Chama-se relato de memórias ao gênero de literatura em que o narrador conta fatos da sua vida. É tipicamente um gênero do modo narrativo, assim como a novela e o conto, porém essa classificação é predominantemente atribuída a histórias verídicas ou mesmo sim baseadas em fatos. Diferencia-se da biografia pois não se prende a contar a vida de alguém em particular, mas sim narrar as suas lembranças.[1]
Em se tratando da comunidade científica, é bastante comum os cientistas e pesquisadores comunicarem-se entre si por meio de cartas, ou mais recentemente, por meio de e-mails, nos quais o gênero predominante é a memória. Ou seja, quando, por exemplo, Charles Darwin escreveu a Hudson pedindo esclarecimentos sobre os hábitos do Molothrus, semelhante aos estorninhos; para o livro A Origem das espécies por meios da seleção natural, Charles Darwin; e quando este respondeu, respectivamente, àquele; ambos utilizam o gênero memória. Quando dois pesquisadores trocam informações sobre determinado experimento ou sobre os resultados obtidos em determinado procedimento, eles também utilizam esse gênero. Poderíamos reduzi-lo, então, ao ato de transcrever e comunicar algo que se passou e que, portanto, se lembra; daí, o gênero memória aplicado à finalidade científica. É importante lembrar que tal gênero abre espaço para a opinião de quem escreve em função do assunto tratado, de modo que os interlocutores desse gênero compartilham não apenas a informação fatídica, mas também constroem uma interpretação juntos. Seria uma maneira informal de os cientistas comunicarem-se, visto que esse gênero nem exige tanto rigor quanto um relatório, mas, porém, está calcado no raciocínio típico do método científico.
Brasil
No Brasil temos memorialistas de expressão. Os mais notáveis sãoː
- Joaquim Nabuco com Minha Formação;
- Rodrigo Octávio com Minhas Memórias dos Outros;
- Gilberto Amado com suas Memórias em cinco volumes (História de Minha Infância, Minha Formação no Recife, Viagem ao Rio e Primeira Viagem a Europa, Presença na Política e Depois da Política);
- João Neves da Fontoura com suas Memória em dois volumes (Nos tempos de Borges de Medeiros e A Aliança Liberal e a Revolução de 1930);
- Afonso Arinos de Melo Franco com suas Memórias em quatro volumes (Alma do Tempo, Escalada, Planalto, Alto Mar-Mar Alto), depois reunidos num único volume intitulado Alma do Tempo;
- Manuel Bandeira com Itinerário de Pasárgada;
- Paulo Duarte com suas Memórias em 10 volumes;
- Pedro Nava com sua obra memorialística em seis volumes (Baú de Ossos, Balão Cativo, Chão-de-Ferro, Beira-Mar, Galo-das-Trevas, O Círio Perfeito);
- Antonio Carlos Villaça com O Nariz do Morto.
Outro bom livro desse gênero textual, é As Curvas do Tempo, de Oscar Niemeyer.
Portugal
Em Portugal temos também memorialistas de relevo. Realçamos os seguintes:
- Fernão Mendes Pinto com Peregrinação;
- José Francisco Trindade Coelho com In Illo Tempore;
- Jaime Cortesão com Memórias da Grande Guerra;
- Raul Brandão com Memórias - III volumes;
- Miguel Torga com Diário - XVI volumes;
- Vergílio Ferreira com Conta Corrente - IX volumes; Pensar; Escrever
- José Saramago com Cadernos de Lanzarote; As Pequenas Memórias; Último Caderno de Lanzarote
Referências
- ↑ Ledoux, Denis (2006). Turning Memories Into Memoirs: A Handbook for Writing Lifestories (em English). [S.l.]: Soleil Press. ISBN 9780974277349