A palavra "Positivismo" é uma palavra com diferentes significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. Do seu início, com Auguste Comte (1798-1857) na primeira metade do século XIX até o seu apogeu e crise no século XX, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplo paradigmático disso é o Positivismo Jurídico, com o austríaco Hans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados.
Neste artigo, tratar-se-á apenas do Positivismo conforme foi elaborado por Augusto Comte. Para esse autor, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte.
Método do Positivismo de Auguste Comte
O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação (ou seja: mantém-se a imaginação), mas há outras características igualmente importantes. Na obra Apelo aos conservadores 1855, Comte definiu a palavra "positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Duas características são hoje reconhecidas por todos: a visão de conjunto, ou o holismo "orgânico", e o relativo (embora haja uma curiosa e extremamente difundida versão que afirma que o Positivismo nega tanto a visão de conjunto quanto o relativismo. Mas, além disso, o "simpático" implica afirmar que as concepções e ações humanas são modificadas pelos afetos das pessoas individuais e coletivos; mais do que isso, em diversas obras Augusto Comte indicou como a subjetividade é um traço característico e fundamental do ser humano, que deve ser respeitado e desenvolvido.
A idéia-chave do Positivismo comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas idéias:
Teológico: o ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais os "deuses", buscando responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos"; além disso, busca-se o absoluto;
Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade: "o éter", "o povo" etc. Continua-se a procurar responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos" e procurando o absoluto;
Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como", com as leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas o relativo.
A Religião da Humanidade
Auguste Comte preocupou-se com a constituição de um sistema de valores adaptado à civilização industrial que então começava (início do século XIX), valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal. Para desenvolver esse sistema procurou fundar a Sociologia e, para tanto estudou as ciências "abstratas". Esse foi o trajeto do pensador no período 1826-1842, com o seu Sistema de Filosofia Positiva.
Segundo Comte, o ser humano é "total", isto é, uma realidade completa e o seu sistema deve referir-se à totalidade humana: afetiva, intelectual e prática, individual e coletiva etc. Comte concluiu - na obra Sistema de Política Positiva (1851-1854)- que deveria criar uma religião: afinal, para ele, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova religião que apresenta um conceito positivo e humano de ser supremo, a Religião da Humanidade. Portanto, a religião positiva não é ateísta, pois professa a crença em um ser supremo abstrato mas real, sendo uma religião completa, possuindo além de um culto elaborado, doutrinas, dogmas e regime. Comte foi profundamente influenciado pela figura de sua amada Clotilde de Vaux e seus ensinamentos éticos são resumidos em máximas como: "Viver às claras" e "Viver para outrem".
INÍCIO DA CARREICA DE SPENCER
Herbert Spencer, no inicio de sua vida intelectual poderia ser aquilo que hoje chamamos de libertário. Entretanto, com o passar dos anos, foi se infectando pelo espírito do positivismo e se tornou um conservador, rejeitando suas primeiras teses.
Se o primeiro Spencer era ávido por mudanças radicais na sociedade, este último Spencer era o oposto. Para termos uma idéia do quão libertário era aquele primeiro Herbert Spencer, basta lermos o inicio do capitulo XIX de seu clássico livro "Social Statics". Senão vejamos: "Como corolário da proposição de que todas as instituições devem ser subordinadas a lei, e de liberdade igual entre elas, nós não podemos escolher, mas apenas admitir o direito de cada cidadão. Se todo homem tem o direito de fazer aquilo que se quer fazer de si mesmo, desde que não infrinja a igualdade de qualquer outro homem, estão este homem então é livre para se desvincular do Estado, para abandonar sua proteção e para recusar a pagar impostos para sua sustentação".
Pena que Spencer tomou o rumo do positivismo. Poderia ter em muito mais contribuído para uma doutrina verdadeiramente progressista, e não reacionária como o é o positivismo (e o socialismo também).
Espírito positivo
Na obra "Discurso sobre o espírito positivo" (1848), Comte explicitou que o espírito positivo é maior e mais importante que a mera cientificidade, na medida em que esta abrange apenas questões intelectuais e aquele compreende, além da inteligência, também os sentimentos (ou, em termos contemporâneos, a subjetividade em sentido amplo) e as ações práticas.
A Religião da Humanidade
Auguste Comte preocupou-se com a constituição de um sistema de valores adaptado à civilização industrial que então começava (início do século XIX), valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal. Para desenvolver esse sistema procurou fundar a Sociologia e, para tanto estudou as ciências "abstratas". Esse foi o trajeto do pensador no período 1826-1842, com o seu Sistema de Filosofia Positiva.
Segundo Comte, o ser humano é "total", isto é, uma realidade completa e o seu sistema deve referir-se à totalidade humana: afetiva, intelectual e prática, individual e coletiva etc. Comte concluiu - na obra Sistema de Política Positiva (1851-1854)- que deveria criar uma religião: afinal, para ele, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova religião que apresenta um conceito positivo e humano de ser supremo, a Religião da Humanidade. Portanto, a religião positiva não é ateísta, pois professa a crença em um ser supremo abstrato mas real, sendo uma religião completa, possuindo além de um culto elaborado, doutrinas, dogmas e regime. Comte foi profundamente influenciado pela figura de sua amada Clotilde de Vaux e seus ensinamentos éticos são resumidos em máximas como: "Viver às claras" e "Viver para outrem".
O Positivismo no Brasil
O positivismo teve influência fundamental nos eventos que levaram à Proclamação da República no Brasil, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o epíteto de "Fundador da República Brasileira").
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Elaborada por Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), ela procura indicar ao mesmo tempo a continuidade social do Brasil (o retângulo verde e o losango amarelo) e a mudança (ou seja, o avanço) de regime político que então se operava no país (a esfera armilar). Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista.
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o Marechal Cândido Rondon, Júlio de Castilhos, Demetrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira e inúmeros outros.
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré.
Hoje os positivistas são em número reduzido, mas se reúnem no Rio de Janeiro (no Clube Positivista, no bairro da Cinelândia, e no Templo da Religião da Humanidade, no bairro da Glória, na rua Benjamim Constant), e ainda está sendo reativada a Capela no Rio Grande do Sul. A Igreja e o Clube são dirigidas pelo engenheiro Danton Voltaire Pereira de Souza, e tem experimentado um momento de reavivamento do interesse, na imprensa, revistas e comunidades acadêmicas.
Ver também
Ligações externas
- Discurso sobre o espírito positivo
- Igreja Positivista do Brasil
- Aspectos da Teoria Política de Augusto Comte
- A igreja positivista da Rua Benjamin Constant
ar:وضعية az:Pozitivizm br:Soliadouriezh ca:Positivisme cs:Pozitivismus de:Positivismus en:Positivism eo:Pozitivismo es:Positivismo fa:اثباتگرایی fi:Positivismi fr:Positivisme gl:Positivismo he:פוזיטיביזם hu:Pozitivizmus id:Positivisme it:Positivismo ja:実証主義 lt:Pozityvizmas lv:Pozitīvisms nl:Positivisme no:Positivisme pl:Pozytywizm ru:Позитивизм sk:Pozitivizmus sr:Позитивизам sv:Positivism tr:Pozitivizm uk:Позитивізм ur:مثبتیت zh:实证主义