O atentado do Hotel King David foi um ataque bombista ao referido hotel situado na cidade de Jerusalém, na então região do Mandato Britânico da Palestina (não confundir com Palestina), ocorrido a 22 de julho de 1946, tendo como perpetradores os membros de uma organização sionista denominada Irgun (diminutivo de Irgun Zvai Leumi, Organização Militar Nacional). O hotel servia de residência dos familiares de funcionários do governo britânico na Palestina. O ataque foi organizado por Menachem Begin que mais tarde ocupou o cargo de primeiro-ministro de Israel por duas vezes. O ataque resultou na morte de 91 pessoas (28 britânicos, 41 árabes, 17 judeus e 5 outros mortos) e ferimentos graves em outras 45 pessoas.
Este ataque não é considerado um ato de terrorismo, uma vez que o objetivo de toda a operação era destruir planos que comprometiam a posição e estratégias de grupos paramilitares como o Irgun e a Haganá, e não a morte de civis.
O local
O Hotel King David era um hotel de luxo de sete andares, situado a oeste da zona da Cidade Antiga de Jerusalém, e sediava quase toda a administração do mandato da Palestina, atribuído pela Sociedade das Nações ao Reino Unido.
A ala sul do Hotel King David de Jerusalém foi ocupada para receber as instituições centrais do governo britânico, o quartel-general do exército e o governo civil. Foram construídos ninhos de metralhadoras em numerosos pontos. Soldados, policiais e detetives montavam uma estreita e constante vigilância no edifício onde estavam os governantes ingleses que administravam a região da Palestina.
O Etzel submeteu seu plano ao comandante do Tnuat Hameri, que não aceitou, mas tampouco o descartou. Apenas disseram que aquele não era o momento. Em 29 de junho de 1946, os ingleses ocuparam as oficinas da Agência Judaica e isto incentivou o Etzel a colocar em ação o plano de atacar o hotel, já que na Agência Judaica havia documentos importantíssimos e secretos, que revelavam nomes de membros da Haganá. Eles tiveram que revisar o plano e acertar todos os detalhes.
Entrariam pelo subsolo com explosivos em garrafas de leite.
Esta operação foi chamada de Malonchick, já que foi a palavra-chave que utilizaram, sua tradução é “malon” (hotel) e “chick” (pequeno).
A operação ocorre no dia 22 de julho de 1946. Um homem entrou no Hotel segurando explosivos disfarçados de caixas de leite, e colocou os explosivos na cozinha.
Os telefonemas foram realizados às 12:10. A telefonista do Etzel ligou para o Hotel King David e disse que haviam sido colocados explosivos no hotel e que não demorariam a explodir.
Depois ela ligou para o escritório do Jornal Jerusalém Post e avisou das bombas. A terceira e última advertência foi ao consulado francês, aconselhando que abrissem as janelas para prevenir os efeitos da explosão. Os funcionários confirmaram depois que receberam o aviso. Abriram as janelas de par em par e o edifício do consulado não sofreu danos. Os interesses sionistas do Irgun salvaguardaram a identidade das milícias paramilitares judias.
A hora chegou de repente. Jerusalém estremeceu. A explosão fere de morte maioritariamente pessoas que se encontravam nas imediações ao hotel. As garrafas tomaram todo o piso da ala sul, desde o subsolo até o teto. Entre mortos e feridos, houve 200 vítimas, não somente britânicos, mas também estrangeiros e judeus.
Curiosidades
Em 1995 a Câmara Municipal de Jerusalém decidiu dar o nome "Gal" a uma avenida, em honra a um dos homens que planejou este ataque que vitimou 200 pessoas, das quais 95 morreram, Joshua "Gal" Goldschmidt.
Em julho de 2006, o antigo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros políticos da direita israelita participaram num evento comemorativo do sexagésimo aniversário do atentado. O grupo colocou uma placa comemorativa no hotel que presta homenagem ao Irgun. O acontecimento gerou descontentamento por parte do Reino Unido, cujo embaixador em Israel lamentou o fato do município ter autorizado a colocação da placa, pois imaginavam que o evento de 1946 tratava-se de um ato de terrorismo.[1]
Notas
- ↑ Ned Parker and Stephen Farrell,"British anger at terror celebration", The Times, 20 de Julho de 2006
Bibliografia
- KUSHNER, Harvey W. - Encyclopedia of Terrorism. Sage Publications Inc, 2003. ISBN 0761924086