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Museu Goeldi

Predefinição:Info/Museu/Wikidata O Museu Paraense Emílio Goeldi (sigla MPEG, inicialmente denominado Associação Philomática) popularmente conhecido como Museu Goeldi, é uma instituição museológica e científica pública e um parque zoobotânico brasileiro, fundada em 1911 pelo naturalista Domingos Soares Ferreira Penna, no município brasileiro de Belém (capital do estado do Pará),[1][2] vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal (desde o ano 2000, antes ligado ao CNPq).[3] É o primeiro parque parque zoobotânico do Brasil, a mais antiga instituição científica da Amazônia e, o segundo museu de história natural brasileiro.[4]

Possui acervos de conhecimentos nas áreas de ciências naturais e humanas relacionados à Amazônia, além de promover pesquisas e estudos científicos dos sistemas naturais e culturais da região. É a mais antiga instituição na região amazônica[5] e reconhecido mundialmente como uma das importantes instituições de investigação científica sobre a Amazônia brasileira.

História

O século XIX foi o auge das expedições naturalistas na Amazônia,[6] com a chegada à região de estrangeiro (ingleses, alemães, franceses, italianos, estadunidenses e russos) devido a abertura dos portos tornou do Brasil em 1808, tornou mais acessível aos naturalistas e artistas, que vieram com grande entusiasmo estudar e retratar a natureza amazônica.[5][2]

Nesse contexto, em 1866,[7] houve na cidade de Belém a fundação da "Associação Philomática" (amigos da ciência), por Domingos Soares Ferreira Penna. com objetivo de estudar o homem indígena amazônico.[8] Posteriormente, outras áreas de conhecimento, pouco estudadas na época também forma objeto de estudo, como a geografia e a geologia.[8]

As obras de implantação do museu foram iniciadas em 1895.[9] Emílio Goeldi planejou tecnicamente as linhas do horto, gaiolas, tanques, aquário e, cercados, auxiliado pelo botânico Jacques Huber, que planejou o Jardim Botânico; sendo tudo inaugurado em 1911.[9]

Museu Paraense

A urbanização e o crescimento da cidade, transformou-a em metrópole, onde um dos marcos desta mudança ocorreu em 1870, quando a Associação passou a chamar-se Museu Paraense de História Natural e Ethnografia.[8] E em 25 de março de de 1871, o Governo do Estado do Pará tornou-se oficialmente um órgão da província,[8] e Domingos Soares Ferreira Penna designado seu primeiro diretor.[10]

Na década de 1880, a conjuntura política era complicada, envolvendo Ferreira Penna em disputas políticas, que somadas a saúde delicada não permitiam a instalação adequada do Museu.[10] Tendo uma instalação precária, com reduzida equipe técnica e falta de apoio às pesquisas, levando as coleções existentes a se perderem com as más condições de conservação. Assim, a produção científica praticamente resumiu-se aos próprios trabalhos do presidente da instituição, sobre Geografia, Arqueologia e outros assuntos.

Em 1889, no final do período imperial, com a morte do naturalista o museu foi sub-utilizado,[1] e sem apoio governamental foi fechado em seguida.[1][8]

Dois anos depois, influenciados pela filosofia do Positivismo, os políticos republicanos Justo Chermont, José Veríssimo e Lauro Sodré reabriram o Museu Paraense, pois perceberam a importância que do local para a cultura da região.

Naturalista Emilio Goeldi

Em 1893, o governador Lauro Sodré contratou, da cidade do Rio de Janeiro, o naturalista suíço Emílio Goeldi (Émil August Goeldi, 1859-1917),[8] demitido do Museu Nacional por questões políticas após a Proclamação da República.[5]

O zoólogo assumiu a direção do Museu com a missão de transformá-lo em um grande centro de pesquisa sobre a região amazônida. Sua estrutura foi modificada para enquadrá-lo aos padrões dos museus de história, sendo contratada uma produtiva equipe de cientistas e técnicos. Em 1895, criava-se o zoológico e o horto botânico, mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer da população.[8]

Em 1896, começou a publicação do Boletim Científico. Grande parte da Amazônia foi visitada, realizando-se intensivas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas. Goeldi contratou o excelente pintor e profundo conhecedor do ambiente amazônico, Ernesto Lohse, que ilustrou o livro “Álbum de Aves Amazônicas” (Lohse viria a ser morto, durante a Revolução de 1930, à porta do Museu).[1]

Consolidação das fronteiras e do Museu

Na virada do século, o Brasil consolidava suas fronteiras e nessa ocasião, os limites entre Brasil e França, no norte do Pará, estavam sendo questionados por ambos os países. As pesquisas que o Museu Paraense iniciava na região, levantando dados sobre a geologia, a geografia, a fauna, a flora, a arqueologia e a população, foram decisivas para municiar a defesa dos interesses brasileiros, representados pelo Barão do Rio Branco. Em dezembro de 1900, com intermédio de laudo de Berna, na Suíça, sede do julgamento internacional, o Amapá foi definitivamente incorporado ao território do Brasil. Em homenagem a Emílio Goeldi, o governador Paes de Carvalho alterou a denominação do Museu Paraense, que passou a se chamar Museu Goeldi.[2]

Luta contra Febre Amarela

Desde 1850, a Febre Amarela causava muitas mortes em Belém e dentre suas vítimas, incluíram-se dois pesquisadores recém-chegados da Europa para trabalhar na Seção de Geologia do Museu Paraense. Emílio Goeldi decidiu, então, incorporar-se à luta contra a doença, procurando identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia, bem como o ciclo reprodutivo desses insetos. As pesquisas intensificaram-se a partir de 1902, quando Goeldi publicou, no Diário Oficial, um trabalho sobre profilaxia e combate à Febre Amarela, Malária e Filariose, antecedendo as recomendações que o médico Oswaldo Cruz faria quando esteve em Belém, em 1910.[5][7]

Reconhecimento internacional

Durante a gestão Goeldi, o Museu ganhou respeito internacional, sendo desenvolvidas pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas, agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas. O papel educacional do museu foi reforçado com o parque zoobotânico, publicações, conferências e exposições. Em 1907, após 13 anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente, para a Suíça, onde veio a falecer em 1917 e seu conterrâneo, o botânico Jacques Huber, assumiu a direção do Museu Goeldi, juntamente com o amigo marinheiro Nabor da Gama Junior.

Centro de referência

A Revolução de 1930[2] e o período posterior, marcado pela ditadura de Getúlio Vargas, foi o início da transformação pela qual o Estado brasileiro passaria e as velhas oligarquias agrárias estavam sendo substituídas por uma nova classe, representante do poder industrial. No Pará, o interventor Joaquim de Magalhães Barata nomeou o pernambucano Carlos Estevão de Oliveira para a direção do Museu Goeldi. De acordo com a ideologia do novo regime, caracterizada pelo populismo e pelo nacionalismo, foram recuperadas as dependências do Parque Zoobotânico (principal área de lazer da população) e alterou-se novamente o nome da instituição, para Museu Paraense Emílio Goeldi.[8]

A partir de 1931, através de investimentos regulares, o Parque Zoobotânico tornou-se reconhecido nacionalmente, chegando a abrigar 2.000 exemplares de animais vertebrados e centenas de espécies da região, muitas das quais raras ou pouco conhecidas. Esse reconhecimento foi possível graças à subvenção que o Governo Estadual impôs às prefeituras do interior, obrigando-as a remeter mensalmente animais e parte de sua arrecadação ao Museu Goeldi. Muitas espécies foram reproduzidas em cativeiro com sucesso, em especial répteis e peixes. Somente nos três primeiros anos de coletas sistemáticas, foram descritas cinco novas espécies de peixes, inclusive um gênero novo.

No início dos anos de 1950,[7] durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, o museu foi vinculado ao recém-criado Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), juntamente com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), instalado em Manaus. No dia 7 de dezembro de 1954, José Olympio da Fonseca, diretor do INPA, firmou com o governador do Pará, General Zacarias de Assunção, um Termo de Acordo pelo qual o Museu Goeldi seria administrado e recuperado pelo INPA, durante 20 anos. Com essa medida, o Museu Goeldi pôde, mesmo com dificuldades, intensificar suas pesquisas científicas.

Na década de 1970, a limitação do espaço do Parque Zoobotânico, impedia o crescimento do Museu Goeldi e esse foi o principal motivo para a instalação de um campus de pesquisa, na periferia da cidade, para onde viriam a ser transferidos os departamentos de pesquisa, biblioteca e administração e o campus de pesquisa já é o local principal da realização dos experimentos científicos e da guarda das coleções do museu. O Parque Zoobotânico permanece como uma mostra viva da natureza amazônica e ponto de referência para o programa de educação científica do Museu Goeldi.[2]

O museus possui um aquário com amostras de peixes ornamentais amazônicos e espécies de importância econômica para a região.

Bases

Arara-vermelha, uma das aves do museu

O Museu possui cinco bases físicas:[1]

  • Parque zoobotânico: é a mais antiga instituição brasileira do tipo,[4] instalada em 1895 em uma área de 5,2 ha, no centro urbano de Belém, onde encontram-se a Diretoria, as Coordenações de Administração e Museologia, a Assessoria de Comunicação Social e a Editora do Museu. O Parque é uma das principais áreas de lazer da população de Belém, recebendo mais de 400 mil visitantes anualmente, além de ser utilizado como instrumento de educação ambiental e científica, possuindo cerca de duas mil árvores nativas da região, como samaúma, acapu e cedro, e 600 animais, muitos deles ameaçados de extinção, como o peixe-boi, a arara-azul, o pirarucu e a onça pintada;
  • Aquário: com uma mostra de peixes e ambientes aquáticos amazônicos;
  • Exposição permanente: sobre a obra de Emílio Goeldi e as primeiras coleções formadas pelo naturalista;
  • Campus de Pesquisa: inaugurado em 1980, nas imediações da cidade, um Campus com 12 ha, para onde foram transferidas as coordenações científicas (Botânica, Zoologia, Ciências Humanas, Ciências da Terra e Ecologia), a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, o Arquivo Guilherme de La Penha, o Horto Botânico Jacques Huber e vários laboratórios institucionais.
  • Estação Científica Ferreira Penna (ECFP): a mais recente base física, inaugurada em 1993, em 33 mil ha da Floresta Nacional de Caxiuanã, município de Melgaço (400 km da capital Belém). A área foi cedida pelo IBAMA e a base foi construída com recursos da Overseas Development Administration (ODA), atual DFID/Reino Unido). A ECFP destina-se à execução de programas de pesquisa e ações de desenvolvimento comunitário nas diversas áreas do conhecimento (há aproximadamente 200 famílias vivendo no interior da floresta e arredores), possuindo excelente infra-estrutura para o desenvolvimento de pesquisas em ambientes de floresta primária, sendo muito visitada por cientistas de instituições nacionais e estrangeiras.[1] Uma base de apoio aos pesquisadores da Floresta Nacional de Caxiuanã.[8]

Coleção Etnográfica

Instrumentos musicais Ka’apor

O Museu possui uma Coleção Etnográfica denominado Curt Nimuendajú, tombado em 1938, contendo os instrumentos musicais dos indígenas Ka’apor, onde consta o maracá (MPEG, não tombado); o colar-apito (MPEG, objetos n. 858; 860; 10559; 10905); a flauta transversal de bambu (MPEG, 11354; 10580); o trompete ou a buzina de madeira (MPEG, 11360; 10567), e; o tambor Ka’apor (MPEG, 886).[11]

Patrimônio histórico

Imagem do Palácio Antônio Lemos, sede municipal de Belém.

O Palácio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), localizada no logradouro Avenida Nazaré.[9]

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 «é mais antiga instituição de pesquisas da região Amazônica». Site Educar para Crescer - Editora Abril. Consultado em 1 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 11 de maio de 2014 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 «Museu Paraense Emílio Goeldi». Site Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 1 de dezembro de 2014 
  3. Museu Paraense Emílio Goeldi abre concursos para 20 vagas, Portal G1, consultado em 12 de setembro de 2014 
  4. 4,0 4,1 «Museu Emílio Goeldi, primeiro parque parque zoobotânico do Brasil, completa 155 anos». G1 (em português). Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 «Parque Zoobotânico do MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi». sítio GIRAFAMANIA. Consultado em 1 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2014 
  6. «Museu Paraense Emílio Goeldi». Brasiliana. Centros e museus. Fundação Oswaldo Cruz - FioCruz. 1 de janeiro de 2001. Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  7. 7,0 7,1 7,2 «Diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi é reconduzido ao cargo». Portal Brasil - Site do Governo Federal. Consultado em 1 de dezembro de 2014 
  8. 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 8,6 8,7 8,8 «Museu Goeldi faz 140 anos». AGÊNCIA FAPESP (em português). Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  9. 9,0 9,1 9,2 «Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Belém (PA)». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN ). Consultado em 26 de janeiro de 2022 
  10. 10,0 10,1 «PPP do zoobotanicoapresenta-novo-conceito-de-integracao-social-e-educacao-ambiental». Governo do Estado do Piauí 
  11. CAMARINHA, Hugo Maximino (2020). «O tambor Ka'apor e o percutir de outros povos: estudo introdutório sobre o membranofone em contextos indígenas» (PDF). Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Consultado em 17 de dezembro de 2021. Resumo divulgativo 

Ligações externas

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