Arvo Pärt | |
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Arvo Pärt (Paide, 11 de Setembro de 1935) é um compositor erudito estoniano. Pärt trabalha com um estilo minimalista que emprega a técnica de tintinnabuli (do latim, 'pequenos sinos') e repetições hipnóticas.
Trajetória
Em 1944, Arvo Pärt presencia a ocupação da Estônia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos, deixando profundas impressões sobre ele.
Em 1954 ingressa na escola secundária de música de Tallinn, a capital do país. No ano seguinte, deve fazer seu serviço militar, durante o qual faz parte da banda, onde toca oboé e caixa.
Ingressa no conservatório de Tallinn em 1957, onde estuda com Heino Eller. Paralelamente, trabalha em uma emissora de rádio, como engenheiro de som, posto que deverá ocupar de 1958 a 1967. Em 1962, uma das suas composições escrita para coro infantil e orquestra, Nosso jardim (escrita em 1959), lhe rende o primeiro prêmio dos jovens compositores da URSS. Em 1963, é diplomado pelo conservatório de Tallinn. Nessa época, compõe também para o cinema[1]
Ainda no início dos anos 1960, inicia-se na composição serial, com suas duas primeiras sinfonias. Isto vai provocar inimizades, dado que a música serial era considerada como um avatar da decadência burguesa ocidental. Também incorretas politicamente, no contexto soviético, eram as suas composições de inspiração religiosa e a técnica de colagem que adotou por algum tempo. Nessas circunstâncias, sua obra será severamente limitada.
No final da década de 1960, em meio a uma crise pessoal que bloqueia a sua criatividade, Arvo Pärt renuncia ao serialismo e, mais amplamente, à composição. Durante vários anos, dedica-se ao estudo do cantochão gregoriano e dos compositores renascentistas franco-flamengos, como Josquin des Prés, Machaut, Obrecht e Ockeghem. Esses estudos e reflexões resultaram na elaboração de uma peça de transição, a Sinfonia n° 3 (1971).
Sua evolução estilística é particularmente notável em 1976, com a composição de uma peça para piano que se tornou célebre, Für Alina, que marca uma ruptura com as suas primeiras obras e prepara o terreno para seu novo estilo, qualificado por ele mesmo de "estilo tintinnabulum" [1]. O compositor explica: "Eu trabalho com bem poucos elementos - somente uma ou duas vozes. Construo a partir de um material primitivo - com o acorde perfeito, com uma tonalidade específica. As três notas de um acorde perfeito são como sinos. Por isso eu o chamei tintinnabulação". No ano seguinte, Pärt escreverá, nesse novo estilo, três das suas peças mais importantes e reconhecidas: Fratres, Cantus in Memoriam Benjamin Britten e Tabula rasa.
Os problemas constantes com a censura soviética[1] o levam a finalmente emigrar em 1980, com sua esposa e os dois filhos. Inicialmente vai para Viena, onde obtém a cidadania austríaca. No ano seguinte, parte para Berlim Ocidental e frequentemente passa temporadas perto de Colchester, Essex. Por volta dos anos 2000, volta à Estônia e hoje vive em Talinn.[2]
Seu sucesso no Ocidente e particularmente nos EUA teve por inconveniente a sua inclusão na categoria dos compositores "minimalistas místicos" ou "minimalistas sagrados", juntamente com Alan Hovhaness, Henryk Górecki, John Tavener, Pēteris Vasks e outros[3]. Em 1996, ele se torna membro da American Academy of Arts and Letters.
Criador de uma música apurada, de inspiração profundamente religiosa, associada por alguns à música pós-moderna, Arvo Pärt atualmente aprofunda seu estilo tintinnabulum. Suas obras foram executadas em todo o mundo e foram objeto de mais de 80 gravações, além de terem sido muito usadas em trilhas sonoras de filmes e em espetáculos de dança. É dele, por exemplo, a composição que Jean-Luc Godard utilizou no curta Dans le noir du temps, episódio do filme Ten Minutes Older: The Cello (2002). A obra foi também usada em inúmeras produções cinematográficas e televisivas. Sua obra Spiegel im Spiegel, de 1978, integrou em 2014 a trilha sonora do premiado filme brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho[4]. Em 10 de dezembro de 2011 foi indicado pelo Papa Bento XVI[5][6] como membro do Pontifício Conselho para a Cultura,
Prêmios e homenagens
- 1996 – American Academy of Arts and Letters Department of Music
- 1996 – Honorary Doctor of Music, Universidade de Sydney[7]
- 1998 – Honorary Doctor of Arts, Universidade de Tartu[8]
- 2003 – Honorary Doctor of Music, Universidade de Durham[9]
- 2006 - Order of the National Coat of Arms 1st Class[24]
- 2008 – Léonie Sonning Music Prize
- 2008 – Austrian Cross of Honour for Science and Art, First Class[25]
- 2009 – Foreign Member, Serbian Academy of Sciences and Arts
- 2010 – Honorary Doctor of Music, University of St Andrews[26]
- 2011 – Chevalier (Knight) of Légion d'honneur[27]
- 2011 – Membership of the Pontifical Council for Culture[28]
- 2013 – Archon of the Ecumenical Patriarchate[29]
- 2014 – Recipient of the Praemium Imperiale award, Japan[30]
- 2014 – Honorary Doctor of Sacred Music, St. Vladimir's Orthodox Theological Seminary[31]
- 2016 – Honorary Doctor of Music, University of Oxford[10]
Predefinição:Authority control
- ↑ 1,0 1,1 1,2 Centre Pompidou. Institut de recherche et coordination acoustique/musique (Ircam). Base de documentation sur la musique contemporaine. Arvo Pärt.
- ↑ Notas no programa em Playbill do New York City Ballet, janeiro de 2008.
- ↑ http://www.curatormagazine.com/sorinahiggins/mystical-minimalism/
- ↑ http://revistacinetica.com.br/home/hoje-eu-quero-voltar-sozinho-de-daniel-ribeiro-brasil-2014-2/
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 14 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 7 de novembro de 2012
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 23 de outubro de 2016. Arquivado do original em 23 de outubro de 2016
- ↑ http://sydney.edu.au/arms/archives/history/HonPart.shtml
- ↑ http://www.ut.ee/en/news/arvo-part-new-professor-fine-arts-university-tartu
- ↑ Universidade de Durham
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 24 de outubro de 2016. Arquivado do original em 24 de outubro de 2016