Ana Miranda | |
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Ana Maria Nóbrega Miranda (Fortaleza, 19 de agosto de 1951) é uma romancista e atriz brasileira.
Biografia
Nasceu em Fortaleza, Ceará e cresceu no Rio e em Brasília. A partir de 1969 radicou-se no Rio de Janeiro e em 2001 mudou-se para São Paulo. Trabalhou em filmes do cinema novo brasileiro entre 1971 e 1979. Dirigiu o Instituto de Artes da Funarte e foi editora chefe dessa instituição, entre 1977 e 1983. Recebeu formação na área de artes plásticas, cursando o Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília. E era desenhista, ilustrando as capas de seus livros. Teve formação literária com o escritor Rubem Fonseca, entre 1979 e 1989. [1] Em 2006 voltou a morar no Ceará.
Carreira
Estreou como escritora, com as poesias de Anjos e demônios,1978 e Celebrações do outro, 1983.[1] O crítico Fernando Py, em matéria no Jornal do Brasil (19 de maio de 1979) escreveu: "Anjos e demônios é um livro que, a princípio, fala mais à sensibilidade e à emoção; seguimos os versos da autora como se fossem fruto de confessionário, com suas aparentemente ingênuas nudezas de anjos e demônios internos. Essa impressão, no entanto, vai se desfazendo aos poucos; vemos surgir, aqui e ali, uma poesia de maior densidade, especialmente em certos poemas em que a expressão atinge uma invenção feliz"... Em O Globo de 11/3/79 Elias Fajardo da Fonseca escreveu a resenha "A moça que libertou anjos e demônios".
Em 1989 lança Boca do inferno, na linha do resgate ou reinvenção da história e que tem como tema a cidade da Bahia do século XVII, e como protagonistas o poeta Gregório de Matos e o jesuíta Antônio Vieira. O romance foi traduzido em vários países como Suécia (Wahlström & Widstrand, 1990); Dinamarca (Samleren, 1990); Holanda (Amber, 1990); Argentina (Editorial Sudamericana, 1990); Noruega (Gyldendal Norsk-Forlag, 1990); Itália (Rizzoli, 1991); Estados Unidos (Viking/Penguin, 1991); Espanha (Anagrama, 1991); França (Julliard, 1992); Inglaterra (Harvill/ Harper Collins, 1992); Alemanha (Kiepenheuer & Witsch, 1992, também em edição de bolso), entre outros. Este livro lhe rendeu o Prêmio Jabuti, Revelação, em 1990.[1][2] Boca do Inferno foi incluído na lista dos cem maiores romances em língua portuguesa do século XX, elaborada por escritores, intelectuais e críticos brasileiros e portugueses, publicada no caderno Prosa & Verso do jornal O Globo em 5 de setembro de 1998.
Em 1991 a autora publica o romance O retrato do rei, situado no ciclo do ouro em Minas Gerais. Em 1995, A última quimera, que tem o poeta Augusto dos Anjos como tema central do romance. Em 1996, Desmundo; trata da história de órfãs que vinham de Portugal para casarem-se com os colonos no Brasil. Este romance foi adaptado para o cinema em 2002, com o mesmo título, pelo cineasta Alain Fresnot. No mesmo ano a autora publica a novela Clarice, com Clarice Lispector como personagem. No ano seguinte o romance Amrik revive a saga de imigrantes árabes recém-chegados em São Paulo, no final do século XIX. Em 2002 publica Dias & Dias, romance que tem o poeta Gonçalves Dias como tema. Em 2009, o romance Yuxin, alma, de tema indígena, acompanhado de CD com músicas indígenas de Marluí Miranda, irmã da escritora. Em 2014 publica o romance Semíramis, que tematiza o escritor José de Alencar. É romancista de linguagem e fabulação. Foi escritora visitante em diversas universidades estrangeiras, como Stanford, Yale, Berkeley, nos Estados Unidos, ou Tor Vergata, na Itália. Realiza palestras em instituições de ensino e culturais. Foi colaboradora da revista Caros amigos, colunista do Correio Braziliense, e escreve no jornal O Povo, de Fortaleza - CE.
Prêmios e reconhecimento
- 1990 - Prêmio Jabuti, Revelação de romance, com Boca do Inferno[2]
- 1994 - Prêmio da Biblioteca Nacional, para A última quimera
- 2003 - Prêmio Jabuti - com o romance Dias & Dias
- 2003 - Prêmio da Academia Brasileira de Letras, Romance, Dias & Dias
- 2009 - Sereia de Ouro, pela obra
- 2010 - Green Prize of the Americas, com Yuxin
- 2014 - Prêmio Bienal do Livro de Brasília (segundo lugar) para O peso da luz
- 2014 - Medalha Rachel de Queiroz, do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará
- 2015 - Prêmio da Academia Brasileira de Letras - Ficção, para Musa Praguejadora
- 2016 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Fortaleza
- 2016 - Prêmio Jabuti - Biografia para Xica da Silva A Cinderela Negra (segundo lugar)
- 2016 - Medalha José Mindlin do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará
- 2017 - Comenda Ordem do Mérito Cultural do Governo Brasileiro, MINC
- 2018 - Título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará,[3]
Obra literária
Livros publicados
- Anjos e Demônios (poesia), José Olympio Editora/INL, Rio de Janeiro, 1978;
- Celebrações do Outro (poesia), Editora Antares, Rio de Janeiro, 1983;
- Boca do Inferno (romance), Editora Companhia das Letras, São Paulo, 1989;
- O Retrato do Rei (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 1991;
- Sem Pecado (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 1993;
- A Última Quimera (romance), Companhia das Letras, SP, 1995;
- Clarice (novela), Companhia das Letras, São Paulo, 1996;
- Desmundo (romance), Companhia das Letras, SP, 1996;[4].
- Amrik (romance), Companhia das Letras, SP, 1997;
- Que seja em segredo (antologia poética), Editora Dantes, Rio, 1998;
- Noturnos (contos), Companhia das Letras, São Paulo, 1999;
- Caderno de sonhos (diário), Editora Dantes, Rio, 2000;
- Dias & Dias (romance), Companhia das Letras, SP, 2002;
- Deus-dará (crônicas), Editora Casa Amarela, São Paulo, 2003;
- Prece a uma aldeia perdida (poesia), Editora Record, São Paulo, 2004;
- Flor do cerrado: Brasília (infanto-juvenil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2004;
- Lig e o gato de rabo complicado (infantil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2005;
- Mig, o descobridor (infantil), Editora Record, Rio de Janeiro, 2006;
- Tomie, cerejeiras na noite (infanto-juvenil), Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2006;
- Lig e a casa que ri (infantil), Companhia das Letras, 2009;
- Yuxin, alma (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 2009;
- Carta do tesouro (infantil e adulto), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2010;
- Mig, o sentimental (infantil), Record, Rio, 2010;
- Carta da vovó e do vovô (infantil e adulto), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2012;
- O peso da luz, Einstein no Ceará (novela), Armazém da Cultura, Fortaleza, 2013;
- Como nasceu o Ceará? (infantil) Edições Demócrito Rocha, Fortaleza, 2014;
- Semíramis (romance), Companhia das Letras, São Paulo, 2014;
- Musa Praguejadora, A vida de Gregório de Matos (biografia), Record, 2014;
- Menina Japinim (infantil), Companhia das Letrinhas, 2014;
- Xica da Silva, A Cinderela Negra (biografia) Record, 2016.
Trabalhos como atriz
- A Rainha do Rádio (1979) Direção Luiz Fernando Goulart
- O Princípio do Prazer (1979) Direção Luís Carlos Lacerda
- Crônica de um Industrial (1978) Direção Luiz Rosemberg
- Na Ponta da Faca (1977) Direção Miguel Farias Jr.
- Padre Cícero (1976) Direção Helder Martins
- A Lenda de Ubirajara (1975) Direção André Luiz de Oliveira
- Ovelha Negra (1974) Direção Miguel Farias
- O Capote (1973) (TV) Direção Ziembinski (Tv Globo)
- Amor, Carnaval e Sonho (1972) Direção Paulo César Sarraceni
- Mãos Vazias (1971) Direção Luís Carlos Lacerda
- João e a faca (1971) Direção George Sluizer
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 Nelly Novaes Coelho. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. Escrituras; 2002. ISBN 978-85-7531-053-3. p. 59 – 60.
- ↑ 2,0 2,1 «Prêmio Jabuti, 1990». Consultado em 18 de novembro de 2013. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2014
- ↑ Universitários, Divisão de Portais. «Escritora Ana Miranda recebe título de Doutora Honoris Causa da UFC». www.ufc.br (em português). Consultado em 15 de novembro de 2018
- ↑ «Filme reconstitui Brasil do século 16 com saga pessoal». Folha de S.Paulo. 25 de outubro de 2002. Consultado em 24 de março de 2016
Ver também
- Desmundo (2003), filme baseado na obra homônima de Ana Miranda
Ligações externas
- Ana Miranda. no IMDb.
- Entrevista
- Carreira, Shirley. Imigrantes: a representação da identidade cultural em Relato de um certo Oriente e Amrik. In: Adelaide Clhman de Miranda [et al.] Protocolos críticos. São Paulo: Iluminuras, Itaú Cultural, 2008.
- Carreira, Shirley. Amrik, de Ana Miranda: a imigração libanesa revisitada[1]. In:Kúmá / Decolonizziamoci – Interculturalità. n. 17, Roma,Uniroma, 2009.