Os vikings (por vezes usa-se a forma aportuguesada viquingues) eram guerreiros-marinheiros da Escandinávia que entre o final do século VIII e o século XI pilharam, invadiram e colonizaram as costas da Escandinávia, Europa e ilhas Britânicas. Embora sejam conhecidos principalmente como um povo de terror e destruição, eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente. A Era Viking é o nome da última parte do início da Idade do Ferro na Escandinávia. Hoje, de um modo um tanto controverso, a palavra viking também é usada como um adjetivo genérico que se refere aos escandinavos da Era Viking. A população escandinava medieval em geral é referida de um modo mais apropriado como nórdicos.
Etimologia
A etimologia da palavra "viking" é um tanto incerta. A raiz da palavra germânica vik ou wik está relacionada a mercados, é o sufixo normalmente utilizado para referir-se a "cidade mercadora", da mesma forma que burg significa "lugar fortificado." Sandwich e Harwich em inglês ainda mostram essa terminação, e a recentemente escavada cidade portuária franca Quentovic mostra a mesma etimologia. A actividade mercantil dos vikings está bem documentada em vários locais arqueológicos como Hedeby.
Registros históricos
A terra natal dos Vikings era a Noruega, Suécia e Dinamarca. Eles e seus descendentes controlaram, pelo menos temporariamente, a maior parte da costa do mar Báltico, grande parte da Rússia continental, a Normandia na França, Inglaterra, Sicília, Itália meridional e partes da Palestina.
As diversas nações viking estabeleceram-se em várias zonas da Europa:
- Os dinamarqueses navegaram para o sul, em direção à Frísia, França e partes do sul da Inglaterra. Entre os anos 1013 e 1042, diversos reis vikings, como Canuto o Grande, chegaram mesmo a ocupar o trono inglês.
- Os suecos navegaram para o leste entrando na Rússia, onde Rurik fundou o primeiro estado russo, e pelos rios ao sul para o Mar Negro, Constantinopla e o Império Bizantino.
- Os noruegueses viajaram para o noroeste e oeste, ocupando as para as Ilhas Faroé, Shetlands, Orkneys, Irlanda e Escócia. Excepto nas ilhas britânicas, os noruegueses encontraram principalmente terras inabitadas e fundaram povoados. Primeiro a Islândia em 825 (monges islandeses já estavam lá), depois a Groenlândia (985), foram ocupadas e colonizadas por vikings noruegueses. Em cerca de 1000 d.C., a América do Norte foi descoberta por Leif Eriksson da Groenlândia, que a chamou de Vinland. Um pequeno povoado foi fundado na península norte na Terra Nova (Canadá), mas a hostilidade dos indígenas locais e o clima frio provocaram o fim desta colónia poucos anos. Os restos arqueológicos deste local - L'Anse aux Meadows - constituem hoje em dia um Sítio de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Os Vikings começaram a incursar e colonizar ao longo da parte nordestina de mar Báltico nos séculos VI e VII. No final do século VIII, eles faziam longas incursões descendo os rios da moderna Rússia e estabeleceram fortes ao longo do caminho para a defesa. No século IX eles controlavam Kiev e em 907 uma força de dois mil navios e oitenta mil homens atacou Constantinopla. Eles sairam de lá com um favorável acordo comercial do imperador de Bizâncio.
Os vikings fizeram a primeira investida no Oeste no final do século VIII. Os primeiros relatos de invasões viking datam de 793, quando Dinamarqueses ("marinheiros estrangeiros") atacaram e saquearam o famoso monastério insular de Lindisfarne, na costa Leste da Inglaterra. Nos 200 anos seguintes, a história Europeia encontra-se repleta de contos sobre os vikings e suas pilhagens. O tamanho e a frequência das incursões contra a Inglaterra, França e Alemanha aumentaram ao ponto de se tornarem invasões. Eles saquearam cidades importantes como Hamburgo, Utrecht e Rouen. Colônias foram estabelecidas como bases para futuras incursões. As colônias no Noroeste da França ficaram conhecidas como Normandia (de "homens do Norte"), e seus residentes eram chamados de normandos.
Em 865, um grande exército dinamarquês invadiu a Inglaterra. Eles controlaram a Inglaterra pelos dois séculos seguintes. Um dos últimos reis de toda a Inglaterra até 1066 foi Canuto, que governava a Dinamarca e a Noruega simultâneamente. Em 871, uma outra grande esquadra navegou pelo rio Sena para atacar Paris. Eles cercaram a cidade por dois anos, até abandonarem o local com um grande pagamento em dinheiro e permissão para pilhar, desimpedidos, a parte Oeste da França.
Em 911, o rei da França elevou o chefe da Normandia a Duque em troca da conversão ao cristianismo e da interrupção das incursões. Do Ducado da Normandia veio uma série de notáveis guerreiros como Guilherme I, que conquistou a Inglaterra em 1066; Robert Guiscard e família, que tomaram a Sicília dos árabes entre 1060 e 1091 e Balduíno I, rei cruzado de Jerusalém.
Os vikings conquistaram a maior parte da Irlanda e grandes partes da Inglaterra, viajaram pelos rios da França e Espanha, e ganharam controle de áreas na Rússia e na costa do Mar Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no leste do Mar Cáspio.
Sagas islandesas
Além de permitir que os vikings navegassem longas distâncias, seus navios dragão (drakar) traziam vantagens tácticas em batalhas. Eles podiam realizar eficientes manobras de ataque e fuga, nas quais atacavam rápida e inesperadamente, desaparecendo antes que uma contra-ofensiva pudesse ser lançada. Os navios dragão podiam também navegar em águas rasas, permitindo que os vikings entrassem em terra através de rios.
Museus viking
A Era Viking
Ver artigo principal: A Era Viking.
A principal razão que se crê estar por trás das invasões foi a superpopulação causada pelo avanço tecnológico trazido pelo uso do ferro. Para o povo que vivia na costa, foi natural a procura por novas terras pelo oceano. Outra razão foi que, nesse período, vários países europeus encontravam-se envolvidos em conflitos internos, sendo portanto presas fáceis para a organização viking. O amor à aventura e o sucesso militar, característico de uma cultura que valorizava os feitos heróicos das sagas, deve ter sido outro factor.
Declínio
Após décadas de pilhagem, a resistência aos vikings tornou-se mais eficiente e, depois da introdução do Cristianismo na Escandinávia, tornou a cultura viking mais moderada. As incursôes vikings cessaram no fim do século X. A consolidação dos três reinos escandinavos (Noruega, Dinamarca e Suécia) em substituição das nações Viking em meados do século XI deve ter influenciado também o fim dos ataques, visto que com eles os vikings passaram também a sofrer das intrigas políticas de que tanto beneficiaram e muito da energia do rei estava dedicada a governar suas terras. A difusão do cristianismo fragilisou os valores guerreiros pagãos antigos, que acabou sumindo. Os nórdicos foram absorvidos pelas culturas as quais eles tinham se envolvido. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra viraram ingleses, os normandos viraram franceses e os Rus tornaram-se russos.
Na Rússia, os vikings eram conhecidos como varegues (Väringar), e os guarda-costas escandinavos dos imperadores do bizantinos eram conhecidos como Guarda Varegue. Outros nomes incluem nórdicos e normandos.
Sagas
Revitalizações modernas
Ver também A revitalização viking do século XIX.
Romantismo
Fascismo
História viva
Mitos sobre os viking
Elmos com chifres
Muitos dizem que os Vikings usavam elmos com chifres pois tinham medo de que o céu lhes viesse a cair nas cabeças. Apesar da comum imagem dos Vikings, estes não os utilizavam. Na realidade, os Vikings nunca utilizaram tais elmos, eles não passam de uma invenção artística das óperas do século XIX, que visavam resgatar a imagem dos Vikings como os "monstros" (que, em verdade, não eram), sem saber ao certo com eles eram. Os verdadeiros capacetes Vikings eram cônicos e sem chifres (como se pode ver na figura no alto da página).
Taças de crânios
Outro famoso estereótipo associado aos nórdicos e bárbaros medievais, é a suposta utilização do crânio dos inimigos como copo para bebidas! Na realidade, esse estereótipo foi inventado muito antes do surgimento dos vikings. (2) No século V depois de Cristo, a Europa sofria os ataques dos hunos, temidos guerreiros da Mongólia. Um cronista gótico desse período chamado Jordanis, acreditava que os hunos não eram humanos, mas seres bestiais que devoravam crianças e cometiam terríveis atrocidades. Ele foi um dos primeiros que descreveu essa prática cruenta: matar, decapitar e transformar as cabeças em recipientes para bebidas (BEHREND; SCHMITZ, 1994). Claro que foi apenas uma fantasia, pois inventar atrocidades e misticismos sobre os inimigos é um dos mais antigos ardis políticos. Como os vikings também não eram bem vistos na Idade Média por atacarem mosteiros e templos cristãos, nada mais óbvio que compará-los com seres demoníacos. Precisavam ser rebaixados a um nível de crueldade sem igual. Imediatamente surgiram representações de grandes banquetes e festas, nos qual os guerreiros escandinavos utilizariam o horrendo receptáculo para bebidas. Mesmo em nossos dias esse estereótipo ainda persiste, a exemplo da cena inicial do filme Escorpião Rei.
JOHNNI LANGER (DOUTOR EM HISTÓRIA PELA UFPR, PROFESSOR DA UNICS, PR)
Sujeira
Vikings famosos
Veja também
Mitologia Nórdica e Literatura Nórdica Antiga
Bibliografia
LANGER, Johnni. - Os vikings na história e na arte ocidental (www.nethistoria.com) - O culto a Odin entre os vikings: uma análise iconográfica da estela de Hammar I (www.nethistoria.com) - Guerreiras de Óðinn: as Valkyrjor na Mitologia Viking (www.brathair.cjb.net) - Midvinterblot: o sacrifício humano na cultura Viking e no imaginário contemporâneo (www.brathair.cjb.net) - Mito do Dragão na Escandinávia (Primeira Parte: Período Pré-Viking)(www.brathair.cjb.net)
Ligações externas
Vikings: Mais que um povo, um ideal
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