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Estrada romana

Rua de Pompeia, antiga cidade romana destruída pelo Vesúvio, após ser recuperada nas escavações

As estradas romanas (em latim: viae; singular: via) eram uma infraestrutura física vital para a manutenção e desenvolvimento do Estado romano e foram construídas a partir de cerca de 300 a.C., através da expansão e consolidação da República Romana e do Império Romano.[1] Elas forneceram meios eficientes para o movimento terrestre dos exércitos, de funcionários do governo e de civis, além de comunicações oficiais e bens de comércio.[2]

As estradas romanas eram de vários tipos, que vão desde pequenas estradas locais a estradas amplas e de longa distância, construídas para conectar cidades, grandes cidades e bases militares. Estas estradas principais eram muitas vezes de calçada, curvadas para a drenagem e eram ladeadas por caminhos pedonais, percursos e valas de drenagem. Elas eram colocadas ao longo de trajetos pesquisados ​​com precisão e algumas transpassavam montes ou atravessavam rios e desfiladeiros sobre pontes. Alguns trechos poderiam passar por terreno pantanoso por meio de bases sorteadas ou empilhadas.[3][4]

No auge do desenvolvimento de Roma, não menos do que 29 grandes estradas militares irradiavam a partir da capital e 113 províncias do final do Império estavam interligadas por 372 grandes estradas.[3][5] O conjunto composto por mais de 400 mil quilômetros de estradas, dos quais mais de 80 500 km eram calçados.[6][7] Só na Gália, não menos que 21 mil km de estradas foram ampliados e 4 mil km foram melhorados na Grã-Bretanha.[3] Os trajetos (e às vezes as estruturas) de muitas estradas romanas sobreviveram por milênios. Algumas foram cobertas por rodovias modernas.

História

Estrada romana de Setúbal

As primeiras vias romanas: um equipamento estratégico

Até 400 a.C., os romanos utilizavam caminhos de terra para deslocar-se da sua capital às cidades vizinhas. O ataque gaulês de Breno, em 390 a.C., que se revelou desastroso para os romanos, mostrou a ineficácia do sistema defensivo de Roma, devido principalmente à lentidão de movimentação das tropas sobre o que eram apenas caminhos pouco aptos para se mover. A necessidade de melhor defesa, junto com a vontade de expansão e de hegemonia sobre a Itália, levou a República Romana, ainda frágil e ameaçada, a pôr em questão estruturas escassamente adaptadas a esses desejos. eram precisas rotas sólidas. Estes eixos permitiriam uma circulação mais rápida e segura, mas sobretudo facilitariam a mobilidade das tropas.

A primeira via foi criada em 312 a.C., por Ápio Cláudio Cego, para unir Roma e a cidade de Cápua: foi a denominada Via Ápia. Em finais da República, o conjunto do território da península Itálica estava dotado com grandes artérias, ostentando cada rota o nome do censor que a criara. Estas vias não estavam pavimentadas salvo excepcionalmente: no interior das cidades e nas suas proximidades (excepto a Via Ápia, que fora progressivamente lajeada em todo o seu percurso).

A expansão da rede viária: um equipamento comercial

À medida que se expandiu o Império, a administração adaptou o mesmo esquema nas novas províncias. No seu apogeu, a rede viária romana principal atingiu, tendo em conta vias secundárias de menor qualidade, cerca de 150 000 quilômetros. Os comerciantes romanos viram logo o interesse desses eixos viários. Distintamente de outras civilizações mediterrânicas que fundaram o seu desenvolvimento comercial quase unicamente a partir dos seus portos, os romanos utilizaram a sua rede de estradas em paralelo com a sua frota comercial. Isto favoreceu os intercâmbios no interior continental, provocando uma expansão mercantil fulgurante. Regiões inteiras especializaram-se e comerciaram entre si (vinhos e azeite na Hispânia, cereais na Numídia, cerâmicas e carnes na Gália, por exemplo). Note-se que extensão e funcionalidade desta rede de estradas perdurou muito para lá do fim do império, seja com muitas estradas actuais seguindo o traçado romano ou até em ditados populares como " quem tem boca vai a Roma" ou "todos os caminhos vão dar a Roma".

Construção

Esquema da construção

Os romanos notabilizaram-se acima de tudo como grandes engenheiros preocupados com as condições de vida, construindo sofisticadas infraestruturas como canalizações, aquedutos e as estradas. Estas obras estenderam-se por todo o Império, e grande parte do seu sucesso e divulgação deveu-se à extensa rede viária.

Apesar de não oferecer o conforto do asfalto dos dias de hoje, pois as rochas de basalto não proporcionavam grande continuidade e suavidade ao terreno, a verdade é que essas rochas encontram-se ainda bem fixadas nos percursos, 2000 anos depois. Isto deve-se, provavelmente, à técnica de preparação do terreno, em que eram colocadas várias camadas de materiais para assegurar a sua estabilidade e, só no final, o revestimento, com as rochas.

A nomenclatura das estradas explica-se de três formas distintas:

Marcos miliários

Miliário da Via XIX em Valença do Minho, milha XLII.

Os miliários (do latim: miliarium, a partir de milia passuum, "mil passos") São colunas de base retangular e de altura variável, rondando, em média, os dois metros de altura e uns 40 centímetros de diâmetro, pesando até duas toneladas. Eram marcos colocados ao longo das estradas do Império Romano, para indicar as distâncias, normalmente contadas em milhas romanas com cerca de 1480 metros. No fuste estava gravado, ou pintado, informações praticas como o número de milhas desde do ponto de partida, a capita viarum, que ficava em principio no centro (Fórum) da cidade mais importante dos dois extremos, e a indicação dum eventual limite geográfico determinado, bem como outras informações de carácter político, como a denominação do imperador e os seus títulos, as suas grandes vitórias, e enfim em algumas vezes, informações sobre trabalhos viários feito a mando do Imperador, com o nome dos responsáveis pela construção ou manutenção da estrada. Como exemplo a seguinte inscrição do miliário do ano 43 d.C. de Valença do Minho:

Ti CLAUDIUS, CAESAR, AUG. / GERMANICUS PONTIFEX / MAX. IMP.V. COS. III TRIB. / POTEST III P.P BRACA XLII
 
de tradução "O imperador Tibério Cláudio, césar augusto, máximo pontífice germânico, cinco vezes imperador, cônsul três, e três do poder tribunício, pai da pátria. Daqui a Bracara (Braga) 42 milhas".

Dos 10 000 miliários conservados ou registados cerca de 400 estão em território português na sua grande maioria nas vias a norte do Douro.[8] Atualmente, são os miliários que permitem aos arqueólogos e historiadores estimar os trajetos das antigas estradas romanas, pelo que se tornavam valiosos documentos. As suas inscrições foram compiladas no volume XVII do Corpus Inscriptionum Latinarum.

Lista de estradas consulares

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Itália

Nota: Os nomes destas estradas (ainda activas) derivam dos nomes dos magistrados (normalmente um censor, embora pudesse ser um cônsul, como no caso das vias Flamínia e Emília) que ordenaram a sua construção.

Estradas transalpinas que partem da Itália

França

Espanha e Portugal

Portugal

Espanha

Grécia

Reino Unido

Suíça

Ver também

Referências

  1. Forbes, Robert James (1993). Studies in ancient technology, Volume 2. [S.l.]: Brill. p. 146. ISBN 978-90-04-00622-5 
  2. Kaszynski, William. The American Highway: The History and Culture of Roads in the United States. Jefferson, N.C.: McFarland, 2000. Page 9
  3. 3,0 3,1 3,2 Bailey, L. H., and Wilhelm Miller. Cyclopedia of American Horticulture, Comprising Suggestions for Cultivation of Horticultural Plants, Descriptions of the Species of Fruits, Vegetables, Flowers, and Ornamental Plants Sold in the United States and Canada, Together with Geographical and Biographical Sketches. New York [etc.]: The Macmillan Co, 1900. Page 320.
  4. Corbishley, Mike: "The Roman World", page 50. Warwick Press, 1986.
  5. Duducu, Jem (2015). The Romans in 100 Facts. GL5 4EP UK: Amberley Publishing. ISBN 9781445649702 
  6. Gabriel, Richard A. The Great Armies of Antiquity. Westport, Conn: Praeger, 2002. Page 9.
  7. Michael Grant, History of Rome (New York: Charles Scribner, 1978), 264.
  8. Mantas, Vasco Gil (2012). Impresa da Universidade de Coimbra, ed. «Os miliários como fontes históricas e arqueológicas.». CECH/FCT. Humanitas. LXIV. Consultado em 6 de dezembro de 2021 

Ligações externas

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