𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Positivismo

O Positivismo é uma corrente filosófica cujo iniciador principal foi Augusto Comte (1798-1857). Surgiu como desenvolvimento filosófico do Iluminismo, a que se associou a afirmação social das ciências experimentais. Propõe a existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente teologia ou metafísica. Assim, o Positivismo - em sua versão comtiana, pelo menos - associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte.

O antropólogo estrutural Edmund Leach descreveu o positivismo em 1966 na aula Henry Myers da seguinte forma:

"Positivismo é visão de que o inquérito científico sério não deveria procurar causas últimas que derivem de alguma fonte externa mas sim confinar-se ao estudo de relações existentes entre factos que são directamente acessíveis pela observação."

Todavia, é importante notar que a palavra "Positivismo" não é unívoca, pois inúmeras correntes de outras disciplinas assumem o nome de "positivistas" sem guardarem nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplo paradigmático disso é o Positivismo Jurídico, do austríaco Hans Kelsen e do italiano Norberto Bobbio. Neste artigo trataremos apenas e tão-somente do que se refere à obra de Augusto Comte, deixando de lado outras correntes, quer tenham o título de "positivistas", quer não tenham.

O Positivismo fez grande sucesso na segunda metade do século XIX, mas, a partir da ação de grupos contrários (marxistas, comunistas, fascistas, reacionários, católicos, místicos), perdeu influência no século XX. Todavia, desde fins do século XX ele tem sido redescoberto e revalorizado como uma forma de perceber o homem e o mundo, a ciência e as relações sociais.


Teoria de Augusto Comte

Augusto Comte considera o Positivismo como a fase final da evolução da maneira como as idéias humanas são percebidas.

O Positivismo tem por base teórica a observação, ou seja, toda especulação acrítica, toda metafísica e toda teologia devem ser descartadas.

Ao elaborar sua filosofia positiva, Comte classificou as ciências que já haviam alcançado a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia e a Sociologia (esta última estava sendo formulada por Comte). Mais tarde, o pensador acrescentou a Moral. Esta série não representava todo conhecimento humano, mas apenas as ciências abstratas.

A doutrina de Comte, baseada na lei dos três estados ou etapas do desenvolvimento das concepções intelectuais da humanidade, compreende que no primeiro estágio a humanidade é regida por ficções da teologia; no segundo estágio, da metafísica, a humanidade já faz uso da ciência, mas não se libertou totalmente das abstrações personificadas encontradas no primeiro - portanto, o segundo estágio serve apenas de intermediário entre o primeiro e o último. (Exemplos de "abstrações personificadas": a "natureza", como algo dotado de consciência, vontade e sentimentos; o "capital", na concepção marxista). Essas duas fases buscam o absoluto e as razões últimas das coisas. Finalmente, no terceiro estágio, o positivo, a ciência já está totalmente consiente de si e, baseada no relativismo intrínseco à ciência, não se pretende apenas achar as causas dos fenómenos, mas descobrir as leis que os regem.


Método do Positivismo de Augusto Comte

O método geral de Augusto Comte consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação (ou seja: mantém-se a imaginação), mas há outras características igualmente importantes. Na obra "Apelo aos conservadores" (1855), Comte definiu a palavra "positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Duas características são hoje reconhecidas por todos: a visão de conjunto, ou o holismo ("orgânico"), e o relativo (embora haja uma curiosa e extremamente difundida versão que afirma que o Positivismo nega tanto a visão de conjunto quanto o relativismo). Mas, além disso, o "simpático" implica afirmar que as concepções e ações humanas são modificadas pelos afetos das pessoas (individuais e coletivos); mais do que isso, em diversas obras Augusto Comte indicou como a subjetividade é um traço característico e fundamental do ser humano, que deve ser respeitado e desenvolvido.


A Religião da Humanidade

Desde o início da carreira Augusto Comte preocupou-se com a constituição de um sistema de valores adaptado à civilização industrial que então começava (início do século XIX), valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal. Para desenvolver esse sistema ele antes procurou fundar a Sociologia e, para fundar essa ciência, ele examinou todas as ciências abstratas. Esse foi o trajeto do pensador no período 1826-1842, com o seu "Sistema de Filosofia Positiva".

Fundada a Sociologia, Comte passou a criar diretamente esse sistema de valores. Como o ser humano é "total", isto é, é uma realidade completa, esse sistema teria que se referir à totalidade humana: afetiva, intelectual e prática; individual e coletiva - e assim por diante. Devido a esse caráter "radical" dessa pesquisa, Comte concluiu - na obra "Sistema de Política Positiva" - que deveria criar uma religião - pois, de seu ponto de vista, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, mas pela busca da unidade moral humana. Daí o surgimento de uma religião agnóstica ou sem deus, a Religião da Humanidade.


O Positivismo no Brasil

O positivismo teve influência fundamental nos eventos que levaram à Proclamação da República no Brasil, destacando-se o pacificista e herói da Guerra do (contra o) Paraguai Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o epíteto de "Fundador da República Brasileira").

A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Elaborada por Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), ela procura indicar ao mesmo tempo a continuidade social do Brasil (o retângulo verde e o rombo amarelo) e a mudança (ou seja, o avanço) de regime político que então se operava no país (a esfera armilar). Na bandeira, além disso, lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim.

Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Augusto Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, Júlio de Castilhos, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Lins, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira e inúmeros outros.


Ver também

Páginas externas

ar:وضعية ca:Positivisme cs:Pozitivismus da:Positivisme de:Positivismus en:Sociological_positivism eo:Pozitivismo es:Positivismo fi:Positivismi fr:Positivisme gl:Positivismo he:פוזיטיביזם hu:Pozitivizmus it:Positivismo ja:実証主義 lt:Pozityvizmas nl:Positivisme pl:Pozytywizm ru:Позитивизм sk:Pozitivizmus sv:Positivism tr:Pozitivizm uk:Позитивізм

talvez você goste