Campeonato Paulista de Futebol de 1969 | ||||
---|---|---|---|---|
Campeonato Paulista da Divisão Especial de 1969 | ||||
Dados | ||||
Participantes | 14 | |||
Organização | FPF | |||
Período | 26 de janeiro[1] – 22 de junho | |||
Campeão | Santos (12º título) | |||
Vice-campeão | Palmeiras | |||
Melhor marcador | Pelé | |||
Público | 1 381 048[i] | |||
Média | 7 346 pessoas por partida | |||
|
O Campeonato Paulista de Futebol de 1969 foi a 68.ª edição da competição, promovida pela Federação Paulista de Futebol, e teve o Santos como campeão e Pelé, do mesmo clube, como artilheiro, com 26 gols.
Regulamento
O presidente da Federação Paulista de Futebol, João Mendonça Falcão, sugeriu que o Campeonato Paulista adotasse a mesma fórmula do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, com os clubes divididos em dois grupos e uma fase final com quatro clubes.[3] Assim, pela primeira vez em mais de três décadas, o estadual paulista não foi disputado em pontos corridos. A medida foi aplaudida pelo jornalista Aroldo Chiorino, da Folha de S. Paulo: "Enfim, o futebol paulista resolveu libertar-se da rotina. Sem dúvida, é uma tentativa que visa a tornar o campeonato mais atraente, evitando-se, assim, que logo no início do returno, como acontecia no sistema anterior, tenhamos várias equipes completamente fora da luta direta pelo título. O público torcedor, com o novo sistema, terá maior motivação para ir aos estádios, porque os seus clubes, principalmente os chamados grandes, não ficarão fora da luta pelo título muito cedo."[4]
Os catorze times jogaram turno e returno entre si, embora divididos em dois grupos com sete times cada para efeito de classificação. No sorteio, a Federação procurou manter Santos e Corinthians em grupos separados, para maximizar as chances de ambos participarem do quadrangular final, o que supostamente garantiria boas rendas.[5] Ao fim da primeira fase, os dois primeiros colocados de cada grupo garantiram vaga na fase final. Os critérios de desempate decididos foram: saldo de gols, pontos ganhos nos confrontos diretos e sorteio.[3]
A fase final foi disputada em turno único, com contagem de pontos zerada. Ao fim das três rodadas, o time com mais pontos ficou com o título. Nessa fase, o único critério de desempate previsto no regulamento era o saldo de gols.[3] Caso dois times terminassem empatados também nesse critério, seria marcado um jogo-desempate, com possibilidade de prorrogação e disputa de penalidades alternadas.[3] Caso mais de dois times terminassem empatados também no saldo de gols, o campeão seria definido por meio de um sorteio na sede da FPF.[3]
A princípio, o último colocado seria rebaixado à Primeira Divisão, porém um assembleia geral da Federação decidiu, em julho, que não haveria mais descenso em nenhuma das divisões do futebol paulista naquele ano.[6] Com a decisão, a Divisão Especial do campeonato de 1970 seria disputada por dezesseis equipes: além das catorze que tinha disputado a edição de 1969, teriam vaga o campeão da Primeira Divisão de 1969 (que acabaria sendo a Ponte Preta) e o Comercial, rebaixado em 1968, mas que ganhou um recurso no Conselho Nacional de Desportos contra seu rebaixamento.[6]
Primeira fase
Devido ao declínio de público nos estádios ao longo dos anos anteriores, a Federação solicitou ao Ibope uma pesquisa para determinar os motivos.[7] Mesmo antes de o resultado ser apresentado, Mendonça Falcão determinou uma redução no preço dos ingressos populares para a edição de 1969.[8]
O campeonato teve início no fim de janeiro, sem a presença dos clubes grandes, que aproveitaram para fazer excursões pelo exterior (casos de Corinthians, Palmeiras e Santos) ou disputar amistosos em casa (caso do São Paulo, que recebeu a seleção húngara no Morumbi.[9] No segundo turno, houve problemas de datas, e algumas partidas dessa fase tiveram de ser realizadas durante e após a fase final.[10]
No início do segundo turno, o Corinthians jogou contra o São Bento, em Sorocaba, e, na volta à Capital, os jogadores foram liberados. Lidu e Eduardo saíram para jantar, mas seu carro capotou várias vezes na Marginal Tietê, na altura da Ponte da Vila Maria.[11] Os dois jogadores foram atirados para fora e morreram.[11] Cerca de cinco mil pessoas foram ao velório, no Parque São Jorge.[11] Menos de uma semana depois, o Conselho Arbitral da Federação Paulista de Futebol reuniu-se, para avaliar um pedido do Corinthians, para poder contratar dois jogadores.[12] Os primeiros oito clubes a votar (São Bento, Guarani, Ferroviária, Paulista, Portuguesa Santista, Juventus, XV de Piracicaba e Portuguesa votaram a favor,[13] mas, como seria necessária unanimidade para que a autorização fosse concedida,[12] a votação foi encerrada quando o dirigente palmeirense José Gimenez Lopes deu voto contrário.[13]
"Eu penso com a cabeça, não com o coração", explicaria depois o cartola. "Imaginem se eu concordasse e, depois, por azar, na final do Campeonato Paulista estivessem Corinthians e Palmeiras, sendo que meu time perdesse, utilizando-se o Corinthians dos novos jogadores contratados. O que a nossa torcida diria de mim?[13] Os representantes de Santos e São Paulo não chegaram a votar.[13] Mais tarde, Gimenez Lopes acusaria o Corinthians de querer "criar impacto emocional à custa do nosso voto" e garantiria que ao menos os votos de Santos e América também seriam contra.[14]
Na reta final do segundo turno, Palmeiras e Corinthians foram acusados de entregar "declaradamente" jogos, respectivamente para São Bento e Botafogo, auxiliando os adversários na luta contra o rebaixamento.[15]
Grupo A | |||||||||
Predefinição:Tooltip | Time | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | Santos | 37 | 26 | 17 | 3 | 6 | 60 | 30 | 30 |
2 | Palmeiras | 36 | 26 | 17 | 2 | 7 | 46 | 19 | 27 |
3 | Portuguesa | 29 | 26 | 12 | 5 | 9 | 41 | 37 | 4 |
4 | Ferroviária | 26 | 26 | 10 | 6 | 10 | 29 | 35 | -6 |
5 | Portuguesa Santista | 23 | 26 | 8 | 7 | 11 | 36 | 41 | -5 |
6 | XV de Piracicaba | 21 | 26 | 5 | 11 | 10 | 30 | 41 | -11 |
7 | Juventus | 20 | 26 | 7 | 6 | 13 | 28 | 37 | -9 |
Grupo B | |||||||||
Predefinição:Tooltip | Time | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip |
1 | Corinthians | 36 | 26 | 16 | 4 | 6 | 51 | 24 | 27 |
2 | São Paulo | 34 | 26 | 16 | 2 | 8 | 44 | 29 | 15 |
3 | América | 23 | 26 | 8 | 7 | 11 | 29 | 45 | -16 |
4 | Guarani | 23 | 26 | 9 | 5 | 12 | 35 | 40 | -5 |
5 | Botafogo | 19 | 26 | 6 | 7 | 13 | 25 | 41 | -16 |
6 | São Bento | 19 | 26 | 6 | 7 | 13 | 26 | 45 | -19 |
7 | Paulista | 18 | 26 | 7 | 4 | 15 | 25 | 40 | -15 |
Disputa do título
Os quatro melhores colocados na fase classificatória (Palmeiras, Santos, Corinthians e São Paulo) fizeram um quadrangular final em turno único. Em 8 de junho, o Santos estreou ganhando do Corinthians por 2 a 1 no Morumbi. Três dias depois, o Palmeiras ganhou do São Paulo por 1 a 0 no Parque Antártica, praticamente definindo a disputa do título entre os dois vencedores da primeira rodada. No dia 15, o São Paulo ganhou por 3 a 2 do Corinthians no Morumbi.
A "final antecipada" ocorreu no dia 18, com o Palmeiras, que havia vencido os dois confrontos anteriores contra o Santos, sendo derrotado por 3 a 0 diante de sua torcida. No dia 21, São Paulo e Santos enfrentaram-se no Morumbi: ao Santos, bastava um empate para chegar ao seu segundo tricampeonato paulista; ao Tricolor, só a vitória interessava, para igualar a pontuação do Peixe. O Palmeiras torcia contra o Santos, precisando ainda vencer o Derby Paulista, mas o empate por 0 a 0 garantiu o título ao Alvinegro. Na última partida, no dia seguinte, o Palmeiras ganhou do Corinthians por 3 a 2.
Com a 12.ª conquista, o Santos tornou-se o terceiro maior campeão do Campeonato Paulista, ultrapassando o Paulistano, dono de onze títulos — o São Paulo na época detinha oito títulos. O Santos ficou atrás apenas de Corinthians e Palmeiras, que tinham quinze títulos cada.
Jogos
8 de junho de 1969 | Santos | 3 – 1 | Corinthians | Morumbi, São Paulo |
15h15 Histórico |
Pelé 25', 32' Edu 43' |
Ficha técnica | Paulo Borges 67' | Público: 44 668 Renda: NCr$ 280 388 Árbitro: Roberto Goicochea |
Santos — Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros (Lima); Toninho Guerreiro, Edu, Pelé e Abel (Manuel). Técnico: Antoninho.
Corinthians — Lula; Alvacir (Mendes), Ditão, Luís Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivellino; Paulo Borges, Tales, Benê e Buião (Adnan). Técnico: Dino Sani.
11 de junho de 1969 | Palmeiras | 1 – 0 | São Paulo | Parque Antártica, São Paulo, SP |
20h45 Histórico |
Dudu 11' do 2.º | Ficha técnica | Público: 37 682 Renda: NCr$ 207 730 Árbitro: José Favilli Neto |
Palmeiras — Emerson Leão (Chicão); Eurico, Baldocchi, Nélson e Dé; Dudu e Jaime; Copeu, Artime, Ademir da Guia e Serginho. Técnico: Filpo Núñez.
São Paulo — Picasso; Cláudio, Jurandir, Roberto Dias e Édson Cegonha; Terto e Nenê; Paraná, Zé Roberto, Téia e Babá. Técnico: Diede Lameiro.
15 de junho de 1969 | São Paulo | 3 – 2 | Corinthians | Morumbi, São Paulo, SP |
Histórico |
Zé Roberto 16' do 1.º Téia 3' do 2.º Téia 42' do 2.º |
Ficha técnica | Rivellino 12' do 1.º Benê 39' do 2.º |
Público: 14 115 Renda: NCr$ 81 907 Árbitro: Joaquim Campos |
São Paulo — Picasso; Cláudio, Jurandir, Roberto Dias e Édson Cegonha; Terto e Nenê; Paraná, Zé Roberto, Téia e Babá. Técnico: Diede Lameiro.
Corinthians — Lula; Mendes, Ditão, Luís Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivellino; Paulo Borges, Tales (Servílio), Benê e Adnan (Tião). Técnico: Dino Sani.
18 de junho de 1969 | Palmeiras | 0 – 3 | Santos | Parque Antártica, São Paulo, SP |
20h45 Histórico |
Ficha técnica | Pelé 23' do 1.º Edu 21' do 2.º Toninho Guerreiro 27' do 2.º |
Público: 21 146 Renda: NCr$ 127 120 Árbitro: Roberto Goicochea |
Santos — Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Toninho Guerreiro (Joel), Edu, Pelé e Abel. Técnico: Antoninho.
Palmeiras — Chicão; Eurico, Baldocchi, Nélson e Dé (Zeca); Dudu e Ademir da Guia; Copeu, Jaime, Artime (César Maluco) e Serginho. Técnico: Filpo Núñez.
21 de junho de 1969 | Santos | 0 – 0 | São Paulo | Morumbi, São Paulo, SP |
15h15 Histórico |
Ficha técnica | Público: 31 999 Renda: NCr$ 199 669 Árbitro: Joaquim Campos |
Santos — Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Toninho Guerreiro, Edu, Pelé e Abel. Técnico: Antoninho.
São Paulo — Picasso; Cláudio, Jurandir, Roberto Dias e Édson Cegonha; Terto e Nenê; Paraná, Zé Roberto, Téia e Babá. Técnico: Diede Lameiro.
22 de junho de 1969 | Corinthians | 2 – 3 | Palmeiras | Morumbi, São Paulo, SP |
Histórico |
Benê 28' do 2.º Rivellino (pen.) 36' do 2.º |
Ficha técnica | Dudu 41' do 1.º Artime 43' do 1.º Jaime 9' do 2.º |
Público: 5 702 Renda: NCr$ 30 738 Árbitro: José Favilli Neto |
Corinthians — Lula; Mendes, Ditão, Luís Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivellino; Paulo Borges, Servílio (Tales), Benê e Tião (Adnan). Técnico: Dino Sani.
Palmeiras — Neuri; Eurico, Baldocchi, Minuca e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Copeu, Jaime, Artime e Serginho. Técnico: Filpo Núñez.
Classificação
Turno final | |||||||||
Predefinição:Tooltip | Time | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | Santos | 5 | 3 | 2 | 1 | 0 | 6 | 1 | 5 |
2 | Palmeiras | 4 | 3 | 2 | 0 | 1 | 4 | 5 | -1 |
3 | São Paulo | 3 | 3 | 1 | 1 | 1 | 3 | 3 | 0 |
4 | Corinthians | 0 | 3 | 0 | 0 | 3 | 5 | 9 | -4 |
Repercussão
Apesar do entusiasmo inicial com a nova fórmula, ao fim do campeonato a Folha de S.Paulo proclamou o "fracasso" do campeonato. A fórmula, por exemplo, foi criticada por Pedro Luís, em 6 de junho: "A experiência da FPF foi malograda, e esta fórmula de disputa deverá ser sepultada com a vergonhosa manobra que se processou entre alguns clubes, controlando e arrumando resultados."[15] No dia 22, o mesmo jornal listou sete motivos para o malogro do campeonato, entre eles a fórmula com apenas quatro classificados para a fase final, a indisponibilidade do Pacaembu, o ainda caro preço dos ingressos e a transmissão de reprises das partidas no mesmo dia.[16]
Classificação final
Grupo A | |||||||||
Predefinição:Tooltip | Time | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip | Predefinição:Tooltip |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | Santos | 42 | 29 | 19 | 4 | 6 | 66 | 31 | 35 |
2 | Palmeiras | 40 | 29 | 19 | 2 | 8 | 50 | 24 | 26 |
3 | São Paulo | 37 | 29 | 17 | 3 | 9 | 47 | 32 | 15 |
4 | Corinthians | 36 | 29 | 16 | 4 | 9 | 56 | 33 | 23 |
5 | Portuguesa | 29 | 26 | 12 | 5 | 9 | 41 | 37 | 4 |
6 | Ferroviária | 26 | 26 | 10 | 6 | 10 | 29 | 35 | -6 |
7 | Guarani | 23 | 26 | 9 | 5 | 12 | 35 | 40 | -5 |
Portuguesa Santista | 23 | 26 | 8 | 7 | 11 | 36 | 41 | -5 | |
9 | América | 23 | 26 | 8 | 7 | 11 | 29 | 45 | -16 |
10 | XV de Piracicaba | 21 | 26 | 5 | 11 | 10 | 30 | 41 | -11 |
11 | Juventus | 20 | 26 | 7 | 6 | 13 | 28 | 37 | -9 |
12 | Botafogo | 19 | 26 | 6 | 7 | 13 | 25 | 41 | -16 |
13 | São Bento | 19 | 26 | 6 | 7 | 13 | 26 | 45 | -19 |
14 | Paulista | 18 | 26 | 7 | 4 | 15 | 25 | 40 | -15 |
O Paulista foi rebaixado, porém, após o fim do campeonato, uma assembleia geral da FPF decidiu que não haveria mais rebaixamento.
Referências
|