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Metonímia

Casa Branca é usada como metonímia para representar o governo dos Estados Unidos.

Metonímia (do grego μετωνυμία, transl. metonymía, 'além do nome' ou 'mudança do nome') é uma figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, dada a sua contiguidade (e não a similaridade) material ou conceitual com outra palavra. Trata-se de uma substituição lógica de um termo por outro, mantendo-se, todavia, uma proximidade entre o sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui.[1]

Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque existe, de fato, uma relação de contiguidade entre o sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui.

Muitos gramáticos consideram a sinédoque como uma variedade de metonímia[2] em que ora se toma a parte pelo todo, ora o todo pela parte.[3]

Alguns tipos de metonímia

Na relação metonímica ocorre substituição de:[4][5]

  • matéria por objeto → "Lavou os cristais da avó antes de usá-los no jantar " ('cristais' por 'copos de cristal')
  • parte pelo todo → "Enormes chaminés dominam os bairros operários" ('chaminés' por 'fábricas')
  • pessoa por coisa:
    • autor pela obra→ "Adorei ler Jorge Amado "(Leu o livro de Jorge Amado)
    • proprietário por propriedade → "Ele jantou no Andrade" (Andrade por 'no restaurante do Andrade')
    • morador pela morada → "Passei a tarde lá na tia Anita" (tia Anita por 'casa da tia Anita')
    • árbitro pelo bandeirinha → "o bandeirinha assinalou impedimento" (árbitro assistente por "bandeirinha")
  • continente pelo conteúdo → "Comeu toda a caixa de bombons" ('toda a caixa' por 'todos os bombons contidos na caixa')
  • consequência pela causa → "Respeite os meus cabelos brancos" ('meus cabelos brancos' por 'minha idade')
  • marca pelo produto
  • símbolo pela coisa simbolizada: "A coroa inglesa foi abalada por recentes escândalos" ('a coroa inglesa' pelo 'governo monárquico inglês').
  • singular pelo plural → "O brasileiro tenta a encontrar uma saída para suportar a crise" (o indivíduo pelo conjunto).
  • instrumento por quem o utiliza → ''Ele é um bom pincel'' ('pincel' por 'pintor) / ''Os microfones dão a notícia'' ('microfones' por 'repórteres)
  • País pelo governante - Hitler subjugou a maior parte da Europa antes de ser derrotado. (Hitler por Alemanha Nazista)

Outros exemplos

"Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser esse o nome do edifício do governo federal.

"Itamaraty" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por ser esse o nome do edifício do MRE.

"Casa Rosada" é a metonímia da presidência argentina por ser esse o nome do palácio presidencial.

"Hollywood" é usado como uma metonímia para a indústria do cinema dos Estados Unidos, por causa da fama e identidade cultural de Hollywood, um distrito da cidade de Los Angeles, Califórnia, com a concentração de estúdios de cinema.[6]

O Pentágono é metonímia do poder militar dos EUA, pois é a sede do Departamento de Defesa.

Um edifício que abriga a sede do governo ou a capital nacional é muitas vezes usado para representar o governo de um país, como "Westminster" (Parlamento do Reino Unido) ou "Washington" (governo dos Estados Unidos).[7]

Mirabel (cuja fabricação foi interrompida em 2001 e reiniciada em 2012) é usado como metonímia em alguns estados do Brasil para se referir ao wafer, um tipo de biscoito consumido como lanche.

Referências

  1. Dicionário Houaiss: "metonímia"
  2. Figuras de linguagem: Metonímia toma a parte pelo todo. Uol, 6 de outubro de 2005
  3. A metonímia e a sinédoque. Por Ricardo Sérgio. Recanto das Letras, 27 de agosto de 2006.
  4. Metonímia. Por Carmen Pimentel. Globo.com
  5. Metonímia. Por Paula Perin dos Santos. Infoescola.
  6. Gibbs, Jr., Raymond W. (1999). "Speaking and Thinking with Metyonymy", in Pattern and process: a Whiteheadina perspective on linguistics, ed. Klaus-Uwe Panther and Günter Radden (em inglês). Amsterdam: John Benjamins Publishing. p. 61–76. ISBN 9027223564. Consultado em 8 de outubro de 2013 
  7. Beard, Adrian (2000). The Language of Politics (em inglês). Londres: Routledge. p. 24. ISBN 978-0415201780. Consultado em 8 de outubro de 2013 

Ver também

Ligações externas

Wikcionário
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