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Bete Mendes

Bete Mendes
Beth Mendes na pré-estreia do filme Divinas Divas de Leandra Leal em 2017.
Nome completo Elizabeth Mendes de Oliveira
Nascimento 11 de maio de 1949 (75 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Santos, SP
Nacionalidade brasileira
Ocupação atriz
Atividade 1966–presente
Cônjuge Dennis Carvalho (1970–75)

Bete Mendes, nome artístico de Elizabeth Mendes de Oliveira (Santos, 11 de maio de 1949), é uma atriz e política brasileira.

Biografia

Filha do suboficial da Aeronáutica Osmar Pires de Oliveira e de Maria Mendes de Oliveira, não concluiu o curso de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) pois foi proibida de frequentar qualquer universidade durante três anos (conforme o Decreto-lei 477 então vigente), em razão do seu envolvimento com a organização de extrema esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).[1] Posteriormente formou-se em artes cênicas, também pela USP.[2]

Apresentou-se pela primeira vez no teatro em 1968, na peça A Cozinha, de Arnold Wesker, com tradução do Millôr Fernandes e direção de Antunes Filho.[3][4] Já foi casada com o ator e diretor Dennis Carvalho.

Militância política

Em 1970 foi presa pela primeira vez, pelo DOI-CODI (Departamento de Operações Internas - Centro de Operações para Defesa Interna, órgão encarregado, durante a ditadura militar, de proceder o combate aos grupos de esquerda), ficando quatro dias detida. Entre setembro e outubro foi novamente presa, ocasião em que foi torturada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,[5] o qual negou as acusações.[6] Absolvida pelo Superior Tribunal Militar, foi solta após trinta dias de cárcere - mas foi obrigada a abandonar o curso de Sociologia.[2]

Participou ativamente de diversos movimentos sociais e sindicais, como a campanha pela regulamentação profissional de artistas e técnicos em espetáculos de diversões (conquistada em 1978), o apoio às greves dos Metalúrgicos do ABC paulista e o movimento pela Anistia.[2] É associada ao Movimento Humanos Direitos.[7]

Carreira política e atuação parlamentar

Ao longo da carreira artística, voltada principalmente para a televisão, Bete Mendes teve também uma relevante atuação na política. Foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu deputada federal pela primeira vez, na legislatura 1983-1987.[2] Na Câmara dos Deputados foi terceira suplente do Secretário da Mesa Diretora. Foi titular na Comissão de Transportes e suplente em várias outras comissões. Em 1985, foi autora de projeto que criava uma comissão encarregada da elaboração de projeto de Constituição - arquivado por prejudicialidade, pois foi decidido posteriormente que a Constituição seria elaborada pelos deputados eleitos.[8] Foi expulsa do partido por haver votado, ainda no regime de eleições indiretas, em Tancredo Neves para presidente da República.[4] Elegeu-se novamente, desta feita pelo PMDB, para a legislatura seguinte (1987-1991), tendo participado da Constituinte de 1987. Além do mandato eletivo, foi Secretária Estadual de Cultura de São Paulo, no período de 15 de março de 1987 a 21 de dezembro de 1988. Presidiu a Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro, Funarj, em 1999, durante o governo Anthony Garotinho.[2]

O rompimento com o PT não a impediu de apoiar as candidaturas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive a última, em 2006, quando muitos artistas retiraram seu apoio a ele, após o desgaste que o partido sofrera com o escândalo do mensalão.[9][10]

Em setembro de 2007, Bete Mendes foi homenageada em Santos, sua cidade natal, onde teve seu nome inscrito na "calçada da fama" - criada em frente ao Cine Roxy, no bairro do Gonzaga - ao lado de Pelé e do compositor Gilberto Mendes.[11]

O caso Brilhante Ustra

Quando exercia o seu segundo mandato, sendo presidente José Sarney, Bete Mendes integrou a comitiva presidencial em visita oficial ao Uruguai. No dia 17 de agosto de 1985 Bete reconheceu o adido militar da embaixada brasileira em Montevidéu, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, como sendo o seu antigo torturador, na prisão do Doi-Codi. O episódio ganhou ampla repercussão no país, reacendendo os debates sobre a amplitude da Lei da anistia, promulgada em 1979, discutindo-se se tal anistia de fato atingiria os envolvidos em crimes de tortura.

Em resposta à acusação de Bete Mendes, Ustra publicou um livro intitulado Rompendo o Silêncio, onde nega que a atriz tenha sofrido qualquer tipo de tortura e a acusa de ter montado um "teatro" para promover sua reeleição.[12] Contra o coronel Ustra pesavam diversas outras acusações de ex-presos políticos, por prática de tortura, assassinatos e desaparecimentos de presos que estavam sob a guarda do DOI-Codi paulistano, além de ações judiciais movidas por familiares de ex-presos e pelo Ministério Público Federal.[13] Em 2008, a família de Luiz Eduardo da Rocha Merlino moveu uma ação para que a Justiça reconhecesse o papel de Ustra na morte do ex-preso, em decorrência de tortura, ocorrida no mês de julho de 1971. Em 2012, Ustra foi condenado a indenizar a família Merlino por danos morais. Ele recorreu da decisão. Morreu em 2015, antes do novo julgamento.[14]

Carreira

Bete atua em cinema, teatro e televisão.

Na Televisão

Ano Título Personagem Emissora
2017 Tempo de Amar Irmã Imaculada Rede Globo
Os Dias Eram Assim Ela Mesma
2013 Flor do Caribe Olívia Soares
2012 Gabriela Florinda Reis (Florzinha)
2011 Insensato Coração Zuleica Alencar
2009 Caras & Bocas Maria da Piedade Batista Azevedo Conti (Piedade)[15]
2008 Casos e Acasos Hilda Ferreira (Eps: "O Colchão, a Mala e a Balada")
Angelina Munhoz (Eps: "O Parto, O Batom e o Passaporte")
2007 Sítio do Picapau Amarelo Benta Encerrabodes de Oliveira (Dona Benta)
2006 Páginas da Vida Natércia do Cordeiro de Sousa (Irmã Natércia)
2005 América Fátima Carvalho Ramos
Malhação Filomena Barbosa (Tia Filó)
2004 Seus Olhos Edith Garcia Machado SBT
2003 A Casa das Sete Mulheres Ana Joaquina da Silva Gonçalves (Dona Ana Joaquina) Rede Globo
2000 Aquarela do Brasil Olga Duarte
1999 Terra Nostra Ana Splendore
1998 Brida Diva Teixeira Rede Manchete
1996 Você Decide Clarisse Nunes (Eps: "Pobre Menina Rica") Rede Globo
O Rei do Gado Donana da Silva Jatobá (Donana)
1994 Memorial de Maria Moura Antônia Moura
Pátria Minha Zuleica Trindade Ribeiro
Quatro por Quatro Fátima de Almeida (Dona Fátima)
1993 Você Decide Gilda Sabino (Eps: "Relação Delicada")
O Mapa da Mina Carmem Simeone Rocha
1992 Anos Rebeldes Carmen[16]
Você Decide Beatriz Leite (Eps: "Romance Moderno")
1990 Lua Cheia de Amor Emília Amoedo
1989 Tieta Aída Pires
1985 De Quina pra Lua Patrícia Oliveira Santana (Paty)
O Tempo e o Vento Maria Valéria Terra
1981 Floradas na Serra Elza Maia TV Cultura
1980 Dulcinéa, Vai à Guerra Jerusa Vaz Rede Bandeirantes
Pé de Vento Teresa Horta (Terezinha)
1978 Sinal de Alerta Vera Bastos Rede Globo
1977 Sinhazinha Flô Flora Meirelles (Sinhazinha Flô)
1976 O Casarão Vânia Lins
1975 Bravo! Lia Di Lorenzo
1974 O Rebu Sílvia Mahler
1973 As Divinas... e Maravilhosas Carolina Junqueira Rede Tupi
A Volta de Beto Rockfeller Renata Lins
1972 A Revolta dos Anjos Estela Borges Mourão
Na Idade do Lobo Carina Veloso
1971 Nossa Filha Gabriela Rosana
1970 O Meu Pé de Laranja Lima Glória da Silva (Godóia/Glorinha)
Simplesmente Maria Angélica Rios
1969 Super Plá Albertina Guimarães (Titina)
1968 Beto Rockfeller Renata Lins
1966 Águias de Fogo
-

No Cinema

Ano Título Personagem
1974 As Delícias da Vida Eva [17]
1979 Os Amantes da Chuva Isabel [18]
1980 J.S. Brown, o último herói Cris
1981 Eles não Usam Black-tie Maria
1982 Insônia
2002 A Cobra Fumou narradora
2004 Vestido de Noiva Dona Lígia
2006 Brasília 18% Francisca Gonzaga
2010 Aparecida - O Milagre Julia Resende
2013 Vazio Coração Luiza Alves
2017 Introdução a Música do Sangue Ernestina

No teatro

  • 1968 - A Cozinha

Referências

  1. «O relato tocante de Bete Mendes sobre a tortura». Brasil 247. 26 de maio de 2013. Arquivado do original em 13 de abril de 2015 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Câmara dos Deputados. Currículo.
  3. MENEZES, Rogério. Bete Mendes: o cão e a rosa. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura - Fundação Padre Anchieta, 2004. 272p.: Coleção Aplauso. Série Perfil (livro depoimento da atriz)
  4. 4,0 4,1 VIDAL, Alexandre. EP News (3 de junho de 2007). «Bete Mendes assume condição de vovó fora do 'sitio do Pica-pau Amarelo'». Arquivado do original em 28 de junho de 2009 
  5. Bete Mendes: Minha História: Fui torturada em 1970 e denunciei o coronel Ustra. Depoimento a Eleonora de Lucena. Folha de S. Paulo, 26 de maio de 2013.
  6. Pereira, Cleidi (25 de março de 2014). «Ex-presos rebatem declarações do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra sobre repressão durante o regime militar». Zero Hora (em português). Consultado em 21 de fevereiro de 2017 
  7. «Humanos direitos». Arquivado do original em 25 de dezembro de 2007 
  8. Proposições da deputada Bete Mendes (página acessada em 16 de fevereiro de 2008).
  9. Sem Chico e Caetano, Lula encontra artistas no Rio. Por Beatriz Coelho Silva. O Estado de S. Paulo, 22 agosto de 2006
  10. Lula afirma a artistas que elite quis fazê-lo "sangrar". Por Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 22 de agosto de 2006
  11. «Bete Mendes na calçada da fama de Santos». Arquivado do original em 15 de outubro de 2007 
  12. Carlos Alberto Brilhante Ustra (1987). Rompendo o Silêncio. [S.l.]: Editerra Editorial. 345 páginas. ISBN 9780002295109 
  13. Acusado de torturas na ditadura, coronel Ustra morre aos 83. Valor Econômico, 15 de outubro de 2015.
  14. Sem condenação, morre o torturador da ditadura brasileira Carlos Brilhante Ustra. Por Patricia Faermann. GGN, 15 de outubro de 2015.
  15. Adoro Cinema (1 de agosto de 2014). «Elenco Caras & Bocas - Maria da Piedade Batista Azevedo - Personagens - Caras & Bocas». Personagens > Caras & Bocas. Consultado em 23 de dezembro de 2014 
  16. Rede Globo, Memória Globo Anos Rebeldes
  17. Cinemateca Brasileira, As Delícias da Vida [em linha]
  18. Cinemateca Brasileira, Os Amantes da Chuva [em linha]

Ligações externas

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