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Império Romano

O Império Romano é o termo utilizado por convenção para definir o estado romano nos séculos que se seguiram à reorganização política efectuada pelo primeiro imperador, César Augusto. Embora Roma possuísse colónias e províncias antes desta data, o estado pré-Augusto é conhecido como República Romana. A diferença entre império e república é sobretudo ao nível dos corpos governativos. Na república os magistrados supremos eram eleitos, enquanto que o império se caracteriza pela existência de um imperador.

Os historiadores fazem ainda a distinção entre o Principado, período de Augusto à crise do terceiro século, e o Domínio que se estende de Diocleciano ao fim do império romano do ocidente. Segundo esta teoria, durante o Principado (da palavra latina princeps, que significa primeiro), a verdadeira natureza de governo era escondida atrás de conceitos republicanos e os imperadores eram muitas vezes relutantes por falsa modéstia em se assumir como tal. No Domínio (palavra com origem em dominus, senhor), pelo contrário, os imperadores mostravam claramente a sua condição, usando coroas, púrpuras e outros ornamentos imperiais.

O princípio do Império

Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que César Augusto adquire este cognome e em que começa, oficialmente, a governar sem parceiros. No entanto, as instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Lucius Cornelius Sulla quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício de seguida. Sulla resignou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto o precedente estava lançado. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do Império em 14 AD, ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.

Nos meios académicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de democracia, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endémico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.

O reinado de César Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão. Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Marcos Vipsânio Agripa na sua confiança, conquistou o Egipto, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germania Inferior e Superior e colocou as fronteiras do Império nos rios Danúbio e Reno.

Julio-Claudianos

TibérioCalígulaCláudioNero

Os sucessores de Augusto são conhecidos pela dinastia Julio-Claudiana (que inclui Augusto), devido aos casamentos idealizados por Augusto entre a sua família, os Julii, e os patrícios Claudii. Nos primeiros anos do reinado de Tibério, não houve grandes mudanças políticas ou organizativas em relação aos princípios estabelecidos por Augusto. No entanto, com o passar do tempo, a instabilidade surgiu dentro da própria família imperial. Tibério tornou-se paranóico com possíveis conspirações e tentativas de golpe de estado, chegando, em 26, a retirar-se para a ilha de Capri de onde governou por procuração até ao fim da vida. Em consequência, mandou matar ou executar grande parte da sua família e senadores de destaque, provocando uma sensação de desconforto generalizada. O seu sucessor Calígula cresceu neste ambiente e mostrou-se um imperador igualmente instável. As perseguições tornaram-se norma e durante estes reinados muitas das famílias tradicionais romanas chegaram ao fim devido a assassinatos e execuções que se prolongaram pelos reinados de Cláudio e Nero. Em 68, a classe política tinha chegado ao limite de resistência a tanta insegurança política. Depois de alguns erros estratégicos graves e de ter arruinado as finanças do estado em aventuras como a construção do seu palácio dourado, Nero é declarado um inimigo do estado e declarado fora da lei. Fugindo de Roma acompanhado apenas pelo seu secretário, o imperador acaba por se suicidar antes de ser apanhado pela guarda pretoriana que ia em seu encalço. Com a sua morte, desaparecia a dinastia Julio-Claudiana e Roma acabaria por encontrar alguma estabilidade política, mas não imediatamente, como se verá mais em baixo.

Do ponto de vista organizativo, como já se disse, pouco mudou em relação ao estabelecido por Augusto. Apenas Cláudio introduziu algumas reformas e procurou a prosperidade do império, talvez porque à data da sua ascensão ao trono era já um homem maduro. Cláudio foi ainda o responsável pela iniciativa da invasão romana das ilhas britânicas em 43, que se saldou pela adição de mais uma província ao império. Em 64, durante o reinado de Nero, Roma foi consumida por um violento incêndio (do qual o próprio imperador é muitas vezes erroneamente considerado culpado) e começaram as perseguições aos cristãos. Os Julio-Claudianos foram eficazes em espalhar o culto imperial. Alguns deles, como Cláudio, foram deificados durante a sua vida e elevaram à dignidade divina muitos dos seus familiares (alguns subsequentemente assassinados)

Flavianos

Ano dos quatro imperadoresVespasianoTitoDomiciano

Depois do suicídio de Nero, Servius Sulpicius Galba, um velho senador pertencente aos Sulpicii, uma velha família aristocrática, torna-se imperador por nomeação senatorial. O seu reinado não começou bem. Durante a viagem da Hispania para Roma, Galba não hesitou em espalhar o caos e a destruição pelas cidades que não lhe prestavam honras imperiais de imediato. Em Roma, substituiu grande parte das chefias militares e depressa se revelou tão paranóico como os seus antecessores. A gota d'água foi a sua recusa em conceder os prémios monetários às legiões e guarda pretoriana que o apoiaram. Organizou-se um golpe de estado e em Janeiro de 69, Galba foi assassinado pelos pretorianos no Fórum, juntamente com o seu sucessor designado. Em Roma, saudou-se Marcus Salvius Otho como novo imperador, mas no Reno as legiões aclamaram Aulus Vitelius, que de imediato iniciou a marcha para Roma. Em Abril, Vitélio derrota Marcus Salvius Otho e torna-se o único imperador, mas pouco tempo depois, o exército estacionado na Judeia aclama o seu comandante Vespasiano como imperador. Durante a segunda metade do ano, todas as províncias foram-se declarando por Vespasiano e Vitélio perdeu terreno. Finalmente, a 20 de Dezembro, as tropas de Vespasiano entram em Roma e assassinam Vitélio. Vespasiano torna-se então o único imperador e dá início à dinastia Flaviana.

Vespasiano (Titus Flavius Vespasianus) mostrou ser um imperador responsável e razoável em comparação dos excessos perpetrados pelos Julio-Claudianos. Apesar de ser um autocrata que pouca ou nenhuma importância política dava ao senado, Vespasiano procurou reorganizar o exército, as finanças do estado e a sociedade romana. Aumentou os impostos, mas erigiu grandes obras, como o Coliseu de Roma conhecido na altura como Anfiteatro Flaviano. Como antigo governador e general, Vespasiano sabia qual o melhor para as províncias e como manter o exército satisfeito, tudo condições indispensáveis para a estabilidade de um reinado. O seu filho Tito sucedeu-lhe em 79. Prometia ser um imperador à altura do seu pai, mas o seu breve reinado foi marcado por catástrofes. A 24 de Agosto do mesmo ano, o vulcão Vesúvio destruiu as cidades de Pompeia e Herculano e em 80, Roma foi de novo consumida por um incêndio. Em 81, Tito é sucedido pelo irmão Domiciano, que haveria de se mostrar pouco à altura das capacidades dos seus familiares. Assim como na dinastia Julio-Claudiana, o que começou por ser um período de prosperidade, depressa caiu em instabilidade política. Domiciano era tão paranóico como Calígula ou Nero e as atrocidades do seu reinado valeram-lhe o epíteto de pior imperador de sempre. Quando em 96 Domiciano é assassinado, Roma encontra-se bastante céptica quanto à validade do modelo dinástico e a sucessão imperial evoluiu para o conceito do mais apto. Esta mudança deu origem ao período dos cinco bons imperadores.

Antoninos: Cinco bons imperadores

NervaTrajanoAdrianoAntonino PioMarco Aurélio

Depois do assassinato de Domiciano, o senado nomeou Nerva imperador de Roma. Apesar de ser já de meia idade e de não ter descendentes, Nerva era um homem considerado capaz, quer do ponto de vista militar quer do ponto de vista administrativo, mas sobretudo racional e confiável. A falta de filhos revelou ser uma vantagem, pois a sua sucessão foi determinada pelo valor do candidato e não por critérios familiares, apesar de Trajano ter sido formalmente adoptado por Nerva. Trajano, Adriano e Antonino Pio seguiram a mesma política de nomear o sucessor mais apto, o que resultou num período de estabilidade conhecido como os cinco bons imperadores. Durante o reinado destes cinco homens Roma prosperou e atingiu o seu pico civilizacional. Trajano foi o responsável pela extensão máxima do Império em 117, ao estender a fronteira Este até incluir a Mesopotâmia na alçada de Roma. O seu sucessor Adriano soube manter a enorme área do império e reconhecer que não valia a pena extende-lo mais. Deu as conquistas por terminadas e construiu a muralha de Adriano no Norte de Inglaterra como símbolo do fim do Império. Este período de manutenção, por oposição a conquista, ficou conhecido como a Pax Romana.

O ciclo de prosperidade terminou quando Marco Aurélio designou para sucessor, não o homem mais apto, mas o seu filho Cómodo, que se haveria pouco à altura do seu pai e seus antecessores. Como na dinastia Julio-Claudiana (Nero) e Flaviana (Domiciano), um período de prosperidade foi seguido por uma governação errática por um homem paranóico, neste caso Cómodo, que incentiva a revolta dos seus súbditos. Cómodo foi assassinado em 193, mas o Império caiu numa grave crise dinástica e social.

A crise do terceiro século

O fim do século II foi marcado por mais uma guerra civil de sucessão. Septímio Severo acabou por assegurar a coroa imperial e levar o Império para um breve período de estabilidade. Os seus sucessores, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Entre a morte de Severo em 211 e o início da tetrarquia em 286, o Império teve 28 imperadores, dos quais apenas 2 faleceram por causas naturais (de peste). Contemporaneamente, estão registados 38 usurpadores romanos, dos quais bastantes se tornaram imperadores de pleno direito. Para além da crise política endémica, o século III foi marcado pelo início das invasões dos povos bárbaros que habitavam as zonas fronteiriças do Império.

Tetrarquia

O Império cristão

A divisão

Depois da morte de Teodoso, o Império se dividiu em dois

O fim do Império

O Império Romano sofreu invasão dos bárbaros (qualquer povo não-romano ou não-dominado-pelos-romanos) e, já enfraquecido, não conseguiu guerrear, vindo à ruína o maior e mais bem formado Império de todos os tempos.

O papel da adopção do Cristianismo na queda de Roma

Uma das questões sociológicas mais debatidas ao longo da história é a questão de saber se o Cristianismo contribuiu para a queda do Império Romano ou não.

O Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano em 380. O Império Romano cairia cerca de 100 anos depois. Ver Cristianismo


Tópicos relacionados com o Império Romano

Fontes

Autores latinos

SuetónioOs doze Césares, biografias de Júlio César e dos 11 primeiros imperadores
Tácito
Ammianus Marcellinus

Autores gregos

Eusébio de Cesareia
Sozomen

Fontes modernas

Edward Gibbon, A história do declínio e queda do império romano

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