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Música psicadélica

Predefinição:Info/Gênero musical

A música psicadélica (português europeu) ou música psicodélica (português brasileiro) (às vezes chamada de psicodelia)[1] é uma ampla gama de estilos e gêneros musicais populares influenciados pela psicodelia dos anos 1960, uma subcultura de pessoas que usavam drogas psicadélicas como LSD, cogumelos psilocibinos, mescalina e DMT para experimentar alucinações visuais e auditivas, sinestesia e estados alterados de consciência. A música psicadélica também pode ter como objetivo aprimorar a experiência de uso dessas drogas.

A música psicadélica surgiu durante a década de 1960 entre bandas de folk e rock nos Estados Unidos e no Reino Unido, criando os subgêneros de folk psicodélico, rock psicodélico, acid rock e pop psicodélico antes de declinar no início dos anos 1970. Numerosos sucessores espirituais se seguiram nas décadas seguintes, incluindo rock progressivo, krautrock e heavy metal. Desde a década de 1970, os revivals incluíram funk psicodélico, neopsicodelia e stoner rock, bem como gêneros de música eletrônica psicadélica, como acid house, trance e new rave.

História

Nos anos 60

O estilo surgiu em 1965, em Cambridge, Inglaterra com a banda inglesa Pink Floyd, e mais especificamente a música do líder do Floyd Syd Barrett, o grupo passou a se apresentar em locais pequenos e era a banda preferida do underground britânico. o primeiro single do Pink Floyd, Arnold Layne era a história de um travesti que roubava roupas íntimas, um tema diferente para o mainstream, a Radio London considerou a música muito distante do "normal" para seus ouvintes. O segundo See Emily Play era a história de uma jovem antiaristocrática, a música atingiu o top 10 e definiu um novo estilo psicodélico que ampliava a mente com temas geralmente retirados de contos de fadas, astronomia e fantasia, e era o rock flertando com a extravagância, excentricidade e loucura, as letras eram unidas a melodias complexas e instrumentais diferentes com vários efeitos e instrumentos incomuns. No entanto a Inglaterra demorou muito a aceitar o novo estilo.

Logo o rock psicodélico se espalhou de São Francisco para o resto dos Estados Unidos. A banda The 13th Floor Elevators, de Austin, Texas, passou a fazer uma variante mais sombria e pesada do rock psicodélico, o acid rock. Na costa leste dos Estados Unidos o Velvet Underground simbolizava uma versão mais descontraída e niilista do movimento, aderindo às técnicas sonoras mas se distanciando da cultura hippie.[2] Os The Byrds também contribuíram para o movimento com "Eight miles high" uma música com harmonias vocais ímpares e longos solos de guitarra de Roger McGuinn que diz ter sido inspirado por raga e John Coltrane. Este estilo chegou também à Soul Music, com o nome de "psychedelic soul", produzindo êxitos como, "Ball of confusion" e "Psychedelic shack" dos The Temptations e "Reflections" por The Supremes, tendo acabado por aí.

Na Inglaterra, apesar da "revolução psicodélica" ter ocorrido mais tarde, o impacto não foi menor. Músicos consagrados como Beatles, The Animals e The Who produziram um grande número de músicas psicodélicas. No caso dos Beatles, é particularmente o caso de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que incluía a faixa "Lucy in the sky with diamonds'' que teria as iniciais "LSD", embora John Lennon, o autor sempre dissesse tratar-se de uma coincidência e que o nome da música era baseado num desenho feito pelo seu filho. Rubber Soul, Revolver, Magical Mystery Tour e Yellow Submarine foram outros álbuns da banda de Liverpool que incluíam músicas psicodélicas. Os Animals, que nesse época possuíam apenas um dos integrantes originais e não detinham mais tanto sucesso, porém, conseguiram emplacar hits como: Sky Pilot, Monterey e San Franciscan Nights.

A música dos Beach Boys tornou-se mais psicodélica devido ao aumento do uso de drogas por parte de Brian Wilson, compositor, produtor e orquestrador do grupo. Álbuns como Pet Sounds, Smile de Wilson, nunca editado, o Smiley Smile e Wild Honey mostram essa crescente experiência.

A música do Cream é também representativa do movimento psicodélico na Inglaterra. A Joe Meek, produtor independente, é atribuída a invenção do phasing sound, notavelmente mostrado pela primeira vez no êxito da banda Status Quo intitulado "Pictures of Matchstick Men" mas também ouvido em "See Emily Play", "The Lemon Pipers" e "Green Tambourines" do Pink Floyd, em "Silver Machine" do Hawkwind, "I Can See for Miles" e "Pictures of Lily" do the Who, em "Strawberry Fields Forever" dos Beatles.

Um bom número de bandas que foram pioneiras nesse gênero, abandonaram o estilo no fim da década de 60. Um ambiente político hostil e a entrega do underground às anfetaminas, à heroína e à cocaína, levaram a que a música se tornasse cada vez mais pesada. Ao mesmo tempo, Bob Dylan editava "John Wesley Harding" e The Band, "Music from Big Pink", álbuns que se voltaram para as raízes, o que foi seguido por muitas bandas dos dois lados do Atlântico, tendo inclusivamente Eric Clapton citado "Music from Big Pink" como sendo a primeira razão para ter abandonado o Cream.

Os músicos e bandas que continuaram com a psicodelia tornaram-se os criadores do rock progressivo nos anos 70, que mantendo o gosto pelos sons estranhos e longos solos, adicionaram influências do jazz e da música clássica à nova mistura. O Yes é um exemplo dessas bandas, que se formou a partir de três grupos de rock psicodélico, os "Syn" donde saiu Chris Squire, "Tomorrow", de onde saiu Steve Howe e "Mabel Greer's Toy Shop" de onde veio Jon Anderson. O King Crimson também apresenta elementos psicodélicos, mas o Gong é o maior representante da psicodelia no rock progressivo, principalmente em seus discos iniciais - a trilogia "radio gnome invisible" é o maior exemplo.

O Pink Floyd e o Velvet Underground são considerados os precursores da música psicodélica, pois usavam letras excêntricas e arranjos experimentais muito antes do outros; no entanto, a música é apresentada mundialmente pelos Beatles com seu Sgt Pepper's, por isso sempre ocorre o engano de apresentar os Beatles como os iniciantes desse estilo de música.

Funk, soul e hip hop

Ver artigos principais: Funk psicodélico e Soul psicodélico

Após o trabalho de Jimi Hendrix no final dos anos 1960, a psicodelia começou a ter um impacto generalizado nos músicos afro-americanos.[3] Artistas de funk negro como Sly & the Family Stone emprestaram técnicas do rock psicodélico, incluindo pedais wah, distorções fuzz, câmaras de eco e distorcedores vocais, bem como elementos de blues rock e jazz.[4] Nos anos seguintes, grupos como o Parliament-Funkadelic continuaram com essa sensibilidade, empregando sintetizadores e trabalho de guitarra voltado para o rock em jams de funk abertos. O produtor Norman Whitfield utilizaria esse som em gravações populares da Motown, como "Cloud Nine" dos Temptations (1968) e "I Heard It Through the Grapevine" (1969) de Marvin Gaye.[5]

Influenciado pelo movimento dos direitos civis, o soul psicodélico tinha um lado mais sombrio e político do que muito rock psicodélico.[3] Com base no som funk de James Brown, foi criado por Sly & the Family Stone com canções como "Dance to the Music" (1968), "Everyday People" (1968) e "I Want to Take You Higher" (1969) e The Temptations com "Cloud Nine", "Runaway Child, Running Wild" (1969) e "Psychedelic Shack" (1969).[6]

O hip hop psicodélico surgiu no final dos anos 1980, quando os rappers começaram a experimentar grooves mais suaves, com o álbum de estreia de De La Soul, 3 Feet High and Rising (1989).[7]

Fusão com a música eletrônica

Ver artigo principal: Goa Trance

Bandas mais recentes

Os Phish, formados no início da década de 80, tocavam música psicadélica com forte influência de jazz com grande destreza técnica utilizavam melodias elaboradas e complexos arranjos rítmicos. A meio dos anos 80 os Paisley Underground fizeram um tribute ao Byrds incorporando o psicadélico em ritmos folk. Os The Bangles foram o grupo de maior sucesso a emergir deste movimento, juntamente com os Green on Red e os Dream Syndicate.

Mais recentemente o grupo Kula Shaker mesclaram música índia/indiana e britpop a influências psicadélicas no seu álbum "Peasants, Pigs and Astronauts". Banda como os Ozric Tentacles e os Gorky’s Zygotic Mynci continuam a tocar música psicadélica numa tradição que remonta aos anos 60 via Steve Hillage, Gong e seus projectos paralelos.

Bandas como os Anomie e My Bloody Valentine são exemplos da psicadelia de garagem, citando os Pink Floyd e os Hawkwind como as suas influências musicais. Algumas bandas de música electrónica ou influenciada por esta e agora chamada de "música ambiente" ou trance, seriam bandas psicadélicas entre 1966 e 1990, tais como, Aphex Twin ou Orbital. Kyuss e seus sucessores também carregaram , embora enfatizando mais as batidas eletrônicas do que o "clima do rock psicadélico em si", a bandeira do psicadélico até aos nossos dias. Os Smashing Pumpkins fundiram o rock psicadélico com o heavy metal tornando-se numa banda de sucesso the rock alternativo nos anos 90. Formando-se a partir do noise underground japonês os Acid Mother Temple misturaram de Blue Cheer e o psicadelismo de Grateful Dead.

Wellwater Conspiracy, banda do baterista Matt Cameron (Temple of the Dog, Soundgarden e Pearl Jam), é uma das bandas que têm bastante influência do rock psicodélico, usado junto com garage rock e rock alternativo.

Referências

  1. Heylin, Clinton (2007). The act you've known for all these years : the life, and afterlife, of Sgt. Pepper. Edinburgh: Canongate. p. 85. OCLC 85691776 
  2. «Psychedelic Rock na Enciclopédia Britânica» (em Inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 24 de Julho de 2011 
  3. 3,0 3,1 "Psychedelic soul"
  4. Scott, Derek B. (2009). Dayton Street Funk: The Layering of Musical Identities. The Ashgate Research Companion to Popular Musicology. [S.l.: s.n.] p. 275. ISBN 9780754664765 
  5. Edmondson, Jacqueline (2013). Music in American Life: An Encyclopedia of the Songs, Styles, Stars, and Stories that Shaped our Culture [4 volumes]: An Encyclopedia of the Songs, Styles, Stars, and Stories That Shaped Our Culture. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 474 
  6. G. Case, Out of Our Heads: Rock 'n' Roll Before the Drugs Wore Off (Milwaukie, MI: Hal Leonard Corporation, 2010), ISBN 0-87930-967-9, pp. 70–1.
  7. J. DeRogatis, Turn On Your Mind: Four Decades of Great Psychedelic Rock (Milwaukie, Michigan: Hal Leonard, 2003), ISBN 0-634-05548-8, pp. 409–15.

Predefinição:Rodapé-Rock Predefinição:Contracultura da década de 1960

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