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Desenho

O desenho é o processo pelo qual uma superfície é marcada aplicando-se sobre ela a pressão de uma ferramenta (em geral, um lápis, caneta ou pincel) e movendo-a, de forma a surgirem pontos, linhas e formas planas. O resultado deste processo (a imagem obtida) também pode ser chamada de desenho. Desta forma, um desenho manifesta-se essencialmente como uma composição bidimensional. Quando esta composição possui uma certa intenção estética, o desenho passa a ser considerado um suporte artístico.

A representação do homem vitruviano, como imaginado por Leonardo da Vinci, é um dos desenhos mais conhecidos do mundo

O desenho envolve uma atitude do desenhista (o que poderia ser chamado de desígnio) em relação à realidade: o desenhista pode desejar imitar a sua realidade sensível, transformá-la ou criar uma nova realidade com as características próprias da bidimensionalidade.

Desenho, gravura, pintura

Entre os suportes artísticos tradicionais, três deles manifestam-se em duas dimensões: o próprio desenho, a gravura e a pintura. Embora o resultado formal de cada um deles seja bastante diferente (embora o desenho e a gravura sejam similares), a grande diferença entre eles se encontra na técnica envolvida.

A gravura difere do desenho na medida em que ela é produzida pensando-se na sua impressão e reprodução. Seus meios mais comuns de confecção são a xilogravura (em que a matriz é feita de madeira, a litogravura (cuja matriz é composta de algum tipo de pedra) e a gravura propriamente dita (cuja matriz é metálica).

Um aspecto que diferencia o desenho da pintura é que, ao desenhar, um artista usa cores puras e não pode misturá-las antes da aplicação, enquanto na pintura, cores novas são geralmente criadas em misturando.

Gesto

Um desenho composto basicamente de linhas, com algumas texturas e sombreados

A composição pictórica pode representar o que o artista vê quando desenha, uma cena lembrada ou imaginada, uma realidade abstrata ou, no caso de desenho automático, pode ter muito a ver com o movimento automático da mão do artista através do papel (ou de outra superfície). No processo da grafomania entóptica, em que os pontos são feitos nos locais das impurezas ou de variações de cor em uma folha de papel em branco, e as linhas são feitas então entre os pontos, superficialmente falando, o tema do desenho é o próprio papel.

Estas várias atitudes do desenhista em relação ao resultado do desenho manifestam-se através da técnica escolhida por ele, evidenciada pelo gesto. O gesto está profundamente relacionado à natureza dos movimentos da mão humano e à forma como a visão os influencia. Algumas técnicas, quando de uma abordagem realista, incluem:

Linha pura

Este é um desenho composto predominantemente por linhas (as quais simplesmente delimitam os objetos desenhados, sem a intenção de explicitar sombreados ou texturas). É normalmente o primeiro tipo de desenho com o qual um estudante entra em contato - o que não significa que este é um tipo de desenho de pouca complexidade. A linha pura também é utilizada como etapa inicial do desenho de uma perspectiva.

Tom de linha

Este é um tipo de desenho que pretende, além de delimitar os objetos, representar suas texturas, mas ainda não incorpora degradês ou matizados. O principal elemento deste tipo de desenho são as hachuras (padrões gráficos usados para representar uma determinada textura), cuja manipulação e gradação de peso permite sombrear os objetos. Os materiais mais comuns neste tipo de desenho são os nanquins (bico-de-pena) e lápis de grafite mais rígido.

Tom puro

Este tipo de desenho faz uso extenso do sfumato e do chiaroschuro (de forma que materiais como nanquins e bicos de pena não sejam os mais adequados) para evidenciar os volumes, as sombras e as formas dos objetos. A linha praticamente desaparece através dos vários degradês. Os materiais mais usados aqui são o grafite, o carvão e os pastéis.

Material

Diversos materiais para traçado

A escolha dos meios e materiais está intimamente relacionada à técnica escolhida para o desenho. Um mesmo objeto desenhado a bico de pena e a grafite produz resultados absolutamente diferentes.

As ferramentas de desenho mais comuns são o lápis, o carvão, os pastéis, crayons e pena e tinta. Muitos materiais de desenho são à base de água ou óleo e são aplicados secos, sem nenhuma preparação. Existem meios de desenho à base d'água (o "lápis-aquarela", por exemplo), que podem ser desenhados como os lápis normais, e então umedecidos com um pincel molhado para produzir vários efeitos. Há também pastéis oleosos e lápis de cera. Muito raramente, artistas utilizam tinta invisível (geralmente já revelada).

Nota: veja também lista dos tipos de lápis.

Computação gráfica

Desde a década de 1990 o computador tem se tornado um instrumento importante na produção e acabamento de desenhos. Originalmente ele era usado principalmente para similar as técnicas e os materiais supracitados, mas nos últimos anos tem sido desenvolvidas linguagens próprias da ilustração em tela. Entre os programas mais utilizados estão o Corel Draw, Adobe Illustrator, entre outros. No campo do desenho técnico, existem diversos aplicativos CAD , no campo da recreação existem programas mais simples como o paint e no campo de 3D o 3DMax e o Maya que são bastante utilizados pela indústria cinematográfica .

Modalidades de desenho

O desenho não é necessariamente um fim em si mesmo, podendo vir a assumir uma função. Entre as várias modalidades de desenho, incluem-se:

  • Desenho técnico - uma forma padronizada e normatizada de desenho, voltado à representação de peças, objetos e projetos inseridos em um processo de produção. Também existe o desenho arquitetônico, voltado especialmente ao projeto de arquitetura.
  • Ilustração - um tipo de desenho que pretende expressar alguma informação, normalmente acompanhado de outras mídias, como o texto.
  • Croquis ou esboço - um desenho rápido, normalmente feito à mão sem a ajuda de demais instrumentos que não propriamente os de traçado e o papel, feito com a intenção de discutir determinadas idéias gráficas ou de simplesmente registrá-las. Normalmente são os primeiros desenhos feitos dentro de um processo para se chegar a uma pintura ou ilustração mais detalhada.

História

O desenho tem sido um meio de manifestação estético e uma linguagem expressiva para o homem desde os tempos pré-históricos. Neste período, porém, o desenho, assim como a arte de uma forma geral, estava inserido em um contexto tribal-religioso em que acreditava-se quem o resultado do processo de desenhar possuísse uma "alma" própria: o desenho era mais um ritual místico que um meio de expressão. À medida que os conceitos artísticos foram, lentamente, durante a Antiguidade separando-se da religião, o desenho passou a ganhar autonomia e a se tornar uma disciplina própria. Não haveria, porém, até o Renascimento, uma preocupação em empreender um estudo sistemático e rigoroso do desenho enquanto forma de conhecimento.

A partir do Século XV, paralelamente à popularização do papel, o desenho começou a tornar-se o elemento fundamental da criação artística, um instrumento básico para se chegar à obra final (sendo seu domínio quase uma virtude secundária frente às outras formas de arte). Com a descoberta e sistematização da perspectiva, o desenho virá a ser, de fato, uma forma de conhecimento e será tratado como tal por diversos artistas, entre os quais destaca-se Leonardo da Vinci.

Mestres do desenho nos séculos XV e XVI incluem Leonardo da Vinci, Albrecht Dürer, Michelângelo e Rafael. No século XVII, destacam-se Claude, Nicolas Poussin, Rembrandt e Peter Paul Rubens. No século XVIII, Jean-Honoré Fragonard, Francisco Goya, Giovanni Battista Tiepolo, e Antoine Watteau. No XIX, Paul Cézanne, Jacques Louis David, Edgar Degas, Theodore Gericault, Jean Ingres, Odilon Redon, Henri de Toulouse-Lautrec e Vincent Van Gogh. Finalmente, no século XX, pode-se destacar Max Beckmann, Willem De Kooning, Jean Dubuffet, Arshile Gorky, Paul Klee, Oscar Kokoschka, Henri Matisse, Jules Pascin, Pablo Picasso e Jackson Pollock.

Desenhistas célebres

Referências

Bibliográficas

  • KANDINSKY, Wassily; Ponto e linha sobre o plano; São Paulo: Martins Fontes, 2001; ISBN 8533605781
  • EDWARDS, Betty; Desenhando com o lado direito do cérebro; São Paulo: Ediouro, 2001; ISBN 8500007486
  • WONG, Wucius; Princípios de Forma e Desenho; São Paulo: Editora Martis Fontes, ISBN 8533608616
  • CHAVES, Dario; JUBRAN, Alexandre; Manual prático de desenho; São Paulo: Editora Tipo, 2002; ISBN 8588516160

Artigos relacionados

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