casar com Rosinha, mas falham quando o pai da moça descobre que Chicó não era rico de verdade como ele havia dito antes e se prepara para "arrancar seu couro"; Rosinha e João Grilo, porém, salvam Chicó dizendo que o contrato firmado anteriormente por Antônio Morais e Chicó não diz que uma gota de sangue deve ser derramada do couro de Chicó; Chicó e Rosinha fogem junto com João Grilo, deixando Morais enfurecido.

Na estrada depois da fuga, Chicó, João Grilo e Rosinha encontram um pobre andarilho negro perambulando pelo sertão que lhes pede comida; Rosinha separa um pedaço de pão que leva consigo e dá para o homem, que agradece e vai embora. Rosinha conclui que Jesus "pode se disfarçar de mendigo para testar a bondade dos homens" e Chicó afirma que conheceu um homem que tinha visto um Jesus moreno parecido com o andarilho. Eles então vão embora pela estrada enquanto João Grilo toca sua gaita alegremente pelo caminho.

Elenco

Produção

O Auto da Compadecida nasceu originalmente como uma peça teatral escrita por Ariano Suassuna em 1955 e encenada pela primeira vez em 1956. Em 1999, foi adaptada como uma minissérie exibida pela Rede Globo que continha mais tramas paralelas que acabaram por ser removidas do filme.[6] Nessa época, o diretor Guel Arraes procurou Suassuna para que ele fizesse uma adaptação cinematográfica da peça, acrescentando cenas de outras de suas peças, O Santo e a Porca e Torturas de um Coração. O escritor disse: "Como são obras no mesmo estilo de O Auto, ou seja, com histórias populares, eu aceitei". O diretor foi mais além e incluiu influências de Decamerão, de Boccaccio, no filme.[1]

Entre as passagens omitidas no filme estão o gato que "discome", na qual João Grilo e Chicó tentam enganar Dora apresentando-lhe um gato que evacuava moedas de prata; e a primeira invasão dos cangaceiros à cidade de Taperoá.

Recepção

Resposta de Suassuna

Os atores escolhidos pelo diretor agradaram Suassuna, que disse que Matheus Nachtergaele foi o melhor intérprete para João Grilo. Ele afirmou: "Sua atuação é impecável, pois consegue passar toda a esperteza do personagem, que luta contra o patriarcado rural, a burguesia urbana, a polícia, o cangaceiro, e até contra o diabo".[1] Elogiando as demais atuações, Suassuna disse que a melhor atriz do filme foi Fernanda Montenegro, no papel de Nossa Senhora. "O rosto de Fernanda agora vai se juntar, na minha memória, ao de Socorro Raposo, a primeira atriz a interpretar o papel, no Recife, e que ainda hoje continua encenando, já somando oito anos ininterruptos", disse na época.[1]

Desempenho crítico e comercial

O filme tornou-se um grande sucesso comercial no Brasil, atraindo 2.157.166 pessoas nos cinemas (tornando-se o filme brasileiro mais visto no país do ano 2000) e arrecadando mais de onze milhões de reais nas bilheterias nacionais;[7] o filme também obteve notável sucesso em alguns países da América do Sul como Argentina, Chile e Venezuela.[carece de fontes?]

No Rotten Tomatoes, o filme possui uma taxa de aprovação de 93%.[8] Em 2015, o filme foi eleito pela ABRACCINE como um dos cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos, ocupando a posição #63 de sua lista.[9]

Remasterização e reexibição nos cinemas

No ano de 2019, em comemoração aos 20 anos de produção, o filme e os capítulos da minissérie foram remasterizados a partir das películas originais e ganharam cenas extras, além de ângulos de câmera diferenciados. Porém, a alteração mais significativa e que gerou insatisfação em grande parte dos fãs foi a mudança dos planos de fundo em Chroma Key na cena do julgamento. O inferno, ao invés de mostrar pessoas sofrendo em meio ao fogo, agora mostrava uma animação onde se destacavam caveiras dançando num loop considerado muito artificial, enquanto o Céu apresentava desenhos de anjos voando aleatoriamente.[10] Apesar disso, essa foi a versão disponibilizada nos streamings vinculados à Globo, uma vez que o diretor Guel Arraes considerava os efeitos especiais da época "muito caídos".[11]

Após ser feita uma parceria entre a Globo Filmes e a Cinemark, o filme foi reexibido nos cinemas do Brasil em junho de 2021, em homenagem ao cinema brasileiro.[12]

Prêmios e indicações

O filme foi indicado para cinco categorias do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, vencendo o troféu de melhor roteiro, melhor diretor (Guel Arraes), melhor ator (Nachtergaele), melhor lançamento; O Auto da Compadecida foi indicado também na categoria de "melhor filme", mas perdeu o prêmio para Eu, Tu, Eles.

Grande Prêmio Cinema Brasil
Prêmio Venceu/Indicado
Melhor diretor (Guel Arraes) Predefinição:Ven
Melhor ator (Matheus Nachtergaele) Predefinição:Ven
Melhor roteiro Predefinição:Ven
Melhor lançamento Predefinição:Ven
Melhor filme Indicado
Cartagena Film Festival
Prêmio Venceu/Indicado
Melhor filme Indicado
Miami Brazilian Film Festival
Prêmio Venceu/Indicado
Prêmio da audiência (Guel Arraes) Predefinição:Ven
Melhor edição (Paulo Henrique Farias) Indicado
Viña del Mar Film Festival
Prêmio Venceu/Indicado
Melhor ator (Matheus Nachtergaele) Predefinição:Ven

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 Agência Estado (15 de setembro de 2000). «Suassuna aprova "O Auto" de Guel Arraes». Portal Terra Cinema. Consultado em 25 de janeiro de 2010 
  2. «Destaques do Grande Prêmio Brasil». UOL. 21 de fevereiro de 2001. Consultado em 3 de abril de 2009. Arquivado do original em 20 de novembro de 2014 
  3. Redação (20 de dezembro de 2000). «O Auto da Compadecida é o filme nacional de maior bilheteria no anoFilme de Guel Arraes já foi visto por mais de 2.082 milhões de pessoas». www.epipoca.com.br. Consultado em 22 de outubro de 2016 
  4. Eduardo Vessoni (15 de março de 2011). «Cabaceiras, no interior da Paraíba, é a 'roliúde' brasileira e terra de outros cenários cinematográficos». UOL. Consultado em 17 de março de 2011 
  5. «O AUTO DA COMPADECIDA - TRAMA PRINCIPAL». memoriaglobo.globo.com. Consultado em 9 de janeiro de 2019 
  6. «Guel Arraes transforma série de TV em um bom longa». Veja. 13 de setembro de 2000. Consultado em 2 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 4 de julho de 2012 
  7. «Filmes Brasileiros Lançados - 1995 a 2012» (PDF). Ancine. p. 30. Consultado em 28 de fevereiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 1 de março de 2014 
  8. «O Auto da Compadecida (A Dog's Will)» (em Inglês). Rotten Tomatoes. p. 30. Consultado em 7 de maio de 2019 [ligação inativa] 
  9. André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  10. «Globo reforma e reprisa 'O Auto da Compadecida' nos 20 anos da série - 21/12/2019 - Ilustrada - Folha». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 13 de março de 2022 
  11. LOPES, FERNANDA (7 de janeiro de 2020). «O Auto da Compadecida volta à Globo modernizada e com cenas inéditas». Notícias da TV (em português). Consultado em 13 de março de 2022 
  12. «"O AUTO DA COMPADECIDA" VOLTARÁ ÀS TELONAS EM HOMENAGEM AO CINEMA NACIONAL». Portal Exibidor. Consultado em 14 de junho de 2021 

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