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Mocidade Portuguesa

Emblema e Estandarte da Mocidade Portuguesa (baseado na bandeira de D. João I).

A Organização Nacional Mocidade Portuguesa, vulgarmente conhecida apenas como Mocidade Portuguesa (MP), era uma organização juvenil do Estado Novo.

A história

A criação

A Organização Nacional Mocidade Portuguesa foi criada pelo Decreto-Lei n.º 26 611, de 19 de Maio de 1936, em cumprimento do disposto na Base XI da Lei n.º 1941, de 19 de Abril de 1936.

Pretendia abranger toda a juventude - escolar ou não - e atribuia-se, como fins, estimular o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria, no sentimento da ordem, no gosto da disciplina, no culto dos deveres morais, cívicos e militares.

O seu Regulamento foi publicado em 4 de Dezembro de 1936, através do Decreto-Lei n.º 27.301.

A ela deveriam pertencer, obrigatoriamente[1], os jovens dos sete aos catorze anos[2] [3]. Os seus membros encontravam-se divididos por quatro escalões etários: os lusitos (dos 7 aos 10 anos), os infantes (dos 10 aos 14 anos), os vanguardistas (dos 14 aos 17 anos) e os cadetes (dos 17 aos 25 anos).

A Mocidade Portuguesa estava dotada de um hino.

A Mocidade Portuguesa Feminina

Emblema da Mocidade Portuguesa Feminina (baseado nas armas de D. João I colocadas numa lisonja, forma tradicional dos escudos femininos na heráldica portuguesa).

Através do Decreto-Lei n.º 28262, de 8 de Dezembro de 1937, foi criada a Mocidade Portuguesa Feminina (MPF).

De acordo com o texto deste diploma, esta organização «cultivará nas filiadas a previdência, o trabalho colectivo, o gosto da vida doméstica e as várias formas do espírito social próprias do sexo, orientando para o cabal desempenho da missão da mulher na família, no meio a que pertence e na vida do Estado.»

Os comissários nacionais

A Mocidade Portuguesa tinha no topo da hierarquia um comissário nacional, nomeado pelo ministro da Educação Nacional.

O primeiro comissário nacional a dirigir a Mocidade Portuguesa foi Francisco José Nobre Guedes, de 1936 a 1940.

O segundo comissário nacional foi Marcello Caetano, de 1940 a 1944. A sua acção marcou de maneira significativa a orientação da organização por muito tempo[4].

Marcello Caetano foi substituído interinamente por Soares Franco, até à nomeação de Luís Pinto Coelho, que ocupou o cargo de 1946 a 1951.

Seguiram-se António Gonçalves Rodrigues e Baltasar Rebelo de Sousa, que ocupou interinamente o cargo, desde 1956, enquanto subsecretário de Estado da Educação Nacional.

Desde 1960, foram comissários nacionais, o general Pereira de Castro, Leopoldino de Almeida, o tenente-coronel Gomes Bessa, o arquitecto Melo Raposo, o tenente-coronel Fonseca Dores e, por último, Lourenço Antunes, até 25 de Abril de 1974.

As reorganizações

Pelo Decreto-Lei n.º 47311, de 12 de Novembro de 1966, o Governo procedeu à reorganização da Mocidade Portuguesa[5], no que foi então denominada uma «actualização (....) no intuito de renovar a Organização, de a adaptar melhor às circunstâncias dos tempos presentes e lhe permitir, assim rejuvenescida, servir cada vez melhor o alto ideal da formação da juventude à luz dos imperecíveis princípios e valores da civilização cristã, que sempre têm presidido, e continuarão a presidir, aos destinos de Portugal.»

Através do Decreto-Lei n.º 486/71, de 8 de Novembro, a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina foram transformadas em associações nacionais de juventude, reconhecidas de interesse público e abertas à adesão voluntária de jovens de ambos os sexos.

Esta remodelação conduziu a uma diminuição progressiva da importância destas organizações do Estado Novo.

A extinção

Em 25 de Abril de 1974, a Junta de Salvação Nacional procedeu à sua extinção imediata através do Decreto-Lei n.º 171/74, dessa mesma data.

Os arquivos

Os arquivos das duas organizações estão depositados no Ministério da Educação, onde podem ser consultados.

Fontes e bibliografia

Arriaga, Lopes. Mocidade Portuguesa: Breve História de uma Organização Salazarista. Lisboa, Terra Livre, 1976.

Kuin, Simon. A Mocidade Portuguesa nos anos 30: anteprojectos e instauração de uma organização paramilitar da juventude in Análise Social, Lisboa, vol. 28, n.º 122 (1993), p.555-588.

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en:Mocidade Portuguesa es:Mocidade Portuguesa ja:ポルトガル青年団 mwl:Mocidade Pertuesa

  1. Este objectivo só terá sido concretizado em relação aos jovens que frequentavam a escola.
  2. “Assim, os escalões de «lusito» e de «infantes» – únicos de filiação obrigatória (...)” (Mocidade Portuguesa, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, Lda., Lisboa – Rio de Janeiro, vol. 17, p. 469)
  3. “À Mocidade Portuguesa pertenciam obrigatoriamente os estudante ou não, desde os sete aos catorze anos (...)” (Serrão, Joaquim Veríssimo. História de Portugal, Editorial Verbo, Lisboa, 2000, vol. XIV, p. 104).
  4. Uma obra de referência da sua linha de orientação foi o livro A missão dos Dirigentes: Reflexões e Directivas sobre a Mocidade Portuguesa. 4.ª ed., Lisboa, Mocidade Portuguesa, Serviço de Publicações, 1966.
  5. E da Mocidade Portuguesa Feminina, uma vez que algumas das suas disposições foram mandadas aplicar de imediato a esta organização.

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