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Nelson Mandela: mudanças entre as edições

(Nelson Mandela)
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''Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança Apunhala a criança na briza na nóia.''[[Imagem:Frontière ouest algerienne en 1962 (2).jpg|thumb|esquerda|Mandela (à esquerda), na fronteira ocidental argelina, com [[Ben Bella]], 1962.]]
''Apunhala a criança''''nça Apunhala a criança Apunhala a''{{Prêmio Félix Houphouët-Boigny da Paz}}
Em 1962 Mandela vai a [[Londres]], onde adquire livros sobre guerra e guerrilha{{nota de rodapé|Dentre as obras que mais o influenciaram estavam “A Revolta”, de [[Menahen Begin]], “Estrela Vermelha sobre a China”, de [[Edgar Snow]]; leu as obras de [[Mao Tsé-Tung]], de Clausewitz, Deneys, sobre a resistência francesa aos nazis, sobre Filipinas, etc. <ref name=afro62/>}}, e junta-se a Oliver Tambo; ambos têm encontros com vários políticos e, dali, percorrem vários países africanos; na [[Libéria]], em 25 de abril, encontra-se com o Presidente [[Wlliam Vacanarat Shadrach Tubman]], que se compromete a ajudar a causa; vai à [[Nigéria]], a [[Botsuana]] (onde pela primeira vez se viu em meio ao ambiente selvagem africano, com leões rugindo do lado de fora do rondavel em que dormia), à Etiópia.<ref name=afro62>Mandela (2010), op. cit., pág. 99-116</ref>
 
Em [[Adis Abeba]] tem aulas de “demolição”, com o tenente Befekadu; lá se encontra com o imperador [[Haile Selassie]], figura que muito o impressionou pela pompa de chefe de estado, como também por sua posição face aos brancos; “''Mas ver brancos fazendo mesuras a um monarca negro foi muito interessante''”, declarou.<ref name=afro62/>
 
Passou dois meses recebendo treinamento militar dos etíopes; aprende a atirar, em alvos fixos e móveis, que aperfeiçoou-lhe as lições iniciais recebidas em [[Oujda]].<ref name=afro62/>
 
No [[Egito]] visitou com curiosidade as relíquias da antiga civilização, preocupado em contrapor a propaganda branca de que a cultura africana não é tão rica quanto a europeia; mas ficou um tanto decepcionado na visita a um museu, após falar com um curador: “''saí com o mesmo conhecimento do assunto do que antes de entrar no museu''”.<ref name=afro62/>
 
[[Imagem:1988 CPA 5971.jpg|thumb|[[Selo postal|Selo]] de 1988 da extinta [[URSS]], mostra Mandela na fase revolucionária.]]
Impressão diversa teve, contudo, no [[Marrocos]], onde ficou fascinado pelas estratégias das lutas dos [[Argélia|argelinos]] contra os franceses, que eventualmente poderiam ser utilizadas pelo MK. As ideias de Mandela passavam pela construção de um exército revolucionário, capaz de conquistar o apoio popular, instalar escolas de doutrinação, coordenação adequada da guerrilha, oportunidades psicológicas das ações, etc.<ref name=afro62/>
 
Enquanto seguia seu périplo pelo continente, na África do Sul a polícia continua a caçada para sua prisão; Mandela recebe da imprensa o apelido de ''Pimpinela Negro'',<ref>{{citar web|url=http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,870031,00.html |título=South Africa: The Black Pimpernel |língua=inglês|autor=|data=17 de agosto de 1962|publicado=The Time |acessodata=3 de março de 2012}}</ref>, numa alusão ao [[Pimpinela Escarlate]], personagem fictício criado pela [[Emma Orczy|baronesa Orczy]].<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 31</ref>
 
=== Prisão do foragido ===
Mandela retorna de seu périplo internacional após alguns meses{{nota de rodapé|Mandela visitou Londres, Tanzânia, Etiópia, Egito, Tunísia, Marrocos, Mali, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Gana e Senegal nos primeiros meses de 1962.<ref name=coleen/>}}, especialmente para relatar aos líderes do CNA e do MK sobre seu aprendizado.<ref name="aa">{{citar livro|url = http://books.google.com.br/books?id=z7MVyj1yl7wC&pg=PR9&dq=rivonia+south+africa&hl=pt-BR&sa=X&ei=3Xs5T5jELqiS0QHw-YjcAg&ved=0CGMQ6AEwCA#v=onepage&q=rivonia%20south%20africa&f=false|autor = Kenneth S. Broun|título = Saving Nelson Mandela: The Rivonia Trial and the Fate of South Africa|editora = Oxford University Press|ano = 2012|páginas = 232|isbn = 0199740224|acessodata = fevereiro de 2012}}</ref>
 
Estava com Walter Sisulu quando foram detidos, em 5 de agosto de 1962; julgados por descumprirem a ordem de restrição a partir de 22 de outubro, onde Mandela comparece vestindo os trajes tribais, são condenados enfim a 7 de novembro: ele a uma pena de cinco anos de prisão, Sisulu a seis.<ref name="coleen">{{citar livro|autor = Coleen Degnan-Veness|título = Nelson Mandela|editora = Pearson Educational / Penguin Books|ano = 2007|páginas = 45|isbn = 9781405852098}}</ref>
 
A 11 de julho de 1963, estando ele detido, a polícia invade o esconderijo situado em [[Rivonia]].<ref name=coleen/> Ali Mandela estivera escondido, disfarçado, na ''Liliesleaf Farm''.{{nota de rodapé|Embora de propriedade do industrial, arquiteto e artista comunista Arthur Goldreich, Liliesleaf estava formalmente registrada em nome de outra militante comunista, Vivian Ezra.<ref name=aa/>}} Além das prisões de membros do proscrito CNA, são apreendidos papéis e anotações comprometedoras de Mandela.<ref name=coleen/>
 
Mesmo já detido e sentenciado, Mandela irá tomar parte em novo julgamento - desta feita por acusações ainda mais graves.<ref name=coleen/>
 
== O Julgamento de Rivonia ==
{{Artigo principal|Julgamento de Rivonia}}
{| class="toccolours" style="float: left; margin-left: 1em; margin-right: 2em; font-size: 85%; background:#c6dbf7; color:black; width:30em; max-width: 40%;" cellspacing="5"
| style="text-align: left;" | "Nos outros países africanos, vi brancos e negros se misturando de forma pacífica e alegre em hotéis e cinemas, usando o mesmo transporte público e morando nos mesmos bairros. Voltei para casa para relatar essas experiências aos meus colegas. Cumpri meu dever com o povo e com a África do Sul. Tenho certeza que o futuro mostrará que sou inocente e que os criminosos que deveriam estar neste tribunal são os homens do governo."
|-
| style="text-align: left;" | ''Mandela'' (entrevista em 1962)<ref name=ventre/>
|}
 
Em entrevista concedida em outubro de 1962, Mandela declarou que saíra do país sem passaporte, uma das acusações pelas quais respondia, porque seria inútil solicitar tal documento, já negado a vários outros ativistas; segundo declarou então, havia recebido convite para uma palestra no exterior e decidira aceitá-lo.<ref name=ventre>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/historia/crise-dos-misseis/auto-retrato-nelson-mandela.shtml |título=Auto-retrato de Mandela |autor=|data= outubro de 1962 |publicado=Revista Veja |acessodata=janeiro de 2012}}</ref>
 
Mandela declarou, diante do tribunal, que aquele era "''um julgamento das aspirações do povo africano''".<ref name=brink>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/1999/may/22/southafrica.nelsonmandela?INTCMP=ILCNETTXT3487 |título=Mandela a tiger for our time |autor=André Brink |data=22 de maio de 1999 |publicado=The Guardian |acessodata=5 de março de 2012}}</ref>
 
[[Imagem:Liliesleaf hut1.jpg|thumb|A casa na Fazenda Liliesleaf, Rivonia, onde foram presos os companheiros de Mandela.]]
Em sua defesa declarou-se inocente das acusações que ali se faziam - mas culpado por lutar pelos direitos humanos, por liberdade, por atacar leis injustas e na defesa de seu povo; admitiu ter feito sabotagens - algo que poderia ter omitido - desafiando o governo a enforcá-lo. Falou por quatro horas, concluindo: "''Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer''".<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 61.</ref>
 
Em [[11 de junho]] de 1964 Mandela recebe uma pena de prisão perpétua.<ref name="clio">{{Citar periódico |autor = Xavier Casals|ano = 2010|mes = Fevereiro|titulo = Mandela: El forjador de una nueva Sudáfrica|jornal = Clío – Revista de História. MC ediciones, Barcelona|numero = n°100|paginas = 75-79|id = }}</ref>
 
== O prisioneiro 46664 ==
[[Imagem:46664 logo.jpg|thumb|esquerda|[[46664]], o número de Mandela, na Ilha Robben.]]
 
Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela ocupou a cela com número [[46664|466/64]], que tinha as dimensões reduzidas de 2,5 metros por 2,1 metros, provida de uma pequena janela de 30&nbsp;cm. Na prisão ficou privado das informações do mundo exterior, pois lá não eram permitidos jornais.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 189.</ref> Contudo, Mandela aprendeu a pensar a longo prazo, e procurou transmitir esta forma de raciocínio aos mais jovens, que cobravam dele respostas imediatistas às autoridades.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 170-171.</ref>
 
A mãe de Mandela o visitara em 6 de março de 1966 e depois, no ano seguinte, em 9 de setembro; em ambas as ocasiões o filho instara sem sucesso, como também já fizera com a esposa Winnie, para que ela fosse morar na casa deles, em Joanesburgo, onde teria mais recursos de saúde do que no campo. Após esta última visita, ele teve a sensação, durante a despedida, de que era a última vez que veria a velha senhora, então com 78 anos de idade; de fato, Nosekeni Fanny veio a falecer em 26 de setembro de 1968.<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 161 e 171-172 (Carta a Irene Buthelezi, de 3 de agosto de 1969).</ref> Sua mãe se fora acreditando que o filho fosse um criminoso, pois ela nunca entendera sua luta, fato que o entristecia.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 174</ref>
 
[[Imagem:Rock pile, Robben Island Prison.jpg|thumb|A pedreira da Ilha Robben.]]
Durante seu cárcere, segundo testemunhou Ahmed Kathrada, Mandela só perdeu a calma em duas ocasiões, quando os guardas ofenderam a moral de Winnie.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 45</ref> Ali resolveu que precisava aprender a língua e a cultura africâner, algo que seus companheiros  passando a estudar o idioma e a treiná-lo com os guardas.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 140.</ref>
 
Em 1969 um carcereiro foi até sua cela informar-lhe que seu filho mais velho, Thembi, havia morrido num acidente automobilístico.<ref name=thembi>Stengel (2011), op. cit., pág. 39-40</ref> No dia seguinte Mandela estava junto aos demais prisioneiros, trabalhando na pedreira: tinha que mostrar aos companheiros de cárcere e aos guardas que o drama pessoal não o tinha inutilizado.<ref name=thembi/> Entretanto é de se observar que Thembi, apesar de morar na [[Cidade do Cabo]], jamais fora visitar o pai na prisão, apesar da proximidade.<ref name=press2/> Após esta notícia, escreve em 24 de julho ao segundo filho, Makgatho, observando que ele agora era o mais velho e responsável por manter a união familiar, com a perda do irmão; insiste para que o jovem invista na educação: "''As questões que hoje agitam a humanidade exigem mentes treinadas''".<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 173</ref>
 
[[Imagem:Nelson Mandela's prison cell, Robben Island, South Africa.jpg|thumb|esquerda|O pequeno claustro de Mandela, na ilha Robben.]]
 
Em 1976 Soweto se rebela, resultando numa feroz repressão que causa centenas de mortos; aumenta o isolamento internacional da África do Sul, a partir de então.<ref name=clio/>
 
As visitas da esposa Winnie eram raras: de 1958 até 1985 ela sofreu por vinte e quatro vezes prisões, ordens de restrição, banimento e proibições - como em 1974, onde ficou banida na vila de Brandfort. A piorar esse isolamento familiar, Mandela não teve permissão de ver suas filhas Zinzi e Zenani enquanto elas tinham de 2 a 16 anos.<ref name=wpwinnie/>
 
Em agosto de 1982 o regime assassina, com uma [[carta-bomba]], sua companheira de lutas, [[Ruth First]], que estava exilada em [[Moçambique]]; Mandela descreveu o momento: "''...me senti quase totalmente sozinho. Perdi uma irmã, uma companheira de luta. Não é consolo saber que ela vive mesmo depois de morta.''"<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 314</ref>
 
No mesmo ano Mandela foi transferido, junto a outros companheiros, para a [[Prisão de Pollsmor]], de segurança máxima; seis anos depois foi novamente transferido, desta feita para um presídio de segurança mínima - a ''Prisão de Victor Verster'', onde passou a morar numa cabana no complexo penitenciário.<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 408.</ref>
 
A mudança para Pollsmoor foi um avanço considerável: situado num agradável subúrbio da Cidade do Cabo, lá a família poderia visitá-lo mais facilmente. Ele e os companheiros Sisulu, Kathrada, Raymond Mhlaba e Andrew Mlangeni passaram a ocupar juntos uma imensa cela, no pátio fizeram uma horta.<ref name=rivonia>Stengel (2011), op. cit., pág. 65 a 71.</ref>
 
Enquanto isso, em 1985, o CNA empreendeu uma campanha para tornar o país ingovernável{{nota de rodapé|A política terrorista do CNA conhece um crescimento a partir de [[1985]]; aumentam os atentados com carros-bomba e os confrontos nos subúrbios; de setembro de 1984 a dezembro de 1985 ocorrem 700 mortes e neste último ano somaram-se mais de duas centenas de atentados, tornando difícil ao governo o controle da situação interna do país.<ref name=clio/>}}; o presidente Botha chegou a declarar aos seu povo que precisavam "''adaptar-se ou morrer''". Neste mesmo ano Mandela precisou operar da [[próstata]] e foi levado ao Hospital Volks, no Cabo. Na volta, foi conduzido pelo próprio comandante do presídio, que informou-lhe de que não mais retornaria para a cela comum, e ficaria isolado dos demais. Mandela não protestou e, segundo disse mais tarde, aproveitou o isolamento para fazer algo que iria contrariar a todos - ao CNA e os companheiros de cárcere: negociar com o governo; iria agir por conta própria, sem consultar ninguém.<ref name=rivonia/>
 
Escreveu então ao ministro da Justiça, Kobie Coetsee, informando sua disposição - mas teve de esperar por mais de um ano por uma resposta, que veio somente em julho de 1986: resolveu mandar um recado ao diretor, que precisava vê-lo e, uma vez na sala, disse que queria falar com o ministro. O diretor ligou ao gabinete ministerial e Mandela foi convidado a ir até a casa de Coetsee. Lá, informou que queria tratar diretamente com Pik Botha.<ref name=rivonia/>
 
Só depois é que teve atendido o desejo de falar aos companheiros; não pôde fazê-lo com todos ao mesmo tempo, só individualmente lhe permitiram falar; então encontrou-se primeiro com Sisulu, depois Mhlaba e Kathrada, e todos rejeitaram a ideia. Em seguida foi a vez do CNA, dirigido por Oliver Tambo no exílio, em [[Lusaka]] ([[Zâmbia]]), que lhe cobrou explicações, temeroso.<ref name=rivonia/>
 
Mesmo prisioneiro Mandela foi homenageado mundo afora: em junho de 1983 recebe o doutorado em Direito por seu "''compromisso altruísta para com os princípios de liberdade e justiça''" pelo City College de Nova Iorque; neste mesmo ano é feito cidadão honorário da cidade [[Grécia|grega]] de [[Olímpia (Grécia)|Olímpia]].<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 271-272</ref>
 
== Negociando a liberdade ==
Já em [[1984]] o governo pressionou Winnie com a proposta de soltar Mandela e seus companheiros, desde que todos assumissem o compromisso de viverem exilados no [[bantustão]] de [[Umtata]]; da prisão ele escreveu à mulher, em tons firmes: "''Você sabe perfeitamente bem que passamos essa última parte de nossa vida na prisão exatamente porque nos opomos à ideia mesma de assentamentos separados, que nos torna estrangeiros em nosso próprio país, e que permite ao governo perpetuar a opressão até os dias de hoje. Pedimos ainda que desista desse plano explosivo e esperamos sinceramente que seja a última vez que venha a nos aborrecer com isso.''"<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 66 (Carta a Winnie Mandela, em 27 de dezembro de 1984)</ref>
 
Sem saída, o governo se vê obrigado a negociar com o CNA, e tem em Mandela o interlocutor perfeito: distante do radicalismo de outros líderes, tem nível superior e é um aristocrata, além de saber falar o [[língua africâner|africâner]].<ref name=clio/>
 
Inicialmente ele se recusa a falar com o então presidente, [[Pieter Willem Botha]], quando este lhe oferece a saída do cárcere, pois Mandela se recusava a reconhecer os bantustões, para ele um fator que impedia a união do país. Em fevereiro de 1985 emite uma dura declaração, em que se lê: "''Quem deve renunciar à violência é o Botha. Que diga que vai acabar com o apartheid''".<ref name=clio/>
 
Apesar disto em novembro daquele ano tem um primeiro de uma série de encontros com o ministro da Justiça, que se repete de modo constante e esparsado. A situação não é uniforme, mesmo no CNA, onde o líder zulu [[Mangosuthu Buthelezi]] o apoia publicamente mas, por apoiar os bantustões, lhe faz oposição por trás.<ref name=clio/>
 
As eleições entre os brancos de 1987 voltam a conduzir o Partido Nacional ao poder (com 82% do eleitorado), mas apesar desse apoio ao instalador do apartheid, as negociações de Botha seguem seu curso - e Mandela é levado para fora da prisão em viagem através do país, num carro blindado, para que o conheça depois de duas décadas encarcerado; ninguém o reconhece, pois sua última foto fora publicada em 1962.<ref name=clio/>
 
Em agosto de 1988 é acometido por [[tuberculose]] e sofre a nova transferência - desta feita para uma prisão onde ocupa um [[bangalô]], com direito a um cozinheiro particular e até com piscina; é feito principal interlocutor para o fim do regime.<ref name=clio/>
 
Em 1989 Botha o recebe em sua casa, e ambos descobrem ter muito em comum, os dois na casa dos setenta anos. Pouco tempo depois, contudo, a saúde do presidente decai, e [[Frederik de Klerk]] assume seu lugar nas negociações.<ref name=clio/> Em novembro, Nelson Mandela cita que de Klerk ''é o mais sério e honesto dos líderes brancos'' com quem ele negociou.<ref>{{citar web |url=http://archive.wikiwix.com/cache/?url=http://www.rfi.fr/actufr/articles/062/article_33902.asp&title=%C2%AB%C2%A0Nelson%20Mandela%C2%A0%3A%20un%20homme%20une%20voie%2C%20Deuxi%C3%A8me%20partie%C2%A0%3A%20Une%20%C2%AB%C2%A0ic%C3%B4ne%20mondiale%20de%20la%20r%C3%A9conciliation%C2%A0%C2%BB%C2%A0%C2%BB
|publicado= Radio France Internationale|obra=Nelson Mandela |autor= Monique Mas |título="Nelson Mandela : un homme une voie, Deuxième partie: Une «icône mondiale de la réconciliation»". |data=10 de fevereiro 2005 |acessodata=7 de dezembro de 2013 |língua=fr}}En novembre, Nelson Mandela salue De Klerk comme «le plus sérieux et le plus honnêtes des leaders blancs» auxquels il a eu affaire.</ref>
 
=== Soltura ===
[[Imagem:Frederik de Klerk with Nelson Mandela - World Economic Forum Annual Meeting Davos 1992.jpg|thumb|Mandela e de Klerk: os adversários se cumprimentam.]]
Em [[11 de fevereiro]] de 1990 Mandela finalmente é solto. Uma multidão o aclama, respondendo quando no gesto de luta ergue o punho fechado. Tem fim o longo cárcere, e ele iria depois registrar o momento: "''Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força.''"<ref name=clio/>
 
Os passos de Mandela ao sair da prisão de Victor Vester, atualmente renomeada para ''Drakenstein'', foram perpetuados na sua entrada, com uma estátua em bronze de 3&nbsp;metros de altura em que o líder aparece com o braço direito erguido e o punho fechado, inaugurada em 2008.<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/2010/feb/11/mandela-prison-release-anniversary-march?intcmp=239 |título=Nelson Mandela's historic steps to freedom retraced |língua=inglês|autor=David Smith |data=11 de Fevereiro de 2010 |publicado=The Guardian |acessodata=5 de março de 2012}}</ref>
 
Nos encontros públicos que então realizaram mais tarde Mandela gritava "''Amandla!''" ("''Poder!''), ao que a multidão respondia - "''Awethu!''" ("''Para o povo!''"); mas seus discursos não eram mais inflamados, e sim conciliadores, para a decepção dos setores mais radicais.<ref name=clio/>
 
As inovações que encontrou fora da prisão foram-lhe um choque; ao ter sido preso, em 1958, não havia sequer [[televisão]] no país; ficou surpreso por ser possível usar o telefone dentro de um avião - tinha que enfrentar um ritmo de vida que não conhecia.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 172.</ref>
 
A 22 de Abril de 1991 foi agraciado em Portugal com a Grã-Cruz da [[Ordem da Liberdade]].<ref name="OHen">{{citar web |url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154 |título=Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais|autor=|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas) |acessodata=2014-05-20 |notas=Resultado da busca de "Nelson Mandela".}}</ref>
 
Em julho de 1991 é eleito presidente do CNA, e passa a empreender viagens a vários países (inclusive ao Brasil<ref>{{citar web|url= http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2008-11-20/movimento-negro-nao-conseguiu-emplacar-embargo-africa-do-sul-na-constituinte |título= Movimento negro não conseguiu emplacar embargo à África do Sul na Constituinte |autor= Isabela Vieira |data=20 de novembro de 2008 |publicado= Agência Brasil |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>), mostrando-se desde então verdadeiro [[estadista]].<ref name=clio/>
 
Em julho de 1992 um [[referendo]] entre os brancos dão ao governo, com mais de 68% de votos, o aval para as reformas e permitem a realização de uma futura [[assembleia constituinte|constituinte]].<ref name=clio/>
 
== A refundação da África do Sul ==
{| class="toccolours" style="float: left; margin-left: 1em; margin-right: 2em; font-size: 85%; background:#c6dbf7; color:black; width:30em; max-width: 40%;" cellspacing="5"
| style="text-align: left;" | "Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar."
|-
| style="text-align: left;" | ''Mandela''<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/cronologia/mandela/index.shtml |título=Mandela: O Caminho para a Liberdade |autor=|data=|publicado=Revista Veja |acessodata=janeiro de 2012}}</ref>
|}
A eleição de Mandela foi um marco divisório na história do país, que saiu do regime draconiano para a democracia plena, elegendo o primeiro governante negro; seu governo seria para reconciliar oprimidos e opressores, uns com os outros e consigo mesmos.<ref name=brink/><ref name=clio/>
 
Na vida particular Winnie acabou expondo seus erros e, apesar da complacência de Mandela com sua infidelidade, ela se recusara a abandonar o namorado.<ref name=2book/> O casal separara-se de fato desde abril de 1992,<ref name=wpdiv/> "''por motivos pessoais''", segundo Mandela declarou então; ainda naquele ano Winnie fora julgada pela morte de um rapaz{{nota de rodapé|Segundo declarou anos depois, na ''Comissão da Verdade e Reconciliação'' o assassino, integrante do time de futebol de Winnie declarou que matara o rapaz, chamado ''Seipei'', a mando dela.<ref name=clio/>}} e pelo desvio de verbas do time de futebol que dirigia.{{nota de rodapé|O [[Mandela Futebol Clube]], verdadeira milícia particular de Winnie.<ref name=clio/>}}<ref name=wpwinnie>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/longterm/s_africa/stories/winnie043094.htm |título=The Resurrected Winnie Mandela |autor=Mary Ann French |data=30 de abril de 1994|publicado=The Washington Post, pág. G01 |acessodata=6 de março de 2012}}</ref>
 
[[Imagem:Bill-Clinton-with-Nelson-Mandela.jpg|thumb|Mandela com [[Bill Clinton]], nos Estados Unidos: mesmo antes de ser eleito, o líder tem postura de estadista.<ref name=clio/>]]
 
Numa entrevista à revista ''Essence'' Winnie chegou a declarar que tinha um "''marido desertor''"{{nota de rodapé|"''deserting husband'', no original}}, e a matéria que então se fez aventou-se que ela tinha um romance com o advogado Dali Mpofu.<ref name=wpwinnie/>
 
Já durante 1993 e também nos anos seguintes Mandela cortejava Graça Machel, de modo secreto, pois seu divórcio somente ocorreria em 1996.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 194</ref> Mandela encontrara-se com ela em três ocasiões, e ela se apresentara discreta e educada; foi somente em [[Maputo]], onde ela foi Ministra da Educação e Cultura por catorze anos que ele a viu de modo diferente: firme, competente e impositiva.<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 320</ref>
 
Em 1993 ele e de Klerk são agraciados com o [[Prêmio Nobel da Paz]].<ref name=clio/> Em seu discurso assinalou: "''O valor deste prêmio que dividimos será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, porque a humanidade comum que une negros e brancos em uma só raça humana teria dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso''".<ref name=vcrono3>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/cronologia/mandela/nelson-mandela-liberdade.shtml |título=Liberdade (1990–2010) |autor=|data=|publicado=Revista Veja |acessodata=janeiro de 2012 }}</ref> No mesmo discurso Mandela prestou homenagem aos seus antecessores na luta contra a segregação, [[Albert Luthuli]] e o também laureado Desmond Tutu, bem como ao ativista negro estadunidense [[Martin Luther King Jr.]]; ao seu antecessor e co-laureado, F. W. de Klerk, por ter "''a coragem de admitir que um terrível mal tinha sido feito para o nosso país e as pessoas através da imposição do sistema do apartheid''", e pediu ao governo de [[Mianmar]] a libertação do também Nobel premiado [[Aung San Suu Kyi]].<ref>{{citar web |url= http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1993/mandela-bio.html |publicado= Nobelpriza.org |título="Biografia da pagina oficial da nobelprize.org" |acessodata=7 de dezembro de 2013  }}''I would like to take this opportunity to join the Norwegian Nobel Committee and pay tribute to my joint laureate. Mr. F.W. de Klerk. He had the courage to admit that a terrible wrong had been done to our country and people through the imposition of the system of apartheid''. Citado no discurso dele.</ref><ref>{{citar web |url= http://www.anc.org.za/show.php?id=4114 |publicado= AFRICAN NATIONAL CONGRESS (ANC)
|título="Nelson Mandela"  |data=10 de dezembro de 1993 |acessodata=26 de dezembro de 2013  }}</ref>
=== Tensão pré-eleitoral ===
[[Imagem:Mandela voting in 1994.jpg|thumb|esquerda|Mandela votando, em 1993.]]
Os dias que antecederam o pleito presidencial no final de 1993 eram bastante tensos. Por um lado grupos de extrema direita representavam ameaça constante e, por outro, no seio do próprio CNA, setores questionavam a autoridade de Mandela para conduzir o país.<ref name=stengel93>Stengel (2011), op. cit., pág. 46-56</ref>
 
Foi neste contexto que o comunista [[Chris Hani]], chefe do MK, procurava acirrar os ânimos. Uma guerra racial parecia iminente.<ref name=stengel93/>
 
No dia 10 de abril Mandela estava em visita à sua terra natal no Transkei quando recebeu a notícia do assassinato de Hani. Tudo levava a crer que os ânimos, já exaltados, explodissem em revoltas. Mandela, e não o presidente de Klerk, foi à televisão naquela noite, pedir calma à nação.<ref name=stengel93/>
 
Hani fora morto por um imigrante polonês, branco, que fora preso porque uma mulher também branca memorizou a placa do carro usado pelo criminoso. Em sua fala Mandela declarou, ressaltando: “Um homem branco, cheio de preconceito e ódio, veio ao nosso país e cometeu um ato tão hediondo que nossa nação inteira agora oscila à beira do desastre” – completando – “Uma mulher branca, de origem bôer, arriscou sua vida para que pudéssemos conhecer esse assassino e fazer justiça.” <ref name=stengel93/>
 
O Mandela de oratória bombástica da juventude cedera lugar ao futuro presidente da África do Sul livre e democrática, um país onde não mais nenhuma raça seria reconhecida, pois todos seriam tratados de forma igual.<ref name=stengel93/>
 
Winnie lançou-se candidata ao parlamento, e chegou a declarar na sua campanha, sobre Mandela, que "''nosso amor um pelo outro nunca foi abalado''".{{nota de rodapé|Livre tradução para: "''Our love for each other has never been dented''".}}<ref name=wpwinnie/>
 
A eleições ocorrem em 26 a 28 de abril de 1994. Mandela (e o CNA com suas 34 facções) obtém 62% dos votos, seguido pelo Partido Nacional (20%) e os zulus (com 10%)<ref name=clio/>
 
=== Mandela durante a presidência ===
{{Artigo principal|Governo Nelson Mandela}}
[[Imagem:Emmanuel Dungia & Nelson Mandela 19970807.jpg|thumb|direita|Mandela com o diplomata [[República Democrática do Congo|congolês]] Emmanuel Dungia, em 1997.]]
Dando seguimento à proposta de proporcionar a transição para a democracia multirracial, o governo Mandela teve sua maior realização na criação da [[Comissão da Verdade e Reconciliação]] - encarregada de apurar, mas não punir, os fatos ocorridos durante o apartheid; também empenhou-se em assegurar à minoria branca um futuro no país.<ref name="wpgov">{{citar web|url = http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/zforum/99/vanniekirk061499.htm|título = Talk About Nelson Mandela|língua = inglês|autor = Phillip van Niekirk (entrevistado)|data = 1999|publicado = Washington Post|acessodata = 6 de março de 2012}}</ref>
 
Para simbolizar os novos tempos adota um novo [[hino nacional da África do Sul|hino nacional]], que mescla o hino do CNA (''Nkosi Sikolele Africa'' - ''Deus bendiga a África'') com o africâner (''Die Stein''); também uma nova [[Bandeira da África do Sul|bandeira]] é criada, unindo os símbolos das duas instituições anteriores: a bandeira oficial dos brancos, em vigor desde [[1928]] passou a incorporar as cores da bandeira do CNA - plasmando assim a união de todos os povos da nova nação que surgia - aprovados pela nova [[Constituição]] interina.<ref name=clio/>
 
Somente a uma pessoa Mandela demonstrava desprezo como a de Klerk -  ao líder zulu [[Mangosuthu Buthelezi]], a quem considerava perigoso, capaz de levar o país a uma guerra civil, se isto lhe conviesse. Muitos ficaram surpresos, então, quando o nomeou seu ministro do Interior; o presidente queria manter o adversário bem próximo, sob sua vigilância - apesar de considerá-lo volúvel e indigno de confiança.<ref>Stengel (2011), op. cit., pág. 157-158.</ref> Também nomeara Winnie para compor o gabinete, mas a demitiu em 1995.<ref name=bbc/>
 
No meio do mandato finalmente tem fim seu casamento de 38 anos com Winnie, com o divórcio sendo declarado em [[20 de maio]] de 1996. Mandela acusava a esposa de cometer "infidelidade descarada"{{nota de rodapé|"''brazen infidelity''", no original.}}, o que não foi contestado,<ref name=wpdiv/> e que fora um "''homem solitário''", no casamento;<ref name=wpmachel/> o advogado dela argumentou que Mandela se deixava levar pelos detratores de Winnie, ao que ele rebateu: "''Eu nunca fui influenciado por aqueles que são meus inimigos.''" Winnie dispensou seu advogado e pediu adiamento ao juiz Frikkie Eloff, que negou-o, decretando o divórcio; a partilha ficou para depois, ela pedia a metade dos bens do casal; a opinião pública ficou dividida - entre os que esperavam uma reconciliação, chocados com o fim daquela união, e os que se diziam solidários ao presidente.<ref name=wpdiv>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/longterm/s_africa/stories/divorce0396.htm |título=Nelson Mandela Wins Divorce |autor=Lynne Duke |data=20 de março de 1996|publicado=The Washington Post, pág. B02 |acessodata=6 de março de 2012}}</ref> Foi o fim do casal-símbolo da luta antiapartheid.<ref name=wpmachel/>
 
Ainda em maio foi aprovada a nova [[Constituição da África do Sul|Constituição]], para entrar em vigor a partir de fevereiro de 1997. Em março os africâneres, que haviam participado da coalizão, deixam o governo, encerrando assim a fase de transição para o novo regime.<ref name=clio/>
 
O relacionamento com Graça Machel, o segredo mais "mal guardado" do país, teve coroamento com o casamento em cerimônia privada no palácio presidencial, após a forte pressão exercida publicamente pelo arcebispo emérito Desmond Tutu, que co-celebrou o ritual presidido pelo arcebispo metodista [[Mvume Dandala]]; assistido por pequeno grupo de amigos e políticos, o enlace foi confirmado publicamente em pronunciamento do vice-presidente [[Thabo Mbeki]]. Pelo fato de ser moçambicana, Machel não teve completa aceitação do povo conservador sul-africano.<ref name=wpmachel>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/longterm/s_africa/stories/wed071998.htm |título=Mandela, Longtime Companion Wed |língua= |autor=Lynne Duke|data=19 de julho de 1998 |publicado=Washington Post; Page A24 |acessodata=6 de março de 2012}}</ref>
 
Em julho de 1995 cria a [[Comissão da Verdade e Reconciliação]] sem poderes judicantes, sob presidência do arcebispo Tutu, que conclui seus trabalhos recomendando fossem processados Botha, Buthelezi e Winnie.<ref name=clio/>
 
Em julho de 1998 Mandela ordena uma [[intervenção no Lesoto de 1998|intervenção militar no Lesoto]], que vivia uma situação de [[anarquia]], com saques e lutas, após eleições gerais em maio daquele ano, atitude esta considerada controversa.<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/179120.stm |título=World: Africa - Mandela defends Lesotho intervention |língua=inglês|autor=|data=27 de setembro de 1998 |publicado=BBC News |acessodata=março de 2012 }}</ref>
 
A [[16 de junho]] de [[1999]] tem fim seu mandato,<ref name=clio/> e Mandela fez seu sucessor em Thabo Mbeki, então com 55 anos, um experiente deputado e seu protegido.<ref name=wpop/>
 
=== Críticas ===
[[Imagem:Winnie Mandela00.jpg|thumb|esquerda|Winnie Madikizela, uma das principais críticas de Mandela.]]
Dentro do CNA existia a percepção que o governo Mandela foi uma oportunidade perdida para se proceder a uma maior distribuição de renda; Mandela estaria mais preocupado com a "reconciliação" do que com reformas.<ref name=2book>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/2001/may/08/booksnews.nelsonmandela?INTCMP=SRCH |título=Mandela to write second memoir |língua=inglês|autor=Chris McGreal |data=8 de maio de 2001 |publicado=The Guardian |acessodata=5 de março de 2012}}</ref>
 
Em 2010 Winnie, que havia tido seus delitos expostos em 1997 na Comissão da Verdade dirigida por Desmond Tutu,<ref name=bbc>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/34160.stm |título=Winnie faces further truth probe charges |língua=inglês|autor=|data=25 de novembro de 1997 |publicado=BBC News |acessodata=9 de março de 2012}}</ref> atacou Mandela, dizendo que ele não foi o único que sofreu (durante o apartheid): "''ele foi para a prisão como um jovem revolucionário, e olha como saiu.''{{nota de rodapé|Livre tradução para: ''Mandela did go to prison and he went in there as a young revolutionary but look what came out.''}} e que o ex-marido decepcionara os negros sul-africanos, mantendo-os na pobreza e fazendo os brancos ainda mais ricos, desdenhando o fato de ter ido receber o Nobel de mãos dadas com de Klerk. Concluiu, dizendo que Mandela hoje é uma corporação, destinada a sair mundo afora para arrecadar dinheiro.<ref name=daily>{{citar web|url=http://www.dailymail.co.uk/news/article-1256425/Nelson-Mandelas-ex-wife-accuses-President-betraying-blacks-South-Africa.html |título=Winnie Mandela accuses Nelson of 'betraying' the blacks of South Africa |autor=Colin Fernández |data=9 de março de 2010 |publicado=Daily Mail |acessodata=9 de março de 2012}}</ref>
 
Para os setores capitalistas o governo Mandela manteve as expectativas do mercado, desagradando os seus aliados do CNA, e segmentos que sempre o apoiaram dos sindicatos e dos comunistas, procedendo a lentas mudanças na distribuição de renda, além de manter o país no curso democrático.<ref name=wpop>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/longterm/s_africa/stories/oped1297.htm |título=Without Nelson Mandela |autor=Opinião |data=20 de dezembro de 1997 |publicado=Washington Post; Página A20|acessodata=5 de março de 2012}}</ref>
 
Muitos no país reprovam a forma como Mandela protegeu os amigos de conduta suspeita, que tiveram rápido crescimento de suas fortunas pessoais.<ref name=clio/>
 
O renomado escritor sul-africano [[André Brink]], contudo, faz uma leitura positiva em artigo publicado logo ao fim do mandato, e coloca Mandela como o maior nome do [[século XX]]; comparando-o a outros expoentes - como Gandhi ou [[Martin Luther King Jr.]], acentua que esses morreram sem que tivessem ocasião de experimentar o exercício do poder; outros, como [[Eisenhower]] ou [[Winston Churchill|Churchill]], que se destacaram em momentos de guerra, não o fizeram durante a paz. Apesar dos erros, como a [[invasão do Lesoto de 1998]], o recrudescimento do racismo (de brancos e de negros), a corrupção e outros, ele deve ser visto como a pessoa que realmente conseguiu irmanar a todos, a ponto de tornar-se um ícone sagrado para o mundo.<ref name=brink/>
 
== Aposentadoria e saúde ==
[[Imagem:Graça Machel - Sri Chinmoy - Nelson Mandela.png|thumb|Graça Machel e Mandela, numa visita de [[Sri Chinmoy]] em 2011.]]
Quando deixou a presidência, Mandela declarou que iria partir para uma tranquila aposentadoria.<ref name=stapo>Stengel (2011), op. cit., pág. 73-74</ref>
 
Em 2001 a próstata voltou a lhe dar problemas, desta feita sendo diagnosticado um câncer; tem início o tratamento.<ref name=vcrono3/> No ano seguinte, ao ver a forma equivocada pela qual seu sucessor, Mbeki, tratava o avanço da epidemia de [[AIDS]] no país, deixa a tranquilidade da vida familiar para se manifestar publicamente, contrariando o presidente, que se negava a distribuir os remédios antivirais por não aceitar uma ligação entre o vírus [[HIV]] e a doença.<ref name=stapo/> Mandela chegou a declarar publicamente que tivera três parentes vítimas da AIDS, e abraçou publicamente Zackie Achmat, portador e ativista pelos direitos dos soropositivos.<ref name=m85>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/2003/jul/06/nelsonmandela.southafrica |título=Mandela at 85 |língua=inglês|autor=Anthony Sampson |data=6 de julho de 2003 |publicado=The Observer |acessodata=13 de março de 2012}}</ref>
 
Em 2002, com a iminência da [[Invasão do Iraque em 2003|Invasão do Iraque]], Mandela resolveu agir e tentou, sem sucesso, contatar o presidente estadunidense [[George W. Bush]], mesmo recorrendo à intercessão de seu [[George H. W. Bush|pai]], ou dos assessores [[Condoleezza Rice]] ou [[Colin Powell]]; a partir de então passou a criticar as pretensões dos Estados Unidos em se tornarem "polícia do mundo", e o primeiro-ministro britânico [[Tony Blair]] de ter-se transformado num ''Ministro do Exterior'' dos Estados Unidos. Numa outra frente, também procurou contatar o ditador [[Saddam Hussein]], mas este se encontrava sem querer revelar sua localização; apesar disto, Mandela criticou o ditador iraquiano, minimizando o embaraço com os dois países.<ref name=m85/>
 
Em 2003 Winnie e seu secretário Addy Moolman foram condenados a cinco anos de prisão, culpados em 43 de 58 acusações de fraude e roubo em razão de empréstimos bancários que nunca foram pagos.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2003-04-25/winnie-mandela-e-condenada-cinco-anos-de-prisao |título=Winnie Mandela é condenada a cinco anos de prisão|autor=ABr/CNN |data=25 de abril de 2003|publicado=Agência Brasi |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Quando completou 85 anos, em 2004, Mandela disse que iria se aposentar.<ref name=vcrono3/> Em 6 de janeiro do ano seguinte morreu seu segundo filho - Makgatho, com pouco mais de 50 anos, mais uma vítima da [[AIDS]] na família.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2005-01-07/lula-envia-mensagem-de-condolencias-nelson-mandela|título=Lula envia mensagem de condolências a Nelson Mandela |autor=|data=7 de janeiro de 2005|publicado=Agência Brasil |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Ainda em 2000 Mandela foi procurado pelo milionário britânico [[Richard Branson]] e pelo músico e ativista [[Peter Gabriel]] para a criação de uma entidade que viesse a congregar estadistas de renome que não estejam mais ativos em suas funções públicas, com o objetivo colaborar na solução de problemas mundiais; em 18 de julho de 2007, data do octogésimo nono aniversário de Mandela, em Joanesburgo, foi fundada a organização ''[[The Elders]]'', em cerimônia presidida pelo arcebispo Tutu; Mandela, por motivos de saúde, não pôde estar presente.<ref>{{citar web|url=http://abcnews.go.com/International/TenWays/story?id=3389067&page=1#.T1wfbIES2Ag |título=Meet the Elders': Nelson Mandela, Desmond Tutu, Jimmy Carter, Muhammad Yunus and Many More|língua=inglês|autor=Kate Snow|data=18 de julho de 2007 |publicado=ABC News |acessodata=9 de março de 2012 }}</ref>
 
Em 2011, estava em férias na Cidade do Cabo quando foi internado, segundo nota do CNA, para "exames de rotina".<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-01-27/mandela-e-internado-para-exames-de-rotina |título=Mandela é internado para exames de rotina |autor=Eduardo Castro |data=27 de janeiro de 2011|publicado=Agência Brasil |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref> Tivera uma infecção respiratória aguda e ficou internado cerca de 48 horas no Milpark, em Joanesburgo, de onde saiu para continuar o tratamento em casa. Sua internação causara grande comoção, forçando o presidente [[Jacob Zuma]], que se encontrava na [[Suíça]], a pronunciar-se pedindo calma à população.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-01-28/mandela-e-liberado-de-hospital-para-fazer-tratamento-em-casa |título=Mandela é liberado de hospital para fazer tratamento em casa |autor=Agência Lusa |data=28 de janeiro de 2011|publicado=Agência Brasil |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Em fevereiro de 2012 nova internação, desta vez por sentir fortes dores abdominais. Mandela voltou a residir em Qunu, sua terra natal, em julho de 2011, e teve de ser levado a Joanesburgo para exames.<ref name=fspultima>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1053680-mandela-tem-alta-do-hospital-apos-tratar-dores-abdominais.shtml |título=Mandela tem alta do hospital após tratar dores abdominais |autor=Reuters |data=26 de fevereiro de 2012 |publicado=Folha de S. Paulo |acessodata=9 de março de 2012 }}</ref>
 
Em [[8 de junho]] de [[2013]], foi internado em estado grave devido à uma infecção pulmonar.<ref name=infeccaopulmonar>{{citar web|url=http://acritica.uol.com.br/noticias/Manaus-Amazonas-Amazonia-Mandela-internado-infeccao-pulmonar-permanece_0_934106603.html|título = Mandela é internado em estado grave devido à infecção pulmonar, mas permanece estável|autor=Uol |data=8 de junho de 2013|publicado=Uol|acessodata=8 de junho de 2013}}</ref>
 
=== A tragédia familiar durante o Mundial de Futebol de 2010 ===
[[Imagem:Outside Soccer City before South Africa & Mexico match at World Cup 2010-06-11 1.jpg|miniaturadaimagem|O "Soccer City", na abertura do Mundial FIFA de 2010]]
A realização da primeira [[Copa do Mundo FIFA de 2010|Copa do Mundo de futebol]] no continente africano criou uma grande expectativa da aparição do nonagenário Mandela na cerimônia de abertura do evento, como o grande anfitrião do país-sede.<ref>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/neto-de-mandela-diz-que-ele-nao-estara-na-abertura/ |título=Neto de Mandela diz que ele não estará na abertura |autor= Giancarlo Lepiani  |data= 28 de abril de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>.<ref name=abertura>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/o-dia-de-mandela-do-ouro-e-da-gloria/ |título= O dia de Mandela, do ouro e da glória |autor= Giancarlo Lepiani |data=11 de junho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
A imprensa mundial, cobrindo em peso o evento, teria no líder e na festa a imagem que selaria de forma definitiva o surgimento da nova era na África do Sul, e o esquecimento dos tempos difíceis.<ref name=abertura/>
 
A [[Seleção Sul-Africana de Futebol|Seleção]], apelidada de “Bafana-Bafana” pelos torcedores, há alguns anos vinha sendo treinada pelos [[treinador de futebol|treinadores]] brasileiros [[Joel Santana]] e [[Carlos Alberto Parreira]], e deixara a condição de equipe frágil para alimentar a esperança de classificar-se para as fases seguintes do torneio, depois de jogar a partida de abertura contra o México, no mesmo [[Soccer City]], o estádio onde Mandela fizera seu principal discurso após a libertação.<ref name=abertura/>
 
Mandela estivera presente na cerimônia de escolha do país-sede, em Zurique, quase sete anos antes, e segurou a taça do mundo quando a África do Sul fora confirmada.<ref name=blatter/> Até a véspera do grande dia especulava-se sobre a presença ou não de Mandela, que foi assegurada pelo seu neto, Mandla “Chief” Mandela.<ref>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/video-ele-vai-diz-neto-de-mandela/ |autor= |título=‘Ele vai’, diz neto de Mandela |data=10 de junho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Contudo, na manhã da sexta-feira, dia 11 de junho de 2010, a bisneta de Mandela, Zenani, morreu vítima de um acidente de automóvel com apenas 13 anos de idade quando retornava de um espetáculo em comemoração à Copa, em Soweto. Foi a única vítima fatal. Com o luto o líder deixou de comparecer.<ref>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/uma-tragedia-e-os-fantasmas-de-madiba/ |título= Uma tragédia e os fantasmas de Madiba |autor= Giancarlo Lepiani |data=11 de junho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref> Uma nota oficial, publicada por sua fundação, justificou sua ausência: “''Mandela soube da trágica morte de Zenani nesta manhã. Assim, não seria apropriado que ele comparecesse pessoalmente à cerimônia. Sabemos que o povo sul-africano e as pessoas do resto do mundo serão solidárias com o senhor Mandela e sua família. Madiba estará com vocês, mas em espírito.''”<ref>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/de-luto-madiba-fica-em-casa-nesta-sexta/ |título= De luto, Madiba fica em casa nesta sexta |autor= Giancarlo Lepiani |data=11 de junho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref> O funeral de Zenani foi a última aparição pública de Mandela durante o desenrolar do campeonato.<ref name=finalcopa>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/fifa/lista-vip-e-longa-mas-fifa-quer-mandela/ |título= Lista VIP é longa. Mas Fifa quer Mandela |autor= Giancarlo Lepiani |data=11 de julho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
A competição seguiu e, mesmo com a eliminação da seleção dos “Bafana”, sua presença na partida final era esperada. O Presidente da [[FIFA]], [[Joseph Blatter]] declarou, em 8 de julho, que “''Esperamos que ele possa aparecer, mas ninguém pode dizer se ele conseguirá ficar até o fim do jogo''”;<ref name=blatter>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/fifa/para-blatter-africa-supera-ate-a-europa/ |autor= |título= Para Blatter, África superou até a Europa |data=8 de julho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>  o neto Mandla, contudo, queixou-se publicamente da pressão que a entidade estava fazendo sobre a família para que Mandela lá estivesse: “''Estamos sofrendo intensa pressão da Fifa pedindo que meu avô vá ao jogo. Mas a decisão é só dele. Depende de como ele acordar e de como se sentir pela manhã. Meu avô fará 92 anos na semana que vem, e o jogo acontecerá à noite. Eles querem que ele entregue o troféu ao campeão depois da partida, o que pode acontecer depois das 23 horas. Seria exigir muito dele.''”<ref name=finalcopa/>
 
No começo da gélida noite de domingo da final da copa, às 19 horas e 13 minutos, o locutor anunciou a entrada de Mandela no gramado; ladeado pela esposa Graça Machel e sentados num carrinho elétrico, ele acenou para o público numa aparição que durou três minutos; contrariando a expectativa de Joseph Blatter de que ele deveria entregar a taça ao campeão, Mandela despediu-se do dirigente na entrada dos vestiários, com seu sorriso "''inimitável''".<ref>{{citar web|url= http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/africa-do-sul/ele-enfim-apareceu-e-sorriu-como-sempre/ |título= Ele enfim surgiu, sorrindo como sempre |autor= Giancarlo Lepiani |data=11 de julho de 2010 |publicado=Revista Veja |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Até fevereiro de 2012 esta havia sido a última aparição pública do líder.<ref name=fspultima/>
 
=== Internações em 2013, disputas familiares ===
 
Após ter sido internado por 18 dias em dezembro de 2012 com problemas pulmonares, Mandela retornou ao hospital, em Pretória, no dia 27 de março de 2013, com o mesmo problema, gerando grande ansiedade entre os sul-africanos, a tal ponto que o próprio presidente, Jacob Zuma, foi a público pedir calma à população. Uma constatação comum é de que seu legado de igualdade e fim da violência racial foi deturpado pelos sucessores na presidência, gerando corrupção no governo e aumento da violência urbana.<ref>{{citar web|URL=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130328_doenca_mandela_rc.shtml |título=Doença de Mandela causa apreensão na Africa do Sul |autor=Ruth Costas |data=28 de março, 2013 |publicado=BBC |acessodata=10 julho 2013}}</ref>
 
Em 2011 seu neto mais velho, Mandla, havia transferido para a aldeia natal do avô - Mvezo - os restos mortais de seu pai, Makgatho, e de dois tios (Thembekile e Makaziwe), sepultados originalmente na vila de Qunu, onde vive Mandela. Sua intenção era atrair turistas para lá, pois é líder tribal e tem ali seu local de morada. A ação foi contestada por dezessete membros da família que, entrando na justiça, obtiveram uma sentença que determinava o traslado dos corpos de volta a Qunu, decisão mantida em tribunais superiores em 3 de julho de 2013.<ref name=vej7>{{citar web|URL=http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/neto-de-mandela-perde-batalha-sobre-tumulos-na-justica |título=Neto de Mandela perde batalha jurídica sobre túmulos |autor=|data=03/07/2013 |publicado=Veja |acessodata=10 julho 2013}}</ref>
 
As disputas familiares se estendem à partilha da fortuna deixada por Mandela, avaliada em 15 milhões de dólares. A fim de evitar querelas, o líder familiar havia disposto que a administração de seus bens seria feita por fundos e empresas criadas para tal fim, mas duas das suas filhas - Zenani e Makaziwe - haviam secretamente alterado as disposições. Outros usos inadequados da imagem do patriarca foram feitos por seus parentes, desde marca de vinho até a participação em ''realities shows''.<ref name=vej7/> Este quadro familiar levou o arcebispo Desmond Tutu a pedir o fim das disputas em comunicado divulgado em 5 de julho, onde exortava que “''Sua dor, agora, é a dor da nação – e do mundo. Queremos abraçá-los e apoiá-los, para fazer nosso amor a Mandela brilhar através de vocês. Por favor, podemos não manchar seu nome?''”<ref name=vej5do7>{{citar web|URL=http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/tutu-pede-fim-das-brigas-entre-familiares-de-mandela |título=Tutu pede fim das brigas entre familiares de Mandela|autor=|data=05/07/2013 |publicado=Veja |acessodata=10 julho 2013}}</ref>
 
Enquanto isto tudo vinha a público, Mandela jazia internado numa UTI em Pretória, desde 8 de junho de 2013, na sua terceira internação do ano em razão do agravamento da infecção pulmonar, causando grande apreensão entre os sul-africanos.<ref>{{citar web|URL=http://m.g1.globo.com/mundo/noticia/2013/06/doenca-de-mandela-causa-comocao-na-africa-do-sul.html |título=Doença de Mandela causa comoção na África do Sul |autor=BBC |data=09/06/2013 |publicado=g1.globo.com |acessodata=10 julho 2013 }}</ref><ref name=gold>{{citar web|URL=http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/medicos-descartam-desligar-os-aparelhos-de-mandela |título=Médicos descartam desligar os aparelhos de Mandela |autor=|data=05/07/2013 |publicado=Veja |acessodata=10 julho 2013}}</ref> A 5 de julho viera a público que a família adicionara no tribunal de Mthatha (no processo contra seu neto, citado acima) um documento que atestava que o líder se encontrava em "estado vegetativo", datado de 26 de junho - o que foi desmentido pelo Presidente Zuma.<ref name=vej5do7/> Após uma visita, a pedido da esposa de Mandela, Graça Machel, seu amigo [[Denis Goldberg]] afirmou que ele respondera a estímulos e que a família só desligaria os aparelhos que o mantém respirando se ocorresse efetiva falência dos órgãos.<ref name=gold/>
 
Durante sua internação, o presidente dos Estados Unidos, [[Barack Obama]], com sua mulher e filhas, realizou viagem à África do Sul. Uma visita a Mandela, mantido na UTI do hospital, foi descartada, mas estiveram com vários familiares. Em 30 de junho, Obama visitou a prisão da Ilha de Robben, onde prestou homenagem ao líder cujo exemplo, declarou, o incentivara nos [[anos 1970|anos 70]] a ingressar na política.<ref>{{citar web|URL=http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,obama-expressa-humildade-ao-visitar-robben-island,1048684,0.htm |título=Obama expressa humildade ao visitar Robben Island |autor=Agência Estado |data=30 de junho de 2013 |publicado=estadao.com.br |acessodata=10 julho 2013}}</ref>
 
=== Morte ===
No dia [[5 de dezembro]] de [[2013]] o presidente sul-africano Jacob Zuma anunciou a morte do seu antecessor: "''A nação perde seu maior líder''", completando: "''Ainda que soubéssemos que esse dia iria chegar, nada pode diminuir nosso sentimento de perda profunda''"; declarando luto nacional e anunciando que o funeral deve ocorrer na capital, Joanesburgo, no sábado - dia 7 de dezembro, com as honras de Estado.<ref name=bbcm>{{citar web|URL=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/12/121211_mandela_obit_pai.shtml |título=Morre Nelson Mandela, líder antiapartheid e ex-presidente sul-africano |autor=|data=5 de dezembro, 2013 |publicado=BBC |acessodata=5/12/2013 }}</ref>
 
No anúncio presidencial, feito pela televisão, Zuma acentuou o papel de Mandela para seu país: "''Ele está agora a descansar. Ele está agora em paz. A nossa nação perdeu o seu maior filho. O nosso povo perdeu um pai''"<ref name=dnpt>{{citar web|URL=http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2942828&seccao=%C1frica&page=-1 |título=Morreu Nelson Mandela, um exemplo de paz, coragem e união |autor=Patricia Viegas |data=5/12/2013|publicado=Diário de Notícias |acessodata=5/12/2013}}</ref>
 
Na página oficial de Mandela, na rede social [[Facebook]], foi colocada uma mensagem sua, de [[1996]], em várias línguas - inclusive o [[língua portuguesa|português]], dizendo: "''A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade.''"<ref name=dnpt/>
 
Como seu [[epitáfio]], Mandela havia um dia declarado que gostaria de ter escrito somente: "''Aqui jaz um homem que cumpriu o seu dever na Terra''".<ref name=bbcm/>
 
===Funeral ===
[[Ficheiro:Madiba's house.jpg|miniaturadaimagem|Multidão e homenagens diante da casa de Mandela, em Joanesburgo.]]
Após o anúncio da morte do líder, uma multidão se aglomerou diante da porta de sua casa em Joanesburgo, bem como diante de sua antiga residência em Soweto. Já no dia 6 os bancos do país fecharam suas portas em sinal de luto, e o arcebispo emérito Desmond Tutu o homenageava em cerimônia religiosa.<ref>{{citar web|URL=http://atarde.uol.com.br/mundo/materias/1553630-sul-africanos-prestam-ultimas-homenagens-a-mandela |título=Sul-africanos prestam últimas homenagens a Mandela |autor=Agência Estado |data=06/12/2013|publicado=Jornal A Tarde |acessodata=25/12/2013}}</ref>
 
De acordo com as tradições Xhosa, um membro masculino deve permanecer ao lado do corpo durante o funeral; este papel coube ao neto mais velho, Mandla Mandela.<ref name=ffa/>
 
A cerimônia religiosa foi efetuada no antigo [[Soccer City]], celebrada no dia 10 de dezembro.<ref name=tutu/> Durante os pronunciamentos de chefes de estado e autoridades visitantes, a exemplo do Presidente estadunidense [[Barack Obama]] e do Secretário-Geral da ONU, [[Ban Ki-moon]], foi usado um falso intérprete da [[língua de sinais]] - fato este que causou constrangimento ao CNA e ao governo sul-africano também na segurança, pois o indivíduo apresentava um histórico criminal.<ref>{{citar web|URL=http://www.publico.pt/mundo/noticia/alegado-interprete-de-lingua-gestual-no-funeral-de-mandela-acusado-de-varios-crimes-1616243|título=Alegado intérprete de língua gestual no funeral de Mandela já tinha sido acusado de vários crimes  |autor=Marisa Soares |data=13/12/201 |publicado=Público |acessodata=26/12/2013 }}</ref>
 
Nas despedidas a Mandela a presença de mais de noventa chefes-de-estado foi anunciada; além do atual presidente, os EUA levaram três outros ex-governantes ([[Bill Clinton]], [[Jimmy Carter]] e [[George W. Bush]]); o mesmo ocorreu com o [[Brasil]], onde a presidenta [[Dilma Rousseff]] fez-se acompanhar pelos ex-presidentes [[Luís Inácio Lula da Silva|Lula]], [[Fernando Henrique Cardoso|Fernando Henrique]], [[Fernando Collor de Mello|Collor]] e [[José Sarney|Sarney]]; [[Portugal]] enviou seu presidente [[Aníbal Cavaco Silva]] e o ministro dos Negócios Estrangeiros; o Reino Unido enviou uma grande delegação e dois presidentes de França viajaram em aviões separados; além dos líderes, muitos famosos marcaram sua presença, como [[Bono Vox]], [[Oprah Winfrey]], [[Naomi Campbell]] e [[Bill Gates]], entre outros.<ref>{{citar web|URL=http://www.publico.pt/mundo/noticia/bill-gates-oprah-e-bono-estao-entre-as-celebridades-no-funeral-de-mandela-1615603|título=Bill Gates, Oprah e Bono estão entre as celebridades no funeral de Mandela |autor=s/a |data=09/12/2013 |publicado=Público |acessodata=26/12/2013}}</ref>
 
Para o sepultamento no dia 15 de dezembro, em Qunu, foi armada uma tenda com capacidade para 4500 pessoas, que incluíam familiares e líderes locais e mundiais; sua neta Nandi Mandela proferiu um discurso, onde lembrou a importância do avô para o país e o mundo.<ref>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/mundo/morte-nelson-mandela/noticia/2013/12/neta-de-mandela-diz-que-missao-do-avo-sempre-foi-ajudar-desfavorecidos.html|título=Neta de Mandela diz que missão do avô sempre foi ajudar desfavorecidos |autor=Agência EFE |data=15/12/2013 |publicado=G1 |acessodata=25/12/2013}}</ref>
 
A exclusão dos africâners nas cerimônias foi lamentada pelo arcebispo Tutu, contrariando o pensamento de inclusão e unidade do líder morto;  para ele a cerimônia de estado teve excessivo protagonismo do partido governante, o CNA.<ref name=tutu>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/mundo/morte-nelson-mandela/noticia/2013/12/desmond-tutu-lamenta-exclusao-dos-africaners-do-funeral-de-mandela.html|título=Desmond Tutu lamenta 'exclusão' dos africâners do funeral de Mandela |autor=Agência EFE |data=18/12/2013 |publicado=G1|acessodata=25/12/2013}}</ref>
 
==Post-mortem ==
Após sua morte, documentos secretos revelados por [[Israel]] davam conta de que o serviço secreto daquele país - [[Mossad]] - teria fornecido treinamento paramilitar a Mandela, em [[1962]] na [[Etiópia]]; a revelação teria como objetivo minimizar o apoio que a África do Sul dá aos palestinos, uma vez que o país judeu apoiou durante muitos anos o regime segregacionista: durante um período da década de 1960 Israel simpatizara com os movimentos anti-apartheid.<ref>{{citar web|URL=http://atarde.uol.com.br/mundo/materias/1557639-mossad-afirma-ter-treinado-mandela-sem-saber |título=Mossad afirma ter treinado Mandela 'sem saber' |autor=Agência Estado |data=23/12/2013 |publicado=Jornal A Tarde |acessodata=25/12/2013}}</ref>
 
Ainda durantes as cerimônias fúnebres sua família protagonizou vários episódios das disputas que haviam se inciado mesmo antes de sua morte: o neto mais velho Mandla teria sido expulso da fazenda onde o avô fora inumado; a filha Makaziwe teria mudado as fechaduras da residência do pai, ao se instalar ali uma semana após sua morte; água e luz do lugar foram desligados mais tarde; o acesso à fazenda onde está sepultado é disputado com fervor por seus herdeiros.<ref name=ffa>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/mundo/morte-nelson-mandela/noticia/2013/12/familia-de-mandela-comecou-se-desentender-durante-funeral-diz-jornal.html|título=Família de Mandela começou a se desentender durante funeral, diz jornal |autor=France Presse |data=17/12/2013 |publicado=G1 |acessodata=25/12/2013}}</ref>
 
Na mesma semana sua morte o advogado e amigo íntimo de Mandela, George Bizos anunciara que o seu testamento, "um documento sagrado", seria aberto apenas no momento oportuno.<ref name=ffa/>
 
===Testamento ===
O patrimônio de Mandela, avaliado em 46 milhões de rands<ref name=testeu>{{citar web|URL=http://pt.euronews.com/2014/02/03/testamento-de-nelson-mandela-distribui-tres-milhes-de-euros-pela-familia/|título=Testamento de Nelson Mandela distribui três milhões de euros pela família |autor=|data=03/02/2014 |publicado=Euronews |acessodata=7/2/2014 }}</ref> (quatro milhões de dólares ou três milhões de euros), a ser distribuído consoante seu [[testamento]], foi revelado na segunda-feira 3 de fevereiro de 2014, através de uma leitura pública, sobre o qual havia expectativas de que viesse a gerar mais disputas familiares (cujo núcleo de filhos, netos e bisnetos integram 30 pessoas).<ref>{{citar web|URL=http://expresso.sapo.pt/testamento-de-mandela-e-hoje-lido-em-joanesburgo=f853956|título=Testamento de Mandela é hoje lido em Joanesburgo |autor=Cristina Peres |data=3/2/2014 |publicado=Expresso |acessodata=7/2/2014 }}</ref>
 
O testamento foi elaborado em 2004, havendo recebido dois aditamentos (em 2005 e 2008); em suas 40 páginas Mandela dividiu seus bens (exclusive os direitos autorais dos livros), e manifestou especial interesse nos valores que defendeu: a educação, a unidade do país e reconciliação, e o desejo de união familiar.<ref name=testpt>{{citar web|URL=http://www.publico.pt/mundo/noticia/nelson-mandela-deixou-uma-heranca-de-tres-milhoes-de-euros-1622174|título=Mandela deixa parte da herança ao ANC em nome dos princípios fundadores e da reconciliação |autor=Ana Dias Cordeiro |data=3/2/2014 |publicado=Público |acessodata=7/2/2014 }}</ref>
Segundo a legislação vigente na África do Sul, a viúva Graça Machel tem direito à metade dos bens do esposo, segundo informou Dikgang Moseneke, vice-chefe de Justiça; ela poderá abrir mão disto, contudo.<ref name=testvj/> Casada pelo regime de comunhão de bens, a ela ficaram todos os imóveis do casal em Moçambique (ela abrira mão de metade da fortuna que possuía, ao se casar com Mandela).<ref name=testpt/>
 
As disposições de última vontade do líder tiveram três executores, um dos quais o juiz Dikgang Moseneke, que declarou não ter havido qualquer contestação e que "''o testamento foi bem executado e aceite, e devidamente registrado''".<ref name=testeu/>
 
Três das propriedades do líder foram legadas à Fundação Nelson Rohlilla Mandela Family Trust,<ref name=testeu/>, mesmo lugar de Joanesburgo onde foi lido o legado.<ref name=testvj>{{citar web|URL=http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/heranca-de-mandela-e-avaliada-em-mais-de-4-milhoes-de-dolares|título=Em testamento, Mandela divide US$ 4,1 milhões entre partido, família e instituições |autor=Agência Reuters |data=3/2/2014 |publicado=Veja |acessodata=7/2/2014 }}</ref> Os parentes terão 90 dias para se pronunciarem a respeito de suas últimas vontades.<ref name=testeu/>
 
Para os descendentes diretos - seus filhos e alguns netos, foi destinada a quantia de trezentos mil dólares; os assessores diretos, como sua secretária Zelda La Grange, receberam por volta de 4500 dólares; ao CNA Mandela destinou parte dos [[royaltie]]s sobre a venda de produtos com a sua imagem (a serem usados para a divulgação doutrinária, especialmente da política de reconciliação).<ref name=testvj/>
 
Os estabelecimentos educacionais onde Mandela estudou receberam 8900 dólares cada, e outras instituições educativas também foram contempladas com valores a serem destinados a bolsas de estudo.<ref name=testvj/> Constituiu um fundo familiar comum, com fim de preservar a unidade dos descendentes - o mesmo valendo para a sua casa em Qunu, onde morreu.<ref name=testpt/>
 
Uma cópia resumida foi distribuída à imprensa, visando dar maior transparência, cujas páginas foram todas assinadas por Mandela.<ref name=testpt/>
 
== Homenagens ==
[[Imagem:Nelson Mandela statue, Westminster.JPG |thumb|Estátua de Nelson Mandela em [[Londres]].]]
Mandela é homenageado por todo o mundo, de diversas maneiras e de seguida estão listados alguns prêmios e condecorações, para além do Nobel.
 
A [[Índia]] concedeu-lhe sua mais alta condecoração, em 1990, com o prêmio [[Bharat Ratna]].<ref>{{citar web|url=http://india.gov.in/myindia/bharatratna_awards_list1.php?start=10 |título=Bharat Ratna Awardees |língua= |autor=Institucional |data=|publicado=Governo da Índia |acessodata=5 de março de 2012}}</ref> Em 1993 foi o primeiro agraciado com o [[Prêmio Fullbright]],<ref>{{citar web|url=http://www.fulbright.org/saluting-leadership/fulbright-prize/previous-laureates |título=Laureados |língua= |autor=Fullbright |data=|publicado=Fullbright.org |acessodata=6 de março de 2012}}</ref> em reconhecimento ao seu papel no entendimento entre os povos, recebendo 50 mil dólares.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2003-10-02/fernando-henrique-e-contemplado-com-premio-fulbright |título=Fernando Henrique é contemplado com o Prêmio Fulbright |autor=|data=2 de outubro de 2003 |publicado=Agência Brasil |acessodata=fevereiro de 2012}}</ref>
 
Sobre uma estátua sua, a ex-mulher Winnie declarou: "''Eles puseram uma enorme estátua dele bem no meio de uma importante área branca de Joanesburgo. Não aqui <nowiki>[em Soweto]</nowiki> onde derramamos nosso sangue.''"{{nota de rodapé|Livre tradução para: ''They put that huge statue of him right in the middle of the most affluent white area of Johannesburg. Not here [in Soweto] where we spilled our blood.''}}<ref name=daily />
 
Outras formas de homenagem também se fizeram: em 1995 foi agraciado com o Grande-Colar da [[Ordem do Infante D. Henrique]],<ref name="OHen"/>uma [[ordem honorífica portuguesa]];<ref>{{citar web|URL=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=128 |título=História da Ordem do Infante D. Henrique |autor= |data=2011 |publicado=Presidência da República Portuguesa |acessodata=2014-05-20}}</ref> recebeu a ''Ordem de St. John'', da rainha [[Isabel II do Reino Unido|Isabel II]], a ''Medalha presidencial da Liberdade'' de George W. Bush; em [[2001]] tornou-se cidadão honorário do [[Canadá]] e também um dos poucos líderes estrangeiros a receber a ''Ordem do Canadá''.<ref name=bio2 />
 
[[Ficheiro:More honorary degree Mandela.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Algumas das honrarias recebidas por Mandela, expostas no museu de sua antiga casa, em Soweto.]]
Em 2003 deu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a [[AIDS]] chamada 46664 - número que lembra a sua matrícula prisional.<ref name=bio2>{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/nelson-mandela.jhtm  |publicado=Educacao.uol.com.br  |título=Nelson Mandela - Biografia |data= |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=UOL Educação }}</ref>
 
Em novembro de [[2006]] foi premiado pela [[Anistia Internacional]] com o prêmio Embaixador de Consciência em reconhecimento à liderança na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos.<ref name=bio2/>
 
Em junho de [[2008]] foi realizado um grande show em [[Londres]] em homenagem aos seus 90 anos, onde participaram vários cantores mundialmente conhecidos.<ref>{{citar web |url=http://www.abril.com.br/fotos/nelson-mandela-90-anos/ |publicado=Abril.com.br |título=Nelson Mandela comemora 90º aniversário com show em Londres |data= |acessodata=13 de janeiro de 2012 |autor=Abril }}</ref>
 
Em fevereiro de [[2012]] o [[Banco Central da África do Sul]] anunciou, numa coletiva de imprensa capitaneada pelo presidente do país Jacob Zuma, e a diretora do Banco Gill Marcus, que a [[efígie]] de Mandela irá ilustrar todas as [[papel-moeda|cédulas]] de [[Rand]]. Na data Zuma frisou: "''Com este modesto gesto, queremos expressar nossa gratidão (...). Estas notas permitirão que nos recordemos do que conquistamos ao tentar alcançar uma sociedade mais próspera''".<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1047518-africa-do-sul-emitira-notas-com-a-imagem-de-nelson-mandela.shtml |título=África do Sul emitirá notas com a imagem de Nelson Mandela |autor=France Press |data=11 de fevereiro de 2011 |publicado=Folha de S. Paulo |acessodata=11 de fevereiro de 2011}}</ref>
 
== Impacto cultural ==
A vida de Nelson Mandela ensejou a produção de inúmeros filmes, livros, documentários e músicas.
 
[[Imagem:Mandela comic book.png|thumb|De quadrinhos a filmes, Mandela enseja uma farta produção cultural.]]
=== Filmes ===
Dentre os filmes que tratam diretamente de Nelson Mandela tem-se:
* ''Mandela: Son of Africa, Father of a Nation'' (Island Pictures, Joanesburgo, 1995<ref name=limb/>), documentário de [[Jonathan Demme]] nomeado ao [[óscar|Oscar]].<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/film/1999/feb/18/features?INTCMP=SRCH |título=Demme god |língua=inglês|autor=Andrew Pulver |data=18 de fevereiro de 1999 |publicado=The Guardian |acessodata=março de 2012}}</ref>
* ''Invictus'', é um tributo a Mandela, feito por [[Clint Eastwood]], em 2010; o ator [[Morgan Freeman]] interpreta-o, num elenco que também conta com [[Matt Damon]], e fala do momento de união nacional proporcionado pela final da [[Copa do Mundo de Rugby Union de 1995]].<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/film/2010/feb/04/invictus-review?INTCMP=SRCH |título=Invictus |língua=inglês|autor=Peter Bradshaw |data=4 de fevereiro de 2010|publicado=The Guardian |acessodata=março de 2012 }}</ref>
* ''Reconciliação: o Milagre de Mandela''{{nota de rodapé|O documentário teve título original "''Reconciliation: Mandela's Miracle''"}}, documentário de 2010 de Michael Henry Wilson, que retrata a transição para o fim do apartheid.<ref>{{citar web|url=http://vejasp.abril.com.br/cinema/reconciliacao-o-milagre-de-mandela |título=Reconciliação: O Milagre de Mandela (35ª Mostra de Cinema) |autor=|data=|publicado=Veja SP |acessodata=março de 2012 }}</ref>
* ''Goodbye Bafana'', obra do diretor [[Dinamarca|dinamarquês]] [[Bille August]], de 2007, conta a vida do carcereiro James Gregory que, por saber falar xhosa, fora encarregado pelo regime de espionar Mandela na prisão.<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/film/2007/may/13/worldcinema.drama?INTCMP=SRCH |título=Goodbye Bafana |língua=inglês|autor=Philip French |data=13 de maio de 2007 |publicado=The Guardian |acessodata=fevereiro de 2012 }}</ref>
* ''Terrorist Nelson Mandela'', de [[Peter Kosminsky]], procura retratar como se processou a mudança do jovem Mandela chefe do MK, para se tornar o líder que permitiu a transição pacífica na África do Sul.<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/08/kosminsky-makes-film-on-mandela?INTCMP=ILCNETTXT3487 |título='Terrorist Nelson Mandela' portrayal in film by Peter Kosminsky |língua=inglês|autor=Vanessa Thorpe |data=8 de maio de 2011 |publicado=The Observer |acessodata=março de 2012 }}</ref>
* ''Remember Mandela!'' (Villon Films, Vancouver, 1998)<ref name=limb>{{citar livro|url=http://books.google.com/books?id=oLTmWKhVNoYC&pg=PA8&dq=mandela+%22father+of+a+nation%22&hl=pt-BR&sa=X&ei=iHJVT6LWH4ns0gHZ9a23DQ&ved=0CDYQ6AEwAQ#v=onepage&q=mandela%20%22father%20of%20a%20nation%22&f=false |autor=Peter Limb|título=Nelson Mandela: a biography |editora=ABC-CLIO |ano=2008 |página=8|id=}}</ref>
* ''Madiba: The Life and Times of Nelson Mandela'' (CBC, Canadá, 2004)<ref name=limb/>
 
=== Músicas ===
Nelson Mandela inspirou diversas canções, dentre as quais:
* "''[[Free Nelson Mandela]]''", da banda inglesa [[The Specials|The Special A.K.A.]], foi a primeira música lançada falando especificamente sobre o líder ainda preso; composta por [[Jarry Dammers]], esta canção veio a se tornar um verdadeiro hino contra o apartheid,<ref>{{citar web|URL=http://www.theguardian.com/music/2013/dec/09/jerry-dammers-free-nelson-mandela|título=Jerry Dammers: how I made Free Nelson Mandela |autor=Dave Simpson |data=9 de dezembro de 2013 |publicado=The Guardian |acessodata=12/2/2014}}</ref> foi lançada no álbum ''In The Studio'' de 1985 e inspirou os movimentos subsequentes para sua libertação.<ref>{{citar web|URL=http://www.gq-magazine.co.uk/comment/articles/2013-12/06/nelson-mandela-dead-2013-jerry-dammers-free-nelson-mandela|título=How 'Free Nelson Mandela' changed the world|autor=Dylan Jones |data=6/12/2013|publicado=GQ Magazine |acessodata=12/2/2014}}</ref>
* "''[[Mandela Day]]''", da banda escocesa [[Simple Minds]], a canção foi composta especialmente para o show ''[[The Nelson Mandela 70th Birthday Tribute]]'', realizado em [[1988]] no [[Estádio de Wembley (1923)|Estádio de Wembley]] com o objetivo de protestar pela libertação do líder sul-africano; imediatamente tornou-se um símbolo daquela luta mundial e da época, tendo sido gravada no ano seguinte, e por diversas vezes até 2013, pelo grupo.<ref>{{citar web|URL=http://www.simpleminds.org/sm/songs/sfy/md1.htm|título=mandela day |autor=Institucional |data=s/d |publicado=www.simpleminds.org |acessodata=12/2/2014}}</ref>
 
== Bibliografia ==
Inúmeras obras retratam a biografia do líder,<ref name=press /> algumas versando somente sobre certos períodos de sua vida. Dentre as principais publicadas contam-se:
* ''Longo Caminho para a Liberdade'' (''Long Walk to Freedom''), autobiografia (colaboração de Richard Stengel)<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 410</ref>
* ''Mandela: The Authorized Portrait'', de Mike Nicol, uma obra que aparenta ser [[hagiografia|hagiográfica]] pois se inicia com depoimentos elogiosos feitos por [[Bill Clinton]], [[Desmond Tutu]], [[Tony Blair]], Sidney Poitier e [[Bono Vox|Bono]] mas que, contudo, expõe nuances e momentos verdadeiramente marcantes da vida do líder, que se confunde com a história da nação.<ref name=glenn>{{citar web|url=http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/12/21/AR2006122101288.html |título=Long Walk to Freedom |língua= |autor=Glenn Frankel |data=24 de dezembro de 2006 |publicado=The Washington Post |acessodata=5 de março de 2012}}</ref>
* ''Young Mandela'',{{nota de rodapé|”Jovem Mandela”, em livre tradução}} por David James Smith, publicado em 2010, revela aspectos negativos da sua vida; nela levanta a hipótese de que teria batido na primeira mulher, Evelyn - além de praticar adultério, tendo ao menos um filho fora do casamento; conta que seu primeiro filho, morto em acidente, nunca o visitou na prisão, apesar de morar na [[Cidade do Cabo]]; fala de como Mandela, morando em casa de um amigo comunista - Arthur Goldreich - que tomava aulas de equitação, enquanto ele disfarçava-se de jardineiro em sua rica fazenda (chamada de ''Liliesleaf Farm'') - não diminui contudo a grandiosidade do líder.<ref name=press2>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/books/2010/jun/20/young-mandela-david-james-smith-review |título=Young Mandela by David James Smith |língua=inglês|autor=Justin Cartwright |data=20 de junho de 2010 |publicado=The Observer |acessodata=março de 2012}}</ref>
* ''Conversas que tive comigo'' (vide referências),{{nota de rodapé|Título da edição em português do Brasil; o original em inglês traz o título “Conversations with Myself”}} relatos autobiográficos selecionados pela Fundação Nelson Mandela, também de 2010, traz inúmeras anotações feitas pelo ex-presidente sul-africano, especialmente feitas durante seu período na prisão da Ilha Robben, alguns trechos de entrevistas, em que atua como [[ghost-writer]] seu biógrafo anterior, Richard Stengel.<ref name=press>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/books/2010/oct/17/nelson-mandela-conversations-with-myself-review?INTCMP=ILCNETTXT3487 |título=Conversations with Myself by Nelson Mandela – review |língua=inglês|autor=Peter Godwin |data=17 de outubro de 2010 |publicado=The Observer |acessodata=março de 2012}}</ref> O livro é prefaciado pelo presidente dos Estados Unidos, [[Barack Obama]], e dedicado à sua bisneta recém-falecida, Zenani Zanethemba Nomasonto Mandela.<ref>Mandela (2010), op. cit., pág. 7-13</ref> Aborda momentos pessoais e traz algumas revelações verdadeiramente surpreendentes, como a imagem de [[Garfield]] no bloco pessoal de notas de Mandela.<ref name=press />
* ''Mandela: A Critical Life'', por Tom Lodge, um cientista político sul-africano, que procura traçar um retrato do líder distante dos relatos "santificadores", aproximando-o mais da figura humana com erros e acertos; nesta obra dá destaque como sua personalidade foi moldada sobre preceitos [[era vitoriana|vitorianos]], pela ética [[Cavalaria medieval|cavalariana]] e a criação na sociedade real do Transkei - traçando uma ligação clara entre o jovem impetuoso e o veterano que sai da prisão, sem pontos repentinos de mudança.<ref name=glenn />
* Outras biografias: "''Nelson Mandela: a biography''" (Peter Limb - 2008 - 144 páginas)<ref name=limb /> ; "''Nelson Mandela''" (Coleen Degnan-Veness, 2007)<ref name=coleen /> ; "''The Early Life of Rolihlahla Madiba Nelson Mandela''" (Jean Guiloineau, Bekerley, North Atlantic Books, 1998)<ref name=limb />
 
; Quadrinhos e cartuns
* Em 28 de outubro de 2005 a Fundação Nelson Mandela editou uma série de revistas em quadrinhos em nove volumes, contando a vida do líder, para distribuição gratuita nas escolas.<ref>{{citar web|url=http://www.guardian.co.uk/world/2005/oct/29/southafrica.booksforchildrenandteenagers?INTCMP=ILCNETTXT3487 |título=Mandela comics aim to get children reading |língua=inglês|autor=Associated Press in Johannesburg |data=29 de outubro de 2005|publicado=The Guardian |acessodata=março de 2012}}</ref>
* "''The Mandela Files''", coleção de [[cartum|cartuns]] feitos por Zapiro (pseudônimo do cartunista Jonathan Shapiro, 2009)<ref>{{citar livro|autor=Zapiro  |url=http://books.google.com/books?id=0QN6ecZ4aLsC&dq=the+mandela+files&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s |título=The Mandela Files |editora=Juta and Company Ltd|ano=2009|páginas=206|isbn= 1770130047}}</ref>
* "''The Madiba Legacy Series''", série com coletâneas de cartuns sobre Mandela (Fundação Nelson Mandela, Joanesburgo, 2005-2006)<ref name=limb />
 
<!-- INÍCIO DA PREDEFINIÇÃO CRONOLOGIA MANDELA-->
<div style="float: right; width: 450px; margin: 0 0 1.5em 2em" class="NavFrame"><div style="background: #ccccff; color: #000000;" class="NavHead">Cronologia de Mandela (1918–2010)</div>
<div class="NavContent" style="font-size:normal; text-align:center; display: none">
{{Cronologia da vida de Nelson Mandela}}
</div></div><div class="NavFrame" style="clear: none; display: none"></div>
<!-- FIM DA PREDEFINIÇÃO CRONOLOGIA MANDELA-->
 
{{Notas|col=2}}
{{Referências|col=3}}
 
==Ligações externas==
{{correlatos
|wikiquote=Nelson Mandela
|commons=Nelson Mandela
}}
*{{Link|en|2=http://www.nelsonmandela.org/ |3=Página oficial da ''Nelson Mandela Foundation''}}
*{{Link|en|2=http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1993/|3=Perfil no sítio oficial do Nobel da Paz 1993}}
*{{Link|en|2=http://www.anc.org.za/list_by.php?by=Nelson%20Mandela |3=Página de Mandela no sítio oficial do CNA}}
*{{Link|en|2=http://www.washingtonpost.com/wp-srv/inatl/galleries/mandela/|3=Biografia completa, pelo Washington Post}}
*[http://www.dw.de/adeus-nelson-mandela/a-17277842 Adeus, Nelson Mandela! - Especial da DW África sobre a morte do líder histórico da África do Sul]
*[http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1273 Internacional: O que se pode esperar de Mandela?]
*[http://www.maismotores.net/2013/12/a-fantastica-historia-do-mercedes-de-nelson-mandela/ A história do carro que foi oferecido a Mandela quando saiu da cadeia]
 
 
{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
|título=[[Nobel da Paz]]
|anos=1993<br /> com [[Frederik Willem de Klerk]]
|antes=[[Rigoberta Menchú Tum]]
|depois=[[Yasser Arafat]], [[Shimon Peres]] e [[Yitzhak Rabin]]
}}
{{Termina caixa}}
 
 
{{Prêmio Sakharov}}
{{Nobel da Paz}}
{{Presidentes da África do Sul}}
{{Prêmio Lenin da Paz}}
{{Prêmio Félix Houphouët-Boigny da Paz}}


{{artigo destacado}}
{{artigo destacado}}

Edição das 09h05min de 9 de outubro de 2015

Apunhala a criança'nça Apunhala a criança Apunhala aPredefinição:Prêmio Félix Houphouët-Boigny da Paz

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