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João Marcelino de Mesquita Pimentel

João Marcelino de Mesquita Pimentel

João Marcelino de Mesquita Pimentel (Angra, 3 de agosto de 1830Lisboa, 28 de dezembro de 1902) foi um industrial, intelectual e escritor açoriano.[1] Foi pai do escritor Alfredo de Mesquita (1871—1933).[2][3]

Biografia

Foi um rico proprietário e industrial. Herdou o solar da Rua de Jesus, dito solar dos Carvalhais, que seu avô havia comprado, um dos mais notáveis edifícios barrocos de Angra. Dedicou-se ao ensino, fundado em parte da sua casa o Colégio de São João, para o qual escreveu umas noções elementares de desenho (1857) e fundou o jornal literário Gabinete de Estudos (1876).[1]

Homem empreendedor, dedicou-se a múltiplos negócios. Como industrial, fundou uma fábrica de sabões, cujos produtos foram premiados na Exposição Açoriana de 1851, e mais tarde na Exposição Mundial de Viena de 1873 (a Weltausstellung 1873 Wien), e uma litografia, mas foi sobretudo como industrial de tabaco que se notabilizou. Aproveitou o fim do monopólio do contrato de tabaco[4] para iniciar o cultivo daquela planta na Terceira e para fundar uma fábrica, a Nicotina Angrense, com alvará de 19 de novembro de 1860, que instalou nos baixos da sua casa da rua de Jesus. Em 1866 anunciava nos jornais que já manipulava e vendia tabacos nacionais e estrangeiros.[1]

Nos finais anos de 1870, com a morte de uma filha (1877) e possivelmente com dificuldades nos negócios, abandonou a ilha Terceira com destino a Lisboa, vendendo as fábricas e o recheio da casa. Contudo, esteve pouco tempo naquela cidade, já que partiu para a África Oriental Portuguesa, decidindo fixar-se em Lourenço Marques, onde a partir de 1882 foi guarda-livros do Banco Nacional Ultramarino. Em 1889 fixou-se na ilha de Moçambique, onde foi gerente da agência daquele banco. Durante a sua permanência em Lourenço Marques ficou ligado, através da sua amizade e colaboração com o director das Obras Públicas de Moçambique, major Joaquim José Machado, à modernização daquela cidade, como atesta uma notícia publicada no Boletim Oficial de Moçambique.[1]

Regressado a Lisboa acabou por vender na Terceira o Solar da Rua de Jesus, pouco tempo antes de morrer. Foi pai do escritor Alfredo de Mesquita (1871-1933).

Obras editadas

Alguns dos seus trabalhos poéticos foram publicados em jornais dos Açores. Deixou publicadas algumas monografia e artigos diversos:

  • Noções elementares de desenho, compilados por (...) para uso dos seus discípulos. Angra, Typ. de M. J. P. Leal, 1857.
  • Guia do cultivador de tabaco nos Açores. Angra, Typ. de M. J. P. Leal, 1865.
  • «Notícia de vários ensaios agrícolas n'esta localidade por (...) durante os anos de 1883 a 1886» in Boletim Oficial de Moçambique, Lourenço Marques, 14 de Abril de 1887: 164-166.
  • Manuscritos para as escolas.

Relações familiares

Casou com a poetisa D. Maria Guilhermina de Bettencourt, de quem teve uma filha.

  1. Maria Madalena de Mesquita Pimentel, casada com João Pereira Barros.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 "João Marcelino de Mesquita Pimentel" na Enciclopédia Açoriana.
  2. Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira. Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903.
  3. Forjaz, J. e Mendes, A. (2007), Genealogias da Ilha Terceira. Lisboa, Dislivro, VI: 131-132.
  4. Santos, R. E. (1974), «Os tabacos. Sua influência na vida da nação». Lisboa, Seara Nova, I: 98, 192; II: 269.

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