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João Gonçalves Zarco: mudanças entre as edições

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De Porto Santo, o navegador passou à Ilha da Madeira, a cuja colonização o Infante D. Henrique deu início em [[1425]]. Confirmando uma situação de facto, o Infante concedeu como recompensa a João Gonçalves, em [[1450]], a Capitania Donataria do Funchal. Na qualidade de homem da casa do Infante, Zarco participou no cerco de [[Tânger]], onde foi armado cavaleiro, em [[1437]]. Em virtude do seu ferimento no olho, procurou sempre tratamento com o [[funcho]] local.
De Porto Santo, o navegador passou à Ilha da Madeira, a cuja colonização o Infante D. Henrique deu início em [[1425]]. Confirmando uma situação de facto, o Infante concedeu como recompensa a João Gonçalves, em [[1450]], a Capitania Donataria do Funchal. Na qualidade de homem da casa do Infante, Zarco participou no cerco de [[Tânger]], onde foi armado cavaleiro, em [[1437]]. Em virtude do seu ferimento no olho, procurou sempre tratamento com o [[funcho]] local.


A [[4 de Julho]] de [[1460]], por Carta de Concessão de D. Afonso V (1438-1481) em [[Santarém (Portugal)|Santarém]], Zarco passou a ostentar o [[apelido]] da Câmara de Lobos, derivado da [[Câmara de Lobos]], designação atribuída pelo navegador a um local da Ilha da Madeira junto do Funchal onde desembarcou e se abrigou, e onde descobriu grande quantidade daqueles [[Lobos marinhos|animais]], com [[Brasão|Armas]] Novas, falantes. O apelido não se continuou na forma originária, mas somente na de da Câmara. Usou por armas: de negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro; [[timbre]]: um dos lobos passante.<ref>"Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, pp. 129 e 130</ref>
A [[4 de Julho]] de [[1460]], por Carta de Concessão de D. Afonso V (1438-1481) em [[Santarém (Portugal)|Santarém]], Zarco passou a ostentar o [[apelido]] '''da Câmara de Lobos''', derivado da [[Câmara de Lobos]], designação atribuída pelo navegador a um local da Ilha da Madeira junto do Funchal onde desembarcou e se abrigou, e onde descobriu grande quantidade daqueles [[Lobo marinho|animais]], com [[Brasão|Armas]] Novas, falantes. O apelido não se continuou na forma originária, mas somente na de '''da Câmara'''. Usou por armas: de negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro; [[timbre]]: um dos lobos passante.<ref>"Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, pp. 129 e 130</ref>


Casou-se com Constança Rodrigues, com quem teve sete descendentes (três varões e quatro damas).
Casou-se com Constança Rodrigues, com quem teve sete descendentes (três varões e quatro damas).

Edição das 15h24min de 22 de março de 2012

João Gonçalves Zarco
João Gonçalves Zarco, estátua da autoria de Francisco Franco
Conhecido(a) por Povoador do Arquipélago da Madeira
1º Capitão do donatário do Funchal
Nascimento circa 1390
Portugal Continental
Morte Predefinição:DataExt
Funchal
Residência Funchal
Nacionalidade Portugal Portugal
Cônjuge Constança Rodrigues
Ocupação Navegador
Capitão do donatário
Título Cavaleiro fidalgo , recebido em 1415
Capitão do donatário do Funchal, recebido em 1450
COA - Câmara.png

Brasão dos Câmaras
Assinatura
ASS João Gonçalves Zargo.png

João Gonçalves Zarco (Portugal Continental, c. 1390Funchal, 21 de Novembro de 1471[1]]) foi um navegador português e cavaleiro fidalgo da Casa do Infante D. Henrique. Comandante de barcas, foi escolhido pelo Infante para organizar o povoamento e administrar por si a Ilha da Madeira, na parte do Funchal, a partir de cerca de 1425.

Antecedentes e origem do nome

Pouco ou nada se sabe de concreto sobre os antecedentes de Zarco, sendo provável que tenha estado na conquista de Ceuta em 1415, e que os bons serviços prestados então tenham sido decisivos para a sua escolha pelo Infante D. Henrique para liderar o seu projecto de colonização do Arquipélago da Madeira, já conhecido desde meados do século XIV [2], mas até então despovoado e apenas usado esporadicamente para aguada e descanso das tripulações de navios que ali eventualmente chegavam. Zarco até 1460 aparece documentado como João Gonçalves Zargo, assinando Zargo.[3]

Monumento e estátua de João Gonçalves Zarco no centro do Funchal

Zarco usou o nome e sempre assinou por ele[3], pelo que é possível que fosse realmente o seu apelido de família. Em 1460 o Rei D. Afonso V atribui armas e o apelido de família Câmara de Lobos a João Gonçalves Zarco [4], que passa a partir de então a designar-se por João Gonçalves de Câmara, nunca usando, no entanto, o apelido na sua forma composta original. A troca, a partir de 1460, do nome "Zargo" pelo "de Câmara", é uma forte evidência de que Zargo seria, de facto, o seu nome de família.

José Freire Monterroio Mascarenhas elaborou uma hipótese genealógica segundo a qual João Gonçalves Zarco poderia ser filho de Gonçalo Esteves Zarco, cavaleiro da casa d'el-rei D. João I, com moradia de 1950 libras, e de D. Brites ou Beatriz Anes de Santarém, filha de João Afonso de Santarém, vedor do mesmo rei e de sua mulher Filipa Lopes de Couros, neta paterna de Afonso Guilherme de Santarém, bisneta de Guilherme Afonso de Santarém, e trineta de Afonso Guilherme de Santarém. Gonçalo Esteves Zarco poderia ser filho de Estêvão Pires Zarco, ministro e procurador da Fazenda de D. Dinis, que se dizia Vogado da casa d'El-Rei, título com o qual assina uma escritura de doação feita em Santarém no último dia de Janeiro de 1323, assinando também a renovação das pazes com Castela em 1327. Estêvão Pires Zarco poderia ser filho ou irmão de Afonso Pires Zarco, Cavaleiro da Ordem de Santiago, Comendador de Ourique e um dos treze eleitores da mesma ordem no ano de 1311. Ainda segundo a mesma hipótese, Afonso Pires Zarco poderia ser filho de Pedro Esteves Zarco, morador em Lisboa, neto de Estêvão Gonçalves Zarco, segundo parece morador na mesma cidade, o qual por sua vez poderia ser filho, dado o patronímico, apelido e cronologia, de Gonçalo Zarco, documentado em Tomar no reinado de D. Afonso Henriques. O nome Zarco virá do Árabe Zarka, que significa olhos azuis.[5][6]

Biografia

Criado do Infante D. Fernando e Cavaleiro da Casa do Infante D. Henrique, terá participado na tomada de Ceuta a 15 de Agosto de 1415, já ao seu serviço, o qual o teria então armado Cavaleiro,[7] depois de ter sido ferido num olho por um virotão quando protegia o seu amo, após o que este o terá nomeado comandante de uma embarcação cuja missão era patrulhar a Costa Sul de Portugal, uma vez que eram frequentes, naquele litoral, as razias de piratas da Barbária. Assim, cedo se tornou mestre na arte de marear, reconhecendo, em 1418, a ilha de Porto Santo e, no ano seguinte (1419), a ilha principal do que é hoje o arquipélago da Madeira.

João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira reconheceram o arquipélago da Madeira em 1418, presumindo-se que terão sido arrastados para a ilha de Porto Santo quando se preparavam para explorar a costa da África e atingir a Guiné, numa viagem a mando do Infante. Regressados a Portugal, os navegadores persuadiram D. Henrique das vantagens de estabelecer na ilha recém-descoberta uma colónia permanente, e a ela regressaram, desta vez acompanhados de Bartolomeu Perestrelo, levando cereais e coelhos. Estes últimos proliferaram ao ponto de se tornarem uma praga.

De Porto Santo, o navegador passou à Ilha da Madeira, a cuja colonização o Infante D. Henrique deu início em 1425. Confirmando uma situação de facto, o Infante concedeu como recompensa a João Gonçalves, em 1450, a Capitania Donataria do Funchal. Na qualidade de homem da casa do Infante, Zarco participou no cerco de Tânger, onde foi armado cavaleiro, em 1437. Em virtude do seu ferimento no olho, procurou sempre tratamento com o funcho local.

A 4 de Julho de 1460, por Carta de Concessão de D. Afonso V (1438-1481) em Santarém, Zarco passou a ostentar o apelido da Câmara de Lobos, derivado da Câmara de Lobos, designação atribuída pelo navegador a um local da Ilha da Madeira junto do Funchal onde desembarcou e se abrigou, e onde descobriu grande quantidade daqueles animais, com Armas Novas, falantes. O apelido não se continuou na forma originária, mas somente na de da Câmara. Usou por armas: de negro, com uma torre de prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro; timbre: um dos lobos passante.[8]

Casou-se com Constança Rodrigues, com quem teve sete descendentes (três varões e quatro damas).

Os seus descendentes mantiveram o sobrenome Câmara e aboliram o de Lobo. Diz o cronista que:

"...seguiu desde novo a carreira marítima, exercendo o comando das caravelas que vigiavam as costas do Algarve. Quando D. Henrique se lançou no caminho das explorações, foi o primeiro que se ofereceu para o coadjuvar. D. Henrique, em 1418, mandou preparar um barco, e entregando-o a João Gonçalves Zarco e a Tristão Vaz Teixeira, mandou-os demandar terras desconhecidas ou procurar ilhas que apareciam nos mapas, a que teriam aportado há 50 ou 60 anos outros navegadores port. Zarco chegou depois de dias de viagem à ilha que batizou Porto Santo, voltando a Portugal dar conta do resultado. O infante ficou satisfeito e tratou logo de colonizar a ilha. Ordenou a ele e a Vaz Teixeira voltar a Porto Santo, dando-lhes por companheiro outro criado da sua casa, Bartolomeu Perestrelo. Nessa viagem descobriram ou demandaram a ilha da Madeira, saindo Tristão Vaz e Gonçalves Zarco do Porto Santo no dia 1º de julho de 1419, e indo aportar à Madeira no ponto a que chamaram de São Lourenço, por ser «S. Lourenço» nome do navio que os conduzia. Fizeram ao redor da ilha viagem de circumnavegação, e foram pondo nomes aos diferentes acidentes da costa. A principal baía recebeu nome de Baía do Funchal; uma grande lapa onde se escondiam muitos lobos que caçaram, o nome de Câmara de Lobos, tomando desse sitio Zarco e os seus descendentes o apelido de Câmara. Voltando a Portugal, receberam o premio. O infante confirmou a Zarco o apelido de Câmara, e deu-lhe por armas um escudo em campo verde, e nele uma torre de menagem com cruz de ouro, e dois lobos encostados à torre com paquife e folhagens vermelhas e verdes; e por timbre outro lobo em cima do paquife. Além disso, dividindo a ilha em duas capitanias, fez mercê de uma, a do Funchal, a Zarco. Partiu este para a sua ilha, depois de ter casado, e se entregou à colonização da sua propriedade. Não se esqueceu dos deveres de cavaleiro, nem da gratidão que devia ao infante. Quando D. Henrique quis tentar a expedição de Tanger, veio pôr-se à disposição. No cerco de Tanger foi armado cavaleiro pelo infante, e tendo escapado com vida a essa desastrosa expedição, tornou para a Madeira, onde, aproveitando suas ricas matas, fez construir navios com que de vez em quando auxiliou o infante nas suas expedições de descobrimento além do cabo Bojador. Parece ter sido o 1o que pôs a artilharia a bordo. Esses instrumentos guerreiros eram imperfeitos e de bem pouco serviam. Os navios de Zarco figuraram nos descobrimentos para além do cabo Bojador. Um sobrinho, Álvaro Fernandes, foi dos descobridores mais audaciosos. O ramo principal da sua casa é hoje representado pelos descendentes dos condes e marqueses da Ribeira Grande."

Faleceu em idade avançada, sendo sepultado no Funchal, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, que ele próprio mandara edificar em 1430, muito embora o mausoléu tenha sido demolido, por razões de espaço, em 1768, a pedido da abadessa do Convento de Santa Clara, no qual fora, entretanto, integrada a pequena capela quatrocentista.

Casamento e descendência

Foi casado com Constança Rodrigues, que se diz ser filha de Rodrigo Lopes de Sequeiros, de quem teve:

  1. João Gonçalves da Câmara (?- Funchal, Madeira, 26 de março de 1501), Casado com D. Mécia de Noronha, filha de Dom João Henriques de Noronha, filho bastardo de Afonso, conde de Gijón e Noronha) E sua esposa Beatriz, a senhora de Mirabel e irmã de Dom Garcia Henriques, também filho bastardo de uma mãe desconhecida.
  2. Rui Gonçalves da Câmara, 3.º capitão donatário da Ilha de São Miguel, Açores. Foi casado com Maria de Bettencourt, filha natural de Maciot de Bettencourt de Teguise. Teve um filho bastardo com Maria Rodrigues e mais três filhos com uma senhor desconhecida.
  3. Garcia Rodrigues da Câmara, foi casado com Violante de Freitas, de quem teve filhos.
  4. Beatriz Gonçalves da Câmara, foi casada com Diogo Cabral.
  5. Isabel Gonçalves da Câmara, casada com Diogo Afonso de Aguiar, “o Velho”, filho de Pedro Afonso de Aguiar, fidalgo da Casa de Real de Household, E de Mécia de Sequeira.
  6. Helena Gonçalves da Câmara, casada com Martim Mendes de Vasconcelos (descendente de Carlos Magno, Hugo Capeto e Fernando I de Castela), Filho de Martim Mendes de Vasconcelos e sua esposa Inês Martins de Alvarenga.
  7. Catarina Gonçalves da Câmara, casado com Garcia Homem de Sousa.

Novela

  • A vida de João Gonçalves Zarco está relatada na novela de Arkan Simaan, L’Écuyer d’Henri le Navigateur, Harmattan, Paris, 2007.

Referências

  1. Tombo 1º do registo geral da Câmara Municipal do Funchal
  2. Das Artes e da História da Madeira, nº 22 - 1956, p. 1
  3. 3,0 3,1 Livro 1 do Convento de Santa Clara
  4. Nobiliário Genealógico das Famílias ..., por Henrique Henriques de Noronha, ano de 1700
  5. Frutuoso, Gaspar (1873), Álvaro Rodrigues de Azevedo, ed., As Saudades da Terra, II, Funchal, p. 832 
  6. "Nobiliário das Famílias de Portugal", Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Carvalhos de Basto, 2.ª Edição, Braga, 1989, Vol. III, p. 231 (Câmaras) e Vol. IV, p. 141 (Couros)
  7. "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, p. 129
  8. "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, pp. 129 e 130

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Commons
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  • Portugal. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, vol. I-VII, Lisboa, 1904-1915.
  • Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa, vol. 35-pg. 219.
  • Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2.ª Edição, Braga, 1989, vol. III-pg. 231 (art. "Câmaras").

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