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Ianomâmis

Disambig grey.svg Nota: se procura pela família linguística constituída pelas línguas yanam, yanomam, yanomamo e sanumá, veja família linguística ianomâmi.
Disambig grey.svg Nota: se procura pela língua falada pelo subgrupo yanomam, veja Língua ianomam.

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Ianomâmis
Yanomami Woman & Child.jpg
Mulher ianomâmi e seu filho, junho de 1997
População total

16 000 - 35 000[1][2][2][3]

Regiões com população significativa
Amazonas e Roraima, no Brasil
Bolívar e Amazonas, na Venezuela
Línguas
família linguística ianomâmi
Religiões

Os ianomâmis,[2] Yanomâmi, Yanoama, Yanomâni ou Ianomâmi,[4] são um grupo de aproximadamente 35.000 indígenas que vivem em cerca de 200 a 250 aldeias na floresta amazônica, na fronteira entre Venezuela e Brasil. Compõe-se de quatro subgrupos: Yanomae, Yanõmami, Sanima e Ninam. Cada subgrupo fala uma língua própria: juntas, elas compõem a família linguística ianomâmi.[5] A etnia Ianomâmi é a sétima maior etnia indígena brasileira, com 15 mil pessoas distribuídas em 255 aldeias relacionadas entre si em maior ou menor grau. A noroeste de Roraima, estão situadas 197 aldeias que somam 9 506 pessoas e, a norte do Amazonas, estão situadas 58 aldeias que somam 6 510 pessoas.

Etimologia

"Yanomâmi" é uma palavra criada pelos antropólogos a partir da expressão ianomâmi yanõmami thëpë, que significa ser humano, por oposição a yaro (animal de caça), yai (ser invisível ou sem nome) e napë (inimigo, estrangeiro, branco, não yanomâmi).[5]

Indígena ianomâmi

Localização

No Brasil, as aldeias Yanomâmi ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9 419 108 hectares, pouco mais de 2 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro: a Terra Indígena Yanomami. Na Venezuela, os ianomâmis ocupam a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, com 8,2 milhões de hectares.[6] A área total ocupada pelos ianomâmis no Brasil e na Venezuela é de 192 000 quilômetros quadrados. Abrange a região entre as bacias dos rios Orinoco e Amazonas.[7]

Em sua maior parte, o território está coberto por densa floresta tropical úmida. O território é bastante acidentado, principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraíma, onde se tem a maior concentração da população Yanomâmi no Brasil. Os solos são, em sua grande maioria, extremamente pobres e inadequados à agricultura intensiva. O Pico da Neblina, o ponto culminante do Brasil, está localizado dentro da Terra Indígena Ianomâmi e do Parque Nacional do Pico da Neblina, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Sociedade

As aldeias, que podem ser constituídas por uma ou várias casas (malocas), mantêm, entre si, vários níveis de comunicação, desenvolvendo-se relações econômicas, matrimoniais, rituais ou de rivalidade. As suas malocas são casas comunitárias circulares chamadas yano ou shabono que podem acomodar até 4.000 pessoas. As áreas centrais das casas são o espaço para festas e rituais. Os homens se ocupam principalmente da caça, enquanto as mulheres se dedicam à agricultura (banana, milho, mandioca, batata, frutas, tabaco, algodão)[8] e à coleta de castanhas, larvas, mariscos e mel. A pesca é exercida tanto pelos homens como pelas mulheres. Não existem chefes nas aldeias ianomâmis: todas as decisões são tomadas por consenso.[6]

Religião

A religião ianomâmi baseia-se na visão pelos pajés de espíritos chamados xapiripë, através da ingestão de um rapé alucinógeno chamado yakoana ou yãkõana (Virola sp.).[9] Festas também costumam ser celebradas para marcar acontecimentos como a coleta da pupunha e os funerais (festa do reahu).[6]

História

Por volta do ano 1000, os ancestrais dos atuais yanomâmis ocuparam as cabeceiras do rio Orinoco e a serra Parima. Por volta de 1300, começou o processo de diferenciação das atuais quatro línguas da família ianomâmi. Até o fim do século XIX, os ianomâmis só mantinham contato com os grupos indígenas vizinhos. A partir do início do século XX, começaram a entrar em contato com não indígenas: extrativistas, missionários, soldados, funcionários do Serviço de Proteção ao Índio etc.[10]

Ameaças: rodovia, garimpo, doenças, violência

A década de 1970 foi marcada por grandes projetos do governo do Brasil que tiveram grande impacto sobre os ianomâmis: a construção da rodovia BR-210, programas de colonização pública e o projeto Radambrasil, que detectou importantes jazidas minerais no território ianomâmi.

A descoberta dessas jazidas levou a uma grande invasão garimpeira no período de 1987 a 1992, atraída pelas reservas de ouro, cassiterita e tantalita, com a ocorrência estimada de 1 500 a 1800 mortes entre a população ianomâmi, em função de doenças e de atos de violência causados por 45 mil garimpeiros que invadiram suas terras. Visando a proteger a população ianomâmi dos garimpeiros, em 25 de maio de 1992, a terra indígena ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor.[11][12][13] Mas, em julho de 1993, garimpeiros invadiram uma aldeia ianomâmi e assassinaram a tiros e golpes de facão 16 indígenas, entre eles idosos, mulheres e crianças. O episódio ficou conhecido como o Massacre de Haximu e foi o primeiro caso julgado pela Justiça brasileira no qual os réus foram condenados por genocídio.[13]

Jovem mulher ianomâmi confeccionando uma cesta na maloca (junho de 1999)

Em 2004, os ianomâmis brasileiros fundaram a associação Hutukara (termo que significa "a parte do céu do qual nasceu a terra") para defender seus direitos. Em 2011, foi a vez de os ianomâmis venezuelanos criarem sua própria associação, a Horonami.[6][14]

Em novembro de 2014, a pedido da Hutukara Associação Yanomâmi (HAY) e da Associação do Povo Ye’kwana do Brasil (Apyb), uma equipe de pesquisadores visitou 19 aldeias e coletou 239 amostras de cabelo dos indígenas, priorizando os grupos mais vulneráveis à contaminação por mercúrio: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram coletadas 35 amostras de peixes, que são a base da alimentação desse grupos. O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias ianomâmi e Ye’kwana. Na comunidade ianomâmi de Aracaçá, na região de Waikás, 92% do total das amostras apresentaram alto índice de contaminação. Essa comunidade, entre todas as pesquisadas, é a que tem o garimpo mais próximo. Na região do Papiú, onde foram registrados os menores índices de contaminação — 6,7% das amostras analisadas — , há menor presença de garimpeiros.

Ver também

Referências

  1. Survival. Os Yanomami. Acesso em 20 de dezembro de 2015.
  2. 2,0 2,1 2,2 Dicionário Escolar da Língua Portuguesa/Academia Brasileira de Letras. 2ª edição. São Paulo. Companhia Editora Nacional. 2008. 676.
  3. Britannica escola. Disponível em http://escola.britannica.com.br/article/483290/ianom%C3%A2mi. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  4. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami. Acesso em 20 de dezembro de 2015.
  5. 5,0 5,1 Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/570. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  6. 6,0 6,1 6,2 6,3 Survival. Disponível em http://www.survivalinternational.org/povos/yanomami. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  7. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/569. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  8. Britannica Escola. Disponível em http://escola.britannica.com.br/article/483290/ianom%C3%A2mi. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  9. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/582. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  10. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/573. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  11. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/575. Acesso em 21 de dezembro de 2015.
  12. MACMILLAN, G. At the End of the Rainbow? Gold, People, and Land in the Brazilian Amazon. New York : Columbia University Press, 1995.
  13. 13,0 13,1 O povo ianomâmi está contaminado por mercúrio do garimpo. Instituto Socioambiental
  14. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/572. Acesso em 21 de dezembro de 2015.

Bibliografia

Filmografia

Ligações externas

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