Os galaicos (callaeci ou gallaeci, em latim, kallaikoi em grego), também chamados calaicos, eram um conjunto de tribos castrejas que habitavam o noroeste da Península Ibérica, correspondendo hoje em dia ao espaço geográfico que abrange o Norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte do Reino de Leão.[1][2]
A primeira referência aos galaicos é feita por Apiano, que comenta que Cépio, depois de perseguir e não conseguir alcançar e derrotar Viriato, numa primeira fase, virou-se contra os vetões e contra os galaicos, destruindo os seus campos.[3]
A primeira vez que se registou uma derrota dos galaicos foi no confronto com Décimo Júnio Bruto na Batalha do Douro, datada pelas fontes antigas em 9 de Junho de 137 a.C. e que, pela proeza de os derrotar, tomou o cognome de "o Galaico":[4]
Página Predefinição:Quote/styles.css não tem conteúdo.
"Por esse motivo, uma vez que eles eram muito difíceis de combater, os próprios galaicos não só deram o sobrenome ao homem que derrotou os lusitanos mas também o tornaram tão conhecido que a maioria dos lusitanos já são chamados galaicos."
A designação da tribo celebra a forte resistência dada por este povo aos romanos,[4] que estendem a designação às restantes tribos do noroeste peninsular.
Foi então criada a divisão administrativa da Galécia,Predefinição:Quando tendo como limites o Douro - a sul; o oceano Atlântico - a oeste e a norte; e a Tarraconense - a leste. A Galécia estava dividida em três conventos: a Galécia Lucense, a Galécia Bracarense e a Galécia Asturicense. A sua capital era Braga. A divisão correspondia à divisão feita às tribos que a compunham[carece de fontes]: os ártabros, a norte; os gróvios, a sul; e os ástures a oeste.
Uma antiga referência aos galaicos pode ser encontrada no épico Punica, de Sílio Itálico, no século I.
“ | Fibrarum et pennae divinarumque sagacem flammarum misit dives Callaecia pubem, barbara nunc patriis ululantem carmina linguis, nunc pedis alterno percussa verbere terra, ad numerum resonas gaudentem plaudere caetras. |
” |
(Tradução:)
“ | Sábios na adivinhação pelas entranhas, penas, e chamas, mandou a rica Galécia seus jovens, que agora ululam as canções bárbaras da sua língua, pisando a terra batida, a pés alternados, e acompanhando o feliz número com os seus escudos[10] ressoantes. |
” |
Hoje em dia, os habitantes destas regiões são denominados galegos, com excepção dos asturianos, dos leoneses, dos minhotos e dos transmontanos.
Etimologia
As teorias mais divulgadas falam da origem do nome como sendo dado pelos romanos por terem sido a primeira tribo que enfrentaram, na zona de Portus Cale e, pela sua braveza e espírito guerreiro, viu estendida a sua designação às outras tribos galaicas do Noroeste Peninsular. Outra teoria tem vindo a ganhar aceitação, nos tempos mais atuais. Relaciona os Callaeci com Cailleach, a deusa-Mãe dos Celtas, por estes serem adoradores desta divindade.[11]
Tribos galaicas
Ver também
Referências e notas
- ↑ Tranoy, Alain - La Galice Romaine, Paris, 1981, page 65 et 66.
- ↑ Le galicien actuel utilise les deux termes, Galego est le gentilé, et Galaico renvoi à une notion purement ethnique sur le même registre que la langue française emploi le terme Germain.
- ↑ Appian's History of Rome: The Spanish Wars (§§66-70)
- ↑ 4,0 4,1 «Strabo, Geography, Book III, Chapter 3»
- ↑ «MatrizNet». www.matriznet.dgpc.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020
- ↑ «MatrizNet». www.matriznet.dgpc.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020
- ↑ Portugal, All About. «Guerreiro Calaico / Castrejo». All About Portugal (em português). Consultado em 11 de setembro de 2020
- ↑ «Museus de Loures - Guerreiro calaico ou castrejo [Material gráfico]». museusegalerias.cm-loures.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020
- ↑ «Arqueologia, Boticas: Terra de Guerreiros». www.cm-boticas.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020
- ↑ A cetra era um escudo redondo usado por povos indígenas do Norte da Hispânia.
- ↑ Murguía, Manuel (1968): "Etimología del nombre de Galicia", in Irmandade, no. 32, p. 8