Cacique & Pajé | |
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Informação geral | |
Origem | São Paulo, SP |
País | Brasil |
Gênero(s) | Sertanejo |
Período em atividade | 1957-2018 2019-presente |
Gravadora(s) | Universal Music Brasil |
Ex-integrantes | |
Página oficial | www.caciqueepaje.com.br |
Cacique & Pajé foi uma dupla de cantores de música sertaneja do Brasil formada por Antônio Borges de Alvarenga (Rondonópolis, 25 de março de 1935 — São Paulo, 7 de março de 2019[1]), o Cacique, e Roque Pereira Paiva (Rondonópolis, 22 de agosto de 1936 — São Paulo, 5 de março de 1994), o Pajé.[2] Posteriormente, também integraram a dupla os cantores que formavam as duplas Cauiê & Caiapó, Odilon & Zé Matão e os cantores Luiz Mariano, Zé Nobre e Pedrinho Tamim, além de Cachoêra, Geraldo Aparecido da Silva (Itapuí, 29 de julho de 1943) e Lorival da Silva, irmão de Geraldo.[3][4]
Biografia
Índios verdadeiros, compõem uma dupla violeira de muitos sucessos, entre eles, "O Milagre do Batismo", "Cidade Moderna", "Pescador e Catireiro", "Caçando e Pescando" e "Poema das Cordas".[3][2]
Filhos de agricultores, Antônio Borges de Alvarenga, o Cacique, filho de Francisco Borges de Alvarenga e Joana Geraldina de Oliveira, nasceu em numa tribo às margens do Rio Vermelho, no município de Rondonópolis. Roque Pereira Paiva, o Pajé, filho de Antônio Pereira Paiva e Cecília Verdoot, nasceu na mesma tribo.[3][2]
Apesar de terem nascido nas margens do Rio Vermelho, uma epidemia de febre amarela fez com que fossem entregues pelo padre a dois boiadeiros que passavam por aquela região. Eles foram na comitiva levando a boiada e trouxeram os dois. Cacique foi adotado por Francisco Borges de Alvarenga e o Pajé por Antônio Verduti Paiva. O Pajé recebeu o nome de Roque Pereira Paiva. Cacique foi registrado em Monte Aprazível e Pajé em Bofete.[3] Regulavam a idade, eram da mesma tribo, mas não eram irmãos. Lá tinha os Bororó e os Caiapó.[2]
Antônio e Roque desenvolveram atividades artísticas e utilizaram diversos outros pseudônimos antes de formar a dupla Cacique e Pajé: Antônio adotou de início o nome artístico de Peixoto e fez com João Rodrigues, a dupla Peixoto & Peixinho. Gravaram na gravadora Centenário um "compacto duplo" no qual continha a música "Violeiro Franco" (Antônio Borges e Roque Pereira Paiva). Em seguida, adotou o nome de Rei do Gado e formou dupla com Peão Campeiro. A dupla "Peão Campeiro e Rei do Gado" lançou um LP em 1970 pela gravadora Califórnia, destacando-se entre outras a música "Arrependida" (Garcia e Zé Matão).[3]
Em 1971, Antônio Borges gravou com João Antônio um LP pela Fermata. Pouco tempo depois, mudou seu nome artístico para Ferreirinha e fez dupla com João Ferreira: a dupla "João Ferreira e Ferreirinho".[3]
Em 1977, reassumiu o nome artístico de Rei do Gado, juntou-se finalmente a Roque Pereira, que adotou o nome de Boiadeiro. E, com o pseudônimo de "Índios Caiapó", gravaram um LP pela Sonora. Era a dupla "Rei do Gado e Boiadeiro - Os Índios Caiapó".[3]
E foi no ano de 1978, que nasceu a dupla chamada Cacique e Pajé, ocasião na qual gravaram um LP pela Chantecler, com destaque para "Pescador e Catireiro" (Cacique e Carreirinho). No mesmo ano, participaram juntamente com Sérgio Reis e a Orquestra de Violeiros de Osasco do histórico show promovido por Tonico & Tinoco no Theatro Municipal de São Paulo, o qual também deu origem ao livro "Da Beira da Tuia ao Teatro Municipal". Aliás, foi Tonico e Tinoco que, tendo gostado da dupla, sugeriram o nome.[3]
Cacique ficou sabendo que ele era realmente filho do cacique da Tribo Caiapó, enquanto que seu avô paterno havia sido um pajé (curandeiro) na mesma tribo.[3]
Em 1979, fizeram sucesso com "Caçando e Pescando" (Cacique e Tangará) e "Deixa o Índio em Paz" (Cacique e Capitão Furtado). E, na década de 1980, lançaram mais 5 LPs, destacando-se, dentre outras, "Viola no Samba" (Rei do Mar e Cacique), "Poemas das Cordas" (Paulo Gaúcho e Zé Raimundo), "Cadê o Gato" (Cacique e Pajé) e "As Flores e os Animais" (Paraíso e José Fortuna).[3]
Em 1983, Cacique e Pajé participaram do LP de Taiguara Canções de Amor e Liberdade interpretando com ele "Voz do Leste" (Taiguara). Disco esse, por sinal, extremamente emocionante, que foi o primeiro que Taiguara gravou após ter retornado do exílio na Tanzânia. Em 1985, quando do lançamento do 8º LP, com destaque para "Peão Sabido" (Cacique e Nhô Véio), Pajé foi vítima de um derrame que o obrigou a se afastar da dupla.[3]
Seguiu-se um período de 3 anos no qual as apresentações continuavam, no entanto, Pajé apenas "dublava" e mal conseguia cumprimentar o público. Cacique também era ajudado pelo Rocha da dupla "Rocha e Umuarama", pelo Zé Matão e também pelo Odilon (o mesmo que já formou dupla com Tião do Carro), nas apresentações em que o Pajé não tinha condições de se apresentar.[3]
Em 1993, Cacique também passou mal, com problemas cardíacos e necessitou de cirurgia. Seguiu-se um período de extremas dificuldades, em que ambos os integrantes da dupla foram ajudados pelos irmãos de sangue (que integravam a dupla "Caiuê e Caiapó"), os quais chegaram a "interpretar" Cacique e Pajé, já que Cacique chegou a praticamente perder a voz.[3]
Além de "Caiuê e Caiapó", Odilon e Zé Matão também "dublavam" Cacique e Pajé nas apresentações da dupla. E, nesse período, diversos "Pajés" também cantaram ao lado de Cacique, dentre eles, Luiz Mariano, Zé Nobre e Pedrinho Tamim, até que Roque Pereira Paiva, o Pajezinho, como é carinhosamente chamado pelo Cacique, veio a falecer tragicamente, no ano de 1994, após ter perdido a voz, sofrido dois derrames, além de ter tido braço e perna direitos amputados. "Pajézinho" deixou a esposa com oito filhos.[3]
Cacique, desiludido, tinha a informação médica de que não mais voltaria a cantar. Nessa ocasião, Cachoêra (José Pereira de Souza), que era músico do estúdio, também deu uma força e cantou algum tempo no lugar do Pajé, tendo inclusive gravado dois discos. Cachoêra substituiu o Pajé na dupla, que prosseguiu com o mesmo nome e lançou novo LP pelo selo Disco de Ouro, com destaque para "Barretos Não Faz Feio" (Cacique, Lourival dos Santos e João Macedo). De acordo com Cacique, o Pajezinho é que arranjava os 'Pajé' para ele. Ele ouvia e indicava. Mas, depois que ele morreu, ele ficou com o Cachoêra.[3]
O Geraldo Aparecido da Silva "Pajé atual" ele já conhecia, ele é meio-primo seu. Geraldo Aparecido da Silva, filho da índia Joana Dias Barbosa, nasceu em Itapuí-SP, às margens do Rio Tietê, no dia 29 de julho de 1943. O esposo de Joana era boiadeiro e também catireiro e muito bom violeiro, de acordo com Geraldo, que passou a ser o Pajé a partir do ano de 1997.[3]
Geraldo já havia feito dupla com João Goiano e integrou também o "Trio Andorinha". E foi numa apresentação desse trio que nasceu a nova dupla Cacique e Pajé, como a conhecemos nos dias atuais. Após Geraldo Aparecido ter cantado junto com Antônio Borges, diversas pessoas presentes abraçaram os dois e disseram que era "... a melhor dupla depois do primeiro Pajé..." Dentre os presentes, estavam Pedro Jacob e também o compositor Aleixinho.[3]
Antônio Borges e Geraldo Aparecido, a nova dupla "Cacique e Pajé" gravaram então um CD contendo somente Modas de Viola. E foram mais 6 CDs e diversos shows que vieram depois. Antônio Borges e Geraldo Aparecido mantêm-se em plena atividade com o nome "Cacique e Pajé".[3]
Referências
- ↑ «MST lamenta a morte do violeiro Cacique». MST (em português). 8 de março de 2019. Consultado em 23 de maio de 2022
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 «Cacique e Pajé». Dicionário Cravo Albin (em português). Consultado em 23 de maio de 2022
- ↑ 3,00 3,01 3,02 3,03 3,04 3,05 3,06 3,07 3,08 3,09 3,10 3,11 3,12 3,13 3,14 3,15 3,16 3,17 «Cacique & Pajé - Recanto Caipira». www.recantocaipira.com.br. Consultado em 23 de maio de 2022
- ↑ «Duplas experientes entoam cantigas de viola no programa Brasil Caipira». Institucional (em português). 23 de outubro de 2020. Consultado em 23 de maio de 2022