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Predefinição:Info/Facção de conflito O Hamas (em árabe: حماس, transl. Ḥamās (lit. 'zelo', 'fervor' ou 'entusiasmo', acrónimo parcial de حركة المقاومة الاسلامية, transl. Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah, "Movimento de Resistência Islâmica") é um movimento islamista palestino, de orientação sunita, constituído de uma entidade filantrópica (dawa), um braço político e um braço armado, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.[1]Predefinição:Rp Especialmente ativo em Gaza, é o mais importante movimento islamista da Palestina.[2] O seu lema é: "Alá é o nosso objetivo, o Profeta é o nosso modelo, o Corão é a nossa constituição, a jihad é o nosso caminho e morrer pela causa de Alá é nossa maior esperança."(artigo 8º da Carta de Princípios do Hamas).[3][4]
Criado em 1987, pelo Sheikh Ahmed Yassin, por Abdel Aziz al-Rantissi e Mohammad Taha, todos egressos da Irmandade Muçulmana, de que se afirmavam um dos ramos, a sua Carta de Princípios do Hamas, publicada em 1988,[5] afirma que "a terra da Palestina é uma terra islâmica" (capítulo terceiro). A Carta de Princípios do Hamas de 1988 pregava originalmente o estabelecimento de um Estado islâmico palestino em todo o território do antigo Mandato Britânico da Palestina,[3][4] o movimento teria abandonado a ideia de país islâmico em 2004[6] e, em 2017, passando a aceitar, temporariamente, como uma etapa,[7][8] e sob determinadas condições, tais como o retorno dos refugiados palestinianos e seus descendentes,[9] o estabelecimento (lado a lado com Israel) de um Estado palestino inteiramente soberano e independente, dentro das fronteiras vigentes em 4 de junho de 1967, tendo Jerusalém como capital[10][11] O novo documento de 2017, em 42 pontos, "A Document of General Principles and Policies" não revoga a Carta de Princípios de 1988, de acordo com o seu texto[12][13] e com as declarações de membros do movimento[8][13] e continua a advogar o estabelecimento de um estado palestino "desde o rio até ao mar".[7]
O Hamas é considerado como organização terrorista pelos Estados Unidos,[14] União Europeia,[15] Japão,[16] Israel[17] e Canadá.[18] A Austrália[19] e o Reino Unido[20] consideram como organização terrorista apenas o braço militar da organização - as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.[21][22]
Outros países, como a África do Sul,[23] a Rússia,[24] a Noruega[25] e o Brasil[26][27] não consideram o Hamas como organização terrorista.
Na Jordânia, o Hamas tinha uma presença forte até o final da década de 1990, o que causava atritos entre o governo jordaniano e Israel. O rei Abdullah fechou a sede do Hamas na Jordânia e expulsou seus líderes, em 1999.[28][29]
Em janeiro de 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares na Palestina, ganhando 76 dos 132 assentos no Parlamento Palestino, enquanto o Fatah conseguiu 43.[30] Após a vitória eleitoral do Hamas, conflitos violentos e não violentos ocorreram entre o Hamas e o Fatah. 12 palestinos morreram e mais de 100 ficaram feridos[31][32] Depois da Batalha de Gaza, em junho de 2007, o Hamas perdeu suas posições na Autoridade Palestina na Cisjordânia, sendo substituído por integrantes do Fatah e independentes. O Hamas, por sua vez, expulsou o Fatah e manteve o controle de Gaza.[33] Em maio de 2011, o líder do Hamas Ismail Haniya condenou a operação norte-americana que matou Osama bin Laden, responsável pelos Ataques de 11 de setembro de 2001, classificando a operação como um assassinato e se referindo a Bin Laden como "sagrado guerreiro árabe".[34]
Etimologia
Hamas é um acrônimo da frase árabe حركة حركة المقاومة الاسلامية (Harakat al-Muqāwama al-Islāmiyya, que significa "Movimento de Resistência Islâmico"). Em árabe a palavra Hamās (حماس) se traduz aproximadamente como "entusiasmo, ardor, calor, zelo".[35] A consoante inicial não é o /h/ comum em palavras em inglês (como house), mas um som ligeiramente mais áspero, a fricativa faríngea surda Predefinição:IPA.
História
O Hamas foi criado em 1987, no início da Primeira Intifada, pelos xeques Ahmed Yassin, Abdel Aziz al-Rantissi e Mohammad Taha da ala palestina da Irmandade Muçulmana do Egito.[36] O braço político e beneficente da Irmandade Muçulmana é então reconhecido oficialmente por Israel. O grupo se concentrava na ajuda social e em projetos religiosos, com uma intensa ação social e comunitária.
Segundo várias fontes, a Irmandade Muçulmana palestina, durante os anos 1970 e 1980, foi financiada direta ou indiretamente por diferentes Estados, como a Arábia Saudita e a Síria, mas também pelo Mossad, o serviço secreto israelense.[37] O grupo desde 2006 é hostil ao governo sírio, mantendo um grupo armado chamado Aknaf Bait al-Maqdis.[38]
Ação política e social
O Hamas se define como um movimento de resistência palestino, cujos princípios se baseiam no Corão. Seu programa político tem como ponto fundamental a instauração de um Estado palestino abrangendo toda a Palestina histórica. O Hamas não reconhece o Estado de Israel, e a este se refere como "entidade sionista". Nesse aspecto, opõe-se ao Fatah. Em sua carta de princípios, publicada em 1988,[39] o Hamas prega a criação de um Estado palestino islâmico e portanto a extinção do estado de Israel.
Como partido político, O Hamas liderou dois governos sucessivos da Autoridade Palestiniana. Seus representantes têm afirmado o interesse em resolver as divergências com o Fatah, e têm buscado o reconhecimento internacional da organização, como interlocutor qualificado e legítimo representante dos interesses do povo palestino, embora, até então, o Hamas não reconheça o Estado de Israel.
O movimento criou uma vasta rede de assistência social na Cisjordânia e na Faixa de Gaza[40] ganhando popularidade na sociedade palestina, ao estabelecer hospitais, escolas, bibliotecas e outros serviços[41] nos territórios palestinos.[40]
Em dezembro de 2008, o Hamas teve sua rede de assistência social e educacional, usadas como base de lançamento de mísseis na Faixa de Gaza destruída por Israel,[42] durante a Operação Chumbo Fundido.
Luta armada
Em meados de 1980, a Irmandade Muçulmana palestina evoluiu sob a influência do xeque Ahmed Yassin, que pregava a luta armada contra o "ocupante hebreu". Seu braço armado são as Brigadas Izz al-Din al-Qassam e alguns observadores consideram o Hamas como uma "organização de fins militares que prospera a partir de uma rede filantrópica.[2]
As primeiras ações armadas do Hamas ocorrem com o início da Primeira Intifada. Inicialmente atacam rivais palestinos e depois, os militares israelenses. Posteriormente suas ações passaram a ter como alvo tanto os militares como os civis israelenses. Entre abril de 1993 e 2005, o Hamas promoveu ataques suicidas que visavam essencialmente a população civil, a exemplo dos ataques realizados contra o Dizengoff Center, em 1996, e contra a pizzaria Sbarro, em 2001.[43][44][45][46]
Em 1989, o movimento sofreu um duro golpe quando Ahmed Yassin foi feito prisioneiro pelo governo israelense. Posteriormente solto em uma troca de prisioneiros, Yassin acabaria sendo morto durante um assassinato seletivo (targeted killing), pela Força Aérea Israelense, em 2004.
Em abril de 2006, após ter o poder de atentados quase que eliminado por Israel, e necessitando de reconhecimento internacional, o Hamas renunciou publicamente o reconhecimento aos ataques suicidas[47] O último atentado suicida contra Israel reivindicado pelo Hamas foi em janeiro de 2005.[48] Desde então o Hamas passou a realizar ataques com foguetes Qassam contra as cidades israelenses próximas à fronteira, notadamente Sderot.
Hamas e Fatah
Em 25 de Janeiro de 2006, o partido venceu as eleições para o parlamento Palestino, derrotando o Fatah. Após a contagem final, em 28 de janeiro de 2006, o Hamas conquistou 76 das 132 cadeiras do parlamento, não precisando, portanto, formar coligações. Já o Fatah, partido que liderava anteriormente, obteve apenas 43 cadeiras. Muitos viam o governo anterior do Fatah como corrupto e ineficiente, e enxergavam no Hamas um movimento efetivo de resistência e defesa dos palestinos contra a ocupação israelense[49][50] O Hamas também ganhou várias eleições democráticas locais, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia (Calquília, e Nablus).[30] As eleições foram observadas por entidades internacionais.[51] Desde a vitória eleitoral do Hamas, acirrou-se o conflito entre o Hamas e o Fatah.[52]
Depois da Batalha de Gaza, em 2007, que envolveu militantes do Hamas e do Fatah, os representantes eleitos do Hamas foram expulsos de suas posições no governo da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia e substituídos por membros do rival Fatah, em uma ação por muitos considerada ilegal.[53][54] O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah, deu posse aos membros do seu gabinete de emergência no seu escritório central, em Ramalá. O gabinete de emergência substituiu a coalizão Hamas-Fatah que ele extinguiu depois que o Hamas tomou o controle de Gaza à força. Assim, na prática, os palestinos têm dois governos - a liderança do Hamas na Faixa de Gaza e o gabinete montado por Abbas na Cisjordânia, liderado pelo economista Salam Fayyad. Em 18 de junho de 2007, Abbas decretou a ilegalidade da milícia do Hamas e embora um assessor de Abbas tenha dito que o decreto não se referia ao Hamas como um todo. Representantes do Hamas declararam que o governo de emergência não era amparado pela lei palestina e que o Hamas continuaria funcionando como líder do governo.[55]
Em novembro de 2009, o Hamas comprometeu-se a assinar o acordo de reconciliação interpalestino promovido pelo Egito e que já havia sido firmado pelo Fatah.[56] Em maio de 2011, o Hamas e Fatah firmaram acordo de reconciliação depois de quatro anos de cisão. O acordo foi criticado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.[57][58]
Hamas, Israel e os Judeus
Atualmente Hamas preconiza a luta armada contra Israel e seus civis, por todos os meios, visando à formação de um estado independente palestiniano "... desde o Rio Jordão até o mar". Sua carta de princípios, redigida em 1988, preconiza o estabelecimento de um estado muçulmano na Palestina histórica - incluindo portanto Israel, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Em sua carta fundamental, em seus escritos e muitas de suas declarações públicas, o Hamas usa um discurso de ódio contra Israel.[59] Internamente, o grupo mantém uma agenda propagandística que inclui, por exemplo, a transmissão em seu canal de TV, Al-Aksa TV, de programas como o seriado infantil Pioneiros do Amanhã, de conteúdo antiamericano e antissemita.
Apesar disso, os dirigentes do Hamas constantemente descrevem o conflito com Israel como político e não religioso[60] ou antissemita.[61]
Na sua Carta de Princípios, contudo, é fácil encontrar motivos religiosos e antissemitas. No seu artigo sétimo, são citadas as palavras de Maoméː
"a Hora Final não virá a menos que os Muçulmanos lutem contra os Judeus, e os Muçulmanos os matem até que os Judeus se escondam atrás de uma pedra ou uma árvore e uma pedra ou uma árvore dirá: Muçulmano, ou servo de Alá, há um judeu atrás de mim; venha e mate-o; mas a árvore Gharqad não o dirá, pois é a árvore dos Judeus."[3]
No seu artigo 22, a Carta de Princípios afirma que a revolução francesa, a revolução russa, o colonialismo e as duas guerras mundiais foram criadas pelos sionistas ou por forças que apoiam o sionismo:
"(...) Eles estavam por trás da Primeira Guerra Mundial, para destruir o califado islâmico, ganhando meios financeiros e controlando fontes de riqueza. Eles obtiveram a Declaração de Balfour, e formaram a Liga das Nações através da qual eles poderiam governar o mundo. Eles estavam por trás da Segunda Guerra Mundial, através da qual tiveram enormes ganhos financeiros com o comércio de armamento e prepararam o estabelecimento de seu estado. Foram eles que instigaram a substituição da Liga das Nações pelas Nações Unidas e pelo Conselho de Segurança para permitir que governassem o mundo através deles. Não há guerra acontecendo em lugar algum, sem ter o seu dedo nela."[3]
Ainda na Carta de Princípios, o seu artigo 32 do Pacto refere-se a uma falsificação antissemita, Os Protocolos dos Sábios de Sião, como absolutamente verdadeiraː
"Hoje é a Palestina, amanhã será um país ou outro. O plano sionista é ilimitado. Depois da Palestina, os sionistas aspiram expandir-se do Nilo ao Eufrates. Quando eles tiverem digerido a região que alcançaram, aspirarão a uma maior expansão, e assim por diante. Seu plano está incorporado nos Protocolos dos Sábios de Sião, e sua conduta atual é a melhor prova do que estamos dizendo."[3]
O Hamas é uma das organizações que nega o Holocausto. Em 2005, Khalid Meshal citou as declarações de Mahmoud Ahmadinejad sobre o Holocausto ("um mito")[62] como "corajosas".[63]
Proposta de cessar-fogo
Em fevereiro de 2006, o Hamas, através de Khalid Meshal, propôs um cessar-fogo duradouro - tendo sido sugerida uma trégua de 10 a 15 anos - desde que Israel devolvesse os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.[64][65]
Crise financeira
Desde que o Hamas assumiu o governo, a Autoridade Palestina foi isolada economicamente e houve uma grande redução da ajuda financeira internacional, inclusive israelense, aos Territórios Palestinos. Em 2006, a Autoridade teve, inclusive, de devolver aos Estados Unidos o valor de USD 50 milhões, que havia sido enviado, a título de auxílio, pelo governo americano. O governo israelense, por sua vez, congelou a transferência de tributos transferidos à Autoridade Palestina, no valor de 50 milhões de dólares mensais. Esse dinheiro não constituía auxílio, mas o resultado de impostos e taxas arrecadados por Israel de palestinos que trabalham dentro de Israel. O valor é normalmente transferido no primeiro dia de cada mês e ajuda a pagar os salários de 140 mil funcionários dos serviços de segurança pública, educação e saúde que servem 20% da população dos Territórios Palestinos (que totaliza 3,8 milhões de pessoas).[66] Durante o governo Bush, os Estados Unidos acusaram a Arábia Saudita de financiar o Hamas. O governo saudita, por sua vez, não considera que o Hamas seja uma organização terrorista. Portanto a solicitação do governo americano para interromper o envio de auxílio à liderança da Autoridade Palestina foi negada pelos sauditas.[67]
O Primeiro-Ministro palestino Ismail Haniyeh afirmou acreditar que os estados árabes e islâmicos ajudariam a compensar a redução da ajuda ocidental. O envio de ajuda foi confirmado pelo líder da Liga Árabe, Amr Moussa. Da mesma forma, o governo iraniano concordou em apoiar financeiramente o governo palestino, a pedido de Khaled Meshal, que visitou o Irã em 2007.[68][69]
Ver também
- Fatah
- Conflito árabe-israelense
- Conflito israelo-palestino
- Israel
- Autoridade Nacional Palestina
- Faixa de Gaza
- Cisjordânia
Notas
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