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Jean-Baptiste de Lamarck: mudanças entre as edições

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Originário da baixa nobreza (daí o título de 'chevalier'), Lamarck pertenceu ao exército, interessou-se por [[história natural]] e escreveu uma obra de vários volumes sobre a [[flora]] da [[França]]. Isto chamou a atenção do Conde de Buffon que o indicou para o Museu de História Natural de Paris. Depois de ter trabalhado durante vários anos com plantas, Lamarck foi nomeado curador dos [[invertebrados]] (mais um termo introduzido por ele), e começou uma série de conferências públicas. Antes de [[1800]], ele era um essencialista que acreditava que as [[espécie]]s eram imutáveis. Mas graças ao seu trabalho sobre os [[moluscos]] da Bacia de Paris, ficou convencido da transmutação das espécies ao longo do tempo, e desenvolveu a sua teoria da evolução (apresentada ao público em [[1809]] na sua ''Philosophie Zoologique'').
Originário da baixa nobreza (daí o título de 'chevalier'), Lamarck pertenceu ao exército, interessou-se por [[história natural]] e escreveu uma obra de vários volumes sobre a [[flora]] da [[França]]. Isto chamou a atenção do Conde de Buffon que o indicou para o Museu de História Natural de Paris. Depois de ter trabalhado durante vários anos com plantas, Lamarck foi nomeado curador dos [[invertebrados]] (mais um termo introduzido por ele), e começou uma série de conferências públicas. Antes de [[1800]], ele era um essencialista que acreditava que as [[espécie]]s eram imutáveis. Mas graças ao seu trabalho sobre os [[moluscos]] da Bacia de Paris, ficou convencido da transmutação das espécies ao longo do tempo, e desenvolveu a sua teoria da evolução (apresentada ao público em [[1809]] na sua ''Philosophie Zoologique'').


==Teoria dos caracteres adquiridos==
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A teoria de Lamarck não obteve grande aceitação na França, mas houve uma boa aceitação na Inglaterra; apesar disto, Lamarck não foi capaz de convencer aos Homens de seu tempo que a evolução fosse um fato. Até mesmo as idéias de Charles Darwin, que hoje são tidas como corretas, só foram plenamente aceitas e convenceram a sociedade do fato da evolução quase 100 anos após a publicação de Origem das Espécies (1859).
 
A teoria da Evolução de Lamarck é fundamentada em dois aspectos: (1) A tendência dos seres para um melhoramento constante rumo à perfeição, um aumento da complexidade dos seres menos desenvolvidos aos mais desenvolvidos; esta tendência seria uma força externa, semelhante a atração gravitacional, que se agisse isoladamente geraria um linha contínua e progressiva. Porém, esta tendência não atua sozinha na evolução, há a lei (2) do uso e desuso que conjugada com a transmissão dos caracteres adquiridos provoca desvios na linha evolutiva.
 
 
Segundo a lei do uso e desuso (que era uma idéia plenamente aceita na Europa mesmo antes de Lamarck e que também foi defendida por Charles Darwin)os indivíduos perdem as características de que não precisam e desenvolvem as que utilizam. O uso contínuo de um orgão ou parte do corpo faz com que este se desenvolva e seja apto para o correto funcionamento, e o desuso de um orgão ou parte do corpo faz com que este se atrofie e com o tempo perca totalmente sua função no corpo do indivíduo. Estas mudanças são transmitidas aos descendentes através da: Transmissão das características adquiridas - O uso e desuso de partes do corpo provocam alterações no organismo do indivíduo, essas alterações podem ser transmitidas às gerações seguintes. Por exemplo as crias das girafas herdam o pescoço comprido dos pais que supostamente o desenvolvem quando comem folhas das árvores mais altas. Desta forma surgiriam as novas espécies, que na verdade nada tem de novo, são apenas alterações das já existentes, desvios na linha evolutiva.
 
 
Lamarck acreditava que, como o ambiente terrestre sofre modificações constantes, as suas alterações estruturais forçam os seres que nele vivem a se transformarem para se adaptarem ao novo meio. Ao longo de muitas gerações (milhões de anos), o acúmulo de alterações pode levar ao surgimento de novos grupos de [[ser vivo|seres vivos]]. Assim, modificações no ambiente causam alterações nas "necessidades", no comportamento, na utilização e desenvolvimento dos órgãos, na forma das espécies ao longo do tempo - e por isso causam a transmutação das espécies (evolução).
 
Lamarck defendia a [[geração espontânea]] contínua das espécies, com os organismos mais simples a serem depois transmutados com o tempo (pelo seu mecanismo) tornando-se mais complexos e próximos da perfeição ideal. Acreditava portanto num processo teleológico, com um fim determinado em que os organismos se tornam mais perfeitos à medida que evoluem.
 
A comparação das idéias de Lamarck (1809) e Darwin (1859)permite que se monte um quadro sobre as mudanças na forma de pensar dos Homens e no desenvolvimento da ciência. Ambos defendiam a Evolução; Lamarck era teleológico, Darwin considerava que a evolução ocorria ao acaso via Seleção Natural; ambos eram gradualistas, ou seja as mudanças evolutivas eram vagarosas; Lamarck incluiu o Homem dentro da escala evolutiva, Darwin esitou em fazê-lo em 1859. 
 
As teorias e os pensamentos de Lamarck podem ser considerados Transformistas, pois propõem a transformação e a evolução dos organismos. Suas idéias também evoluíram ao longo de seus estudos, e formaram um panorama que muito contribuiu para a biologia moderna. Seus estudos serviram de base a formulação da Teoria Sintética da Evolução no século XX.
 
É provável que a visão que os teóricos contemporâneos têm de Lamarck seja injusta. As contribuições dele para a biologia são muito importantes. Ele acreditava na evolução numa época em que não existiam muitos conhecimentos para sustentar essa teoria. Defendeu ainda que a função precede a forma, uma ideia controversa na sua época. No entanto, a herança dos caracteres adquiridos foi quase completamente refutada. [[August Weismann]] provou que a teoria era falsa em experiências em que a cauda de ratos era cortada para verificar se as crias nasciam com a cauda cortada. Algumas culturas humanas, como os [[Judeus]], têm por hábito circuncidar os homens, mas após várias gerações os homens continuam a precisar de ser circuncidados. Mas Lamarck não considerava as mutilações como uma forma de adquirir novas características. Ele achava que só eram adquiridas novas características quando o animal se esforçava para satisfazer as suas próprias necessidades.
 
Charles Darwin elogiou Lamarck na terceira edição da [[A Origem das Espécies]] por ele apoiar o conceito da evolução e por ter contribuído para o divulgar. Darwin aceitava a ideia do uso e do desuso, e desenvolveu a sua teoria da [[pangenese]] em parte para explicar esse fenômeno. Não foi Darwin que refutou a teoria dos caracteres adquiridos, mas sim a descoberta dos mecanismos [[célula|celulares]] da hereditariedade e da [[genética]] (ideias que Darwin reconheceu que precisava para completar a sua teoria).


==Fontes==
==Fontes==

Edição das 12h50min de 27 de outubro de 2008

Gravura de Lamarck

Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (Bazentin, 1 de agosto de 1744Paris, 28 de dezembro de 1829) foi um naturalista francês que desenvolveu a teoria dos caracteres adquiridos, uma teoria da evolução agora desacreditada. Lamarck personificou as idéias pré-darwinistas sobre a evolução. Foi ele que, de fato, introduziu o termo biologia.

Originário da baixa nobreza (daí o título de 'chevalier'), Lamarck pertenceu ao exército, interessou-se por história natural e escreveu uma obra de vários volumes sobre a flora da França. Isto chamou a atenção do Conde de Buffon que o indicou para o Museu de História Natural de Paris. Depois de ter trabalhado durante vários anos com plantas, Lamarck foi nomeado curador dos invertebrados (mais um termo introduzido por ele), e começou uma série de conferências públicas. Antes de 1800, ele era um essencialista que acreditava que as espécies eram imutáveis. Mas graças ao seu trabalho sobre os moluscos da Bacia de Paris, ficou convencido da transmutação das espécies ao longo do tempo, e desenvolveu a sua teoria da evolução (apresentada ao público em 1809 na sua Philosophie Zoologique).

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Fontes

BIZZO, Nélio. Darwin- do telhado das Américas à teoria da evolução. São Paulo: Odysseus Editora, 2002. BRADLEY, J. Mach’s Philosophy of Science. London: Atholne Press, 1971. DARWIN, Charles. Origem das Espécies; Eugênio Amado. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1985.

FERRERIA, Marcelo Alves. Transformismo e Extinção de Lamarck à Darwin. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-24102007-150401/. Acesso em 12/Fevereiro/2008. FOUCAULT. As Palavras e as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1966.

GOULD, Stephen Jay. Darwin e os grandes enigmas da vida; Maria Elisabeth Martinez. 2° edição. São Paulo: Martins Fontes, 1992. ______. A Galinha e seus dentes e outras reflexões sobre história natural; David Dana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. ______. Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida. F. Rangel. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. ______. The Structure of Evolutionary Theory. Massachusetts: The Belknap Press of Harward University Press; 2002. HORTA, Márcio Rodrigues. O impacto do manuscrito de Wallace de 1858. Revista Scientiae Studia, vol. 01, n° 02, 2003. Disponível em: http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/01_02_06_Marcio.pdf . Acesso em 13 de Fevereiro de 2008. KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas.São Paulo.Pioneira. 1992 MAYR, Ernst. The Growth of Biological Thought: Diversity, Evolution and Inheritance. Massachusetts: The Belknap Press of Harward University Press, 1982. PRATT, Mary L. Os Olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. São Paulo: EDUSC, 1999 RADL, E. Historia de las Teorías Biológicas. Madrid: Revista de Occcidente, 1931. STRATHERN, Paul. Darwin e evolução em 90 minutos; Maria Helena Geordane; revisão técnica, Geraldo Renato de Paulo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2001.

Ligações externas

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