Heitor Ferreira Lima (Corumbá, 1905 - São Paulo, 25 de novembro de 1989) foi um alfaiate, sindicalista, político, tradutor, jornalista, assessor econômico e escritor brasileiro.[1][2] É um autor que dedicou boa parte de sua obra para discutir interpretações econômicas da história brasileira.[3]
Heitor Ferreira Lima | |
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Nome completo | Heitor Ferreira Lima |
Nascimento | 1905 Corumbá, MS |
Morte | 25 de novembro de 1989 (84 anos)Predefinição:Sem local |
Nacionalidade | Brasil |
Ocupação | alfaiate, sindicalista, político, tradutor, jornalista, escritor |
Biografia
Primeiros anos e formação
Heitor nasceu no município de Corumbá, interior do estado de Mato Grosso do Sul.[4][5] Mudou-se para cidade do Rio de Janeiro no ano de 1922, enquanto o munícipio ainda era a capital federal do Brasil.[6][7]
Na capital fluminense, ingressou no mundo do trabalho como aprendiz de alfaiate e depois entrou para o universo sindical, sindicalizando-se na União dos Alfaiates.[8][9] Crescendo na vida sindical, no ano de 1927 foi um dos três jovens escolhidos da União da Juventude Comunista (UJC) para estudar na Escola Leninista de Moscou.[10][11]
Crescimento no Partido Comunista Brasileiro
Filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), tornou-se um elo entre o partido e a Internacional Socialista.[11] Observou a realidade econômica soviética, durante a transição da Nova Política Econômica (NEP) para os planos quinquenais, período em que se interessou pelos temas da industrialização e do planejamento econômico.[3][12][13]
De volta ao Brasil, sucedeu Astrojildo Pereira no cargo de secretário-geral do PCB em 1931.[14] No mesmo ano passou o cargo a Fernando Paiva de Lacerda.[15][16] Em 1935 - no ano da Intentona Comunista - foi a São Paulo para dar um curso de formação política.[17] Ali conheceu Caio Prado Júnior e outros integrantes do grupo paulista do partido.[2][17]
Após algumas prisões - por conta de sua militância política - no ano de 1938 foi encarcerado novamente. Com sua plena liberdade garantida estabeleceu-se definitivamente na cidade de São Paulo.[4] Exerceu o ofício de jornalista no jornal O Observador econômico e financeiro.[18][19] Foi convidado por Roberto Simonsen para compor o Conselho de Economia Industrial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em 1944.[6] Permaneceu na entidade empresarial até a sua aposentadoria.[3]
Desligamento do PCB
Com o passar do tempo foi se afastando da militância do PCB, acompanhando a atuação do partido apenas pela imprensa.[18] Em 1982, escreveu sue livro de memórias, Caminhos Percorridos – memórias de militância.[20][21]
No ano de 1987, foi eleito presidente da Comissão de História do Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.[18][22]
Morte
Morreu no ano de 1989, na cidade de São Paulo no dia 25 de novembro de 1989.[23][24]
Legado
Seu acervo pessoal, incluindo cartas, livros e jornais de Lima estão presentes no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB) vinculado a Universidade de São Paulo (USP).[11][25][26]
Obras
- 3 Industrialistas Brasileiros: Mauá, Rui Barbosa, Roberto Simonsen. São Paulo: Alfa-Omega, 1976.[27]
- Caminhos Percorridos: Memórias de Militância. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1982.[20]
- Castro Alves e Sua Época. São Paulo: Ed. Saraiva, 1971.[28]
- Do Imperialismo à Libertação Colonial. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1965.[22]
- Evolução Industrial de São Paulo. São Paulo: Livraria Martins Editora S. A., 1954.[18]
- Formação Industrial do Brasil: Período Colonial. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962.[29]
- História do Pensamento Econômico no Brasil. São Paulo: Brasiliana, 1978.[30]
- História Político-econômica e Industrial do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1970.[22]
- Perfil Político de Silva Jardim. São Paulo: Editora Nacional; Brasília, DF: INL, 1987.[31]
Referências
- ↑ Battahin, Janaina (2017). «A trajetória de Heitor Ferreira Lima: o intérprete renegado e sua contribuição para a história econômica» (PDF). Associação Brasileira de Pesquisadores em Historia Econômica. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 2,0 2,1 Secco, Lincoln; Pericás, Luiz Bernardo (23 de outubro de 2015). Intérpretes do Brasil : Clássicos, rebeldes e renegados. São Paulo: Boitempo Editorial. p. 30. ISBN 978-85-7559-359-2
- ↑ 3,0 3,1 3,2 Alexandre Juliani (29 de fevereiro de 2016). «Heitor Ferreira Lima e a industrialização no Brasil (principalmente página 11 / CDD 330.09)» (PDF). Faculdade de Filosofia e Ciências - Campus de Marília da Unesp. Consultado em 1 de outubro de 2017
- ↑ 4,0 4,1 Juliani, Alexandre (4 de outubro de 2016). «Heitor Ferreira Lima e o Nacional-Desenvolvimentismo». Idéias (1). 181 páginas. ISSN 2179-5525. doi:10.20396/ideias.v7i1.8649516. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ «Corumbá». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 6,0 6,1 BATTAHIN, Janaína (2017). «A TRAJETÓRIA DE HEITOR FERREIRA LIMA: O INTÉRPRETE RENEGADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA ECONÔMICA» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ CASTRO, Ruy (2019). Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20. Rio de Janeiro: Companhia das Letras. 504 páginas
- ↑ Battahin, Janaína (2019). «PADRÕES E ESTRATÉGIAS DO DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO» (PDF). Universidade Estadual Paulista. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Oliveira, Danilo (2017). «Três trajetórias e uma stalinização: as memórias de Octávio Brandão, Leôncio Basbaum e Heitor Ferreira Lima no PCB (1922-1935)». Revista Escrita da História. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Silveira, Éder da Silva; Moretti, Cheron Zanini; Silveira, Éder da Silva; Moretti, Cheron Zanini (2017). «Memórias de uma educação clandestina: comunistas brasileiros e escolas políticas na União Soviética na década de 1950». Educar em Revista (em português) (66): 193–208. ISSN 0104-4060. doi:10.1590/0104-4060.50178. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ 11,0 11,1 11,2 Meirelles, Maurício (3 de dezembro de 2016). «Universidade de São Paulo vai receber acervo de antigo líder comunista». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Oliveira, Danilo (2019). «OS PROJETOS DE ALIANÇA DE CLASSES NO JORNAL A CLASSE OPERÁRIA (1928-1935)» (PDF). Universidade Federal de São Paulo. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Lacerda, Felipe (2017). «Octávio Brandão e as matrizes intelectuais do comunismo no Brasil» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ «PEREIRA, ASTROJILDO» (PDF). Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Zimbarg, Luis (2001). «O CIDADÃO ARMADO: COMUNISMO E TENENTISMO (1927 – 1945)» (PDF). Universidade Estadual Paulista. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ «Ivan Alves Filho: A contribuição do PCB à vida brasileira». Fundação Astrojildo Pereira. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 17,0 17,1 Juliani, Alexandre (2016). «Heitor Ferreira Lima e a industrialização do Brasil». Universidade Estadual Paulista. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 18,0 18,1 18,2 18,3 «LIMA, Heitor Ferreira». Diccionario Biográfico de las Izquierdas Latinoamericanas. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ «O Observador Economico e Financeiro (RJ) - 1936 a 1962». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ 20,0 20,1 Cosenza, Apoena Canuto. «Um partido, duas táticas: uma história organizativa e política do Partido Comunista Brasileiro (PCB), de 1922 a 1935». Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ KAPPAUN, Eloina. «MEMÓRIAS DE UMA EDUCAÇÃO CLANDESTINA: UM OLHAR SOBRE TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS DE MILITANTES DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO». Universidade de Santa Cruz do Sul. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 22,0 22,1 22,2 Battahin, Janaína (2017). «A HISTÓRIA ECONÔMICA EM HEITOR FERREIRA LIMA (1950 -1960)» (PDF). Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ «A família de Heitor Ferreira Lima». Folha de S. Paulo: 4
- ↑ «Obtuário». Instituto de Estudos Brasileiros. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ «SOBRE O IEB». Instituto de Estudos Brasileiros. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ «Heitor Ferreira Lima». Instituto de Estudos Brasileiros. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ Lima, Heitor Ferreira (1976). 3 industrialistas brasileiros, Mauá, Rui Barbosa, Roberto Simonsen: apêndice, 3 documentos raros (em português). [S.l.]: Editora Alfa-Omega
- ↑ Lima, Heitor Ferreira (1971). Castro Alves e sua época (em português). [S.l.]: Edição Saraiva
- ↑ Mueller, Hans G. (junho de 1965). «Formaçāo Industrial do Brasil (Período Colonial). By Heitor Ferreira Lima. Rio de Janeiro: Editôra Fundo de Cultura, 1962. Pp. 327.». The Journal of Economic History (em English) (2): 279–281. ISSN 1471-6372. doi:10.1017/S0022050700056710. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ «História do pensamento econômico no Brasil / Heitor Ferreira Lima». Biblioteca Graciliano Ramos. Consultado em 30 de abril de 2021
- ↑ Lima, Heitor Ferreira (1987). Perfil político de Silva Jardim (em português). [S.l.]: Editora Nacional
Ligações externas
- «A trajetória de Heitor Ferreira Lima : o intérprete renegado e sua contribuição para a história econômica» (PDF) (em português) (Janaína Fernanda Battahin, XII Congresso Brasileiro de História Econômica / ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica, 28 a 30 de agosto de 2017);
- Respectivo arquivamento, via Archive.is, de 1 de outubro de 2017