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O Imperador (livro)

O Imperador: a queda de um autocrata
Autor(es) Ryszard Kapuściński
Assunto Império Africano / Narrativas Pessoais.
Tradutor Tomasz Barcinski(Br.)
Editora Flag of Brazil.svg Companhia das Letras
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Lançamento 1978
Páginas 192
ISBN [[Special:Booksources/8535906908(Edição em Português)|8535906908(Edição em Português)]]

O Imperador: a queda de um autocrata, misto de romance histórico e narrativa jornalística, relata e analisa os últimos anos de governo do imperador Hailé Selassié, na Etiópia. O jornalista internacional Ryszard Kapuściński viajou ao país em 1974, época em que o exército etíope ainda estava consolidando um golpe no império de Selassié. Na busca por escrever sobre a vida e os bastidores do imperador e seu palácio, Kapuściński supostamente entrevistou os criados que circulavam nos aposentos reais e conviviam com o poder e excentricidades de Selassié.

As narrativas em primeira pessoa dos súditos são sequenciais e são reproduzidas ao longo do livro, que é dividido em três partes: "O trono", "Avança, avança" e "A desintegração", que tratam, respectivamente, sobre os anos de poder; a transição para a queda; e os anos finais do império e da vida do imperador. Além dos relatos diretos das fontes entrevistadas, o livro conta com breves passagens em que o próprio autor explica os momentos de suas entrevistas assim como interpreta os fatos históricos em questão.

Numa hábil mescla de fatos reais e ficção, os depoimentos de personagens não identificados e não identificáveis se confundem numa narrativa notavelmente homogênea, em que mal se distinguem as vozes dos personagens entre si. Os nomes dos supostos entrevistados são separados por iniciais, que não correspondem a nenhum real funcionário do palácio, e as expressões usadas se revestem de metáforas, ironias e imagens de estilo que denotam uma longa elaboração estilística. Descrevem pouco a pouco o esvaziamento da estrutura de poder em que se apoiava o regime de Selassié. O autor admitiu que o livro se tratava de uma metáfora sobre a Polônia estalinista de seus dias (os epítetos com que os personagens se referem ao imperador lembram mais os de Mao Tsé-Tung e Stálin do que os títulos do próprio Selassié), mas se estende para a interpretação do poder em si, tendo atingido um significado universal, aplicável a qualquer forma de autoridade em qualquer tempo e lugar.

O livro alcança momentos de elevado valor literário com reflexões pungentes sobre o poder, sobre como ele molda as atitudes das pessoas, sobre como todos, desde o imperador até o mais ínfimo de seus súditos se tornaram seus escravos. Pela profundidade filosófica com que o tema é tratado "O Imperador" foi comparado ao "Príncipe" de Maquiavel.

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