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Haile Selassie

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Haile Selassie[1][2][3][4] GCTEGCBTO (também grafado Hailé Selassié); em ge'ez: ኃይለ፡ ሥላሴ, "Poder da Trindade"[5]; Ejersa Goro, 23 de julho de 1892Adis Abeba, 27 de agosto de 1975), nascido Tafari Makonnen e posteriormente conhecido como Rás Tafari, foi regente da Etiópia de 1916 a 1930 e imperador daquele país de 1930 a 1974. Herdeiro duma dinastia cujas origens remontam historicamente ao século XIII e, tradicionalmente, até ao Rei Salomão e à Rainha de Sabá, Haile Selassie é uma figura crucial na história da Etiópia e da África.[6][7]

O termo Ras Tafari[8] de origem Amárica tem o seguinte significado Ras, literalmente significa “cabeça”, é um termo etíope equivalente a príncipe ou chefe. E o nome pessoal Tafari (Täfäri/teferi) significa quem é respeitado ou temido.

É considerado o símbolo religioso do Deus encarnado ou a segunda vinda do Messias bíblico prometido pelos adeptos do movimento rastafári, que contava com cerca de 600 mil a 800 mil adeptos em todo o mundo em 2005. Se forem contados naquele ano não só os praticantes da religião, mas também os seguidores do estilo de vida, o número sobe para cerca de dois milhões.[9][10] Os rastafáris também o chamam de H.I.M., sigla em inglês para "Sua Majestade Imperial" (His Imperial Majesty). Haile Selassie nunca se colocou como Deus encarnado, e muitos seguidores do Rastafari julgam-no como apenas uma pessoa iluminada, um guia divino que veio para defender e unir os povos africanos e transmitir a palavra de Jesus Cristo.

"Devemos parar de confundir religiosidade e espiritualidade. Religião é um conjunto de regras, regulamentos e ritos criados pelos homens com o objetivo de ajudar a espiritualidade das pessoas; devido à imperfeição do homem, a religião tem se tornado corrupta, política, divisiva e uma ferramenta de força. Espiritualidade não é teologia ou ideologia, é simplesmente um modo de vida puro e original dado pelo todo poderoso; espiritualidade é uma rede que nos aproxima do todo poderoso, das pessoas e do universo como um todo" Haile Selassie[11]

Durante o seu governo, a repressão a diversas rebeliões entre as raças que compõem a Etiópia, além daquele que é considerado como o fracasso do país em se modernizar adequadamente,[12] rendeu-lhe críticas de muitos contemporâneos e historiadores.[13]

O seu protesto na Liga de Nações, em 1936, contra o uso de armas químicas contra o seu povo por parte da Itália, foi não só um prenúncio do conflito mundial que se seguiria, mas também representou o advento do que se chamou de "refinamento tecnológico da barbárie",[14] característica que veio a marcar as guerras do período.

Selassie era um orador talentoso, e alguns de seus discursos foram considerados entre os mais memoráveis do século XX.[14] As suas visões internacionalistas levaram a Etiópia a tornar-se membro oficial das Nações Unidas, e a sua experiência e pensamento político ao promover o multilateralismo e a segurança coletiva provaram-se relevantes até os dias de hoje.[15]

Origens e ascensão

Nascido, Tafari Makonnen, casou-se em 1911 com Wayzaro Menen, filha do imperador Menelik II, assim tornando-se príncipe, ou Ras, em amárico. Tafari significa, por sua vez, indomável. O neto de Menelik II, Lij Iyasu (Iyasu V), tornou-se imperador em 1913, mas foi deposto por uma assembleia de nobres, em conjunto com a Igreja Ortodoxa Etíope, por suspeita de ter se convertido ao islamismo. Assumiu Zewditu, também filha de Menelik II, que morreria em 1930. Mesmo antes da morte de Zewditu, Ras Tafari já havia assumido a regência da Etiópia (em 1917), e foi investido como rei (negus) em 1928. Em 2 de abril de 1930, a imperatriz morreu, e em 2 de novembro do mesmo ano Ras Tafari tornou-se o 225º imperador na dinastia que remontava, segundo a crença, ao Rei Salomão e a Rainha de Sabá. Novamente muda de nome, para Haile Selassie (que significa O Poder da Divina Trindade) ou, na forma completa, Sua Majestade Imperial, Imperador Haile Selassie, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá

O primeiro império

Iniciou então um governo que buscava modernizar a Etiópia, seguindo as linhas gerais traçadas por Menelik II: principalmente trazer tecnologia para a Etiópia e inserir o país no contexto da comunidade das nações. O seu discurso na Liga das Nações, em junho de 1936, sobre a guerra em geral e sobre a invasão da Etiópia pela Itália (1935), é considerado um dos mais belos e coerentes pronunciados por um líder político (o país havia sido admitido na Liga das Nações em 1923, logo após abolir a escravatura). Selassie também deu a Etiópia a primeira constituição de sua história, em 1931.

A invasão da Etiópia pela Itália em 1935 foi uma traição dos acordos celebrados entres esses países no ano de 1928. Também a Liga das Nações não fez sua parte, numa atitude muito semelhante àquela adoptada pela Inglaterra e pela França em face da invasão alemã na Checoslováquia — com a diferença de que o país invadido não pertencia à Europa, e sim à esquecida África. Benito Mussolini recebeu uma condenação formal da Liga, mas foi encorajado pela falta de atitudes desta para com seu acto injustificável. A invasão deflagrou a Segunda Guerra Ítalo-Etíope. Em 1936 Selassie viu-se obrigado a se retirar para o exílio na Inglaterra, deixando o posto de imperador.

Exílio

Selassie em visita a Washington D.C. (1963).

A Itália estabeleceu um governo na Etiópia e tentou controlar os movimentos de resistência através de massacres e segregação. Selassie tentava angariar simpatia pelo seu país, e só veio a consegui-lo quando a Itália se aliou, na Segunda Guerra Mundial, à Alemanha. Com o apoio da Inglaterra, mas contando essencialmente com forças de resistência etíopes e norte-africanas, Selassie retoma Adis Abeba em 5 de maio de 1941. Aos poucos conseguiu afastar-se da influência britânica, mas ao mesmo tempo vem do exílio com novas ideias inspiradas na evolução da Inglaterra.

O segundo império

Com a derrota da Itália na frente etíope, já durante a Segunda Guerra Mundial, Haile Selassie reassumiu o império. Havia tensões na Eritreia, que não se identificava com o restante da Etiópia e rejeitava a soberania desta.

Selassie promove a reforma e recuperação da Etiópia, devastada pela guerra. Institui um imposto progressivo sobre a propriedade de terras. Em 1955 é promulgada uma nova constituição etíope, que institui, entre outras medidas, o voto universal, mas também concentra bastante o poder nas mãos do imperador.

Enquanto em missão diplomática no Brasil, em 1960, Haile Selassie sofreu uma tentativa de golpe, organizada e dirigida por Germane Neway que não teve sucesso, mas polarizou a Etiópia e preparou caminho para um segundo golpe alguns anos depois. Em 1963, Selassie participou da criação da Organização da Unidade Africana.

O golpe militar

Selassie em 1974

O país enfrentou anos difíceis no início da década de 1970. A grande fome de 1972–1973 agravou a contestação ao governo imperial, somando-se aos problemas políticos, estudantes exigiam reformas para que as terras não pertencessem à nobreza.

Em 12 de janeiro de 1974 registrou-se uma rebelião militar contra Selassie. Em junho, um grupo de cerca de 120 comandantes militares, formalmente fiéis ao imperador, formou um comité para exercer o governo. Em 27 de setembro Selassie foi deposto por um golpe militar de inspiração marxista, que instituiu um Conselho Provisório de Administração Militar. Preso pelo novo governo, Selassié veio a falecer em 27 de agosto de 1975, oficialmente por complicações decorrentes de uma operação da próstata. Essa versão é contestada por seus apoiantes e familiares, que entendem que o ex-imperador foi assassinado na sua cama[carece de fontes?].

Em 1991, após a queda de Mengistu Haile Mariam, foi revelado que os restos mortais de Selassié tinham sido conservados no porão do palácio presidencial. Finalmente, em 5 de novembro de 2000, receberam um funeral da Igreja Ortodoxa Etíope digno, sendo sepultados. A família do cantor Bob Marley esteve presente na cerimônia.

Legado

É reconhecida a influência que Haile Selassie teve sobre o movimento negro, em especial em lideranças do movimento negro, como Martin Luther King e Nelson Mandela.[carece de fontes?] Além disso, Selassie é encarado como um messias por parte de um movimento religioso de origem jamaicana, o rastafarianismo, que crê que Haile Selassie vive, conduzirá os negros de volta à África, e é Deus Vivo.[carece de fontes?]

Discurso de Selassie na Liga das Nações em 1936

Reflexo

Esse discurso serviu de inspiração para a canção "War", um dos maiores clássicos do cantor de reggae jamaicano Bob Marley.[16]

No Brasil

Na visita de Haile Selassie ao Brasil, estourou em 13 de dezembro de 1960 um golpe de Estado em Adis Abeba. O embaixador Edmundo Barbosa da Silva, secretário-geral do Itamaraty, foi encarregado de transmitir ao imperador a notícia do golpe e levou-o ao aeroporto. Na ocasião, ouviu dele a garantia de que voltaria a seu país e debelaria a insurreição "sem derramar uma gota de sangue". [17]

Em Portugal

Selassie foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal a 28 de Outubro de 1925, realizou uma visita de estado a Portugal em 1957 e foi agraciado com a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens de Portugal a 31 de Agosto de 1959.[18]

Wikiquote
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Referências

  1. Na pronúncia original, tanto em "Haile" quanto em "Selassie" o acento (tonicidade) recai sobre a letra "a". «(ouvir)» 
  2. «Folha de S.Paulo» 
  3. «O Globo» 
  4. «BBC em português» 
  5. Gates, Henry Louis and Appiah, Anthony. Africana: The Encyclopedia of the African and African American Experience. 1999, page 902.
  6. Erlich, Haggai. The Cross and the River: Ethiopia, Egypt, and the Nile. 2002, page 192.
  7. Murrell, Nathaniel Samuel and Spencer, William David and McFarlane, Adrian Anthony. Chanting Down Babylon: The Rastafari Reader. 1998, page 148.
  8. «An Etymology of the word Ras-Tafari – By Ras Naftali | Rasta Livewire». www.africaresource.com (em English). Consultado em 15 de abril de 2017 
  9. «Major Religions of the World Ranked by Number of Adherents». Adherents.com 
  10. Barrett, Leonard E. Sr (1997) The Rastafarians. Boston: Beacon Press.
  11. Selassie, Haile. Spirituality. [S.l.: s.n.] 
  12. Meredith, Martin. The Fate of Africa: From the Hopes of Freedom to the Heart of Despair. 2005, page 212-3.
  13. Rebellion and Famine in the North under Haile Selassie, Human Rights Watch
  14. 14,0 14,1 Safire, William. Lend Me Your Ears: Great Speeches in History. 1997, page 297-8.
  15. Karsh, Efraim. Neutrality and Small States. 1988, page 112.
  16. Bob Marley – War Lyrics - Rock Genius Media
  17. Ribeiro, Guilherme Luiz Leite. Os bastidores da diplomacia Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007, p. 389.
  18. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Hailé Selassié Imperador". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 16 de abril de 2015 
  1. RedirecionamentoPredefinição:fim

Predefinição:Pessoa do Ano Predefinição:Imperadores da Etiópia Predefinição:Rastarismo

Precedido por
Franklin Delano Roosevelt
Pessoa do Ano
1935
Sucedido por
Wallis, Duquesa de Windsor
Precedido por
Zauditu
Imperador da Etiópia
1930 - 1974
Sucedido por
Monarquia Abolida

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