Guerra da Lagosta | |||
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Um Boeing B-17 da Força Aérea Brasileira voa sobre o Navio de guerra francês Tartu (D636), ao largo da costa do Brasil em 1963. | |||
Data | 1961-1963 | ||
Local | Oceano Atlântico, ao largo de Pernambuco, Brasil | ||
Desfecho | Resolução pacífica do conflito | ||
Beligerantes | |||
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Unidades | |||
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Baixas | |||
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A guerra da Lagosta, como denominado jocosamente à época pela imprensa, foi um acontecimento entre os governos do Brasil e da França, que se desenvolveu entre 1961 e 1963.[1] O episódio faz parte da história das relações internacionais do Brasil, e girou em torno da captura ilegal de lagostas, por parte de embarcações de pesca francesas, em águas territoriais no litoral da região nordeste do Brasil.
O evento
Alertada por pescadores brasileiros, uma embarcação da Marinha do Brasil flagrou barcos de pesca franceses pescando lagosta clandestinamente na costa de Pernambuco, em águas territoriais brasileiras, sendo convidados a se retirar.
O episódio passou a ser referido nos meios de comunicação brasileiros como a Guerra da Lagosta, um conflito em que, como a famosa Batalha de Itararé, durante a Revolução de 1930, não foi disparado um tiro sequer.
Na imprensa francesa, diante dos protestos dos pescadores de lagostas sobre os seus supostos direitos de pesca, travou-se um aceso debate sobre o enquadramento da lagosta enquanto item de pesca e outras considerações sobre sua classificação como bem patrimonial do Brasil.
O desdobramento
À época, a crise extrapolou as relações diplomáticas entre os dois países, de tal modo que ambos chegaram a mobilizar os seus recursos bélicos.
O primeiro a fazê-lo foi a França, que deslocou um contingente naval, mantido em prontidão, para uma área vizinha à região em conflito.
Em 1961, o então presidente da república brasileira, Jânio da Silva Quadros, preparou um plano secreto e envolveu o governador nomeado Moura Cavalcanti do Amapá, para a invasão e consequente anexação brasileira da Guiana Francesa. A operação chegou a entrar em fase de treinamento militar, mas foi abortada pela inesperada renúncia de Quadros.[2]
No Brasil, a opinião pública percebeu a situação como uma agressão da França aos direitos de soberania brasileiros. O presidente João Goulart (1961–1964), após reunião do Conselho de Segurança Nacional, determinou o deslocamento, para a região, de considerável contingente da Esquadra, apoiado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Em terra, o 4° Exército, com sede em Recife, então sob o comando do então general Humberto de Alencar Castello Branco, também se mobilizou.
Tal crise levou o governo brasileiro a tomar uma atitude de persuasão naval coercitiva, determinando o envio de navios da Marinha do Brasil ao local da crise a fim de demonstrar que o país estava disposto a defender seus direitos. Finalmente, o conflito de interesses foi resolvido no campo da diplomacia.
Ver também
- Evolução territorial do Brasil
- Intrusão Francesa no Amapá
- Invasões francesas no Brasil
- Relações entre Brasil e França
Bibliografia
- BRAGA, Cláudio da Costa. A Guerra da Lagosta. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha (SDM), 2004.[1]
Referências
- ↑ Cláudio da Costa Braga (23 de março de 2009). «As lagostas da discórdia». Revista de História. Consultado em 15 de abril de 2012. Arquivado do original em 17 de maio de 2013
- ↑ «O dia em que um presidente brasileiro quis anexar um vizinho». Defense Forces/Aeronaval Comunicação. 3 de setembro de 2016. Consultado em 18 de maio de 2018
Ligações externas
- A guerra da lagosta e suas lições
- «Ainda, De Gaulle e a Guerra da Lagosta,Hiram Reis e Silva.»
- «Com a França, foi guerra da lagosta, O Estado de S. Paulo.» 🔗
- As lagostas da discórdia