Fulniôs (Fulni-ô) | |||
---|---|---|---|
À esquerda, o pesquisador Geraldo Lapenda e, à direita, o índio fulniô Lourenço | |||
População total | |||
4.689 | |||
Regiões com população significativa | |||
Águas Belas, em Pernambuco, no Brasil | |||
| |||
Línguas | |||
Língua iatê | |||
Religiões | |||
Os fulni-ô, também conhecidos como carnijó e formió[2], são um grupo indígena que habita próximo ao rio Ipanema, no município de Águas Belas, no estado de Pernambuco, no Brasil. Junto com os índios do Maranhão são os únicos povos indígenas da Região Nordeste que conseguiram preservar o idioma nativo. Da etnia, descende um dos maiores ídolos da história do futebol brasileiro: Mané Garrincha[3] e a tenista Teliana Pereira.
História
O grupo surgiu a partir de um reagrupamento de diversos povos indígenas que habitavam a região. Documentos indicam que, desde a década de 1700, os indígenas daquela região enfrentam problemas com a ocupação não indígena da região. A distribuição de terras no Brasil, a partir das capitanias hereditárias, serviu como um mecanismo de dispersão de populações nativas, como ocorreu, por exemplo, nas terras interioranas de Pernambuco. Os indígenas fulniôs resistiram à ocupação não índia, mantendo, até hoje, por exemplo, o ritual do ouricuri.
Ritual do ouricuri
O ouricuri é uma região que integra as terras fulni-ô em Águas Belas, e onde os índios fulniôs praticam reclusão coletiva durante três meses. Neste local, os não fulniôs só podem adentrar com autorização do pajé, e nunca durante a prática do ritual. Os fulni-ô mantêm o conjunto de elementos que compõe a religião em segredo, pois acreditam que o segredo protege suas especificidades culturais.
No interior do ouricuri, existe a separação de ambientes para homens e para as mulheres. Também é lá que habita o juazeiro sagrado, árvore que simboliza, para os indígenas, a maior imagem da natureza sagrada. Todos os índios devem participar da reclusão coletiva, pois isto é regra obrigatória para tornar-se fulni-ô. Quem não frequenta o ouricuri não é considerado um fulni-ô legítimo.
Referências
- ↑ Instituto Socioambiental. «Quadro Geral dos Povos». Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 17 de setembro de 2017
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 355.
- ↑ BARTHOLO, T. L. e SOARES, A. J. G. Mané Garrincha como síntese da identidade do futebol brasileiro. Disponível em http://comunicacaoeesporte.files.wordpress.com/2010/10/mane-garrincha-como-sintese-da-identidade-do-futebol-brasileiro1.pdf. Acesso em 20 de junho de 2013.
Bibliografia
As principais obras sobre esses índios foram escritas por Estevão Pinto, no ano de 1955, e por Geraldo Lapenda, no ano de 1968.
- Barbosa, Eurípedes. Aspectos fonológicos da língua Yatê. Dissertação (Mestrado). Brasília: UnB, 1992.
- Braga, Palloma C. R. Corpo, Saúde e Reprodução entre os índios Fulni-ô. Dissertação de mestrado. Recife: UFPE, 2010.
- Coutinho, Walter. J. & Melo, Juliana G. Reflexões sobre a questão fundiária Fulni-ô. In: Marco Antonio do Espírito Santo (Org.), Política indigenista: Leste e Nordeste brasileiros: 55-64. Brasília: Funai, 2000.
- Dantas, Sérgio N. Sou Fulni-ô, meu branco. Tese (doutorado). São Paulo: PUC, 2002.
- Foti, Miguel V. Resistência e segredo: relato de uma experiência de antropólogo com os Fulniô. Dissertação de mestrado. Brasília: UnB, 1991.
- Lapenda, Geraldo Calábria. Perfil da língua yathê. Recife: Secretaria de Educação e Cultura (Prefeitura Municipal do Recife)/Imprensa Universitária, 1965. Disponível em Biblioteca Digital Curt Nimuendajú: [1];
- Lapenda, Geraldo Calábria. Estrutura da língua iatê. Recife: Imprensa Universitária (Universidade Federal de Pernambuco), 1968 [2ªed., 2005].
- LAPENDA, Geraldo Calábria. Estrutura da Língua Iatê - falada pelos índios fulni-ô. Recife, Imprensa Universitária (Universidade Federal de Pernambuco), 1968.
- Nimuendajú, Curt (1982). Textos indigenistas. Introdução Carlos de Araújo Moreira Neto, Prefácio e coordenação: Paulo Suess. Loyola, São Paulo.
- Oliveira, Carlos Estevão de. O ossuário da ‘Gruta-do-Padre’ em Itapirica e algumas notícias sobre remanescentes indígenas do Nordeste. BMN 14/17, 1942.
- PINTO, Estevão. Estórias e Lendas indígenas. Secção E (História e Geografia), 15. Recife: Faculdade de Filosofia de Pernambuco, 1955. Disponível em Biblioteca Digital Curt Nimuendajú: http://biblio.etnolinguistica.org/obras; e NEPE (UFPE): http://www.ufpe.br/nepe/?p=documentosPublicacoes
- Pinto, Estevão. Etnología brasileira. Fulniô, os últimos Tapuias. São Paulo: Editora Nacional, 1956. * Pompeu Sobrinho, T. Índios Fulniôs, karnijós de Pernambuco. Revista do Instituto Ceará 49: 31-58. Fortaleza, 1935.
- Pompeu, Sobrinho. Contribuição para o estudo da língua tapuia dos índios Fulniôs. Boletim de Antropologia da Universidade de Ceará 5/1: 3-58. Fortaleza, 1966.
- Rodrigues, Aryon D. Macro-Jê. In: R.M.W. Dixon & Alexandra Y. Aikhenvald (Orgs), The languages of Amazonia: 165-206. Cambridge: CUP, 1999.
- SÁ, Aluízio Caetano de. Dicionário Iatê-Português. Águas Belas, PE: Edición del autor, 2000.
- Secundino, Marcondes de A. Voto Indígena e Representação Política entre os Fulni-ô na década de 1990. In: ATHIAS, Renato (Org). Povos Indígenas de Pernambuco Identidade Diversidade e Conflito. Recife: Editora universitária UFPE: 87-112, 2007.
- Vasconcelos, Sanelva de. Os Carnijós de Águas Belas: estudo histórico, geográfico, sociológico e estatístico de Águas Belas e genealógico de seu fundador. Recife: Arquivo Público Estadual, 1962.
- Vianna, Mabel C. Aspectos Socioeconômicos e Sanitário dos Fulni-ô de Águas Belas-Pernambuco. DIV. Documentação: Recife, 1966.