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Autovalores e autovetores

Fig.1.Observe que neste mapeamento de cisalhamento da Mona Lisa, a imagem foi deformada de tal modo que o seu eixo central vertical (vetor vermelho) não mudou de direção, mas o vetor diagonal (azul) mudou de direção. Isso ocorre porque o vetor vermelho é um autovetor da transformação e o vetor azul não é. Caso o vetor vermelho não tenha seu módulo alterado - não seja esticado nem encolhido, o seu valor próprio (autovalor) é igual a 1. Todos os vetores com a mesma direção vertical, isto é, paralelos a este vetor, também são próprios, com o mesmo autovalor. Juntamente com o zero-vetor, eles formam o autoespaço para este autovalor.

Em álgebra linear, um escalar λ diz-se um valor próprio,[1] autovalor[1][2][3] ou valor característico[1][2][4] de um operador linear se existir um vetor x diferente de zero tal que . O vetor x é chamado vetor próprio, autovetor ou vetor característico.

Os autovalores de uma dada matriz quadrada A de dimensão são os n números que resumem as propriedades essenciais daquela matriz. O autovalor de A é um número λ tal que, se for subtraído de cada entrada na diagonal de A, converte A numa matriz singular (ou não-invertível). Subtrair um escalar λ de cada entrada na diagonal de A é o mesmo que subtrair λ vezes a matriz identidade I de A. Portanto, λ é um autovalor se, e somente se, a matriz for singular.[5]

Multiplicidade

Caso o espaço vetorial no qual A esteja definido tenha dimensão finita, a multiplicidade algébrica (ou apenas multiplicidade) de um valor próprio λ de A é o número de factores do Polinômio característico de A.

Autovalor de matriz diagonal

As entradas na diagonal de uma matriz diagonal D são autovalores de D.[5] Por exemplo, o elemento d11 é um autovalor da matriz abaixo:

Autovalor de matriz singular

Ver artigo principal: Polinômio característico

Uma matriz quadrada A é singular se, e somente se, 0 é um autovalor de A. Esta é, aliás, a principal técnica para descobrir se uma matriz é singular: . para uma matriz de dimensão nXn, o lado esquerdo desta equação é um polinômio de grau n na variável λ, denominado polinômio característico de A.[5]

Traço e determinante

Ver artigo principal: determinante

Suponhamos que os valores próprios (autovalores) de uma matriz A são λ1, λ2, ..., λn. Então, o traço de A é λ1 + λ2 + ... + λn e o determinante de A é λ1λ2...λn. Estes são dois conceitos importantes em teoria matricial.

Interpretação geométrica

Fig. 2. A transformação A aumenta a magnitude do vetor x, mas não muda sua direção. Logo, x é um autovetor de A, e λ um autovalor de A.

Geometricamente (Fig. 2), a equação do valor próprio (autovalor) implica que numa transformação A, autovetores sofrem apenas mudança na sua magnitude e sinal — a direção de Ax é a mesma direção de x. O autovalor λ indica apenas o quanto o vetor irá "encolher" ou "esticar" ao sofrer a transformação A. Se λ = 1, o vetor permanece inalterado (não é afetado pela transformação). Se λ = −1 o vetor passa a ter apenas o sentido oposto e a transformação é chamada reflexão. A transformação I sob a qual um vetor x permanece inalterado, Ix = x é definida como transformação identidade.

Exemplo

Às vezes é possível descobrir um ou mais autovalores de uma matriz por inspeção.[5] Seja, por exemplo, a matriz .[6] Subtraindo 2 de cada entrada da diagonal principal, transformamos A em uma matriz singular: . Portanto, 2 é um autovalor da matriz A. Também subtraindo 4 de cada entrada da diagonal principal, transformamos A em uma matriz singular: . Portanto, 4 é o segundo autovalor da matriz A.

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 Callioli, Domingues & Costa, p. 258
  2. 2,0 2,1 Leon, p. 212
  3. Abramo & Fernandez, p. 204
  4. Hoffman & Kunze, p. 177
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 SIMON, Carl P., e BLUME, Lawrence. matemática para Economistas.Porto Alegre: Bookman, 2004, reimpressão 2008. ISBN 978-85-363-0307-9. Capítulo 23, página 583 a 585.
  6. «O Monitor - Resolve, confere e ilustra». omonitor.io. Consultado em 19 de março de 2016 
  • Leon, Steven J. (1998). Álgebra Linear Com Aplicações 4 ed. Rio de Janeiro: LTC. 390 páginas. ISBN 8521611501 
  • Hefez, Abramo; Fernandez, Cecília S. (2016). Introdução à Álgebra Linear 2 ed. Rio de Janeiro: SBM. 271 páginas. ISBN 9788583370871 
  • Hoffman, Kenneth; Kunze, Ray (1976). Álgebra Linear 1 ed. Rio de Janeiro: LTC. 356 páginas 
  • Callioli, Carlos A.; Domingues, Hygino H.; Costa, Roberto C. F. (1983). Álgebra Linear e Aplicações 4 ed. São Paulo: Atual. 332 páginas 

Ver também


Predefinição:Álgebra linear

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