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Idade Média

Castelo Liechtenstein, construído originalmente no século XII e reconstruído no XIX. Os castelos são um dos ícones da Idade Média no imaginário das pessoas

A Idade Média foi um período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. É normalmente considerada como tendo se estendido entre o fim do Império Romano do Ocidente, no século V (476 DC), até a ascensão das monarquias nacionais e o início da recuperação demográfica e econômica após a Peste Negra, os Descobrimentos Marítimos e o Renascimento da cultura clássica, por volta do século XV, bem como a Reforma Protestante, começando em 1517. Alguns historiadores consideram a queda de Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453 d.C., como o marco do fim desse período.

A Idade Média é subdividida em três períodos: a Alta Idade Média (ou Idade Média Antiga) que decorre do século V ao X; a Idade Média Clássica (ou Idade Média Plena) que se estende do século XI ao XIII, e a Baixa Idade Média (ou Idade Média Tardia), correspondente aos séculos XIV e XV.

Certas sociedades, como o Japão, atravessaram períodos históricos "de transição" que chegam a ser denominados também como Idade Média.

O adjetivo relacionado com este período é: medieval (ver, por exemplo, música medieval).


Definição e caracterização

"Martinho Lutero: a despedida da Idade Média". Capa da revista alemã "Der Spiegel" de 15.12.2003. Para a generalidade dos alemães, Martinho Lutero marca o fim da Idade Média

A Idade Média foi um período de aproximadamente mil anos que se caracterizou pelo predomínio do Cristianismo em todas as esferas da vida humana na Europa. Esse período às vezes é chamado pejorativamente de idade das trevas, pois não teria tido nenhuma criação filosófica ou científica autônoma. Tal idéia é criticada por muitos da atual geração de estudiosos da história da ciência, que tendem a ver o período de desenvolvimento econômico e tecnológico que começou por volta do século XII, (permitido por fatores como a diminuição das invasões bárbaras, mudanças climáticas, etc.), como um importante requisito para o desenvolvimento científico na era moderna.

Embora seja dito que no período desde a queda do Império Romano do Ocidente até à Reforma Protestante a ciência conheceu um período de cerca de mil anos de falta de inspiração em comparação com a produção científica clássica. Vale lembrar que, usando o mesmo critério, também se poderia dizer que uma grande "falta de inspiração" teria atingido o período da Roma Imperial, cujas descobertas em termos de ciências naturais ficaram muito aquém das dos gregos, (isso apesar do longo período de prosperidade proporcionado pela "Pax Romana").

Infelizmente, noções preconceituosas sobre o status da ciência na Idade Média já foram amplamente propagadas e, ainda hoje, permanecem mitos como a idéia falsa de que os estudiosos medievais acreditavam que a terra era plana (conferir O mito da terra plana).

Fazer uma apreciação clara da Idade Média é uma atividade que está longe de ser simples. Como é compreensível, esse tipo de avaliação pode tornar-se altamente político, passando a depender muito das susceptibilidades religiosas. Católicos são tendencialmente mais favoráveis à Idade Média, já que se identificam com a tradição histórica da religião cristã desse tempo. Os protestantes, pelo contrário, vêem a Idade Média como um período de trevas e dão mais valor à Reforma Protestante, que modificou profundamente a prática religiosa na Europa (norte) ocidental. Algumas pessoas com idéias anti-religiosas também sentem-se bastante à vontade para rotular a Idade Média como um suposto "período das trevas" e usar isso como argumento de que as religiões seriam nocivas à sociedade. Fundamentalistas religiosos, por sua vez, são incapazes de conceber que uma religião possa ser nociva ao desenvolvimento da sociedade.

Arte

O colorido e a exaltação da luz na rosácea de Sainte-Chapelle, Paris.
Ver artigo principal: Arte medieval

A arte durante a Idade Média esteve fundamentada no Cristianismo em quase todas as suas expressões. Como no período a vasta maioria dos camponeses era iletrada, as artes visuais eram o principal método para comunicar as idéias religiosas, juntamente com os sermões. A Igreja Católica era uma das poucas instituições ricas o suficiente para remunerar o trabalho dos artistas, o que faz com que a maior parte das obras sejam de natureza religiosa (arte sacra).

Com a queda do Império romano, muitas das técnicas artísticas da Grécia antiga acabaram perdidas. A pintura medieval passa a ser predominantemente bidimensional: não era usada a noção de perspectiva e as personagens retratadas eram pintadas maiores ou menores de acordo com sua importância. Ao lado da pintura, a tapeçaria foi a mais importante forma de arte medieval. Isso decorre em muito por sua utilidade ao manter o calor interno dos castelos construídos de pedra no inverno. A mais famosa tapeçaria medieval é o ciclo d' A senhora e o unicórnio.

As duas principais manifestações arquitetônicas, principalmente relacionadas à construção de catedrais, foram o estilo românico e mais tarde o gótico. Destaca-se também a formação das corporações de ofícios, reunindo artesãos.


Filosofia

Principalmente à partir do século V, os pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, com o intuito de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Desse modo a Filosofia, que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos, passa a receber influências da cultura judaica e cristã. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas.

Escriba Medieval.

À partir do século IX desenvolve-se a principal linha filosófica do período, que ficou conhecida como escolástica. Essa filosofia ganha acentos notadamente cristãos, surgidos da necessidade de responder às exigências de fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade e, por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. A Escolástica teve uma constante de natureza neoplatônica, que combinava elementos do pensamento de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretados pelo Ocidente cristão. No século XIII Tomás de Aquino introduz também elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico.

A questão chave que vai atravessar todo o pensamento filosófico medieval é a harmonização de duas esferas; a fé e a razão. O pensamento de Agostinho, (século V), reconhecia a importância do conhecimento, mas defendia uma subordinação maior da razão em relação à fé por crer que esta última venha restaurar a condição decaída da razão humana. Já a linha de Tomás de Aquino (século XIII) defende maior autonomia da razão na obtenção de respostas apesar de não negar tal subordinação da razão à fé.


Ciência e Tecnologia

Ver artigo principal: Ciência e tecnologia medieval
No início da era medieval a vida cultural concentrou-se nos mosteiros.

Como resultado das migrações bárbaras e da implosão do Império Romano do Ocidente, a Europa Ocidental do início da Idade Média era pouco mais que uma colcha de retalhos de populações rurais e tribos bárbaras. Perdeu-se o acesso aos tratados científicos originais da antiguidade clássica (em grego), ficaram apenas versões resumidas e até deturpadas que os romanos tinham traduzido para o latim. A única instituição que não se desintegrou juntamente com o falecido império: a Igreja Católica, mantém o que resta de força intelectual, especialmente através da vida monástica. O homem instruído desses séculos era quase sempre um clérigo para quem o estudo dos conhecimentos naturais era uma pequena parte de sua escolaridade. Esses estudiosos viviam numa atmosfera que dava prioridade à e tinham a mente mais voltada para a salvação das almas do que para o questionamento de detalhes do universo físico.

Em alguns aspectos, no século IX o retrocesso causado pelas migrações já estava revertido. No século X ocorre a contenção das últimas ondas de invasões estrangeiras. E por volta de 1100 d.C. ocorre uma revolução que combinou renascimento urbano e comercial, ampliação de culturas e fronteiras agrícolas, crescimento econômico, desenvolvimento intelectual e grandes evoluções tecnológicas. Começam a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores. Por volta de 1200 são fundadas as primeiras universidades – Paris, Bologna e Oxford – (em 1500 já seriam mais de 70). Começa um forte movimento de tradução de documentos árabes e gregos, que tornam o conhecimento do mundo antigo novamente disponível para os eruditos europeus. Tudo isso possibilitou um grande progresso em conhecimentos como a Astronomia, a Matemática, a Biologia e a Medicina.

O período de 1100 a 1300 já foi chamado de Revolução Industrial da Idade Média.

Causavam espanto e admiração inovações tais como grandes relógios mecânicos que transformaram a noção de tempo nas cidades. Presenciaram-se descobertas como as dos óculos, em 1285, e da prensa móvel, em 1448. Houve também muitas inovações na forma de utilizar os meios de produção, com as técnicas de serralheria e incisão de pedras, a fundição de ferro, e os avanços nas técnicas de construção aplicadas ao estilo gótico. No setor agrícola, temos o desenvolvimento de ferramentas como a charrua, melhorias em carroças e carruagens, arreios para animais de carga, e a utilização de moinhos d'água Avanços em instrumentos como a bússola e o astrolábio, na confecção de mapas e a invenção das caravelas tornaram possível a expansão marítimo-comercial Européia na Idade Moderna.

O legado medieval para o progresso científico

A tecnologia das grandes navegações permitirá em séculos futuros a descoberta de um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas. Os avanços obtidos na ótica logo iriam gerar aparelhos como o microscópio e o telescópio, que, juntamente com a prensa móvel, (outro fruto medieval), são vistos como os equipamentos mais importantes já criados para o avanço do conhecimento humano. Mas a herança mais importante do período talvez tenha sido o nascimento e multiplicação das universidades, juntamente com o surgimento das primeiras sementes da metodologia científica contemporânea.

Guerra e Armamento

Espadas do período final da Idade Média.

A Idade Média surge-nos, em termos bélicos, como um período de grandes desenvolvimentos tecnológicos, essencialmente provindos de dois grandes laboratórios, o Médio Oriente e a Península Ibérica. As duas zonas, que desde muito cedo se tornaram palcos de violentas batalhas entre mouros e cristãos, fazem com que a prática, a filosofia, a tecnologia e a própria génese da guerra evoluam. Temos que ter consciência que os termos cruzada e jihad surgem nesta época, e embora ambas tenham um significado extremamente semelhante, são dois paradigmas de uma realidade muito peculiar.

Quando da invasão da Península Ibérica por parte das hostes mouras, o povo dominante eram os Visigodos, cujos exércitos se apoiavam essencialmente numa infantaria pesada, muito lenta. Os exércitos mouros, todavia, utilizavam uma cavalaria extremamente veloz, com armamento defensivo muito ligeiro, que lhes permitia uma rápida evolução no terreno e que deu a estes exércitos a vantagem, pelo menos numa fase inicial, e permitiu a conquista da maior parte da península a um ritmo apenas observado nos conflitos contemporâneos.

Ver também: Infantaria medieval, Cavalaria medieval


Gastronomia

O Cristianismo começou a mudar os hábitos. Os conventos incentivavam o uso de frutas e legumes em refeições muito simples. Nos séculos VII e IX, a comida se sofisticou, passando a incluir massas, ovos recheados, carne e peixe. As Cruzadas, entre os séculos XI e XIII, permitiram aos europeus entrar em contato com produtos do Oriente, logo incorporados na culinária: trigo-sarraceno, açúcar, anis, cominho, canela, gengibre, noz-moscada, açafrão, cebolinha e ameixa. Esses novos ingredientes possibilitaram o desenvolvimento da salsicharia e das técnicas de preparação de vinagre, mostarda e molhos especiais.


Datas Marcantes:

Transição do Período Clássico para a Idade Média

Transição da Idade Média para a Era Moderna

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