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Hjalmar Schacht | |
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Ministro da Economia do Reich | |
Período | 17 de março de 1933 - 20 de janeiro de 1939 |
Presidente | Adolf Hitler (Führer) |
Antecessor(a) | Kurt Schmitt |
Sucessor(a) | Hermann Göring |
Presidente do Reichsbank | |
Período | 12 de novembro de 1923 - 7 de março de 1930 |
Antecessor(a) | Rudolf Havenstein |
Sucessor(a) | Hans Luther |
Período | 17 de março de 1933 - 20 de janeiro de 1939 |
Antecessor(a) | Hans Luther |
Sucessor(a) | Walther Funk |
Dados pessoais | |
Nascimento | 22 de janeiro de 1877[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Tinglev, Império Alemão |
Morte | 4 de junho de 1970 (93 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] Munique, Alemanha Ocidental |
Nacionalidade | alemão |
Alma mater | Universidade de Quiel Universidade de Munique Gelehrtenschule des Johanneums Universidade de Paris Universidade Humboldt de Berlim Universidade de Leipzig |
Prêmio(s) | Crachá Dourado do Partido Nazi |
Religião | Luteranismo |
Ocupação | Economista, Banqueiro |
Assinatura |
Hjalmar Horace Greeley Schacht (Tinglev, 22 de janeiro de 1877 — Munique, 4 de junho de 1970) foi um político e banqueiro alemão.
Nasceu em Tinglev, Nordschleswig, antiga província da Prússia e atual região da Jutlândia do Sul, Dinamarca, em 22 de janeiro de 1877. Filho de William Leonhard Ludwig Maximillian Schacht e da baronesa dinamarquesa Constanze Justine Sophie von Eggers.
O seu nome é uma homenagem ao político liberal norte-americano, Horace Greeley, fundador do jornal Tribute, conhecido hoje como New York Herald Tribune.
Foi um banqueiro alemão, economista responsável pelo fim do processo de hiperinflação alemã em 1923, presidente do Banco Central Alemão e Ministro da Economia do III Reich (1934-1937), tendo conseguido nessa sua gestão acabar com o desemprego na Alemanha sem provocar inflação, adotando as políticas de déficit público que 3 anos mais tarde seriam teorizadas por Keynes em sua obra magna Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936). [1] [2]
Vida
Em 1883, Schacht e sua família foram morar em Hamburgo. Os problemas enfrentados pela família eram enormes. Schacht relata que "chegaram a Hamburgo pela porta dos fundos, e este foi um dos momentos mais difíceis de sua vida". Ao terminar seu ensino primário, foi admitido no colégio Johanneum, fundado em 1529 no auge do humanismo alemão por Johannes Bugenhagen, famoso em toda a Alemanha.
Apesar de todo o seu esforço, em um exame geral de 1886, sua nota em cálculo não era digna de quem viria a se tornar posteriormente mestre das finanças. A justificativa, nas palavras de Schacht, era que "um diretor de banco não é um contador, e que no dia-a-dia de um economista o importante é o domínio de outras artes, como psicologia, conhecimento econômico, bom senso, capacidade de decisão, mas sobretudo conhecimento sobre o crédito".[3]
Schacht se formou em economia em 1899 pela Universidade de Kiel, com um trabalho de doutoramento sobre o mercantilismo inglês. Durante o período acadêmico trabalhou como voluntário no jornal Kleines Journal, de Kiel, onde realizava críticas teatrais. Após a conclusão dos estudos, ingressou na Associação de Contratos Comerciais, trabalhando ao lado de personalidades como Georg von Siemens, fundador e primeiro diretor do Deutsche Bank.
Em 1903, Schacht passou a fazer parte do Dresdner Bank, onde iniciou a sua fantástica carreira no meio financeiro e econômico. Em uma viagem de negócios em 1905, Schacht se encontrou com o famoso banqueiro J. P. Morgan, assim como com o presidente americano Theodore Roosevelt.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi encarregado da administração econômica da Bélgica ocupada. Em 1915 passou a trabalhar para o Nationalbank, permanecendo até 1923, quando ocorreu a fusão com o Darmstädter Bank. Em novembro de 1918, Schacht participou da fundação do Partido Democrático Alemão (DDP - Deutsche Demokratische Partei), como forma de participar do conturbado cenário político que surgiu durante a República de Weimar (1919-1933).
Participou ativamente das negociações para a revisão das reparações de guerra impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes, após o final da Primeira Guerra Mundial em 1918. Integrou também as comissões do Plano Dawes e do Plano Young, responsáveis pela renegociação da dívida alemã.
Hiperinflação alemã
No dia 12 de novembro de 1923, aos 46 anos de idade, o ministro alemão de finanças, Hans Luther, nomeou Schacht "secretário da moeda do Reich" (Reichswährungskommissar). Coube a Schacht implementar medidas para conter o processo hiperinflacionário alemão. Foi criada uma nova moeda, baseada em garantia hipotécaria, denominada Rentenmark, que acabou com o processo inflacionário, através da aplicação de uma reforma monetária indexatória.
Com o sucesso da reforma, em 22 de dezembro de 1923, Schacht foi nomeado presidente vitalício do Reichsbank, cargo que ocupou até 2 de abril de 1930. Neste período a Grande Depressão, iniciada em 1929 nos Estados Unidos, se espalhou por todo o mundo, e Schacht preferiu se abster da economia durante este cenário sombrio.
Sob Hitler
O primeiro contato de Schacht com Adolf Hitler ocorreu em um jantar na casa de Hermann Göring, em 5 de janeiro de 1931. Hitler era o líder do segundo maior partido alemão no Parlamento. Naquela época, o desemprego na Alemanha alcançava a cifra de 6 milhões. A principal preocupação do chanceler Hitler era como combater o desemprego. Em 17 de março de 1933, Schacht aos 56 anos, assumia a presidência do Reichsbank novamente, agora convidado por Hitler.
Para financiar a criação de empregos, Schacht criou os "Saques Mefos", espécie de título que financiava o investimento industrial. Além disso, várias medidas para fomentar a economia, nos moldes do New Deal americano, foram implementadas, como a construção de auto-estradas (Autobahn) e o fomento da construção civil.
Através de medidas intervencionistas, por parte do estado, Schacht conseguiu reverter o dramático quadro de desemprego, e colocar a Alemanha novamente em ascendente crescimento. Para suprir as dificuldades com a demanda por alimentos, implementou tratados de negociação bilateral entre os parceiros comerciais da Alemanha, contrariando o multilateralismo comercial proposto na teoria econômica clássica. Em 1935 os agricultores alemães já estavam prosperando e a produção industrial atingira o nível pré crise de 1929 [4].
Porém o governo nazista, a partir de 1936, começou a demonstrar interesse em mudar a sua política econômica. A oposição de Schacht levou ao seu afastamento e a sua perda de influência. Para seu lugar foi designado Hermann Göring, o qual passou a ter profundas divergências, face às críticas de Schacht aos gastos internos. A mudança de política econômica alemã era vista por Schacht sob a seguinte ótica: "A Alemanha não gerava alimentos suficientes para a sua população. Logo, necessitava do comércio de seus produtos para gerar divisas e comprar esses alimentos". Com a mudança para uma economia de guerra, os bens alemães não tinham valor no mercado internacional, afinal o material bélico não é tão facilmente comercializado como os bens industrializados em geral.
No dia 20 de janeiro de 1939 foi demitido do Reichsbank por Hitler e passou a ocupar um ministério sem pasta até janeiro de 1943. Na prática o ministério não existia, e na verdade, tratava-se apenas de uma maneira de manter o nome de Schacht na equipe de governo nazista, face a sua reputação no meio econômico internacional.
Descontente com o destino da Alemanha nazista, Schacht com outros membros da resistência alemã, participou da tentativa de atentado contra Hitler em 20 de julho de 1944. Foi preso pela Gestapo em 23 de julho daquele ano.
Julgado
Até maio de 1945 Schacht ficou encarcerado nos campos de concentração de Ravensbrück e Flossenbürg, sendo libertado pelo exército americano. Porém, a liberdade pouco durou. Schacht foi preso novamente, desta vez pelos Aliados, sob a acusação de "participação na conspiração para a realização da guerra" e "participação nos preparativos de guerra". De acordo com o psicólogo do exército americano encarregado de examinar a saúde mental dos detentos em Nuremberg, Gustave Gilbert, Schacht era quem apresentava o maior Q.I. dentre todos, 143 pontos.
A ambiguidade das acusações resultou na absolvição de Schacht em Nuremberg, em outubro de 1946. Porém, após ser libertado pelos Aliados, o mesmo foi preso mais uma vez, desta vez pelos próprios alemães, para participar de um tribunal de desnazificação em Estugarda. Condenado a prestar serviços em um antigo campo de concentração em Ludwigsburg, Schacht seria libertado novamente somente em setembro de 1948, nesta época com 71 anos.
Pós-guerra
Após sua saída da prisão escreveu Mais dinheiro, mais capital, mais trabalho, terminado em setembro de 1949, falando sobre a situação econômica alemã no pós-guerra. Escreveu também a sua autobiografia intitulada "Setenta e seis anos de minha vida" e o livro "Contas acertadas", sobre o período em que fez parte do governo nazista. Publicou também outros livros sobre a economia alemã.
Em 1953 fundou um banco de investimentos em Düsseldorf com seu nome, o Schacht & Cia., que funcionou até 1963.
Morreu em 4 de junho de 1970, aos 93 anos, por uma embolia causada por uma queda.
No dia de seu enterro no cemitério Ostfriedhof em Munique, que contou com a presença do presidente do Bundesbank (atual Banco Central Alemão), destacava-se uma coroa de flores da Fundação 20 de julho com a seguinte inscrição: "Para um companheiro de tempos difíceis".
Obras publicadas em português
- 1949: Setenta e seis anos de minha vida. ISBN 85-7326-149-8
Ver também
Referências
- ↑ Hitler Takes Power: Hitler Appointed Chancellor: Germany Recovers from the Depression. MacroHistory.
- ↑ WEITZ, John. The Money Man Behind The Naziz: Hitler's Banker. Business Week, Archives, 17/11/1997
- ↑ Hjalmar., Schacht, (1999). Setenta e seis anos de minha vida : a autobiografia do mago da economia alemã da República de Weimar ao III Reich. São Paulo: Editora 34. ISBN 8573261498. OCLC 46741604
- ↑ Hitler Takes Power: Hitler Appointed Chancellor: Germany Recovers from the Depression. MacroHistory.
3. COUTO, Joaquim e HACKL, Gilberto. Hjalmar Schacht e a Economia Alemã (1920-1950). Revista Economia e Sociedade - Vol.16 n.3[1]
Fontes
- SCHACHT, Hjalmar. Mas dinero, mas capital, mas trabajo. Buenos Aires: Selecion Contable, 1950. (em castelhano)
- _________. Gold for Europe. London: Gerald Duckworth & Co.Ltd, 1950 (em inglês)
- _________. The end of Reparations. New York: J.Cape & H.Smith, 1931 (em inglês)
- _________. The stabilization of the Mark. New York: Arno Press, 1978 (em inglês)
- FISCHER, Albert. Hjalmar Schacht und Deutschlands “Judenfrage” Der “Wirtschaftsdiktator” und die Vertreibung der Juden aus der deutschen Wirtschaft. Weimar: Böhlau Verlag, 1995 (em alemão)
- LINDEN, Joep van der. Hjalmar Schacht and Monetary Stabilization in Germany (1923-1930). Utrecht Netherlands: University of Utrecht, 1994 (em inglês)
- RITSCHL, Albrecht. Was Schacht right? Foreign Debt, the Young Plan, and the Great Depression in Germany. Barcelona: Universitat Pompeu Fabra and CEPR, 2004 (em inglês)
- WALTER, Rolf. Hausarbeit im Rahmen des Seminars Wirtschaft, Politik und Gesellschaft in der zeit des Nationalsozialismus – Thema: Hjalmar Schacht – Wirtschaftspolitiker und Reichsbankpräsident. Jena: Friedrich-Schiller-Universität Jena, 2002 (em inglês)
- Heydecker, Joe J. "O Julgamento de Nuremberga, Editora Ibis Ltda, 1966