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Benedito, o Mouro

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Predefinição:Info/Santos São Benedito, o Negro (ordem OFM Cap), conhecido também como São Benedito, o Mouro (cor escura da pele); Benedito, o Africano; Benedito de Palermo (Sicília, 31 de março de 1524 - Palermo, 4 de abril de 1589), é um santo católico de Portugal desde o sé­culo XVI[1] como parte das Devoções Negras. Este possui duas versões históricas: é um italiano descendente de africanos escravizados na Etiópia;[1] é um mouro (islâmico) escravizado ao norte da África, acontecimento comum no sul da Itália na época.

História

Aos 18 anos de idade, decidiu consagrar-se ao serviço religioso, e aos 21, um monge dos irmãos eremitas de São Francisco de Assis chamou-o para viver entre eles. Benedito aceitou, fazendo votos de pobreza, obediência e castidade. Assim caminhava descalço pelas ruas e dormia no chão sem cobertas. Sendo muito procurado pelo povo, que desejava ouvir conselhos e pedir-lhe orações.

Cumprindo seu voto de obediência, depois de 17 anos entre os eremitas, foi designado para ser cozinheiro no Convento dos Capuchinhos. Sua piedade, sabedoria e santidade levaram seus irmãos de comunidade a elegê-lo Superior do Mosteiro, apesar de analfabeto e leigo (sem ordenação de sacerdote). Seus irmãos o consideravam iluminado pelo Espírito Santo, pois fazia muitas profecias. Ao terminar o tempo determinado como Superior, reassumiu as atividades na cozinha do convento.

São Benedito morreu aos 65 anos, no dia 4 de abril de 1589, em Palermo (Itália). Na porta de sua cela, no Convento de Santa Maria de Jesus de Palermo, encontra-se uma placa com a inscrição em italiano indicando que era a Cela de São Benedito e, embaixo, as datas 1524-1589, indicando o nascimento e falecimento. Alguns autores indicam 1526 como o ano de seu nascimento, mas os Frades do Convento de Santa Maria de Jesus consideram que a data certa é 1524.

Veneração

Em Portugal, São Benedito (venerado desde o sé­culo XVI)[1] e outros, como Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio de Categeró, Santa Ifigênia e Santo Elesbão, são parte das "devoções negras" – entre os séculos XVI a XVIII, milhares de africanos foram trazidos ao país na condição de escravos.[2][3] Na localidade de Coval, no concelho de Santa Comba Dão, todo ano a seguir à Páscoa, há uma missa e festa em honra ao santo.

Imagem de São Benedito, peça barroca do século XVIII, pertencente a Irmandade São Benedito, venerada no Juizado na Igreja Matriz de Pirenópolis

No Brasil, o santo é tradicionalmente venerado pelos negros, que relacionam o período de escravidão e a origem africana do santo com o seu próprio passado de escravidão e suas raízes africanas.[4] Em Guaratinguetá, desde 1726, há cavalaria em louvor a São Benedito, tradicionalmente no domingo de Páscoa. Desde 1798, em dezembro ocorre a Festividade de São Benedito no município paraense de Bragança.[5]

No final do século XVIII em Pirenópolis, foi criada e estabelecida na Igreja do Rosário dos Pretos uma Irmandade de São Benedito.[6][7][8] A Irmandade de São Benedito, realizava nos moldes do Reinado da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a Festa do Juizado de São Benedito,[6] que anualmente era realizada no dia 03 de abril naquela igreja,[7] e sempre realizada solenemente pelo Capelão da Irmandade, ou seja, um dos vigários da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Meya Ponte. Neste momento, assim como nos dias atuais, contava com a parte folclórica da congada, Banda de Couro e demais costumes africanos, tradições que a Irmandade do Rosário e a de São Benedito mantinham na Igreja do Rosário, folguedos que hoje, são realizados dentro das celebrações da Festa do Divino, e concentram grande número de populares, sobretudo após a Missa em louvor ao Santo padroeiro, quando se começa a parte folclórica.[8]

Em Manaus, é venerado pelos descendentes negros vindos do Estado do Maranhão, fundando o Quilombo de São Benedito situado no bairro Praça 14 de Janeiro há 128 anos (2° quilombo urbano do Brasil).

Na Lapa (PR), o Santo é venerado no dia 26 de dezembro, sendo feriado municipal, já que São Benedito é co-padroeiro da cidade. A história conta que após o Natal dos senhores, no dia 25, os escravos da região celebravam o seu Natal no outro dia. Era a tradicional veneração do “Santo Negro”, dia santo de guarda para os escravos. A cidade abriga ainda o Santuário de São Benedito, considerado o maior santuário do mundo dedicado ao Santo.

Em 24 de maio de 1807, Benedito foi canonizado pelo papa Pio VII, passando então a ser São Benedito.

Em Bragança - PA, o Santo é homenageado no dia 26 de Dezembro de cada ano com grande festividade popular denominada de "Marujada".

Em Beneditinos (PI), o Santo é homenageado no período de 22 de Outubro a 1 de Novembro, quando ocorre o festejo, dado que seu santo padroeiro é São Benedito.[9]

No Brasil

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Na Região Norte do Brasil ocorre duas celebrações: no município de Manaus (Amazonas), é venerado pelos descendentes negros vindos do Estado do Maranhão, fundando o Quilombo de São Benedito situado no bairro Praça 14 de Janeiro há 128 anos (2° quilombo urbano do Brasil); No município de Bragança (Pará), no mês de dezembro desde o ano de 1798 ocorre o festejo popular de São Benedito.[5]

No município da Lapa (Paraná), o Santo é venerado no dia 26 de dezembro, sendo feriado municipal, já que São Benedito é co-padroeiro da cidade. A história conta que após o Natal dos senhores, no dia 25, os escravos da região celebravam o seu Natal no outro dia. Era a tradicional veneração do “Santo Negro”, dia santo de guarda para os escravos. A cidade abriga ainda o Santuário de São Benedito, considerado o maior santuário do mundo dedicado ao Santo.

Em Macapá São Benedito - O Glorioso é comemorado em Setembro (Ou no Primeiro Domingo de Setembro ou Segundo Domingo de Setembro) na cidade de Macapá, do estado do Amapá, no Bairro do Laguinho, um bairro bem tradicional do Estado.

Em São Gonçalo do Amarante (Rio Grande do Norte) o santo é comemorado em 29 de outubro.

Em Gurupá São Benedito é comemorado em Dezembro.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 «Documentário 'Marambiré' tem sessão gratuita no Sesc Bouvelard». G1 (em português). Consultado em 22 de agosto de 2022 
  2. LAHON, Didier. Esclavage, confréries noires, sainteté noire et pureté de sang au Portugal (XVIe-XVIIIe siècles). Lusitânia Sacra 2ª série, Lisboa, v. 15, p. 119-162, 2003. link.
  3. REGINALDO, Lucilene. “África em Portugal”: devoções, irmandades e escravidão no Reino de Portugal, século XVIII. História, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 289-320, 2009. link.
  4. São Benedito: santo protetor dos negros. Disponível em www.uniafro.xpg.com.br/sao_benedito_e_outros.htm. Acesso em 28 de outubro de 2014.
  5. 5,0 5,1 Braziliense, Correio (9 de julho de 2017). «Festa de São Benedito: a tradicional marujada de Bragança (PA)». Correio Braziliense (em português) 
  6. 6,0 6,1 Tereza Caroline Lôbo (2006). «A Singularidade de um lugar festivo: o Reinado de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e o Juizado de São Benedito em Pirenópolis». UFG. Consultado em 6 de agosto de 2020 
  7. 7,0 7,1 «Arquivo Histórico Ultramarino». Consultado em 10 de agosto de 2020 
  8. 8,0 8,1 Paulo Henrique Ferreira Ceripes (2014). «Fontes para a história da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos pretos em Pirenópolis» (PDF). UNB. Consultado em 6 de agosto de 2020 
  9. «Festejo do padroeiro» 

Ligações externas

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