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O Colégio Pedro II é uma tradicional instituição de ensino público federal, localizada no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. É o terceiro mais antigo dentre os colégios em atividade no país, depois do Ginásio Pernambucano e do Atheneu Norte-Riograndense. A escola foi criada em homenagem ao seu patrono, o imperador do Brasil, D. Pedro II.
Fundado durante a regência do Marquês de Olinda, Pedro de Araújo Lima, integrava um projeto civilizatório mais amplo do Império do Brasil, do qual faziam parte a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Arquivo Público do Império, seus contemporâneos. No plano da educação, uma parcela significativa dos autores entende que o colégio pretendia formar uma elite nacional. Outros, porém, apontam para limitações desta visão, sugerindo outras motivações para a criação do Colégio, principalmente ao destacar que a transformação do Seminário de São Joaquim em Colégio de Pedro II seria baseada na ideia da Reforma da Constituição em 1834, de construir um modelo a ser seguido, já que as províncias não estavam dando conta de, por si mesmas, estabelecer seu sistema de ensino local. Outro grupo de autores, como Circe Bittencourt, têm estabelecido visões que dialogam ambas as perspectivas.
O formato do Colégio explica bastante do plano civilizatório Imperial: uma educação que priorizava uma boa formação, mas que abrangia uma parte pequena da sociedade, que era suficiente ao projeto do Império, na medida que preenchesse os quadros básicos do sistema burocrático e ideológico às lideranças do país, com um currículo que servia a estes interesses, não estando tão preocupada com a formação de uma massa ampla de operários minimamente capacitados, como ocorreria em momentos posteriores no Brasil e já ocorria em alguns lugares da Europa.
Conta com 12 campi no Rio de Janeiro, nos bairros do Centro, São Cristóvão (3 unidades), Humaitá (2 unidades), Tijuca (2 unidades), Engenho Novo (2 unidades) e Realengo (2 unidades). Também possui um campus em Niterói e outro em Duque de Caxias.
História
O período Imperial
A instituição foi fundada em decorrência da reorganização do antigo Seminário de São Joaquim, conforme projeto apresentado à regência do Marquês de Olinda (1837–1840) pelo então ministro dos Negócios e da Justiça, Bernardo Pereira de Vasconcelos. Inaugurado em 1837, na data de aniversário do imperador-menino (2 de dezembro), foi denominado Imperial Colégio de Pedro II. O ato foi oficializado por decreto regencial a 20 de dezembro, e as aulas se iniciaram em março do ano seguinte (1838).
As suas instalações sediavam-se na antiga rua Larga (atual avenida Marechal Floriano),[1] no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, cujas salas de aula funcionam até aos nossos dias.
A maioria dos alunos pertencia à elite econômica e política do país, apesar de haver a previsão para estudantes destituídos de recursos. O Colégio deveria:
“ | (...) atender tanto aos filhos das elites quanto aos destituídos (...), preparando os alunos para o comércio, a indústria e a administração pública. | ” |
— Lúcia Bastos Pereira das Neves |
Imbuído dos valores europeus de civilização e progresso, os alunos do Imperial Colégio saíam com o diploma de Bacharel em Letras, aptos a ingressar nos cursos superiores. Conforme decreto de 1843, o Colégio era o único a conferir este título a seus formandos, o que lhes garantia o privilégio do acesso direto aos cursos superiores sem a prestação dos exames das matérias preparatórias.[2]
A partir de 1857, a instituição dividiu-se em internato e externato, sendo a primeira modalidade instalada na Tijuca no ano seguinte (1858), onde permaneceu até 1888, quando as suas dependências foram transferidas para o campo de São Cristóvão (Unidade São Cristóvão).
Período Republicano
Com a Proclamação da República, em 1889, o nome da instituição foi alterado para Instituto Nacional de Instrução Secundária e, logo em seguida, para Ginásio Nacional. Em 1911, reassumiu a sua primitiva designação.
Em 1937, o presidente Getúlio Vargas outorgou a lei nº 574 de 9 de novembro, do mesmo ano, que estabelece no 2º artigo o grau de bacharel em ciências e letras para os alunos que houverem terminado o último ano do ensino médio do Colégio.[3]
Até à década de 1950, era considerado como "Colégio padrão do Brasil", uma vez que o seu programa de ensino era referência de qualidade e modelo dos programas dos colégios da rede privada, que solicitavam ao Ministério da Educação o reconhecimento de seus próprios certificados, justificando a semelhança de seus currículos com os do Colégio.
Devido ao grande número de inscritos para seu concurso de acesso, significando um aumento crescente na sua demanda, a instituição necessitou ampliar o número de vagas para matrículas. Foram inauguradas por esta razão as Seções Norte e Sul (1952) e a Seção Tijuca (1957).
O Colégio na atualidade
A partir de 1979, as antigas seções passaram a ser denominadas Unidades Escolares (U.E.) tendo, como complemento, o nome do bairro onde estavam instaladas: U.E. Centro (a pioneira), U.E. São Cristóvão (o internato), U.E. Engenho Novo (antiga Seção Norte), U.E. Humaitá (antiga Seção Sul) e U.E. Tijuca (antiga Seção Tijuca), atendendo os atuais ensino fundamental (segundo segmento) e ensino médio.
Em 1984, foi instituído na U.E. São Cristóvão o primeiro segmento do Ensino Fundamental (1º. ao 5º. anos), informalmente chamado de "Pedrinho". Este segmento foi implantado, posteriormente, nas U.E. Humaitá (1985), U.E. Engenho Novo (1986) e U.E. Tijuca (1987). A partir desse processo, as unidades do primeiro segmento passaram a ser formalmente denominadas como Unidade I e as do segundo segmento (de 5a. a 8a. séries), como Unidade II, ou seja, U.E. São Cristóvão I e U.E. São Cristóvão II, atendendo respectivamente o primeiro e o segundo segmento.
A tradição de excelência em educação da instituição foi reconhecida pelo Governo Federal brasileiro, em 1998, quando o Colégio recebeu o Prêmio Qualidade por seu projeto de Qualidade Total na área de educação.
Visando atender a grande demanda pelo ensino médio foi inaugurada, em 1999, uma nova unidade em São Cristóvão (U.E. São Cristóvão III).
Mantendo-se a procura por ensino de qualidade no município, mesmo tratando-se de instituição federal, inaugurou-se a Unidade Escolar Realengo em 6 de abril de 2004, fruto de convênio entre a Instituição e a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, que passou a atender, desse modo, a população da Zona Oeste da cidade. No ano de 2010, foi inaugurada a Unidade I, oferecendo as séries iniciais do ensino fundamental; em 2012, Realengo tornou-se a primeira unidade a abrir turmas de educação infantil.
Em 2006, a Unidade Escolar Descentralizada de Niterói foi aberta e, em 2007, a de Duque de Caxias. Ambas oferecem apenas o ensino médio.
Em 2008, foi instituída a "Olimpíada Interna de Química do Colégio Pedro II", evento que premia os alunos na noite de 1 de dezembro, antecipando a comemoração ao aniversário do Colégio, que ocorre na noite seguinte (2 de dezembro).
O Colégio mantém convênios com instituições públicas e privadas, como o Observatório Nacional, a Petrobras, a Fundação Oswaldo Cruz, o Museu Nacional (UFRJ) e outras, oferecendo estágios e complementação de estudos aos seus alunos. Oferece ainda cursos técnicos, integrados ao ensino médio regular, nas áreas de meio ambiente (unidade São Cristóvão), e de informática (unidades São Cristóvão, Engenho Novo e Tijuca). A partir de 2012, oferecerá o curso de música (unidade Realengo).
“ | Uma instituição federal de ensino, pluricurricular e multicampi, vinculada ao Ministério da Educação e especializada na oferta de educação básica e de licenciaturas, e também equiparado aos institutos federais para efeito de incidência das disposições que regem a autonomia e a utilização dos instrumentos de gestão do quadro de pessoal e de ações de regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação profissional e superior. As unidades escolares que atualmente compõem a estrutura organizacional do Colégio Pedro II passam de forma automática, independentemente de qualquer formalidade, à condição de campi da instituição. | ” |
— O Colégio, a partir da lei nº 12.677/2012 |
Sendo assim, de acordo com esta lei, o Colégio equiparou-se aos IFEs (Institutos Federais) nas questões administrativas, e consequentemente as antigas Unidades Escolares passaram a ser chamadas de Campus e a direção-geral passou a ser chamada reitoria.[4]
O Colégio passou também a oferecer mestrado em educação em virtude desta lei.
A partir de 2020 o campus Realengo II passou a ofertar cursos de graduação na modalidade Licenciatura, sendo estes cursos: Ciências sociais, Filosofia, Geografia e História. O ingresso se dá através do Sisu.[5]
Hino
Em solenidade comemorativa do centenário do Colégio foi executado pela primeira vez o Hino dos Alunos do Colégio Pedro II, sob a regência da professora Maria Eliza de Freitas Lima, com música do maestro Antônio Francisco Braga e letra do bacharel do externato Hamilton Elia.
Inspirada na retumbância das peças marciais e na letra de exaltação do passado e certeza do futuro, a letra traz símbolos do positivismo.[6]
Professores notórios
O Colégio Pedro II contou, ao longo de sua história, com professores renomados na História do Brasil.[7]
Alunos notórios
- Afonso Arinos de Melo Franco, escritor e integrante da Academia Brasileira de Letras;
- Arlindo Cruz, cantor e compositor;
- Coelho Netto, escritor e integrante da Academia Brasileira de Letras;
- Fátima Bernardes, jornalista;
- Fernanda Montenegro, atriz e integrante da Academia Brasileira de Letras;
- Floriano Peixoto, Presidente da República (1891-1894);
- Henrique Francisco d'Ávila, Governador do Rio Grande do Sul (1880-1881) e Ceará (1889);
- Henrique Pereira de Lucena, Barão de Lucena e Governador de Pernambuco (1872-1875), Bahia (1877-1878), Rio Grande do Norte (1872) e Rio Grande do Sul (1885-1886);
- Hermes da Fonseca, Presidente da República (1910-1914);
- Ivan Pinheiro, Secretário-Geral do Partido Comunista Brasileiro (2005-2016);
- Ivo de Magalhães, Governador de Brasília (1962-1964);[8]
- Jorge Picciani, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (2003-2011 e 2015-2017);
- Luiz Fux, Ministro do Supremo Tribunal Federal (2011-);
- Manuel Bandeira, escritor e integrante da Academia Brasileira de Letras;
- Marco Aurélio Mello, Ministro do Supremo Tribunal Federal (1990-2021);
- Maria Luísa Bittencourt, Deputada Estadual da Bahia (1935-1937);
- Nilo Peçanha, Presidente da República (1909-1910);
- Rodrigues Alves, Presidente da República (1902-1906);
- Washington Luís, Presidente da República (1926-1930).
Enem
Esses foram os resultados das unidades participantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015.[9]
Unidade | Ranking nacional | Ranking estadual (escolas públicas do RJ) |
Média |
---|---|---|---|
Niterói | 158º | 1º | 673,02 |
Centro | 163º | 2º | 672,89 |
Duque de Caxias | 228º | 4º | 664,73 |
Humaitá II | 292º | 5º | 657,83 |
Realengo II | 368º | 8º | 650,62 |
São Cristóvão III | 499º | 10º | 641,08 |
Tijuca II | 527º | 11º | 639,28 |
Engenho Novo II | 760º | 13º | 628,48 |
Média Geral | — | — | 653,49 |
Ver também
Referências
- ↑ VILAÇA, Fabiano. "Deus no céu, Pedro na Terra". in Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 3, nº 33, junho de 2008, p. 90-91.
- ↑ «História». Sítio do CPII Centro. Consultado em 13 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 14 de fevereiro de 2018
- ↑ «Lei nº 574». Diário Oficial da União. Câmara dos Deputados. 9 de novembro de 1937. Consultado em 13 de fevereiro de 2018
- ↑ «Lei nº 12.677/2012». Presidência da República. 25 de junho de 2012. Consultado em 13 de fevereiro de 2018
- ↑ «Colégio Pedro II - Com proposta inovadora, CPII vai oferecer quatro cursos de licenciatura na Zona Oeste, em 2020». www.cp2.g12.br. Consultado em 28 de dezembro de 2019
- ↑ ANDRADE, Vera Lúcia Cabana de Queiroz (1999). Colégio Pedro II: Um Lugar de Memória. Tese (Doutorado) em História. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. 157 páginas
- ↑ Para uma lista parcial ver. «História CPII Centro». Consultado em 6 de dezembro de 2008. Arquivado do original em 20 de outubro de 2008
- ↑ «Ivo de Magalhães, CPDOC». Consultado em 24 de julho de 2022
- ↑ Comunicacao. «Colégio Pedro II - CPII lidera ranking de melhores escolas públicas do RJ no Enem 2015». www.cp2.g12.br. Consultado em 9 de março de 2017
Bibliografia
- SEGISMUNDO, Fernando. Colégio Pedro II: Tradição e Modernidade. Rio de Janeiro: Unigraf, 1972. 159p.
- ANDRADE, Vera Lúcia Cabana de Queiroz. Colégio Pedro II: Um Lugar de Memória. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) em História. Rio de Janeiro, 1999. 157p. P. 107 e 108